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sábado, 13 de maio de 2017

13.05.2017 - Celebração da Santa Missa com a canonização de Jacinta e Fr...

“Nossa Senhora não apareceu aos pastorinhos em Fátima”. Entrevista com Anselmo Borges

 

Filósofo e teólogo, professor da Universidade de Coimbra, o padre português Anselmo Borges (Paus, 1944) publica Francisco: desafios à Igreja e ao Mundo (Gradiva), em cuja apresentação esteve o Presidente da República. Profundamente ‘franciscano’, crítico e livre, o escritor denuncia o “adormecimento” da Igreja portuguesa, critica “o clericalismo e o carreirismo” como “peste da instituição” e espera que a visita do Papa Francisco a Fátima sirva para sacudi-la de sua letargia. Embora Nossa Senhora não tivesse aparecido ali aos pastorinhos. A entrevista é de José Manuel Vidal, publicada por Religión Digital, 11-05-2017. A tradução é de André Langer

Eis a entrevista.

Qual é a tese de fundo do seu livro Francisco: desafios à Igreja e ao Mundo? Ela se resume ao título da obra?
Em certo sentido, a tese está no título. Creio que o professor jesuíta Juan Masiá, que leu o livro, diz o essencial, embora se tenha que descontar o que exagera em função da nossa amizade: ‘No contexto de um mundo globalizado, Anselmo Borges apresenta uma excelente síntese para entender o desafio franciscano e jesuíta do Papa. O autor utiliza, de forma brilhante, duas chaves do pensamento e da ação do Papa Francisco: o discernimento, para diagnosticar os desafios, e a misericórdia, para curar as feridas. Anselmo Borges, que acompanha o caminho de Francisco pelas periferias do cuidado da vida na Igreja e na política, demonstra que é capaz de articular de forma correta a implicação que transforma os desafios da Igreja em desafios de Francisco para o mundo do século XXI’.

Quais são os objetivos que o senhor persegue com esta nova publicação?
Eu estou convencido de que Jesus Cristo é e anunciou a maior revolução da História da Humanidade. Ele é o Evangelho vivo de Deus para todos: a boa notícia de que Deus é Amor e Misericórdia. Infelizmente, muitas vezes o que a Igreja comunicou, com palavras e obras, foi e é, na expressão de Nietzsche, um ‘Anti-evangelho’, isto é, uma notícia triste e que não encaminha para a felicidade.
Agora, o Papa Francisco traz novamente o Evangelho, e as pessoas percebem nele, em suas palavras, em seus gestos e em suas atitudes, quem é, o que fez e o que quer Jesus. Na minha opinião, o Papa Francisco é um líder político-moral global decisivo para o futuro da Igreja e da Humanidade.

O senhor compartilha a tese de que Francisco é o Papa da primavera?
Não há dúvida alguma. O Concílio Vaticano II foi uma primavera, à qual se seguiu um longo inverno. Um dos sinais mais dramáticos disso constata-se na condenação de tantos teólogos, assim como na nomeação de bispos conservadores. Francisco quer que se caminhe na linha do Vaticano II.
A primavera reflete-se no próprio nome que Bergoglio escolheu: Francisco. O Papa é franciscano por opção e, por isso, é cristão. Esta é a revolução de Francisco: ele é cristão, não porque foi batizado, mas porque segue Jesus em sua vida. Basta ver como ele se comporta. É simples, humilde, abraça, beija, está com todos e, sobretudo, com quem ninguém ou pouquíssimos estão: os mais pobres, os marginalizados, os injuriados, os humilhados, as pessoas das periferias.
Mas, ao mesmo tempo, o Papa é jesuíta, formado para a eficácia, no contexto do mundo atual globalizado. Por isso, luta para fazer uma revolução dentro da Igreja: tolerância zero para o flagelo da pederastia, transparência plena no Banco Vaticano, reforma profunda e constitucional da cúria romana (será a cúria passível de reforma?), primado da pastoral sobre o dogma no cuidado das pessoas concretas, do Evangelho sobre o Direito Canônico, governo sinodal da Igreja em todos os níveis, inculturação do Evangelho nas diferentes culturas, participação ativa dos leigos, não discriminação das mulheres, o próximo Sínodo é para e com todos os jovens (também com os afastados da Igreja, os agnósticos e os ateus), abertura de portas para o fim do celibato obrigatório com a ordenação de homens casados, diálogo com e entre as diferentes Igrejas cristãs (nunca se apresenta a si mesmo como Papa, mas como Bispo de Roma e elogia Lutero, foi ao Egito,  encontrou-se com o papa dos coptas e com o imã da mesquita-universidade de Al-Azhar) e diálogo inter-religioso, concretamente com o Islã moderado.

