Frei Lamberto Lambooy, O.Carm. ( Nasceu 30-06-1916 em Hengelo (Holanda. Faleceu em 12 de janeiro de 2000).
Por Frei Carmelo Cox, O.Carm.
Nasci em 30 de junho de 1916 na cidade de Hengelo. Você pode sem exagero dizer que eu era um rapaz piedoso. Ia à igreja todos os dias e era coroinha. Toda a turma da escola, inclusive o professor assistia à missa diariamente. Também a minha família era muito religiosa. Eu tinha um tio que era Carmelita e trabalhava no Brasil. Eu queria ser a mesma coisa. Os meus pais me mandaram, porém, para uma escola secundária, por um ano. Era para eu refletir antes de tomar uma decisão. O meu pai também estudara no seminário de Zenderen e por experiência própria que para ser sacerdote não bastavam só o desejo e a boa vontade. Influenciado pelo ambiente familiar e por meu tio, não mudei de idéia, apesar das histórias do meu pai. Sempre me contava que também estudara em Zenderen e que certo dia apanhara por algo que não tinha feito. Então pegou a sua bicicleta e voltou para casa. Disse à mãe dele que não mais voltaria de jeito nenhum. Assim acabou a carreira religiosa do meu pai. Tendo falecido o meu avo, o meu pai teve que trabalhar no comércio de madeira para sustentar a família. Fui, portanto, para Zenderen. As histórias do meu tio, muito românticas, eu não esquecia. Já me via viajando a cavalo pelo Brasil para anunciar a Fé. Mais tarde quando de fato acontecia isto, não era tão romântico como eu pensava. Em vez disto sentia dores no lado inferior da minha inteligência.
Quando foi para Zenderen já tinha decidido de ir para o Brasil?" Já. Havia em Zenderen muitos rapazes da mesma paróquia que eu e deles muitos vieram para o Brasil: Emílio Wienk, Basílio Beune, Emídio ter Beke, Geraldo Meijer e Justino Velthuis, todos Carmelitas e todos da mesma paróquia. Viajei para o Brasil em 1933, tinha completado dezoito anos. A grande pergunta era se devíamos ir para Itu ou direto para o Noviciado. A decisão foi a nosso favor. Fomos direto para o Noviciado. Imagine, tínhamos 17, 18 anos e direto para o Noviciado, junto com vários Brasileiros, sem falar nada do idioma. Mas naquela época tudo era possível. A vantagem foi que aprendemos a língua com bastante facilidade. Depois de um ano fizemos a profissão simples e fomos para São Paulo. Aos 23 anos tinha terminado os estudos. Muito novo demais.
O Noviciado foi tranquilo. O nosso Mestre era Alexandre Reinders. Um homem bom mas muito escrupuloso. Gastávamos dele e tínhamos dó. Como noviços íamos todos os dias à Missa. Esta demorava uma hora e meia porque Alexandre, devido aos escrúpulos não conseguia terminar a Missa. Ele sentia-se indigno de ser sacerdote e de celebrar o santo sacrifício da Missa. Muitas vezes outro Padre tinha que ajudá-lo para poder terminar as orações. Como Mestre de Noviços, Alexandre foi um pai para nós. Fazia tudo para que o tempo do Noviciado decorresse da melhor maneira possível. Regularmente ia passear conosco, de modo que não éramos obrigados a ficar sempre dentro do Noviciado. No fim do ano partimos para São Paulo. Dos estudos não me lembro muito.
Uma vez por semana íamos para a nossa fazenda fora da cidade e regularmente visitávamos todos os Bancos e escritórios para recolher selos. Tínhamos muito trabalho naquele tempo. Tínhamos aprendido um pouco de latim em Zenderen e os professores também não sabiam muito. As aulas eram dadas em latim. A gente se comunicar era, portanto, difícil, mas não faltava boa vontade. A minha impressão daquele tempo, no entanto, é: rotina. As únicas coisas atraentes eram as ordens menores de acólito, exorcista, sineiro e subdiaconato, diaconato e ordenação. Eram momentos mais animados. Para mim pessoalmente era um tempo de incertezas também. Reconheço honestamente que, desde criança, que não fui um rapaz bonzinho e obediente. Todos portanto fixavam os olhos em mim. A minha profissão simples decorreu sem problemas. Mais tarde ouvi dizer que havia alguns feijões pretos. Isto significava que já fora discutida a minha aptidão para a vida religiosa que afinal à uma vida de obediência. Partiu-se do princípio de a aptidão de fato existia e que com o decorrer do tempo tudo iria melhorar. Assim fui indo, passo por passo. Até o momento em que se devia votar em relação à minha ordenação de subdiácono. Para votar cada Padre recebia 4 feijões. Os feijões pretos significavam contra, feijões brancos a favor. Resultado: 16 votos a favor, 14 contra. Estava claro. Não podia me ordenar subdiácono. Não tinha mais jeito. Isto foi em setembro. Os meus colegas continuavam e foram ordenados diáconos e sacerdotes. Eu não. Isto foi em 1939. Canísio Mulderman me consolava dizendo que semelhantes