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sábado, 10 de agosto de 2013
Por que ter medo da morte? Homenagem ao Frei Jorge, 0.Carm.
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Artigos do Frei Petrônio de Miranda
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COISAS DE FRANCISCO: O Papa obriga arcebispo de Camarões a renunciar
“Os homossexuais são um perigo para a unidade da
família e
Uma afronta à família; são o inimigo das mulheres e da
criação”,
Afirmava.Simón-Victor Tonyé Bakot
Após
ter decapitado a Igreja da Eslovênia por razões semelhantes, o Papa também
tirou o líder religioso católico de Camarões, o arcebispo da capital, Yaoundé,
Simón-Victor Tonyé Bakot (na foto), de 66 anos. A Rádio Vaticano informou, há
alguns dias, que, de acordo com a imprensa desse país, o arcebispo estava
envolvido em “numerosas operações imobiliárias” que parte do clero e dos fiéis
considerava ser em proveito pessoal de Mons. Tonyé. A reportagem está publicada
no sítio espanhol Religión Digital, 08-08-2013. A tradução é de André Langer.
A
decisão do Papa argentino tem a data de 29 de julho, dia em que Jorge Bergoglio
“aceitou a renúncia” que obrigou o chefe da Igreja de Camarões a apresentar,
como estabelece o Código de Direito Canônico quando existem “razões graves”. A
Santa Sé não explicou oficialmente as razões da renúncia forçada do alto
prelado africano.
Na
semana passada, Francisco havia feito “renunciar” os principais arcebispos da
Eslovênia, de Liubliana e Maribor, após um longo escândalo pelas manobras na
diocese de Maribor, que terminou em bancarrota devido a um “crack” financeiro
estimado em quase um bilhão de dólares.
No
caso camaronês, o importante semanário Jeune Afrique, editado em Paris,
assinalou que a arquidiocese da capital, Yaoundé, possui “o maior patrimônio
imobiliário do país depois do Estado, mas também tem grandes problemas de
endividamento.
A
Igreja de Camarões possui também terras e imóveis fora da capital. 53% de seus
20 milhões de habitantes são cristãos e 38% são católicos. No país da África
Equatorial, que obteve certo progresso econômico e social, existem mais de 200
etnias. Os conflitos étnicos também colocaram em apuros o arcebispo Tonyé
Bakot, que, segundo muitos fiéis e uma parte do clero, havia exasperado os
enfrentamentos com suas posições taxativas nas questões étnicas.
Embora
as razões da renúncia não se tornassem públicas, o fato certo é que
Simon-Victor Tonyé Bakot havia se convertido em um personagem incômodo para a
Igreja católica, e não somente por suas agressivas declarações homofóbicas. As
dúvidas sobre sua administração econômica, que havia produzido uma gigantesca
dívida (a Igreja católica em Camarões é possuidora, segundo o Jeune Afrique, do
segundo maior patrimônio imobiliário do país, depois do próprio Estado),
parecem ter jogado um papel determinante na renúncia do arcebispo, que conta
com apenas 66 anos.
Além
de sua obscura administração dos bens econômicos, o arcebispo camaronês era
abertamente homofóbico. “O sexo gay é a causa do desemprego dos jovens, já que
os jovens que se negam a ter relações homossexuais com funcionários do governo
não conseguem trabalho”, assinalava o então arcebispo Victor Bakot.
“Os
homossexuais são um perigo para a unidade da família e uma afronta à família;
são o inimigo das mulheres e da criação”, afirmava.
Fonte:
http://www.ihu.unisinos.br/
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19º Domingo do Tempo comum: Sobre a Vigilância (Lc 12,35-40)
Paulo
Ueti
Vigiar
é uma atividade de cuidado e atenção. Infelizmente vigiar, em nosso vocabulário
comum, tornou-se uma palavra com conotação negativa muito forte. Pensando na
religião, essa palavra se conectou de tal forma a uma imagem de Deus que pune,
que a mesma transformou-se para muita gente num lugar de medo, opressão, culpa
e castigo. Nada mais contrário ao seu significado etimológico e à experiência
cristã e de outros grupos de Deus.
Religião
é para juntar as pessoas e a natureza. É conexão, relação amorosa e de
equidade. É espaço de cura, sanação e transformação constante. A
"verdadeira" religião, segundo o movimento profético, é "buscar
a paz e a justiça", "defender o órfão e a viúva". Não deve ser
lugar onde o medo e o castigo, a guerra, violência e intolerância sejam o prato
do dia. Essa prática, resultante de um tipo de teologia, foi amplamente
desautorizada por Jesus. Mesmo seus discípulos estavam envoltos nesse universo
teológico e de espiritualidade violento e intolerante. Precisavam experimentar
outra leitura possível da religião na qual estavam inseridos. E não só os
discípulos no tempo de Jesus, mas também a Igreja de Lucas na segunda metade do
século I.
Em
seu evangelho, entre os capítulos 9 a 19, Lucas apresenta um Jesus que provoca
caminhos novos nos quais se possa entender a experiência de Deus e viver a
religião como espaço de liberdade e libertação. As conversas e reflexões deste
bloco do evangelho estão direcionadas principalmente para as pessoas que
seguiam a Jesus mais de perto (chamados de discípulos ou de os Doze em outro
evangelho).
Depois
de uma longa conversa sobre o desapego, provavelmente visando colaborar com a
comunidade para que compartilhe seus recursos humanos e econômicos, Jesus pede
que os discípulos tenham os "rins cingidos e as lâmpadas acesas".
Eles devem estar sempre preparados para serem "ex-cêntricos":
preparados para sair de si mesmos, desapegar-se de seu lugar comum e mover-se
em direção ao outro e ao mundo, que clama e geme dores de parto (Rm).
Há
uma tradição bíblica que identifica os rins como o lugar dos sentimentos, o
lugar do afeto, por onde somos "afetados" pelo mundo externo e pela
experiência íntima de Deus. É o lugar da nossa consciência ética e estética. É
o lugar das nossas decisões. Temos que decidir por onde ir, que teologia
desenvolver, a quem escutar. É preciso saber "quem é o meu próximo",
que conflitos assumir e decidir viver para Deus, não para nossas verdades e
posses. Cingir os rins é pedido para estar preparadas/os, para movimentar nosso
corpo em defesa dos valores do Reino. É requisito e expressão da fé: movimento
pela vida e plenitude.
Jesus
também nos pede para ficar com a lâmpada acesa. Somos chamadas/os para estar
como luz, como indicador de caminho, como facilitador de processos e como
iluminador da escuridão diante e dentro do mundo. O encontro com Jesus e a
convivência com ele deve nos encher de energia (dínamo, no grego, significa
força, poder). Com Jesus, temos condições de atuar no cotidiano não nos
deixando "conformar" pelos poderes opressores e hegemônicos deste
mundo em que vivemos. Transformados, vivemos pela fé para outro mundo possível
e podemos desenvolver outras teologias possíveis em favor da vida e da
libertação.
A
lâmpada acesa não deve ser usada para cegar e impedir que novidades sejam
descobertas. Os rins cingidos são para redescobrir nossa vocação para a
indignação e para a missão: ocupar as ruas e as ideo-teologias para que a
vontade de Deus seja feita assim na terra como no céu... para que a justiça e
misericórdia sejam o prato do dia... para que o pão nosso cotidiano seja
realidade.
Para
a Igreja Católica Romana agosto é o mês dedicado as "vocações". É bom
lembrar que vocação não é habilidade, talento. Vocação é CHAMADO, CONVOCAÇÃO.
Por isso cingir os rins e manter nossa luz acessa é tão importante. Para
escutar com os ouvidos do coração (no nosso mais interior) a voz de Deus que
clama no deserto, que grita através do povo e dos grupos violentados e
excluídos do convívio e estrutura social e das igrejas e grupos religiosos.
O
que estamos ouvindo? A quem estamos ouvindo? Que chamado (vocação) estamos
atendendo? Estejam preparadas/os sempre. Porque o Filho do Homem (profeta,
militante da vida e da inclusão) aparece de surpresa e surpreende como aparece.
Estejamos preparadas/os. Esperemos contra toda esperança (Rm) e oremos (ora et
labora - orar e trabalhar) para que a vontade de Deus seja feita e sua palavra
seja nossa palavra: ação criadora e plural neste mundo e no mundo que há de
vir, agora e depois.
Fonte:
http://www.cebi.org.br/
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sexta-feira, 9 de agosto de 2013
Olhar sobre o Brasil: Fernanda Sangalo- Uma figura de Jacobina-BA.
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O Religioso Frei Tito Brandsma, Mártir Carmelita.
O Religioso Frei Tito
Brandsma, Mártir Carmelita.
*Frei Manoel Wermers, O.Carm.