Anúncio e denúncia
Ele anuncia o Evangelho e denuncia os infortúnios da Igreja no mundo. A Encíclica Laudato Si’ sobre a ecologia integral fará história e repete que este capitalismo desregulado e selvagem ‘mata’, que no centro da economia tem que estar a pessoa (todas as pessoas) e não o deus-dinheiro. Luta pela paz, com intervenções eficazes, como se viu nas relações entre os Estados Unidos e Cuba ou na Colômbia. Foi a Israel e ao Egito e vai ao Sudão do Sul.  E gostaria de ir ao Iraque, Moscou e, sobretudo, a Pequim, especialmente porque está convencido de que o futuro do cristianismo se joga em grande medida na Ásia.

Como fazer para que a sua revolução da ternura se solidifique nos diferentes países e nas diferentes dioceses?
O Papa é cristão e sua principal missão é tentar fazer com que os católicos, a começar pelos cardeais, bispos e sacerdotes, se convertam em autênticos cristãos e em verdadeiros discípulos de Jesus. Isso é essencial. Sem esta conversão não se conseguirá avançar. Cada pessoa tem que se perguntar a si mesma: o que significam para mim Jesus e seu Evangelho? De fato, o Evangelho só pode ser anunciado aos outros se realmente é uma boa notícia que dá sentido à nossa vida. A partir daí, dessa experiência fundante e radical, é necessário agir em conformidade.

As velhas inércias dos bispos-príncipes e o clericalismo são os principais inimigos de Francisco?
Eu parto da convicção de que o clericalismo, o carreirismo eclesiástico e a atitude dos bispos-príncipes são a peste da Igreja. O carreirismo impede a liberdade de pensamento e de ação. A atitude dos bispos-príncipes atenta contra a revolução essencial do Evangelho de Jesus, que sobre o poder disse: ‘Não vim para ser servido, mas para servir’. De fato, o grande problema de Francisco são os que deviam ser seus ‘mediadores’: cardeais, bispos e padres. Com as gloriosas exceções que todos nós conhecemos.

Como se situa na prática o episcopado e o clero português diante de Francisco?
Eu diria que ignorando e silenciando. Não consigo ver o novo dinamismo que Francisco está imprimindo à Igreja.

Sua visita a Fátima pode sacudir o adormecido catolicismo de seu país?
Creio que ‘adormecido’ é o termo exato. A visita do Papa Francisco pode fomentar somente um entusiasmo passageiro, que pode contribuir inclusive para um maior adormecimento. Temo que, depois da sua visita, se continue com uma pastoral de devoção, muito centrada nas liturgias fossilizadas, com homilias que, na maioria dos casos, não estão preparadas, mas distanciadas da vida, com um afastamento crescente por parte da juventude e com um clero pouco culto e bastante instalado. Meus receios aumentam, quando tenho que me perguntar até que ponto a Doutrina Social da Igreja está presente nas faculdades de Direito e de Economia e Gestão da Universidade Católica Portuguesa, cujo Grão-Chanceler é o cardeal-patriarca de Lisboa. Por outro lado, pergunto-me se o feriado (os funcionários públicos podem deixam de ir ao trabalho para ver o Papa) concedido não é um ‘bom negócio’ para o Governo, dado que a Igreja vai ficar devendo esse ‘favor’. Mas, quem sabe? Talvez possa dar-se essa sacudida de que você fala.

Nossa Senhora apareceu em Fátima? O senhor acredita nas aparições de Fátima?
Em primeiro lugar, Fátima não é um dogma de fé. Portanto, pode-se ser um bom católico, sem crer em Fátima. Fátima não faz parte do Credo. Mais ainda, Fátima não ocupa, nem pode ocupar, o centro do cristianismo. O centro da fé é Jesus de Nazaré, confessado como Cristo. Portanto, o centro do Evangelho é Jesus Cristo e o Deus de Jesus e todas as pessoas que Ele ama.
Dito isso, confesso que não me custa admitir que as três criaturas, os pastorinhos, tenham tido uma verdadeira experiência religiosa em Fátima. De fato, não consta que tenham sido pagos para dizer que viram Nossa Senhora. Pelo contrário, sofreram muito por isso. A própria Igreja, em um primeiro momento, mostrou muitas reticências. Mas é evidente que se tratou de uma experiência religiosa de crianças e ao estilo das crianças e em um contexto histórico especial, no qual a Igreja era perseguida pela Primeira República em Portugal, o mundo estava em guerra (os pastorzinhos certamente ouviram falar da Primeira Guerra Mundial e de como os soldados partiam para a guerra) e vivia-se em um contexto religioso, que implicava as chamadas missões populares, com pregadores ‘missionários’ que vinham de fora e que, do alto dos púlpitos, aterrorizavam os fiéis com sermões sobre o temor de Deus e o terror do inferno. As crianças ouviam todas estas coisas na igreja e em casa.
Tratou-se, pois, de uma experiência religiosa infantil e segundo os esquemas e um imaginário hermenêutico-interpretativo situado nesse contexto. Não se pode esquecer que a experiência religiosa sempre se dá dentro de uma interpretação, de tal modo que há experiências religiosas melhores e outras nem tão boas. A experiência daquelas crianças não foi das melhores. Para ver isso, basta perguntar-se: que mãe mostraria o inferno a crianças de 10, 9 e 7 anos? Os pastorinhos ficaram marcados negativamente e, de alguma maneira, com a vida quebrada. Ao mesmo tempo, é admirável a imensa generosidade que tiveram diante da situação que estavam vivendo, dando a pouca comida que tinham às ovelhas, para pedir pela conversão dos pecadores. Além disso, aquele núcleo de experiência foi submetido a mil arranjos ao longo do tempo, de acordo com os novos esquemas interpretativos. No contexto das novas situações e dos novos progressos, aparecem, por exemplo, o combate contra o comunismo. Ao contrário, não se falou absolutamente nada sobre a necessária condenação do nazismo...

