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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O SANTO DO CARMELO: São José

Resenhas e meditações de Dom Frei Gabriel Paulino Bueno Couto O.Carm.
Tradução por Frei Pedro Caxito O.Carm. In Memorian

            À São José "devem afeiçoar-se de maneira especial as pessoas de oração, porque não sei como se pode pensar na Rainha dos Anjos e nos grandes trabalhos que teve de sofrer com o Menino Jesus, sem agradecer a São José que serviu de tanta ajuda para os dois", assim falava a grande Santa do Carmelo, Santa Teresa de Jesus (V. Autobiografia  VI nº8). Com estas palavras Santa Teresa não exprime somente uma convicção sua pessoal, mas de todo o Carmelo, em cuja escola aprendeu a venerar o puríssimo Esposo de Maria.
            A Ordem do Carmo, na verdade, que  nasceu  do amor à oração amor do qual vive e cresce até agora - e que deve aos cuidados maternais da Rainha dos Anjos a sua existência na Igreja de Deus, não podia deixar de associar com a devoção a Nossa Senhora a mais afetuosa devoção a São José, Seu puríssimo Esposo: "O Carmelo teve-O sempre numa veneração cheia de carinho, e com muita solenidade não cessou de celebrar a sua festa", já escrevia, no longínquo ano de 1479, o carmelita Arnoldo Bóstio (V. Speculum Carmelitanum  nº1109).
            Atribui-se à Ordem, que transmigrou do Oriente para o Ocidente, o mérito de ter dado ao culto de São José, na Igreja Ocidental, o esplendor particular de que hoje se reveste, como escreve Bento XIV: "É sentença comum entre os eruditos que foram os Carmelitas que trouxeram do Oriente para o Ocidente o costume louvável de honrar São José com soleníssimo culto, acompanhados depois neste ponto pelas Famílias Religiosas de São Domingos e São Francisco" (De Servorum Dei beatificatione et Beatorum canonizatione L.IV  p.II  c.XX). Para isto deve ter contribuído não pouco o belíssimo ofício que, até o ano de 1585, se cantava no dia 19 de março no coro dos carmelitas, com antífonas, responsórios, etc. especiais, em versos rimados.
            Não é, portanto, para se maravilhar se Santa Teresa, que viveu plenamente as mais belas tradições do Carmelo, tenha concebido também uma particular devoção ao humilde esposo da Virgem Santíssima e, em troca, dele tenha recebido provas singularíssimas de afeto paternal. Hoje é clássica a página que a Santa Carmelita escreveu a respeito da devoção a São José na sua Autobiografia (cap. VI n.6-8). Fala da própria experiência quando aí afirma: "As almas que a Ele se recomendam são ajudadas de um modo todo especial"; "não me lembro até hoje de ter-Lhe implorado alguma graça sem logo tê-la alcançado"; "há já vários anos que no dia da sua festa eu Lhe peço uma graça especial: Ele sempre me atendeu". Mas não foi ela somente que chegou a fazer esta constatação; muitas outras