A espiritualidade própria do Carmo, sua vida
de oração e a sua dedicação peculiar a Nossa Senhora foram para mim os fatores
decisivos da minha vocação carmelitana”, declarou um dia Frei Tito Brandsma. Toda
a sua vida religiosa está aí para confirmar essas palavras. A profissão
religiosa, feita aos 3 de outubro de 1899, é para ele um motivo a mais da
ascensão contínua da alma para Deus pelos caminhos da espiritualidade
carmelitana, cuja natureza característica, a vocação para a vida mística,
descreve tão maravilhosamente a “Institutio Primorum Monachorum”: “Essa vida
tem uma dupla finalidade. A primeira alcançamos pelos nossos trabalhos e
esforços, com o auxílio da graça divina. Consiste em oferecermos a Deus um
coração generoso, livre de qualquer pecado atual. Alcançamo-la quando somos
perfeitos e humildemente ocultos na caridade. A outra finalidade dessa vida só
nos é comunicada pela livre ação de Deus, sem a nossa cooperação. Quer dizer
que poderemos chegar já nesta vida a saborear no coração e experimentar no
espírito as misteriosas forças da Presença Divina e a doçura da glória celeste.
É a isso que chamamos: beber nas torrentes das consolações divinas.
Também para a Província Carmelitana da
Holanda a profissão de Frei Tito é uma data importante. Depois de um passado
glorioso esta Província caíra no olvido. Leis iníquas da primeira metade do
século 19 dizimaram as suas fileiras e quase a extinguiram. Na época da entrada
de Frei Tito havia apenas três conventos. Fora desses centros os Carmelitas não
eram conhecidos. A maravilhosa extensão dos últimos quarenta anos está sob a
égide da personalidade cativante de Frei Tito. Ele é o centro animador de um
pequeno grupo de religiosos enérgicos e doutos. Nunca nos 40 anos de sua vida
religiosa desiste de estudar o espírito carmelitano, de torná-lo mais conhecido
dentro e fora da sua pátria, e de investigar a história da sua querida Ordem.
Quando uma vez a Província pede a seus membros fazerem um relatório das atividades
dentro da Ordem observa-se a Frei Tito que para ele será fácil responder, visto
poder dizer simplesmente que fez tudo.
Aos 31 anos exerce as funções de secretário
de Capítulo e é eleito membro do Definitório, órgão supremo para o governo de
uma Província. Como tal continuou durante a vida toda em várias funções, com
uma interrupção de três anos apenas. Durante seis anos foi Assistente do Pe.
Provincial. Desde 1930 era continuamente primeiro Definidor. Além disso exerceu
durante vários anos o Priorado do Convento do Nimegue. É mui característico do
espírito de Frei Tito dar à sua Ordem o melhor das suas forças. Antes de tudo é
sempre Carmelita. O trabalho para a Ordem está em primeiro plano, depois segue
o resto, por mais brilhante que este resto se possa apresentar. É o filho fiel
que não procura ocupação fora, quando dentro da própria casa há tanto que
fazer. Numa lembrança distribuída entre o povo encontramos as palavras:
“Ornamento da Ordem e também filho fiel”.
Não são dizeres vãos? Ele conquistou, este
título por seus méritos reais. Para a Ordem fez literalmente tudo.
A nomeação para Professor da universidade
Católica foi o início do Convento do Nimegue. Chegando a essa cidade
hospedou-se numa pensão. Pouco depois conseguiu que alguns estudantes carmelitas
freqüentassem os cursos da Universidade. Vinham e voltavam de trem, e almoçavam
na pensão de Frei Tito. Assim perdiam muito tempo nas viagens. O Professor
comprou então uma casa onde instalou provisoriamente a sua comunidade. Em
seguida saiu em procura de um lugar apto para a construção de um novo convento.
Encontrou um lugar no antigo centro da cidade, afastado das grandes
construções; era um hospital abandonado. Com o material desse hospital foi
erguido um belo convento carmelitano, desses que inspiram devoção e
recolhimento. Nos fins de 1929 a comunidade tomou posse da nova morada. A
inauguração foi digna do douto fundador. Não foi uma festa superficial com
discursos de ocasião, mas um grandioso Congresso de Estudos, com a presença dos
líderes intelectuais católicos mais destacados de quase todas as partes da
Holanda, e naturalmente os amigos da Universidade.
Neste mesmo período ocorre a luta pelo
reconhecimento oficial de dois colégios carmelitanos das cidades de Oss e de
Oldenzaal. Esse reconhecimento daria direito a um subsídio anual por parte do
governo. Todos os esforços parecem baldados. Nos fins de 1924, imediatamente
antes da discussão do orçamento na Câmara, Frei Tito alarma o público com um
magnífico artigo no maior diário católico da Holanda, refutando uma repreensão
ministerial a cinco colégios católicos. A repreensão do governo citava o
exemplo dos Protestantes, bem mais prudentes e moderados nas suas exigências. O
imperturbável secretário da Fundação Colégios Carmelitanos ri-se dessa
modéstia, mostra a legitimidade das fundações e o direito que têm ao subsídio
oficial, garantido pela Constituição. Três dias depois da publicação, o artigo
é tratado na Câmara. O ministro confessa que não tem argumentos para uma
resposta, mas que também não pode dar o auxílio: “Não tenho dinheiro e não
recebo dinheiro”. Por enquanto a questão estava terminada. As conferências de
Frei Tito com outros ministro e chefes da educação serviam apenas para
enriquecer o cabedal das suas experiências. O orçamento para 1925 não dava nada
e tão pouco o para 1926. Mas Frei Tito continuava ativo e vigilante. Estimulava
as esperanças definhadas e corria os departamentos. Finalmente o orçamento para
1927 enumerava na sua linguagem seca, tipicamente burocrática, os Colégios do
Carmo entre os privilegiados.
Quinze anos mais tarde, quando os
super-homens nazistas tentavam civilizar a Holanda com medidas assassinas de
toda a cultura, encontraram Frei Tito Brandsma ainda sempre no mesmo posto,
defendendo os direitos dos colégios religiosos.
No ano de 1924, duas semanas depois do
impasse surgido na luta pelos subsídios, o coração carmelitano de Frei Tito
provou uma grande alegria. A Província Carmelitana da Holanda transpôs as
fronteiras com a Alemanha e tomou posse do convento de Mainz. O Bispo,
poderosamente incentivado pelas autoridades civis locais, há muito estava
procurando uma Ordem religiosa que se interessasse pela antiga igreja gótica
que pertencera aos Carmelitas. Mas fora tudo em vão. Finalmente se lembrou de
convidar os Carmelitas holandeses. O Padre Provincial com o seu Assistente Frei
Tito puseram-se em viagem a fim de examinar a situação. Depois de uma recepção
extremamente cordial foram visitar o santuário em companhia do Bispo e do
Prefeito. Encontraram um caos. As janelas e os soalhos tinham desaparecido. A
nave estava transformada num armazém imundo das coisas mais heterogêneas. Uma
miséria! Mas desanimar não era próprio de Frei Tito. Seguiram-se conferências e
mais conferências cem as autoridades espirituais e militares, pois Mainz era
ainda cidade ocupada. Frei Tito viaja do comando francês para o comando alemão
e vice-versa. Finalmente consegue um acordo. A restauração iniciou-se e correu
admiravelmente. Em poucos meses Mainz viu ressurgir a sua nobre “Liebefrauenkirche”
(Igreja de Nossa Senhora) com o antigo esplendor. E no Advento a cidade grata
recebeu festivamente um grupo de Carmelitas. Pelas ruas engalanadas foram
conduzidos à igreja onde os esperava o Bispo em vestes pontificais cercado dos
cônegos. Procedeu-se à nova consagração do templo profanado, após a qual foi
celebrada a santa Missa com toda a beleza do Pontifical.
Belos dias para este homem de Deus que, indo
de trabalho a trabalho, não tinha tempo de lançar um olhar para trás o só
descansava na cela da sua alma sempre perto de Deus. Pois perto de Deus Frei
Tito estava em todas as suas numerosas e absorventes ocupações. Podemos
estranhar essa afirmação e pensar que a vida interior devia sofrer as
conseqüências de uma vida tão ativa. Involuntariamente lembramo-nos das
palavras severas do Bem-aventurado Nicolau o Francês, Prior Geral da Ordem:
“Dizei-me vós, que correis as cidades, que espírito delas recebestes?
Certamente não o espírito do Senhor... Sacrificais a vossa cela e obtendes as
perturbações do mundo...” (Ignea Sagitta). Mas a própria doutrina da vida
carmelitana dá-nos uma resposta magnífica a esta dúvida. Pois o consagrado
autor Pe. Miguel de Sto. Agostinho, no seu livro “Introduotio ad vitam
internam”, que se tornou clássico para a espiritualidade carmelitana, expõe
magistralmente a obrigação da vida ativa, e, como uni-la à contemplativa pelo
exercício da presença de Deus. Considerando Deus nos Superiores, devemos
aceitar tudo por Obediência. Nas atividades devemos guardar a pureza da intenção,
trabalhando sempre para Deus. Como, assim diz ele graciosamente, os muitos
tijolos pelo cimento são unidos em um edifício só, assim também as nossas
múltiplas atividades exteriores pela presença amorosa de Deus são unidas em uma
contínua ascensão para Deus. As atividades não afastam de Deus, pois podemos
exercê-las em Deus, com Deus e para Deus.
Foi assim que Frei Tito viveu a sua vida
carmelitana. Com zelo ardente velava pela observância. A sua amabilidade não
tinha nada de melífluo, mas sabia encontrar uma severidade paternal. Os seus
conselhos e avisos, quando necessários, não deixavam nada a desejar em clareza
e força. Sabia ser muito rigoroso. Fundador e, durante muitos anos, superior do
convento de Nimegue, não permitia nele nenhuma irregularidade.