Maria, a mãe de Jesus, apareceu em Fátima?
Aqui, o decisivo é fazer uma distinção fundamental entre aparições e visões. Uma aparição é objetiva, quando, por exemplo, estamos falando com uma pessoa e chega outra, ambos vemos a terceira pessoa que chega. Se estivéssemos em quatro ou cinco pessoas, seríamos quatro ou cinco vendo e constatando a chegada objetiva desta outra pessoa. Evidentemente, não foi isso que aconteceu em Fátima e, neste sentido, está claro que Nossa Senhora não apareceu em Fátima aos pastorinhos. Se fosse uma aparição, todos os presentes veriam e constatariam a sua presença, algo que não aconteceu, nem podia acontecer, pois Maria não tem corpo físico, que possa mostrar-se empiricamente.

Fátima é um milagre da religiosidade popular ou um puro negócio de marketing religioso?
Sim, Fátima é um milagre da religiosidade popular. O grande milagre de Fátima são os seis milhões de pessoas que anualmente visitam o santuário e ali encontraram e encontram paz, serenidade e recolhimento, consolo e alívio para suas aflições e seus sofrimentos, conversão ao Deus de Jesus e àqueles que Ele ama. O dominicano Frei Bento Domingues deu uma definição insuperável de todo esse fenômeno: ‘Fátima é a fonte de todas as lágrimas dos portugueses’.
Infelizmente, Fátima também é um negócio perigoso. Por isso, digo com frequência que Fátima precisa ser evangelizada. Diante do Deus do medo e do terror, anunciar o Deus do Evangelho, o Deus da alegria, da misericórdia, do perdão, o Deus que é Pai e Mãe, o Deus cujo único interesse é a felicidade e a plena realização de todos os homens e mulheres. O Deus que diz: ‘Não quero sacrifícios, mas misericórdia’. O Deus que rejeita a religião das promessas, porque Ele é graça.
Por outro lado, é necessário acabar com a queima de milhões de velas, inclusive por uma razão ecológica. E a Igreja terá que prestar contas, para que não haja dúvidas sobre a transparência em questões de dinheiro.

Por que o Papa vai a Fátima?
Francisco é muito devoto de Maria, sobre a qual disse: ‘Ela é minha mãe’. Por isso, ele vem como peregrino e não em visita oficial de Estado.
Em Fátima, o papa vai canonizar os dois pastorinhos menores: Jacinta e Francisco. No meu livro, também chamo a atenção para os perigos das canonizações e a questão da necessidade de milagres para comprovar a santidade. Na minha opinião, os únicos milagres são os milagres do amor. Pensar que Deus interrompe ou suspende as leis da natureza supõe pensar que Deus está fora do mundo e que, de vez em quando, entra no mundo e ajuda, arbitrariamente, a uns e não a outros. Pois bem, Deus não está fora, mas dentro, como fundamento do milagre da existência de tudo. Precisamente, porque tudo é milagre – o milagre de existir, de ser e de entender-se como ser – não há ‘milagres’, porque implicariam o ateísmo.
Todas as crianças são santas, porque são puras e inocentes. Por isso, espero que esta canonização sirva para se mobilizar pela salvação de todas as crianças do mundo, para acabar com a violência, os abusos, o tráfico de pessoas, o trabalho infantil e a exploração de todas as crianças do mundo. Que se acabe de uma vez por todas com a tragédia da morte por fome de 10 mil crianças por dia no mundo... Caso se concretizasse este salvamento das crianças, esse, sim, seria o autêntico milagre de Fátima.