pessoas que, seguindo o seu conselho, se recomendaram a São José, confessaram o mesmo: "Isto, por outra parte, também reconheceram por experiência outras pessoas que, seguindo o meu conselho, se recomendaram ao seu patrocínio, e são muitas as almas que há pouco se tornaram suas devotas por haverem experimentado esta verdade". O Santo tudo consegue - diz Santa Teresa - e a sua proteção se demonstra eficaz em todas as nossas necessidades: "É coisa que verdadeiramente causa maravilha recordar os grandes favores que o Senhor me fez e os perigos, tanto da alma como do corpo, dos quais me livrou por intercessão deste Santo". A razão é que o Senhor quer continuar a fazer a vontade dele no céu assim como submeteu-se a ele na terra: "O Senhor quer fazer entender com isto que da maneira como era submisso a ele na terra, onde como pai e guarda podia dar-lhe ordens, hoje igualmente faz no céu quando ele lhe faz os seus pedidos". Virtudes, espírito de oração, todas são graças que este glorioso Santo concede à alma "que Lhe seja sinceramente devota e que pratique em sua honra alguma particular devoção" e que nos caminhos da vida interior a Ele se confie como a seu Mestre: "Quem, além disso, não tivesse alguém com o qual pudesse aprender a fazer oração, tome por mestre este Santo glorioso, e não se enganará". E com ardorosas palavras insiste: "Rogo, por amor de Deus, que experimente quem não acredita em mim e por experiência verá de que vantagem seja recomendar-se a este glorioso Patriarca e ser devotos dele".
            Enquanto a Santa carmelita de Ávila no-lo demonstra glorioso nos prodígios que operava, uma outra Santa do Carmelo, Santa Maria Madalena de' Pazzi, nos faz contemplá-lo na sua glória no céu. Arrebatada em êxtase, a Santa do Carmelo de Florença prorrompe nesta exclamação: "Oh! Quanto o glorioso São José participa da paixão de Jesus pelos serviços que lhe prestou na Sua Humanidade!"
            O culto que o Santo recebe no Carmelo, na Igreja toda, nada subtrai ao culto à Nossa Senhora, pelo contrário, o faz ressaltar mais intensamente, assim como no céu "a pureza de José se põe lado a lado com a pureza de Maria e assim naquele transbordamento de esplendor que um transmite ao outro, parece, por assim dizer, que a pureza de José faça a pureza da Virgem aparecer muito mais esplêndida e gloriosa".
            Chefe da Sagrada Família, São José era todo carinho para Jesus e Maria quando ainda vivia na terra; agora no céu "está José no meio de  Jesus  e  Maria  como uma estrela  brilhante" e - continua a Santa no êxtase - "concede uma proteção especial às almas que militam sob o estandarte de Maria".
            Debaixo do estandarte de Maria se milita no Carmelo! Quem aí combate não sucumbirá: sobre ele vela o Santo do Carmelo! Conquistará a vitória sustentado e defendido pelo seu braço todo- poderoso!