Também a sua vida particular estava toda
impregnada da presença de Deus, era uma contínua procura de união com Deus. Só
uma proibição expressa poderia fazê-lo perder a meditação da manhã, a que não
faltava nem nos anos da mais expansiva atividade científica e social. O
Sacrifício da Missa transformava o trabalhador em um monge contemplativo. Todo
compenetrado e absorvido neste augusto mistério parecia esquecer tudo em redor.
Saía das suas ocupações, concentrando-se em Cristo a quem tanto se une o
sacerdote na celebração da Santa Missa. Grande número de pessoas guarda uma
comovida lembrança da “Missa de Frei Tito”, a que procuravam assistir de
preferência.
A sua união com Deus tinha ainda um caráter
nitidamente mariano, como convinha a um coração tão carmelitano como o de Frei
Tito. A direção espiritual dada nas confissões tinha duas linhas-mestras: a
presença de Deus e o amor à Mãe de Deus. Em um belíssimo retiro: “Para Jesus
com Maria”, expõe como devemos subir até Jesus pela mão de Maria Santíssima.
Cristo tornou-se nosso irmão na natureza humana. Essa natureza humana
unindo-nos com Jesus, faz-nos filhos de Maria, junto com Ele. Devemos ver
Maria, antes de tudo, como a Mãe de Deus que uniu a si. Por isso devemos-lhe um
respeito amoroso todo especial. Daí passa à tarefa maternal de Nossa Senhora.
Como Jesus quis crescer em graça diante de Deus e dos homens sob a direção de
sua Mãe Santíssima, assim devemos nós também pôr toda a nossa formação sob a
proteção de Maria. Devemos viver sob os olhares maternais de Nossa Senhora,
devemos viver na sua presença, para chegar a viver na presença de Deus. Por
Maria a Jesus!
Frei Tito fizera-se Carmelita, atraído pelos
elementos contemplativo e mariano da vida carmelitana. E a obediência fez dele
um viajante incansável, um homem dinâmico e zeloso pela glória de Deus e de
Maria, até os dias da sua prisão. Somente então encontrou a solidão tão
almejada: “Renata solitudo”, como ele escrevia alguns dias depois. O amor a
Deus, que o tinha impelido a tantas atividades sociais, isola-o agora das
criaturas, fazendo-o abismar-se em Deus: “Deixai-me a sós convosco... afastai
de mim os homens”. O amor a Deus absorve o amor social. Vê-se agora ainda mais
claramente que toda a vida social de Frei Tito era inspirada e guiada
unicamente pelo amor a Deus. Por isso terminada a sua vida ativa, ele se
recolhe espontaneamente em Deus. O monge contemplativo encontrou a felicidade e
jubiloso prorrompe numa poesia que se tornou célebre:
Meu Jesus, contemplando-vos,
Revivo meu amor a Vós.
E vejo que também Vós me quereis.
com ternura especial.
Isso pede mais generosidade.
Mas todo o sofrer me é doce:
Torna-me mais semelhante a Vós;
É o caminho para Vós.
Sou feliz no meu sofrimento,
Que já não é mais dor,
E sim sorte sem igual,
Pois une a Vós, meu Deus.
Ó, deixa-me aqui bem sozinho
Entre o frio que me cerca.
Afastai de mim os homens,
A solidão não me cansa.
Pois Vós, Jesus, estais comigo,
Nunca estive tão perto de Vós.
Ficai Jesus, ficai comigo,
Vossa presença tudo recompensa.
*Artigo publicado no
Mensageiro do Carmelo em 1948. Ano 36, Fev. 1948, pág. 24 e seg.
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A ORAÇÃO EUCARÍSTICA DE CRISTO
Santa Teresa Benedita da
Cruz (Edith Stein)
Sabemos, pelas narrativas
evangélicas, que o Cristo orou como um judeu crente e fiel à Lei. No tempo da sua
infância, com os pais, depois com os discípulos, mais tarde, ia, nos tempos
prescritos, em peregrinação a Jerusalém, a fim de participar das festas que se
celebravam no Templo. Ele cantou alegremente com os peregrinos:
"Alegrei-me porque me foi dito: vamos à casa do Senhor" (Sl 121, 1).
Pronunciou as antigas orações de bênção, que ainda hoje são recitadas para o
pão, o vinho e os frutos da terra, como testemunham as narrações da última
Ceia, toda consagrada ao cumprimento de uma das mais santas obrigações
religiosas: a solene ceia da Páscoa, que comemorava a libertação da servidão do
Egito. Talvez seja ai que nos é dada a visão mais profunda da oração do Cristo
e como que a chave que nos introduz à oração da Igreja.
"Enquanto comiam,
Jesus tomou o pão; e, pronunciando a oração de ação de graças, partiu-o e deu-o
a seus discípulos com estas palavras:
"Tomai, comei, isto é o meu Corpo". Tomou, em seguida, um
cálice, deu graças e lhes deu: "Bebei dele, todos, pois isto é o meu
Sangue, o Sangue da nova Aliança, derramado por muitos para a remissão dos
pecados". (Mt 26, 26-28)
A bênção e a distribuição
do pão e do vinho faziam parte do rito da ceia pascal. Mas, um e outro recebem
aqui um sentido inteiramente novo. Aí se origina a vida da Igreja. Sem dúvida,
somente em Pentecostes surge ela como comunidade espiritual e visível. Na Ceia,
porém, se realiza o enxerto do sarmento no tronco, que torna possível a efusão
do Espírito. As antigas orações de bênção se tornaram, na boca do Cristo, palavras criadoras de vida. Os frutos da
terra se tornaram sua carne e seu sangue, repletos de sua vida. A criação
visível, na qual Ele se inserira, por sua Encarnação, está agora a Ele ligada
de modo novo e misterioso.
Os alimentos
indispensáveis ao desenvolvimento do organismo humano são transformados em sua
essência, e, se os homens os tomarem com fé, também eles serão transformados,
incorporados ao Cristo, numa união viva, e repletos de sua vida divina. A força
vivificante do Verbo é unida ao Sacrifício. O Verbo se fez carne para dar a
vida que possui. Ofereceu-se a Si mesmo e ofereceu a criação resgatada por Sua
oferta em sacrifício de louvor ao Criador. A Páscoa da Antiga Lei se tornou a
Páscoa da Nova Aliança na última Ceia do Senhor, no Gólgota pelo sacrifício da
Cruz, entre a Ressurreição e a Ascensão pelos ágapes jubilosos em que os
discípulos reconheciam o Senhor à fração do pão e, no sacrifício da missa, pela
santa comunhão.
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Edith Stein: Experiência de Deus.
Frei Cláudio van Balen, O. Carm. Convento do Carmo, Belo
Horizonte-MG.
Terrível foi o sofrimento, antes, durante e depois dessa
“caça às bruxas”. De depoimentos de sobreviventes,constou a experiência do
estranho consolo lembrado nas palavras de Jeremias: “Assim como visitei esse povo com tão imensa calamidade, também sobre
ele estenderei todo o bem que lhe reservo”. (Jer.32,42) Animados por uma fé
milenar, muitos puderam viver o que sente alguém que, confiante no futuro,
lavra seu testamento, sereno e de olhos abertos. Privados de tudo e até do
último restinho a que se apegavam, puderam sentir-se liberados de toda
preocupação para enfrentar a noite da vida. Se, na dura realidade, não havia
voz que se pronunciasse, sempre havia, em dimensão de fé, um abraço amigo que
por eles esperava. Até no limiar da morte, existia a possibilidade de
enxergar um rosto a emitir um sorriso. A
lava, jogada pela montanha em erupção, contém e burila cristais de variado e
riquíssimo valor.
Na vida de sofrimento extremo, há pontos de esmagadora
depressão, mas esses abrem também espaço para momentos de elevado enlevo, em
que sempre há quem, agarrado ao divino, permita que a realidade solte um milagre. Em meio ao caos, banhado por
lágrimas de perda e dor, surgiam anjos de guarda que criavam, misteriosamente,
condições de vida perpassada por tênues fios de esperança. Se despedidas faziam
o coração sangrar, havia encontros que fragilmente anunciavam o sentido do
todo, malgrado tantos fragmentos a espelhar o absurdo de particularidades. Mas,
em tais circunstâncias, Deus não existe de graça; ele é gerado pela correnteza
da tradição, da qual se bebe; ele não é acolhido na solidão de indivíduos
amargurados, mas na pertença a todo um povo que nele aposta, assim como o
pulmão se abre ao ar. Deus pode aflorar melhor no coração daqueles que viram
seu rosto na face sofrida de irmãos.
Os que se relacionavam com Deus, o que sintetiza o que há
de mais nobre em si mesmos, conquistavam certa liberdade na mais cruel
subjugação e superavam a morte na maior tragicidade; na descontinuidade, teciam
o futuro pelo fio do passado que os envolvia com a força da compaixão, a ponto
de conseguirem dançar sem pernas. Havia também os que, sem prática religiosa,
eram confrontados com Deus que, mergulhado no silêncio, parecia não lhes
estender a mão, manchada por inútil
onipotência. Antes tivessem de carregar sozinhos a cruz, pois a suposta
presença de um poder insensível machucava mais que tudo. Esses encontravam
defesa em uma artificial indiferença, como arma cruel que os defendia, até
mesmo frente à morte de parentes próximos. Porém, uma pergunta, com sentimento
de culpa, passou a persegui-los: por que sobreviveram e outros não? Também aqui
haveria uma injustiça em ação?