Qual acredita ser a mensagem que o Papa vai lançar de Fátima para o mundo? Que mensagem o senhor lhe pediria que lançasse?
Eu estou convencido de que nos proporcionará uma homilia histórica, de dimensão mundial, com um apelo dramático pela paz e pela justiça social, contra o deus-dinheiro, a favor do diálogo entre as nações, as culturas e as religiões. Certamente, pedirá aos católicos para que se tornem cristãos, discípulos vivos e ativos de Jesus no mundo. Uma homilia que será recordada, como a de Paulo VI, quando, em plena Guerra Fria, gritou dramaticamente e com os punhos cerrados em Fátima: ‘Homens, sede homens’.
Também espero que Francisco faça referência ao verdadeiro lugar de Maria no cristianismo – não é, nem pode ser, o centro do cristianismo –, como fez no Vaticano, diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima: ‘Em que medida a fé de Maria foi um caminho? No sentido de que toda a sua vida consistiu em seguir o seu filho. Progredir na fé, progredir nesta peregrinação espiritual que é a fé consiste em seguir Jesus e ter seus sentimentos e atitudes. E quais são os sentimentos e as atitudes de Jesus? Humildade, misericórdia, solidariedade, mas também firme repulsa da hipocrisia, do fingimento e da idolatria’.
Maria é grande, porque é a primeira cristã. A primeira que acreditou no seu Filho e no seu Evangelho. Como se lê no Magnificat, o belo hino que São Lucas coloca em sua boca: ‘O Todo-poderoso fez em mim maravilhas. Sua misericórdia se estende de geração em geração. Ele dispersou os soberbos, derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias’. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

Padre Josimo Tavares, outro Cristo no nosso meio: 31 anos de martírio (em 10/05/1986), na luta pela terra

"Padre Josimo, em vida plena, continua vivo em nós na luta. Vivo nas memórias do povo, nas experiências dos educadores populares, nos escritos da Teologia da Libertação e no compromisso dos poucos agentes de pastorais que continuam reafirmando o mesmo compromisso com o Reino, com a construção de um mundo com a justiça social, ambiental, urbana e sustentabilidade ecológica".
O comentário é de Gilvander Moreira, Frei e padre carmelita, mestre em Exegese Bíblica, doutor em Educação pela FAE/UFMG; assessor da CPT, CEBI, SAB e Movimentos urbanos de luta por moradia.

Eis o artigo.
“Feliz de um povo que não esquece seus mártires” 
(Dom Pedro Casaldáliga).

