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quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Edith Stein: Vida

Francisco Javier Sancho Fermín OCD
           
Nasceu Edith Stein no seio de uma família judaica, no dia 12 de outubro de 1891, na cidade prussiana de Breslau. É a mais nova de 11 irmãos, dos quais 4 morreram em idade prematura.
             Não tinha ainda completado 2 anos quando o pai morreu de insolação. A mãe, "mulher forte da Bíblia", como é chamada por Edith, encarrega-se da família, translada-se para a cidade e leva para a frente o negócio de madeiras iniciado pelo marido.
            Aí Edith vai receber a primeira formação escolar na  Viktoria-Schule. Aos 14 anos abandona os estudos, movida por um certo enjôo intelectual e talvez de fé. Por esta ocasião deixou toda prática religiosa, certamente influenciada pelas idéias racionalistas pós-kantianas, que caracterizavam a linha de pensamento da escola. Passaram-se quase dois anos até se decidir a recomeçar os estudos para bacharelado em 1908.
            Em 1911 entra para a Universidade. Escolhe História, Filologia Alemã, Filosofia e Psicologia. Esta última é a que mais atrai a sua atenção, mas por ser ainda uma ciência sem fundamentos sólidos, ela resolve dedicar-se à filosofia.
            Durante estes anos começa a tomar parte em diversas associações estudantis orientadas para a reforma do sistema educativo e a promoção dos direitos da mulher, etc.
            Em 1913, atraída pela fenomenologia de Husserl, dirige-se à Universidade de Göttingen. Aí conheceu Scheler, que infiltra na vida de Edith a abertura para a Igreja Católica. Estoura a 1ª Guerra Mundial e Edith se oferece como voluntária da Cruz Vermelha para atender os doentes num hospital de "contagiosos". Terminados estes serviços humanitários, volta para o seu trabalho intelectual. Conclui a sua tese doutoral sobre o tema da Empatia (Einfühlung), que apresenta na Universidade de Friburgo no dia 3 de agosto de 1916, alcançando a nota máxima. Nesta Universidade permanece até 1918, como assistente de Husserl.
            Por ser mulher, fracassa no seu projeto de subir a uma cátedra. Dá algumas aulas particulares e faz substituições na Escola "Viktoria", onde tinha sido aluna adiantada. Parece que nestes anos a crise espiritual de busca toma conta dela. O momento definitivo da sua conversão chega no verão de 1921, quando, por acaso, estando na casa de campo dos seus amigos Conrad-Martius, cai nas suas mãos o "Livro da Vida" de Santa Teresa. AÍ descobre a Verdade. É batizada no dia 1° de janeiro de 1922 em Berzabém.
            A conversão muda a orientação da sua vida. Primeiro como professora de bacharelado e magistério no Colégio das Dominicanas de Espira; neste tempo dedica-se ao estudo e tradução de Santo Tomás. A sua vida é de intensa oração e de serviço aos mais pobres.
            A partir de 1928 desdobra-se a sua atividade no terreno do "feminismo". Chegam convites de numerosas cidades dos países de língua alemã, para fazer conferências sobre o tema. Em 1930 foi convidada pela "Societé Thomiste" de Paris.
            A sua última atividade, antes do triunfo nazista, foi-lhe oferecida no Instituto de Pedagogia de Munster como ocupante da nova cátedra de antropologia (1932-1933).
            Com a proibição aos judeus de exercerem cargos públicos abrem-se as portas para ela realizar a sua vocação. Nada agora podia detê-la de entrar para o Carmelo. Os seus próprios confessores já não puseram obstáculo. E é assim que, na véspera da Festa de Santa Teresa, no dia 14 de outubro, se dá o seu ingresso no Carmelo. No dia 16 de abril recebe o hábito com o nome de Teresa Benta da Cruz. Nome que denuncia a sua vida espiritual. Teresa, porque em Teresa encontrou a mãe na fé e na vocação. Benta, porque na espiritualidade de São Bento encontrou o verdadeiro sentir com a Liturgia da Igreja. Da Cruz, porque lhe foi possível a entrada no Carmelo debaixo deste sinal, que daí em diante será o sinal da configuração e consumação da sua vida em Cristo.
            No Carmelo prossegue na atividade intelectual, levando ao fim a sua grande obra filosófica: "Ser finito e Ser eterno".
            Contudo, pela situação extrema de ódio contra os judeus, é levada a transferir-se para o Carmelo de Echt na Holanda, onde escreveu o sua última obra, "A Ciência da Cruz", em homenagem ao IV Centenário do nascimento de São João da Cruz; não conseguiu,porém, terminá-la, já que no dia 2 de agosto de 1942 foi arrancada pela Gestapo da paz do Carmelo e levada ao campo de Auschwitz/Birkenau, onde, junto com Rosa, sua irmã, foi martirizada na câmara de gás no dia 9 do mesmo mês. O exemplo e heroicidade da sua vida foram apresentados à Igreja Universal no dia 1º de maio de 1987 na cidade de Colônia, onde João Paulo II a proclamou Bem-Aventurada e Mártir.

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