O que, em relação a Deus e aos outros, irritou um bom
número entre os sobreviventes foi a falta de ação, a omissão, a indiferença.
Essa parece a crueldade máxima revestida de normalidade. “Não tenho nada a
ver”; “ah, deixe para lá”; “eu não sabia de nada, nem desconfiava”, “só fiz o
que me ordenavam”. Essa ausência de cidadania se mostrou berço da mais cruel
ignomínia que desfigura, séculos a fio, nossa pobre humanidade. É preciso não
se acomodar, elevar a voz, reagir contra
tudo o que ameaça a vida e desumaniza a convivência. Só esta solidariedade
encoraja os humilhados para não deixar de lutar por seus direitos, sua
dignidade. A percepção da ausência de Deus, na vida dos sobreviventes, tornou sua
experiência mais amarga. Em sua tristeza, ficou mais difícil localizar sinais
de solidariedade. E a pergunta se faz qual porta fechada: “Por que eu e outros
não?” Esta pergunta os acompanhou em forma de tortura. É como se segurassem
Deus pelo manto, a fim de que ele lhes respondesse. Seu silêncio os fez
inconformados até o fim. Será que também, através dessa atitude, se aproximou
mais um pouco o tempo messiânico da paz?
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Santos do Carmo
Edith Stein: Viver a verdade.
Frei Cláudio van Balen, O. Carm. Convento do Carmo, Belo
Horizonte-MG.
Foram doze anos
de espera, amadurecimento e luta para agora, em 1933, retirar-se atrás dos
muros de um mosteiro. O cunhado, casado com a irmã Erna, lhe oferece
hospitalidade, mas ela decide pelo caminho do Carmelo em Colônia. Entre os
familiares, o susto passa a ser incompreensão. Sua irmã sintetizou: “O terrível na vida é isto: o que torna um
feliz é para o outro a maior catástrofe”. Sua despedida da mãe foi
comovente. Essa não entendeu, absolutamente, a decisão de sua filha mais nova.
E na extrema solidão, Edith deixou para sempre Breslau, no dia 12 outubro de
1933, dia de seu aniversário. Ela tinha 42 anos. No dia 14, ela chega ao
Carmelo em Colônia, adotando o nome de Theresia Benedicta a Cruce. Fazia escuro
a seu redor, mas ela se reconhecia acolhida na luz de Deus.
Dentro do
contexto da Alemanha, naquela época, o ingresso de Edith no Carmelo facilmente
poderia parecer-lhe uma negação ou fuga, sendo na realidade uma resposta
pessoal, sofridamente amadurecida, ao apelo de Deus e à urgência da situação.
Realmente, a questão é a escolha do meio adequado, com o qual entra na luta.
Paulatinamente, ela chegou à conclusão de que a estranha dimensão do mal
nazista só poderia ser combatido pela força da Cruz, isto é, por um amor
incomum que, de um lado, elimina toda violência e, por outro lado, enfrenta o
mal em sua raiz, graças a uma solidariedade incondicional. Ela escreve: “Nosso
socorro não resulta simplesmente das humanas aquisições, mas do amor sofrido de
Cristo; e é meu desejo partilhar do mesmo. Quero entregar-me ao coração de
Jesus como gesto de solidariedade pela paz do mundo. Que o reino do Mal, da
exclusão, possa implodir, caso possível, sem guerra mundial, e que uma nova,
realmente nova ordem possa ser estabelecida”.
Para Edith, o
ingresso no Carmelo nada tem a ver com fuga; pelo contrário, ela se dirige ao
front para combater o inimigo com os meios que julga os mais eficientes: a
oração, a entrega de sua pessoa, uma ilimitada reconciliação como de “Yom
Kippur”. Como Teresa Benedita da Cruz, ela é uma simples carmelita entre as
outras, cujo brilhante passado intelectual é ignorado pelas companheiras. Mas
seu novo nome resume sua história: Teresa evoca a beleza da amizade e a força
da inspiração renovadora; Benedita evoca a busca intelectual com sua paixão
pela verdade, e a Cruz abre o espaço misterioso para o caminho da solidariedade
e das experiências espirituais mais profundas, que culminam em Auschwitz, onde
se desvenda o mistério da “Ciência da Cruz”.
Por ocasião de
seu ingresso no Carmelo, Edmund Husserl sintetizou para sua discípula e amiga
muito estimada o paradoxo de sua opção: “Afinal, há no coração de todo judeu um
impulso para o absoluto e um amor pelo martírio”. Neste novo estilo de vida, sua sensibilidade
e atividade intelectual, antes tão evidenciadas, ficam ofuscadas pelo amor a
Cristo na Vida Religiosa e são transformadas pela luz do conhecimento, que
resulta da sofrida experiência com a Verdade. Já adaptada ao novo estilo de
vida, ela recebe a incumbência de, em 1935, redigir o texto filosófico
“Endliches und Ewiges Sein”, que depois é barrado para publicação por tratar-se
de um escrito não ariano. Os muros do mosteiro, aliás, preservam as irmãs da
complexidade da realidade, mas Edith, mediante troca de cartas com familiares e
amigos, acompanha o que lá fora está acontecendo de ameaçador. E ela se mostra
sempre de prontidão para lutar pela verdade e pela justiça.
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A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO, Nº 383. Santa Edith Stein.
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A PARTICIPAÇÃO DE CARMELITAS EM SEIS REVOLUÇÕES NO BRASIL
A PARTICIPAÇÃO DE
CARMELITAS EM SEIS REVOLUÇÕES NO BRASIL
Dom Frei Wilmar Santin, O.Carm.
1) REVOLTA DO
ESTANCO (1684)
O
“ESTANCO” foi uma Companhia de Comércio criada no estado do Maranhão, que tinha
o monopólio de importação e exportação de drogas e fazendas, além do comércio
de escravos negros.
O
motim contra a Companhia do Estanco foi iniciado no dia 25 de fevereiro de 1684
e envolveu também a expulsão dos jesuítas do Maranhão. O levante foi logo
sufocado. Os dois principais líderes, Manuel Beckmann e Jorge Sampaio, foram
enforcados. Apesar do fracasso da revolta, o Estanco não voltou a funcionar.
Carmelitas, franciscanos e mercedários tiveram participação ativa nesta
revolta.
FREI INÁCIO DA ASSUNÇÃO
O
carmelita Frei Inácio da Assunção, que havia sido provincial e era conhecido
como frei Ventoso, teve uma participação destacada na revolta. O historiador
dom Felipe Condurú Pacheco afirma: “...
os carmelitas sob a chefia de Frei Ignácio da Assumpção - conselheiro-mór dos
levantados - em particular e até do púlpito, conclamavam o povo que
arregimentavam, chegando a andar com distintivos e armas militares”[1].
Serafim Leite dá alguns detalhes ao informar que carmelitas, mercedários e
alguns clérigos “andavam com barretinas
de soldados, escudos, espadas e mosquetes, arregimentando gente”[2].Após
o fim da revolta Frei Inácio foi condenado à reclusão em seu próprio convento.
Serafim Leite menciona os nomes dos carmelitas Fr.
António e Fr. Paulo, sem citar o sobrenome, também faziam parte dos amotinados[3].
2) GUERRA
DOS MASCATES (1710)
No
senado de Olinda só os nobres tinham voto. Recife estava sob o domínio de
Olinda. Os mascates, pequenos comerciantes, do Recife lutavam para que sua
cidade se tornasse vila, o que conseguiram no dia 19/11/1703. O pelourinho foi
erguido dia 03/03/1710. Os olindenses protestaram e destruíram o pelourinho dia
09/11/1710. A guerra estava consumada. A maior parte do clero apoiou os nobres
de Olinda, inclusive os carmelitas.
No Arquivo do convento do Carmo de Recife encontram-se
dois testemunhos interessantes, escritos em italiano, afirmando que os
carmelitas de Olinda só trabalharam pela paz na Guerra dos Mascates. O Cabido
de Olinda elogia os carmelitas dizendo: “anche
ne consta, che non s´intrometterano nelle sollevazione di Popolo, má ancora
procurano la pace fra questi; e nell´occasione, in quale per l´illustrissimo
Vescovo nostro Prelato furono chiamate le Religione per andare alla Villa di
Reciffi alcuni Religiosi a trattare la pace, andarono molti de sopradetti
Religiosi del Carmine prontamente ... “[4]
O Senado de Olinda também faz seus elogios na mesma linha: “... ancora certificamo, che nella perturbazione
di questi Popoli non s´intrometterono, e per meglio dire loro furono quelli che
piu lavoranono in ordine alla pace, e quiete andando per varie volte alcuni
Religiosi alla Piazza del Reciffe a questo fine e non sappiamo avesse il minore
lamento di detti Religiosi in quello che toca al servizio di Dio ...”[5]
FREI MANOEL DE SANTA CATARINA
Professou
no Convento do Carmo de Olinda e tinha a fama de ser grande teólogo e pregador.