Dia 10 de maio de 2017, dia que o ex-presidente Lula está depondo diante do juiz Moro, em Curitiba, PR, celebramos 31 anos do martírio do padre Josimo Tavares. Por isso o recordamos. Após tentativa de assassinato contra padre Josimo Moraes Tavares, no dia 15 de abril de 1986, quando cinco tiros foram disparados contra a Toyota em que ele viajava na defesa dos camponeses, profundamente ameaçado de morte - e de ressurreição! -, incompreendido por colegas padres e agentes de pastoral, inclusive, padre Josimo foi convocado a elaborar um relatório de suas atividades e a esclarecer as circunstâncias que levaram a tantas ameaças de morte contra ele.
Em seu belíssimo Testamento Espiritual e profético, pronunciado durante a Assembleia da Diocese de Tocantinópolis, MA, no dia 27 de abril de 1986, poucos dias antes de seu assassinato, dizia Josimo que sua morte estava anunciada, encomendada e prescrita nos anais das correntes que desejavam ardentemente eliminá-lo. Fazendeiros e empresários do campo já o haviam condenado sumariamente à pena de morte. Mas Josimo se encontrava firme, impulsionado pela força do Evangelho, pois havia assumido sua missão pastoral de compromisso com a causa dos camponeses oprimidos e injustiçados. Josimo declarou: “Pois é, gente, eu quero que vocês entendam que o que vem acontecendo não é fruto de nenhuma ideologia ou facção teológica, nem por mim mesmo, ou seja, pela minha personalidade. Acredito que o porquê de tudo isso se resume em três pontos principais: a) Por Deus ter me chamado com o dom da vocação sacerdotal e eu ter correspondido; b) Pelo senhor bispo, dom Cornélio, ter me ordenado sacerdote; c) Pelo apoio do povo e do vigário de Xambioá, então Padre João Caprioli, que me ajudaram a vencer nos estudos. “O discípulo não é maior do que o Mestre. Se perseguirem a mim, hão de perseguir vocês também.” Tenho que assumir. Agora estou empenhado na luta pela causa dos pobres lavradores indefesos, povo oprimido nas garras dos latifúndios. Se eu me calar, quem os defenderá? Quem lutará a seu favor? Eu pelo menos nada tenho a perder. Não tenho mulher, filhos e nem riqueza sequer, ninguém chorará por mim. Só tenho pena de uma pessoa: de minha mãe, que só tem a mim e mais ninguém por ela. Pobre. Viúva. Mas vocês ficam aí e cuidarão dela. Nem o medo me detém. É hora de assumir. Morro por uma justa causa. Agora quero que vocês entendam o seguinte: tudo isso que está acontecendo é uma conseqüência lógica resultante do meu trabalho na luta e defesa dos pobres, em prol do Evangelho que me levou a assumir até as últimas conseqüências. A minha vida nada vale em vista da morte de tantos pais lavradores assassinados, violentados e despejados de suas terras. Deixando mulheres e filhos abandonados, sem carinho, sem pão e sem lar. É hora de se levantar e fazer a diferença! Morro por uma causa justa2”
Padre Josimo Tavares sabia que ‘os filhos das trevas’ – latifundiários amantes do deus capital – estavam na iminência de matá-lo.
Ele não quis fugir. Como Jesus subindo para Jerusalém, Josimo, enquanto coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT), continuou sem arredar um milímetro do seu compromisso com os camponeses injustiçados. Dia 10 de maio de 1986, dia das mamães, padre Josimo foi assassinado covardemente enquanto subia as escadas do prédio da Mitra Diocesana de Imperatriz, MA, onde funcionava a sede da CPT Araguaia-Tocantins. Ainda teve forças para entrar no hospital andando. Isso foi o presente que fazendeiros e jagunços deram a dona Olinda, mãe do padre Josimo, no dia das mães.
Padre Josimo era coordenador da CPT, na região do Bico do Papagaio. O pistoleiro Geraldo Rodrigues da Costa efetuou contra o corpo do padre Josimo dois tiros com uma pistola de calibre 7,65. Outro jagunço que participou do assassinato de Josimo foi Vilson Nunes Cardoso, que até hoje está foragido.
Em 1993, nova denúncia, apontou como mandantes do assassinato de padre Josimo: os fazendeiros Geraldo Paulo Vieira, Adailson Vieira, Osmar Teodoro da Silva, Guiomar Teodoro da Silva, Nazaré Teodoro da Silva, Osvaldino Teodoro da Silva e João Teodoro da Silva. Em 1998 Adailson Vieira, Geraldo Paulo Vieira (pai do Adailson) e Guiomar Teodoro da Silva foram julgados e condenados. Os dois primeiros foram condenados a 19 anos de reclusão e Guiomar, a 14 anos e 3 meses. João Teodoro da Silva faleceu antes de ser levado a julgamento. Geraldo morreu alguns meses depois da sentença. Osmar Teodoro da Silva ficou foragido durante anos, sendo capturado pela polícia somente em 2001, depois de ter sido alvo do programa Linha Direta, na TV Globo. Em setembro de 2003, ele foi condenado, por unanimidade, a 19 anos de reclusão.
Geraldo Rodrigues da Costa, o executor do crime, foi condenado, em 1988, a 18 anos e 6 meses de reclusão. Conseguiu fugir da penitenciária por três vezes, mas, depois da última fuga, nunca mais fora encontrado. Há informações de que faleceu durante fuga após um assalto na cidade de Guaraí, Tocantins.