FREI JOSÉ APARECIDO: Missa de Ordenação Presbiteral. (Final)


Imagens da Ordenação Presbiteral do Frei José Aparecido, Padre Carmelita da Ordem do Carmo.  Munhoz-MG, 07 de fevereiro-1998  (Último vídeol). Convento do Carmo, São Paulo, SP. 13 de dezembro-2011. DIVULGAÇÃO: Blog: http://mensagensdofreipetroniodemiranda.blogspot.com; www.olharjornalistico.com.br; www.facebook.com/olharjornalistico; www.facebook.com/freipetronio2; www.flickr.com/photos/avozdoscarmelitas; www.youtube.com/olharjornalistico; www.videolog.tv/freipetronio; www.youtube.com/carmo160; www.twitter.com/freipetronio; www.youtube.com/petros637; www.myspace.com/olharjornalistico; www.mais.uol.com.br/olharjornalistico; www.youtube.com/PetrosAntonio

FREI JOSÉ APARECIDO: Missa de Ordenação Presbiteral. (2ª Parte)

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

FREI JOSÉ APARECIDO: Missa de Ordenação Presbiteral. (1ª Parte)

Os Terésios em Pernambuco no séc. XVII (Carmelitas Descalços).

Texto livre sobre história da Ordem
Intitulado: SOB AS ASAS DO VENTO,  de Frei Cardoso, OCD.
Hoje trazemos para o boletim textos e indicações recolhidos na Web sobre a presença conflituosa, difícil dos nossos frades em Pernambuco e na Bahia no séc. XVII. A dificuldade se deu pela peculiar situação eclesiástica da época colonial somada ao pulular dos movimentos pela independência da colônial. O texto a seguir  revela como os frades pegaram carona num conflito que teve como centro os oratorianos do Recife.
Num artigo escrito por Evaldo Cabral, o autor chama a atenção do leitor para o papel representado pelas ordens religiosas no Brasil colonial, com relação ao aparecimento dos sentimentos nativistas. Como um estudo de caso das relações de nativismo e religião, é examinada a história do cisma que aconteceu em Pernambuco, no final do século XVII, entre os padres do Oratório de São Filipe Néri (chamados de os Néris). O exame da disputa é feito em seus próprios termos, mas também à luz das crescentes tensões políticas, sociais e econômicas entre os proprietários de engenhos de açúcar e os meios comerciais do Recife. O autor conclui mostrando que ambos os lados do conflito oratoriano eram apoiados tanto pelos nobres de Olinda quanto pelos comerciantes do Recife. Neste conflito foram envolvidos os descalços. Trazemos as partes do texto que trazem referência aos Terésios.
A cisão no Oratório de Pernambuco ocorrerá precisamente ao longo de uma linha de clivagem que separará os padres da Madre de Deus e os padres das aldeias, sediados em Santo Amaro.
A questão dos estatutos era "todo o Aquiles em que se debate o ponto", como reconhecerá o representante do bispo de Olinda em Lisboa. A rejeição dos dissidentes prendia-se a não desejarem "estar sujeitos e dependentes do governo da dita Congregação", isto é, do Oratório lusitano, ao que retrucavam os padres da Madre de Deus que a uniformidade da disciplina religiosa não acarretava sujeição, "somente uma união política entre si"...
Na "ojeriza ao apêndice", o historiador dos néris, Ébion de Lima, detectou "um laivo de nativismo se despertando no mundo eclesiástico brasileiro contra as imposições da metrópole".
A resistência de Santo Amaro feria uma nota que ressoava fundo no meio clerical da capitania, sobretudo nas ordens religiosas trabalhadas desde meados do século XVII pelas rivalidades entre professos do Reino e professos do Brasil, mas também na esfera secular, fraturada pela inimizade entre os reinóis e os naturais...
Foram os capuchos, ou franciscanos reformados, e os terésios, ou carmelitas descalços, os principais promotores da agitação. Se estes gozavam de influência reduzida, aqueles pelo contrário, pertenciam à ordem hegemônica na capitania, quer pelo número de seus conventos e pela sua implantação rural, de que as demais religiões careciam, quer pela sua popularidade em todas as camadas sociais. Os guardiões dos conventos franciscanos do Recife e Olinda mostravam-se os mais exaltados de todos, negando-se mesmo, como o prior de Santa Teresa, a comparecerem a uma reunião da Junta das Missões, marcada para discutir a liberdade dos índios do Jaguaribe (Ceará), com a explicação de estarem canonicamente proibidos de falarem com o bispo e com os oratorianos. Desde o recebimento da comissão, os capuchos e os terésios haviam cessado de frequentar o paço episcopal, e uma vez deflagrada a crise, passaram, do alto do púlpito, a desancar D. Francisco, procurando este, segundo dizia, "por todos os caminhos que a maldade costuma descobrir, descompor-me e desacreditar-me com os povos", inclusive exortando os fiéis, a bem da salvação das suas almas, a não freqüentarem as igrejas da diocese, interditas em decorrência da excomunhão do prelado por frei Benedito, único representante legítimo do Papa no bispado, conforme proclamavam. D. Francisco tinha reproches a favor a uns e a outros. Para ele, os descalços, também chamados marianos, não tinham qualquer utilidade em Pernambuco, aonde chegavam "despidos do espírito de Santa Teresa, para procurarem o temporal e para o inquietarem", apreciação que traduzia talvez certa má vontade de seita, pois o bispo era carmelita calçado. Quanto ao guardião do convento franciscano do Recife, frei Cosmo do Espírito Santo, acusava-o de acolher "os clérigos criminosos e suspensos nas ordens, consentindo-lhes que usem delas como se não estivessem excomungados", ademais de praticar "outras coisas mais que me causam grande escândalo".