Na Guerra dos Mascates esteve do lado dos nobres de Olinda. O Pe. Martins
atesta que: “pregou com muita unção e
eloquencia em todos os dias da memoravel novena de N. S. do Ó, imagem que o
clero, Nobreza, e povo de Olinda mudárão de S. João para a Sé, e festejárão
afim de que a Senhora abrandasse os corações dos empedernidos Mascates”[6].
Foi acusado e perseguido, mas não chegaou a ser preso.
Dom
Duarte Leopoldo afirma que ele tornou-se bispo de Angola em 1720[7].
Mas parece haver uma confusão entre dois carmelitas com o mesmo nome. Tudo
indica que o bispo de Angola foi um Frei Manuel de Santa Catarina nascido em
Lisboa e que chegou em Pernambuco em 1715[8].
FREI NICOLAU DE JESUS MARIA E
JOSÉ
O
cônego Nicolau Paes Sarmento, futuro frei Nicolau de Jesus Maria e José, na
época da da Guerra dos Mascates ainda não era carmelita.
Estudou
em Coimbra, foi Vigário Geral e Visitador do bispado, Deão da Sé de Olinda e
coronel do batalhão da guarda do bispo-governador. Como orador fogoso tornou-se
uma espécie de “flagelo infatigável de mascates e europeus”. É o autor das
“Memórias da guerra dos mascates”.
Conta
uma tradição, recolhida pelo Pe. Dias Martins, que após a guerra ele até o fim
da vida se levantava de madrugada, acendia duas velas e do alto da colina de
Olinda amaldiçoava os mascates e a vila de Recife.
Dez
anos antes de sua morte se recolheu no convento dos carmelitas de Olinda e
adotou o nome de frei Nicolau de Jesus Maria e José. Faleceu em 1734.
3) GUERRA DOS EMBOABAS (1707-1709)
A
chamada Guerra dos Emboabas teve início com a rivalidade entre os paulistas e
os emboabas[9]
no final do século XVII e teminou com sangrentas batalhas no início do século
seguinte. Como foi descoberto ouro em território mineiro, para lá se dirigiram
paulistas, baianos, pernambucanos e portugueses. Na região não havia ordem,
polícia, justiça e fisco, mas sobrava ambição. Os paulistas julgavam ter
direitos na área por serem os descobridores. Os emboabas eram em maior número e
receberam algumas concessões do governo. Os paulistas protestaram contra tais
concessões e contra a nomeação de portugueses em alguns postos estratégicos. A
rivalidade e os interesses particulares foram se acentuando até que em 1707
estourou a guerra. Entre os emboabas surgiu Manuel Nunes Viana como líder. Os
combates foram sangrentos. Tudo se acalmou no dia 9 de novembro de 1709, quando
o governo dividiu a capitania do Rio de Janeiro formando a Capitania de Minas
do Ouro (Minas Gerais) e definindo a Capitania de São Paulo.
FREI MIGUEL RIBEIRO
Segundo
dom Duarte, “Frei Miguel Ribeiro foi um
homem inteligente e digno, emissário dos forasteiros (emboabas) ao novo
governador, Antonio de Albuquerque, a quem não pareceram descabidos os
prudentes conselhos do religioso”[10].
Segundo Rocha Pombo, frei Miguel “expôs o
que se havia passado, e a situação em que se encontram as Minas, e pediu a
Albuquerque, em nome dos levantados, que fôssem por si mesmo conhecer a verdade[11]”. O governador, acompanhado pelo frade
carmelita, até Caeté, foi onde conversou com Nunes Viana. Este “fez a sua sumissão, com juramento de
fidelidade aos delegados de El-Rei, presentes e futuros”[12].
FREI SIMÃO DE SANTA TERESA
O
Carmelita frei Simão de Santa Teresa foi secretário do líder emboaba Manuel
Nunes Viana. Em Caeté era muito estimado tanto pela sua instrução como pelo
fato de ter construído a primeira capela do arraial.
4) A REVOLUÇÃO DE
PERNAMBUCO (1817)
Há
historiadores que chamam a Revolução Pernambucana de 1817 como a Revolução dos Padres, por causa
da grande presença e profunda atuação do clero regional na mesma[13].
Na
época havia censura e deficiência na instrução pública. Para conseguir grau
universitário era necessário ir para a Europa, mas as idéias iluministas
francesas chegavam ao Brasil através dos livros. Em Pernambuco havia o
Seminário de Olinda onde as idéias liberais fermantavam e eram assumidas
abertamente. Oliveira Lima afirma: “o
Seminário de Olinda era um ninho de idéias liberais, e idéias liberais eram
idéias subversivas”[14].
Como todo o clero estudava ali, a consequência lógica foi que as idéias
liberais foram assumidas pelo clero em geral. Daí a sua participação massiva na
revolução.
Os
anseios de independência foram aumentando. A situação se agravou com a chegada
da família real de Portugal ao Brasil em 1808. “A corte era fútil, indolente, inútil, além de perdulária, como aliás
todas as cortes européias. E a de D. João precisava também de muito dinheiro
para sustentar-se”[15].
Para manter todo o aparato da família real foram aumentados os impostos. H.
Koster escreveu: “Paga-se em Pernambuco
um imposto para a iluminação das ruas do Rio de Janeiro quando essas de Recife
ficam em total escuridão”[16].
No
dia 6 de março de 1817 “há rumores de
rebelião entre os brasileiros. O Conselho Militar do Governador português vota
que se deve atrair os cabeças ao palácio e matá-los pelas armas ou por
envenenamento. Vence o voto prudente, de simplesmente prender os cinco civis e
os seis militares considerados mais perigoso, e de pedir ao povo paz e
submissão. Entre os civis consta o nome do Padre João Ribeiro, como principal
cabeça”[17].
Alguns são presos e a reação foi imediata: no dia seguinte ataca-se o forte do
Brum e o governador capitula. A revolução tinha começado. A república foi proclamada.
A revolução foi esmagada em um mês e meio.
O
comerciante francês L. F. Tollenare, que viveu em Recife entre 1816 e 1817, em
seu livro “Notas Dominicais tomadas
durante viagem em Portugal e no Brasil em 1816, 1817 e 1818” afirma que
quase todos os frades carmelitas estavam abertamente envolvidos na Revolução de
1817[18].
Segundo Vilar, eram mais de 10.
FREI FRANCISCO DE SANTA ANA BRITO
PESSOA
“Era virtuoso e respeitavel religioso do
Carmo, conventual de Goianna, mas residente no Crato, no Ceará, como procurador
e administrador das fazendas, que sua religião possuia n´aquele districto;
n´este emprego se occupava com honra, sendo além d´isso, estimado capellão do
povo de Barbalha, e amigo favorito do Capitão Mór Filgueiras”[19].
Como Frei Francisco era uma pessoa estimada e influente, os revulocionários
encarregaram seus amigos Bernardo Luiz Ferreira Portugal e João Ribeiro Pessoa
para conquistar sua adesão à Revolução. Abraçou a causa como um verdadeiro
apostolado. Convenceu a todos seus amigos, inclusive o Capitão Mór, e
conhecidos a jurarem apoio à Revolução. Com a derrota, foi preso e enviado aos
cárceres da Bahia. Ali ficou preso até a anistia geral de 1821.
FREI FRANCISCO DE SANTA MARIANA
PESSOA
Frei
Francisco de Santa Mariana, “carmelita
professo do convento do Recife, residente em Goiana. Era maçon militante e
sócio efetivo das academias do Cabo e Paraíso”[20].
O Pe. Joaquim Martins afirma que ele se achava bem preparado pelas duas
academias para participar da revolução[21].
Participou do ato de prisão do juiz de fora de Goiana e do assalto à fortaleza
de Itamaracá. Era conhecido pelo apelido de frei Pescoço. Foi anistiado em
1821.
FREI FRANCISCO DE SÃO PEDRO
“Frei Francisco de São Pedro, carmelita,
professo do convento do Recife, foi dos guerrilheiros contra as forças do
general Congominho. Faleceu nos cárceres da Bahia, a 1º de setembro de 1817”[22].
Segundo Vilar ele ainda “era subdiácono e
portou-se valentemente na batalha de Pindoba. Faleceu por causa de maus tratos
nas prisões da Bahia”[23].
Para o Pe. Joaquim Dias Martins ele morreu “ou
por força dos tormentos, ou por mágoa da nova escravidão da sua pátria”[24].
FREI JOÃO DE SANTA TERESA
“Frei João de Santa Tereza, religioso,
professo da Ordem Carmelita, parochiava a freguesia de Brejo da Areia na
Paraíba, quando se deram os movimentos políticos de 1817; e, sendo accusado de
haver tomado parte nesses movimentos. Escreveu: “Exposição dos sucessos no
Brejo d´Areia” por ocasião da revolução
de 1817 em Pernambuco. O autógrafo de 64 folhas pertence à Bibliotheca do
Instituto Histórico Brasileiro”[25].
FREI JOAQUIM DO AMOR DIVINO - FREI
CANECA
Frei
Caneca brilhou mesmo na revolução de 1824, a chamada Confederação do Equador.