Em 2006, Claudemiro Godoy do Nascimento, no artigo “20 anos com Josimo”, recordava: “Há 20 anos atrás, o Brasil vivia momentos de transformações políticas e econômicas que dinamizavam o cenário das relações políticas. Na região do Bico do Papagaio a situação não se diferenciava. Com o anúncio do fim do regime ditatorial havia uma rearticulação política das oligarquias rurais na chamada Nova República. A luta social se encontrava diante de fortes momentos de tensão e conflito por parte de fazendeiros e trabalhadores rurais que tinham na Igreja, na CPT, nos sindicatos e nos novos movimentos sociais do campo uma esperança em ver realmente a terra partilhada para todos e todas. Josimo é a testemunha fiel e nos ensina de que vale a pena dar a vida pela causa do Reino, das comunidades e do povo. Sua morte significou o compromisso assumido em denunciar as estruturas de morte alimentadas pelas injustiças políticas de mandos e desmandos de uma oligarquia rural que ousava (ou ainda ousa) se estabelecer no poder da República. É neste sentido que Josimo se torna o padre mártir da Comissão Pastoral da Terra ao selar com seu sangue uma opção, um compromisso e um engajamento na defesa dos oprimidos, em especial, os trabalhadores rurais. Poderíamos relembrar os versos de Pedro Tierra escritos por ocasião do martírio de Padre Josimo em maio de 1986: “Quem é esse menino negro / Que desafia limites? / Apenas um homem. / Sandálias surradas. /Paciência e indignação. / Riso alvo. / Mel noturno. / Sonho irrecusável. / Lutou contra cercas. / Todas as cercas./ As cercas do medo. / As cercas do ódio. / As cercas da terra. / As cercas da fome. / As cercas do corpo. / As cercas do latifúndio”.
Diante de tanta fé e de uma teimosia do Reino inexplicável, Josimo sentia-se fortalecido pela experiência de Deus, pois se encontrava dentro do próprio Deus. Com certeza, Josimo fez a experiência de Deus que somente os grandes místicos da humanidade fizeram. Um homem que chega a ponto de saber que terá seu sangue derramado em defesa dos pobres e pela causa do Reino só pode ter tido a experiência concreta do Deus que se fez gente entre os homens e mulheres.
Para Josimo ser padre significava sentir a vida brotando como serviço justo a Deus e aos pobres, sobretudo. Para ele, o culto, a eucaristia, a teologia do sacrifício significava o agrado que fazemos a Deus no serviço aos pobres, aos doentes e marginalizados da sociedade. Percebemos nos escritos, nos poemas e nos registros de Josimo uma profunda intimidade com sua opção primeira, a saber: a Diakonia, ou seja, o serviço profético emancipatório, o estar sempre servindo aos empobrecidos do Bico do Papagaio, que eram os trabalhadores rurais expulsos e espoliados da terra pelos grandes fazendeiros locais e pelos políticos ao estilo coronelista. Portanto, ser padre segundo Josimo era ser Profeta da Justiça, Pastor na Caminhada e Sacerdote humilde que procurava oferecer a Deus oferendas justas. Josimo é a própria oferta. Tornou-se um ofertório vivo para nossas comunidades e para a construção do Reino.
Com certeza, a memória dos 31 anos do martírio de Padre Josimo nos traz à luz a experiência das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), da Igreja Povo de Deus, enquanto sinal do Reino de Deus no mundo. Outros Josimos surgiram e surgirão mais ainda quando a Igreja novamente for sinal vivo do Reino de Deus, quando estiver ao lado dos pobres e oprimidos e perseguidos; quando denunciar as injustiças e as opressões cometidas contra o povo; quando anunciar a esperança, a fé, o amor e a alegria aos pobres.
Padre Josimo, em vida plena, continua vivo em nós na luta. Vivo nas memórias do povo, nas experiências dos educadores populares, nos escritos da Teologia da Libertação e no compromisso dos poucos agentes de pastorais que continuam reafirmando o mesmo compromisso com o Reino, com a construção de um mundo com a justiça social, ambiental, urbana e sustentabilidade ecológica. Padre Josimo está vivo no martirológio latino-americano, alternativo por excelência, sem nenhuma ligação e reconhecimento por parte da estrutura eclesial oficial. A história não pode perder a figura de Josimo. Ele é importante na história porque promoveu com o povo a história. Com Josimo, os dominados contam suas histórias. Com Josimo, a história não é feita segundo a lógica da classe dominante. Com Josimo, os dominados são os sujeitos históricos.
O nome de Padre Josimo está hoje em centenas de Acampamentos de Sem Terra, de Assentamentos de Reforma Agrária e de Comunidades Eclesiais de Base. Ele está muito vivo e presente nos corações e nas mentes de milhões de pessoas que lutam para que a Mãe terra seja libertada das garras do latifúndio e partilhada com milhões de sem-terra através de uma reforma agrária popular, massiva e democrática.
Algumas pessoas perguntam: “Por que valorizar o martírio, o sofrimento…?” Devemos ser criteriosos para não incentivarmos um martírio voluntário. É claro que existem muitas pessoas que, de mil e uma formas, e não raro, de um jeito eficaz e abrangente, dão testemunho, dinamizam a vida, atuam na cidadania e constroem o bem comum. Não podemos também jamais esquecer a memória dos inúmeros mártires da caminhada. Ai de um povo que esquece os seus mártires!
Zé Vicente, compositor e cantor das CEBs, diz sobre padre Josimo: “Padre Josimo sofreu várias ameaças, dois atentados e foi executado à bala, por um pistoleiro, a mando de um grupo de fazendeiros da região chamada Bico do Papagaio no Tocantins, onde ele acompanhava toda a situação de conflitos pela posse da terra e pelos direitos dos trabalhadores, como membro da coordenação da CPT”.
Como cantor da Caminhada nas noites escuras da opressão, movido pelo testemunho de Josimo, Zé Vicente compôs a música “Renascerá” em sua homenagem.
“Renascerá, renascerá, o teu sonho, Josimo,
De um novo destino renascerá!
E chegará, e chegará tempo novo sagrado
Há tanto esperado, pra nós chegará!”

Dona Olinda, mãe de padre Josimo ainda vive e mora na região do Bico do Papagaio. Ao contemplar sua imagem tão pequena, cabelos brancos, silenciosa, vestindo a camiseta comemorativa, com a frase do testamento do filho: “morro por uma Causa justa!”, o nosso coração arde de emoção. Quem conviveu com Josimo diz: “Ele era um poeta, tocava violão, gostava de escutar as histórias das pessoas, tinha um jeito humilde de ser, gostava de usar aquelas chinelas havaianas…”
Recordando o pôr-do-sol na beira do grande Rio Tocantins, sob lua nova, a última estrofe do Samba pra Josimo irrompe na lembrança, como utopia teimosa, assinada com seu sangue há 31 anos.
“Cada rio formoso lá do Tocantins
Levará teu sonho a todos os confins
E cada braço erguido, conquistando o chão
Terá as energias do teu coração!”
Assim seja! Amém, Aleluia, Auerê, Uai!

Belo Horizonte, MG, Brasil, 10 de maio de 2017, 31 anos com padre Josimo Tavares vivendo vida plena e muito vivo em nós, na luta pela terra.
Notas: 
[1] Contatos Frei Gilvander: e-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.freigilvander.blogspot.com.br - www.gilvander.org.br – www.twitter.com/gilvanderluis – facebook: Gilvander Moreira III

[2] LE BRETON, Binka. Todos Sabiam, a morte anunciada do Padre Josimo. São Paulo: Loyola, 2000, p. 129-130. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Ainda é cedo para 2018, mas Doria e Luciano Huck são 'o novo', diz FHC

Principal referência do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso diz ser "muito cedo" para falar em candidaturas ao Planalto em 2018, mas considera que hoje "o novo" no cenário político é representado por figuras como o prefeito paulistano, João Doria, e o apresentador de TV Luciano Huck.
Instado pela Folha a avaliar o governo de Michel Temer (PMDB), que na sexta (12) completa um ano, FHC afirma que o peemedebista "entendeu que o papel dele ou é histórico ou é nenhum".
O tucano foi menos cruel do que em dezembro, quando cunhou aquela que talvez seja a mais precisa definição da gestão Temer, chamada por ele de "uma pinguela".
A imagem da ponte frágil colou, mas FHC afirma agora que o presidente tem mostrado "mão firme no leme".
Sobre a sucessão de Temer, tema abordado rapidamente na entrevista que concedeu por telefone na quinta (4), FHC alterna cautela a insinuações de entrelinhas.
Doria surge naturalmente na conversa, já que é estrela emergente no PSDB por ter alta popularidade e não estar associado à Operação Lava Jato como seu padrinho político, o governador Geraldo Alckmin (SP), ou o senador Aécio Neves (MG).
Citados em delações, os até então presidenciáveis do tucanato viram suas intenções de voto derreterem. O PSDB também perde pela associação ao impopular Temer.
Já o nome de Huck, amigo de FHC, foi semeado pelo ex-presidente de forma quase fortuita. Se ele o fez para germinar ou para dividir atenção com o prefeito paulistano, o tempo dirá.
O apresentador da Globo já disse que está na hora de "sua geração" chegar ao poder, mas não confirma pretensões eleitorais e até aqui não está filiado a nenhuma agremiação –foi sondado pelo Partido Novo, sigla neófita em pleitos nacionais.
Num cenário ampliado da mais recente pesquisa do Datafolha com inúmeros candidatos, inclusive dos mesmos partidos, Huck aparece com 3%, e Doria, 5%. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera esse e outros cenários de primeiro turno.
O tucano teceu também considerações sobre a necessidade de reformas como a da Previdência, objeto de acalorada discussão no Congresso, e falou de política. Considera que o PSDB não errou em embarcar no governo de saída, contrariamente ao que desejavam correligionários seus como Alckmin.
Também destoando da avaliação geral de que as lideranças políticas tradicionais estão em sua maioria liquidadas pelas denúncias de corrupção e caixa dois presentes nas delações da Lava Jato, FHC lembra que a eleição presidencial de 2018 "é só daqui a um ano meio".

Folha - Há seis meses, o sr. definiu o governo Temer como uma pinguela. Qual sua avaliação do estado dela neste momento?
Fernando Henrique Cardoso - Bom, não é a primeira pinguela que eu atravesso (risos). Eu fui, afinal, ministro da Fazenda de Itamar Franco [1992-94], uma época muito conturbada. Então, para colocar de forma elegante, considero esse um governo de transição. É preciso ter a mão firme no leme. Temer tem dado sinais disso.

Por exemplo?
A mudança da legislação trabalhista [ainda em discussão no Congresso] é um exemplo. Eu sempre achei que seria impossível acabar com o imposto sindical obrigatório. Era algo que parecia inabalável.
Há uma pressão enorme por causa disso agora, como a tentativa de greve geral mostrou.
Sim. Mas um país moderno precisa de sindicatos fortes, e é isso que a nova legislação privilegia. O fato é que quando o sindicato é forte, organizado, ele tem sua expressividade de forma natural. É assim também no lado patronal. O fim do imposto como ele é hoje atinge esses inúmeros sindicatos fantasmas. O fato é que o governo tem feito avanços significativos em várias áreas.