Na revolução de 1817 foi combatente e guerrilheiro contra as forças do general Cogominho
e um dos assaltantes da fortaleza do Brum. Foi capturado e enviado para a
prisão na Bahia, sendo anistiado em 1821.
FREI JOSÉ DE SANTA ROSA (Pe.
Roma)
Pe.
Roma: “Era carmelita professo do convento
de Goiana, onde se chamou frei José de Santa Rosa, bacharel em teologia pela
Universidade de Coimbra, condecorado com o hábito de Cristo e orador reputado.
Secularizado em 1807”[26].
Seu nome era José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima. Foi arcabuzado, no Campo da
Pólvora.
"O Padre Roma
foi um dos mais ardentes revolucionários”[27]. Após o sucesso de sua missão em
Alagoas, seguiu para a Bahia, para tentar a adesão dêsse Estado. Foi prêso,
julgado por uma comissão militar, organizada apressadamente pelo Conde dos
Arcos, e condenado à morte. Foi fuzilado no Campo da Pólvora, a 29 de março de
1817.
Até
no momento de sua morte foi valente e destemido. É o que conta Caio Porfírio
Carneiro:
"O Padre Roma, por sua vez, assim se
portou ante o pelotão de fuzilamento:
Camaradas! Eu vos perdôo a minha morte.
Lembrai-vos na pontaria - pôs a mão no coração - que aqui é a fonte da vida.. e
atirai."[28]
FREI JOSÉ MARIA DO SACRAMENTO
BREYNER
Frei
José Maria do Sacramento Breyner - natural do Recife, carmelita professo da
mesma cidade, foi mestre de história pátria e prior do convento de Nossa
Senhora da Guia, na Paraíba. O Padre Martins, definindo-o, diz: “seu gênio atilado e caráter nacional o
fizera mais propenso para as virtudes patrióticas, do que para as
impertinências e minúcias religiosas”, e acrescenta: “o grande Breyner, sem nunca trair o grande segredo, desposou-se com o
dia 6 de março de 1817 com tanto entusiasmo, que, preferindo o título de
patriota ao nome religioso, não receiou fazer-se apóstolo da Liberdade,
pregando-a, e inculcando-a por todos os modos, e em todas as circunstâncias
possíveis”[29].
“Preso a 26 de maio, como guerrilheiro da
revolução, nas lutas da Independência reaparece o frade carmelita, à frente de
um batalhão de couraceiros contra os portugueses entrincheirados na Bahia”[30].
O
historiador José Honório Rodrigues ao escrever sobre a participação do clero na
luta pela independência brasileira relata sobre Frei José Maria do Sacramento
Breyner o seguinte: “era um religioso
carmelita, natural de Pernambuco, muito patriota, que se envolvera na revolução
de 1817, fora preso, permanecera nas cadeias da Bahia até sua libertação em
fevereiro de 1821. Quando se iniciou a guerra na Bahia, patriota exaltado,
alistou-se nas fileiras dos combatentes e organizou à sua custa uma companhia
de homens vestidos de couro, e à sua frente marchou em direção ao exército
brasileiro, apresentou-se ao general Labatut e combateu durante toda a guerra
até a vitória final. O padre dos couros, como era chamado, organizou um corpo
guerrilheiro voluntário, composto de 40 pessoas, 21 pardos, sete brancos e dois
cabras, mais tarde aumentou para cem combatentes. “O prêmio dos nossos
trabalhos, depois da causa finada, será o descanso em nossas casa”. Atingiu o
posto de capitão de primeira linha, foi condecorado com a Ordem do Cruzeiro,
retirou-se para a vida religiosa, foi vigário da freguesia do S. Sacramento em
1834, vivendo até 1850. Sua biografia não foi escrita. Era um homem resoluto,
prestou grandes serviços na guerra, no correio e nos transportes, e sua tropa
constituía uma das partes do exército de Labatut”[31].
FREI MANUEL DO CORAÇÃO DE JESUS (Dr. Manuel de Arruda Câmara)
Dr.
Manuel de Arruda Câmara foi “frade leigo
carmelita, professo no convento de Goiana, sob o nome de Frei Manuel do Coração
de Jesus, posteriormente secularizado por um breve pontifício”[32].
Foi um grande sábio naturalista e partidário exaltado das idéias liberais.
Fundou a Academia de Itambé, chamada Areópago. Sobre a ação desta Academia
escreve Carlos Razzini: “Foi o Areópago a
nossa primeira colméia autonomista, e suas abelhas as primeiras a empreender um
vôo continental em favor da independência comum. Nesse desiderato chegaram a
sonhar com a América livre, e ainda sob o pálio da democracia”[33].
Tudo
indica que Arruda Câmara sonhava com uma América unida. Ele escrevia a João
Ribeiro: “Remete logo a minha circular
aos amigos da América Inglesa e Espanhola. Sejam unidos com esses nossos amigos
americanos, porque tempo virá de sermos todos um; e quando não for, assim
sustentem uns aos outros”[34].
FREI MIGUEL DE SÃO BONIFÁCIO (Pe. Miguelinho)
Uma
figura chave da Revolução foi Miguel Joaquim de Almeida e Castro, ou
simplesmente Pe. Miguelinho, como era conhecido. Ele foi carmelita no Recife
com o nome de Frei Miguel de São Bonifácio. Iniciou seus estudos no convento do
Recife e depois foi para Lisboa. Voltou secularizado e com a fama de teólogo,
filósofo e hábil político.
Foi
professor no Seminário de Olinda, onde difundiu suas idéias e atraiu muitos
estudantes e futuros padres para a sua causa.
Tão
logo foi iniciada a revolução, “foi
constituído o nôvo governo republicano. É quando aparece, integrando-o, o Padre
Miguelinho. Fôra nomeado Ministro do Interior. Tentou, como primeira medida,
contemporizar as coisas, apesar das suas idéias republicanas e de nacionalista
extremado.
O Padre Miguel era de nascimento
rio-grandense-do-norte, porém residia em Recife desde os dezesseis anos de
idade. Estudou no Colégio do Carmo, no convento de Recife. Homem de grande
talento, inteligência e cultura, desde mocinho deixou-se empolgar pelas idéias
democráticas. Tomou parte ativa em várias sociedades secretas das muitas que
existiam na cidade. E dedicou-se sempre, com convicção extremada, à propaganda
revolucionária. Ao mesmo tempo era um pacifista, contrário a qualquer violência
que qualquer revolução fatalmente produziria"[35].
“Como
secretário, elaborou todos os decretos, proclamações, ordens, ofícios e mais
trabalhos do gabinete”[36].
No dia 12 de junho Padre Miguelinho junto com alguns
companheiros foi inapelavemente executado pelo pelotão de fuzilamento. "Seguindo naquele dia para o lugar do
suplício, que havia de ser no Campo da Pólvora, onde foi arcabuzado com Martins
e o dr. José Luiz de Mendonça, começou êste a declarar contra a iníquia
sentença, ao que, pondo-lho os olhos enternecidos, lhe falou o Padre Miguelinho
generoso e intrépido: "Querido amigo, façamos e digamos ùnicamente aquilo
que temos tempo". E dizendo, ajoelhou diante do crucifixo, repetindo,
debulhado em lágrimas e alternando com Mendonça, até serem fuzilados, o salmo
"Miserere mei Deus secundum magnam misericordiam tuam...[37]
“Morria assim o Padre Miguel Joaquim de
Almeida e Castro. Fuzilado apenas cinco anos antes do Grito da Independência, e
justamente porque por ela lutara.
Sua morte, como a de seus companheiros, não
foi em vão. Pois foi justamente o movimento revolucionário pernambucano de 1817
que influiu, decisivamente, para a nossa emancipação política apenas um lustro
depois. Como bem observou Franklin Távora, essa revolta foi "a montanha
que cresceu entre Portugal e o Brasil, e os separou definitivamente." E
completa Basílio de Magalhães: foi o início de uma "floração, cada vez
maior, dos ideais de liberdade, quer na própria terra pernambucana (1824), quer
no extremo-sul (Guerra dos Farrapos, 1835-1840), tornados definitiva realidade
pela radiosa aurora de 15 de novembro de 1889” [38].
Caio Porfírio
Carneiro em seu belo artigo assim conclui sobre Pe. Miguelinho: "condenado à morte por infâmia",
para ressuscitar imaculado e engrandecido na História” [39].
5) A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR (1824)
“Pode-se dizer que a revolução de 1824
(Confederação do Equador) foi uma continuidade da de 1817, pelo menos sob
vários aspectos. Na verdade nada havia mudado. Os prisioneiros, ao chegarem em
seus lares, puderam ver que tudo estava absolutamente na mesma, no tocante às
exigências sobre a administração, probidade, impostos, honestidade,
perseguições e injustiças para com os nativos. ... Em Pernambuco, entretanto, a
vontade de ser livre tinha aumentado pela sensação da inutilidade de tanto
sangue derramado e pelo ódio à repressão. Os castigos sofridos não quebraram os
ânimos, mas pelo contrário tinham-se transformado em mágoa e em mais idealismo”[40].