O que não está bom?
A reforma política, para meu gosto, poderia ser mais rápida. A questão é outra. O Temer entendeu que o papel dele ou é histórico ou é nenhum. A sua força está no Congresso, que está numa circunstância muito difícil devido à questão da Lava Jato. Todos, a oposição, o PT, o meu partido, foram atingidos. Mas o balanço é positivo. Veja, o governo vive uma crise herdada, assumindo uma massa falida. Às vezes, ele não tem tempo de se beneficiar dos avanços. Às vezes, tem. Vamos ver.

O sr. faz algum paralelo entre a resistência atual dos sindicatos às reformas e a greve dos petroleiros de 1995 [quando FHC derrotou o movimento contrário ao fim do monopólio da Petrobras no setor inclusive ocupando refinarias com o Exército]?
Ali, como agora, ou eu ganhava ou eu perdia. Há outros fatores também. O mercado não entende o Congresso, e o Congresso não entende o mercado. São tempos diferentes, expectativas diferentes. Os brasileiros estão inquietos, mas a questão é que se não fizermos nada, o país vai virar a Grécia, vai virar o Rio de Janeiro.

O governo enviou um projeto mais duro para poder negociar, mas a impressão é de que a cada grito de setores atingidos há um recuo. O que o sr. acha?
Pois é. O recuo às vezes é ou não justificado. Sempre há risco de perder, mas o ponto é que tudo vira crise. O problema maior, na minha opinião, é a impressão de que possam ser mantidos privilégios.

Houve defeito na comunicação do governo sobre as reformas?
Não tenho dúvida. Mas ainda há tempo de explicar que o texto a ser votado não é aquele texto inicial [enviado pelo governo e modificado ao ser aprovado semana passada na comissão especial que o analisou], que tinha pontos injustificáveis, como no aumento do tempo para aposentadoria rural.

O governo é impopular, e aparentemente isso é fator central para a impopularidade dos presidenciáveis do seu partido, além de, naturalmente, as delações na Lava Jato. O PSDB errou em entrar no governo?
Não. Era inevitável a entrada. Se não entrássemos, seríamos acusados de irresponsabilidade. Seríamos criticados de qualquer modo, mesmo se ficássemos de fora. Sempre há um preço a pagar. Eu posso, de toda maneira, fazer um comentário quase cínico: a eleição é só daqui a um ano e meio. Isso não significa que vamos apoiar, como partido político, ou fazer uma reforma qualquer. Não faremos. Por exemplo, a proposta de um deputado do meu partido [Nilson Leitão, do Mato Grosso] de mexer com as relações trabalhistas rurais, aquilo é uma loucura [a ideia aventada permite algo que críticos chamam de trabalho escravo legalizado, com pagamento na forma de alimentação e estadia]. Não pode ser assim.

Sobre 2018, como o sr. vê o quadro fragmentado atual, com lideranças tradicionais esvaziadas e a emergência de nomes pouco convencionais, como o do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ)?
Infelizmente, os partidos são muito descolados dos interesses da sociedade brasileira. As pessoas vão votar, no fim, em figuras que encarnem seus interesses. A sociedade contemporânea é muito fragmentada.

E Lula? Como o sr. lê o crescimento do apoio a ele, apontado pelo Datafolha [em todos os cenários de primeiro turno, o ex-presidente petista lidera a corrida presidencial]?
O Lula crescer eu achei um pouco estranho. Novamente, falando nas figuras: o PT virou o Lula. Isso é ruim para ele, é ruim para o partido. E o Lula perdeu a classe média e o pessoal do dinheiro, isso não volta mais. A credibilidade está muito arranhada. Fora isso, nós temos de pensar que ainda haverá a pressão da campanha, os temas da campanha, se ele for candidato e se chegar ao segundo turno.

A Lava Jato atingiu duramente nomes fortes do PSDB, e hoje a impressão é de que todos no partido olham para João Doria como uma espécie de tábua de salvação. Ele é uma incógnita?
É. Mas veja: o PSDB, ao contrário do que dizem, sempre teve muitos quadros. Sempre tivemos três, quatro possíveis candidatos. A questão é que o sistema político brasileiro não favorece a formação de líderes nacionais. Fora de campanhas, quem aparecia nacionalmente? O ex-presidente, o presidente e um ou outro candidato a presidente. Quando alguém chamava atenção? Só os mais bizarros conseguiam. Isso agora mudou, está mudando. O Doria está fora [desse esquema anterior], o Luciano Huck está fora. Eles são o novo porque não estão sendo propelidos pelas forças de sempre. Temos de ver como isso se desenrola. Eu hoje acho cedo perguntar quem vai ser candidato. Temos de ver como o processo anda, como a sociedade está absorvendo todo o impacto da Lava Jato.