Em 7
de setembro de 1822 foi proclamada a independência do Brasil pelo príncipe
regente dom Pedro, o qual no dia 1º de dezembro do mesmo ano foi coroado
imperador do Brasil e recebeu o título de dom Pedro I. Uma Assembléia
Constituinte foi instalada, mas como havia disputa entre os poderes e as coisas
não estavam saindo do jeito que o imperador queria, este dissolveu a assembléia
com o apoio dos militares. Vários deputados foram presos. No dia 25 de março de
1824 a Constituição foi promulgada. Assim a primeira Constituição brasileira
foi “imposta pelo imperador ao “povo”,
embora devamos entender por “povo” a minoria de brancos e mestiços que votava e
que de algum modo tinha participado na vida política”[41].
O grande contingente de escravos ficou totalmente alijado da Constituição.
Houve
descontentamento geral com a promulgação da imposta Constituição. Em Pernambuco
a nomeação de um governador não-desejado abriu as portas para uma revolta.
Assim “seu chefe ostensivo, Manuel de
Carvalho, proclamou a Confederação do Equador, a 2 de julho de 1824. ...
A Confederação do Equador deveria reunir sob
forma federativa e republicana, além de Pernambuco, as províncias da Paraíba,
Rio Grande do Norte, Ceará e, possivelmente, o Piauí e o Pará. O levante teve
conteúdo acentuadamente urbano e popular, diferenciando-se da ampla frente
regional, com a liderança de proprietários rurais e alguns comerciantes, que
caracterizara a Revolução de 1817.
...
A Confederação do Equador não teve condições
de se enraizar e de resistir militarmente às tropas do governo, sendo derrotada
nas várias províncias do Nordeste, até terminar por completo em novembro de
1824. A punição dos revolucionários foi além das expectativas. Um tribunal
manipulado pelo imperador condenou à morte, entre outros, Frei Caneca,
Ratcliff, e o major de pretos Agostinho Bezerra Cavalcanti. Os próprios
adversários, entre eles comerciantes portugueses, enviaram ao rei pedidos de
clemência em favor do último, que evitara excessos e mortes. Mas não foram
ouvidos. Levado à forca, Frei Caneca acabou sendo fuzilado diante da recusa do
carrasco em realizar o enforcamento”[42].
FREI CANECA
“Se teve nas suas fileiras dezenas de
clérigos, centenas de militares, milhares de civis, a Confederação do Equador
pode ser entretanto considerada a revolução de um padre: Frei Joaquim do Amor
Divino Rabelo Caneca”[43].
Frei
Caneca inicialmente, apesar de ser republicano, aceitava um regime monárquico,
contanto que constitucional. Seus primeiros desentendimentos foram com José
Bonifácio e o seu Ministério que, a seu ver, exerciam uma influência maléfica
sobre D. Pedro e o levaram a atitudes extremadas e exageradamente conservadoras
no tocante a três importantes pontos, a saber 1) a unidade do território
nacional, 2) a consolidação da Independência e 3) a defesa do poder monárquico.
Como conservador e de formação européia-portuguesa, José Bonifácio era um
defensor da Casa de Bragança. Frei Caneca lutava em primeiro lugar por um
regime constitucional, não importando se fosse monarquista ou republicano. José
Bonifácio visava o fortalecimento do poder do monarca. Frei Caneca preocupava-se
em por limites neste poder, diante do povo. “Sabe-se
hoje que José Bonifácio não queria um governo constitucional e só se decidiu
pela Independência quando os famosos decretos 124 e 125, das Cortes de Lisboa,
os mesmos que levaram D. Pedro à proclamação de 7 de setembro, pretendiam
prendê-lo e processá-lo” [44].
Em 12
de novembro de 1823 o imperador dissolveu a Constituinte. Isto fez com que Frei
Caneca se decidisse, definitivamente, contra o Imperador: é a segunda fase de
sua luta.
Como
naquele mesmo ano Portugal havia retornado ao regime absolutista, a atitude de
D. Pedro foi interpretada como tentativa de se tornar o senhor absoluto do
Brasil. A idéia de que D. Pedro e seus sequazes tramavam a recolonização do
Brasil tomou corpo. O raciocínio era lógico: absolutismo em Portugal,
dissolução da Assembléia Constituinte brasileira, absolutismo também no Brasil.
Era o caminho para que se “conservassem
os dois reinos unidos para a dinastia de Bragança” [45].
Frei
Caneca procurou conscientizar e doutrinar o seu povo de todas as formas. Mas o
fez sobretudo através do Typhis Pernambucano, jornal por ele fundado[46].
Mostrava de onde vem o poder, quais os limites do poder de um soberano, que o
ato de escolher um governo, passando por cima do povo, mesmo se se tratasse de
um imperador, era uma traição a todos os ideais pelos quais tinham lutado e
derramado seu sangue na Revolução de 1817.
O
professor João Alfredo de Sousa afirma: “importante
sublinhar em Caneca o espírito de justiça imanente a uma linha de comportamento
autêntico e de realização integral do homem, dentro da prática religiosa, ou
talvez melhor dizendo, prática da fé. (...) Então ele supera o dualismo
espírito-matéria, corpo-alma, natural-sobrenatural, vendo o homem como um todo,
permeado em todos os momentos de sua vida, em todas as áreas de seu
comportamento, por profunda moralidade que o faz cônscio de obrigações para com
Deus, para com a sociedade, para com o próximo, para com a nação, numa unidade
indissolúvel”[47].
Após
as derrotas iniciais, os revolucionários pernambucanos se retiraram em direção
ao Ceará. Frei Caneca acompanhou a marcha confederada pelo sertão. A derrota
era eminente e a viagem pelo sertão, muito sofrida. Porém, o ideal de liberdade
e de luta por princípios se mantinha vivo. “Foi
essa jornada de sacrifícios e heroísmo, só por si capaz de salvar para a
história a causa daqueles homens”[48].
A condição para se renderem era de que se instalasse uma nova Assembléia
Constituinte.
Frei
Caneca foi preso pelo major Lamenha. Este era um desertor das forças da
“Confederação”. Ele prometia, entre outras coisas, que seria um irmão dos
confederados e que o imperador, como um pai, os receberia. Nenhuma das
promessas foram cumpridas.
Frei
Caneca foi levado para o Recife onde, num julgamento com irregularidades e
falhas[49],
foi condenado à morte na forca. No dia da execução, conforme exigência da lei
canônica da época, foi degradado das Ordens Sacras. Até neste ato o frade
carmelita foi injustiçado, visto que não houve processo canônico para tal e quem
assinou a ordem de degradação foi o bispo do Rio de Janeiro e não o de Olinda,
diocese à qual pertencia.
Na
hora da execução nenhum carrasco quis enforcá-lo. Por fim sua pena foi
arbitrariamente transformada em morte por fuzilamento pelo comandante militar e
não pelo tribunal - mais uma irregularidade. Assim, aos 51 anos de idade, Frei
Caneca foi morto no dia 13 de janeiro de 1823. Max Fleiuss atesta: “Teve morte heróica; não quis que lhe
vendassem os olhos e ele próprio deu voz de comando aos soldados do pelotão
executor, recomendando-lhes, de braços abertos, que atirassem sobre o seu
coração, como centro da vida” [50].
Após
o fuzilamento seu corpo foi deixado em frente ao Convento do Carmo de Recife. O
provincial o sepultou dentro do convento. “Não
se sabe exatamente em que local. Não há lápide, não há velas, não aparecem
romeiros. Em algum lugar ele jaz, esquecido pelo povo e pela pátria que tanto
amou e que pomposamente reverencia e ergue monumentos caríssimos ao Imperador
que tantas vezes a traiu”[51].
Em
1832 aconteceu em Manaus (AM), na época ainda chamava-se Barra do Rio Negro, um
revolta armada para emancipar a então Comarca do Alto Amazonas. Até esta época
toda a Amazônia pertencia à Província do Grão-Pará, cuja capital era Belém. “Neste movimento torna-se especialmente
notória a influência e a direção espiritual dos frades Ignácio Guilherme da
Costa, mercedário maranhense, Joaquim de Santa Luzia e José dos Santos
Inocentes, ambos carmelitas paraenses”[52].
A rebelião fracassou, mas não aconteceram as punições usuais para estes casos
por causa da linha liberal do novo presidente da Província José Joaquim Machado
de Oliveira. A emancipação do Amazonas como Província aconteceu em 1850.
FREI JOAQUIM DE SANTA LUZIA
Frei
André Prat informa que Frei Joaquim de Santa Luzia foi em 1818 vigário de Moura
e Carvoeiro no rio Negro.[53]
Segundo
alguns, ele era entendido em balística, por isso foi encarregado, ou
encarregou-se, da defesa da cidade de Manaus[54].
De acordo com o historiador Arthur Reis, ele conseguiu fazer sérias avariações
em alguns navios adversários - sobretudo na barca Independência, que esteve a
ponto de afundar, mas não conseguiu evitar a derrota[55].
Prat afirma que “os revolucionários
levantaram uma especie de fortificação nas Lages, foz do Rio Negro, cujo
commando entregaram ao citado religioso (Frei Joaquim de Santa Luzia), que
dirigiu alguns tiros contra a barca de guerra Independencia, conduzindo a força que foi suffocar a rebellião, em
Manaus”[56].
FREI JOSÉ DOS SANTOS INOCENTES
Parece
que sua figura é um pouco controvertida. Araújo diz que ele “associa ao trabalho missionário entre os
índios e de vigário em vilas do interior o gosto e a determinação pela ação
política radical”[57].
Já o naturalista inglês Alfred Russel Wallace o descreve como preguiçoso,
contador de piadas, dinheirista e conquistador de mulheres (chega a afirmar: “Don Juan”, comparado a Frei José, era um
inocente. Ele dizia, entretanto, que sempre teve grande respeito pela sua
batina, e nunca fez nada para desrespeitá-la, “durante o dia”[58]).
Ao descrevê-lo assim, parece que Wallace queria desmoralizá-lo por causa de sua
participação na defesa dos interesses brasileiros em questões de fronteiras
entre Brasil e Guiana Inglesa, como veremos abaixo. Aurélio Pinheiro diz que
ele era “sacerdote, guerrilheiro e
político”[59].
Prat informa que “até 1832 Fr. José dos
Santos Innocentes, que tomou parte em todos os acontecimentos políticos do seu
tempo e tinha grande influência na Comarca do Alto Amazonas, era Vigário de
Vila Nova da Rainha, hoje cidade de Parintins.
Foi um dos factores
do argumento da povoação de Pirara, na região cuja posse era contestada pela
Inglaterra e o Brasil (Valle do Rio Branco) e da qual aquella nação ficou de
posse, em virtude do laudo arbitral do rei da Italia.
Este religioso erigiu
ali uma capella; Congregou os indios dispersos, ensinou-lhes a religião e os
primeiros rudimentos da agricultura”[60].
Na
revolução de 1832 recebeu a missão de, como procurador do povo, ir ao Rio de
Janeiro, capital do Brasil na época, para defender os interesses amazonenses
junto às autoridades imperiais. O trajeto lógico seria descer o rio Amazonas,
chegar até o oceano Atlântico e depois seguir até ao Rio. Mas ele não podia
fazer este caminho porque envolveria uma passagem por Belém e consequentemente
seria preso e impedido de seguir a viagem. Por isso optou por ir pelo centro do
Brasil. Subiu o rio Madeira, depois seguiu por outros rios e trilhas. Passou
por Cáceres e conseguiu chegar até Cuiabá, capital do Mato Grosso. Ali havia
uma pequena revolta nativista, em vez de ficar quieto e seguir sua viagem,
resolveu tomar partido em favor de um dos lados e foi o lado que perdeu. Foi
preso e enviado de volta para o Amazonas. Ao chegar à sua querida Manaus, foi
preso e condenado a ser missionário no alto do rio Branco, na divisa com a
Guiana Inglesa.
Em
1839 os ingleses, que contestavam as fronteiras, invadiram o território
brasileiro. O frade carmelita frei José dos Santos Inocentes, de acordo com seu
espírito guerreiro, organizou o povo e defendeu as fronteiras brasileiras em
Pirara, no alto Rio Branco.
Em
1852, já doente, retornou a Manaus onde morreu. Na capital amazonense há uma
rua com o nome Frei José dos Santos Inocentes, que por ironia do destino é (ou
era) umas das principais ruas de prostituição da cidade.
BIBLIOGRAFIA
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Crise da Cristandade e o Projeto Liberal, Ed. Paulinas, São Paulo, 1991.
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BARBOSA LIMA, Discurso no Instituto Histórico, em
6-3-1917.
CARNEIRO, Caio Porfírio, Padre Miguelinho, in Revista do Arquivo Municipal, 182, CLXXXII,
Prefeitura do Município de São Paulo, 1971.
CONDURÚ PACHECO, Felipe, História Eclesiástica do Maranhão, S.E.N.E.C. - Departamento de
Cultura, Maranhão, 1969.
COSTA, Pereira
da, Dicionário Bibliográfico de
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FAUSTO, Boris,
História do Brasil, 4. ed., Editora da Universidade de São Paulo: Fundação
para o Desenvolvimento da Educação, São Paulo, 1996.
FLEIUSS, Max,
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do Brasil, Tomo II, Co-edição Ed. Itatiaia (Belo Horizonte) e Ed. da
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fac-similar da Ass. Legislativa do Estado de Pernambuco, s/d.
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margem do Amazonas, São Paulo, 1937.
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REIS, Arthur Cézar Ferreira, História do Amazonas, Ed. Itatiaia, Belo Horizonte, 1989.
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SOUSA, João Alfredo de, O Liberalismo Radical de Frei Caneca, Rio de Janeiro, Ed. Tempo
Brasileiro, 1978.
VILAR DE CARVALHO, Gilberto, A liderança do clero nas Revoluções Republicanas - 1817 a 1824,
Vozes, Petrópolis, 1980.
[2] Serafim LEITE, História da Companhia de Jesus no Brasil,
tomo IV, p. 75.
[3] Serafim LEITE, História da Companhia de Jesus no Brasil,
tomo IV, p. 75.
[4] Simile testimonium Capituli Olinden. Num. 3,
de 26/08/1713. Copiado do original impresso existente no Arquivo do Carmo,
Recife por Frei Sebastião Boerkamp no volume II, pág. C-426. Este volume está
na Biblioteca Carmelitana do Convento do Carmo de São Paulo.
[5]
Simile testimonium Senatus Olinden. Num. 13, de 08/07/1713. Copiado do
original impresso existente no Arquivo do Carmo, Recife por Frei Sebastião
Boerkamp no volume II, pág. C-426. Este volume está na Biblioteca Carmelitana
do Convento do Carmo de São Paulo.
[7] LEOPOLDO, O clero
e a independência, 25.
[8] PRAT, Notas
Históricas, 295-296.
[9] Palavra de origem indígena que significa
“estrangeiro”. No caso designava todos os não paulistas, ou seja portugueses,
baianos, pernambucanos, etc. que se dedicavam à descoberta e exploração de ouro
e pedras preciosas em Minas Gerais.
[10] LEOPOLDO, O clero e a independência, 45.
[11] ROCHA
POMBO, História do Brasil, 225.
[12] ROCHA POMBO,
História do Brasil, 226.
[13] VILAR DE CARVALHO, A
liderança do clero, 15ss.
[14] Citado por LEOPOLDO, O clero e a independência, 66, nota 21.
[15] VILAR, A
liderança do clero, 23.
[16] Citado por VILAR, A
liderança do clero, 23.
[17] VILAR, A
liderança do clero, 31.
[18] VILAR, A
liderança do clero, 63.
[19] MARTINS, Os
Martires Pernambucanos, 313 e
314.
[20] LEOPOLDO, O clero e a independência, 74, nota 42.
[21] MARTINS, Os
Martires Pernambucanos, 256.
[22] LEOPOLDO, O clero e a independência, 67.
[23] VILAR, A
liderança do clero, 85.
[24] MARTINS, Os
Martires Pernambucanos, 309.
[25] GALVÃO, Diccionario
Chorographico Historico, 3º
volume.
[26] LEOPOLDO, O clero e a independência, 82.
[27] CARNEIRO, Padre
Miguelinho, 104.
[28] CARNEIRO, Padre
Miguelinho, 106.
[29] MARTINS, Os
Martires Pernambucanos, 98.
[30] LEOPOLDO, O clero e a independência, 101.
[31] RODRIGUES, O Clero e a Indepenência, 323-324.
[32] LEOPOLDO, O clero
e a independência, 69.
[34] COSTA,
Pereira da, Dicionário Bibliográfico de
Pernambucanos Célebres, p. 640. Citado por AZZI em A Crise da Cristandade e o Projeto Liberal, p. 29.
[35] CARNEIRO, Padre
Miguelinho, 103.
[36] LEOPOLDO, O clero e a independência, 94.
[37] BARBOSA LIMA - citado por CARNEIRO, Padre Miguelinho, 107.
[38] CARNEIRO, Padre
Miguelinho, 107.
[39] CARNEIRO, Padre
Miguelinho, 108.
[40] VILAR, A
liderança do clero, 37.
[41] FAUSTO, História
do Brasil, 149.
[42] FAUSTO, História
do Brasil, 153 e 154.
[43] VILAR, A
liderança do clero, 95.
[44] VILAR, A
liderança do clero, 50.
[46] Iniciado em 25 de dezembro de 1823. O último número foi editado em 29 de julho de
1824.
[47] SOUSA, O
Liberalismo Radical de Frei Caneca, 181.
[48] Rocha Pombo, História
do Brasil, 204.
[49] Cf. VILAR, A
liderança do clero,
205-206.
[50] FLEIUSS, Apostilas
de História do Brasil, 322.
[51] VILAR, A
liderança do clero, 210.
[52] ARAÚJO, Igreja e
Cabanagem (1932-1849), 263.
[53] PRAT, Notas
Históricas, 291.
[54] Cf. PRAT, Notas
Históricas, 291; ARAÚJO, Igreja e Cabanagem (1932-1849), 263.
[55] REIS, História
do Amazonas, 165.
[56] PRAT, Notas
Históricas, 291.
[57] ARAÚJO, Igreja e
Cabanagem (1932-1849), 264.
[58] Citado por ARAÚJO, Igreja e
Cabanagem (1932-1849), 265.
[59] PINHEIRO, À margem
do Amazonas, 32.
[60] PRAT, Notas
Históricas, 289-290.
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