coisas aconteciam nos Conventos mas que também chegaria o momento. O pior era que os meus pais não sabiam de nada e ouviram no Domingo, na igreja da paróquia, a comunicação de que eu não seria ordenado. Levaram um enorme susto, não entendendo nada. Eu mesmo naquele tempo pensava, tudo isto deverá servir para alguma coisa. Vê como são as coisas: em setembro de 1939 não podia ser ordenado, meio ano depois podia. E todas as ordenações, uma após outra. Em março fui ordenado sacerdote. Ou eu me tinha convertido ou os Padres. Em todo o caso tudo continuou. A minha primeira missa teve algo de especial. Domingo da Paixão de 1940. Tudo de cor roxa. Era uma Missa festiva de luto. Foi a primeira Missa celebrada na Basílica que pouco antes se tornara uma igreja paroquial. Diremos que foi a Previdência Divina. E era a minha ascensão. Muito simbólico que esta começou no Domingo da Paixão. Fiquei em São Paulo para terminar os meus estudos. Surgiu então outro problema. Ajudando a mudar de lugar um órgão pequeno, caí e tive uma fratura dupla. O médico prescreveu 3 meses de repouso absoluto para evitar a necessidade de uma cirurgia. Mas eu queria terminar os meus estudos a todo custo. Depois de muito discutir a cúpula permitiu a minha ida para Mogi onde eu receberia aulas particulares. Consegui passar pelas provas sem problemas. "Teve alguma dificuldade com o exame de jurisdição?".
Não, porque tivemos sorte. Você tem razão. Estes exames eram muito difíceis. A matéria dos exames era dividida em 3 partes de 25 teses cada parte. Portanto, muito estudo. E decorar. Quem nos ajudou muito foi Tarcísio Meinen. Ele tinha o incrível dom de dizer tudo em poucas palavras. Ele nos ajudou a preenchermos os três esquemas das vinte e cinco teses. De maneira mais concisa possível, ficando assim fácil para a gente decorar. Ele fez com que todos nós passássemos nos exames. Não tirei nota dez mas consegui passar. Uma vez pronto com os estudos e os exames, recebi uma carta do grande Canísio Mulderman, pedindo-me o favor de ir para a Bahia por algum tempo. Lá se precisava de um canto para as solenidades da Semana Santa. Tinha que viajar de navio e levar toda a minha bagagem, por isto era de graça. Este "algum tempo" durou 12 anos. "Você ia para cantar. O que mais fez por lá?"
Naquele tempo as solenidades eram cantadas. Eu não cantava muito desafinado de modo dava para quebrar o galho. Iniciávamos em Salvador e de lá para arredores, dando assim às pessoas que moravam fora da cidade, uma chance de fazerem a Páscoa. Depois de algum tempo isto terminava e começava o trabalho propriamente dito: ouvir confissões, dar aulas de catecismo, preparar a primeira comunhão e crisma, fazer casamentos, visitar doentes etc. Isto fiz durante alguns anos junto com o Bispo.
De Salvador viajávamos de trem e continuávamos viajando a cavalo para o interior. Ficávamos durante uma semana num lugar e de lá para outro lugar. Depois de dois ou três meses voltávamos para casa para descansar um pouco. Depois começava tudo de novo. Além disto havia as "Missões". Muitas pregações, procissões, confissões, batizados etc. Desta maneira, viajando a cavalo, conheci todo e Estado da Bahia e de Alagoas. De um lado estas Missões nos deixavam felizes porque via-se o resultado dos trabalhos; de outro lado era um trabalho que exigia muito sacrifício.
Viajava-se a cavalo, dias, semanas, e meses, ficava-se sentado horas e horas no confessionário e tinha-se que pregar numa praça para uma grande multidão, e sem microfone, horas e horas, ameaçando o povo com inferno e condenação. Aquela gente nem sabia o que era pecado. Mas eles me impressionavam e eu a eles. Com toda a modéstia pode-se comparar isto como milagre de Pentecostes. A gente se entendia, cada um a seu modo. E quando depois chegávamos em casa, o Prior tinha organizada uma festinha como preparação para a viagem seguinte. Daquela maneira vivi anos na Bahia e trabalhei demais. Mas certo dia veio uma grande mudança na minha vida.
A segunda ascensão, por assim dizer. Recebemos a visita de Blenke. Eu acabara de voltar de uma das viagens. Quando chegou a minha vez de conversar com ele, me disse que eu, a partir daquele momento, tinha sido nomeado diretor da escola. Me senti como Moisés, e começava a gaguejar e protestar. Isto não devia ter feito, assim teria que aceitar mesmo. Expliquei a ele que de escola nada entendia, que nunca tinha feito tal trabalho e nem tinha formação para tal tarefa. Não adiantou. A decisão fora tomada. Me explicou ainda como agir: você fica sentado no escritório e quando pais vêm dar o nome do filho, você anota os nomes da criança e dos pais, você diz em que série a criança vai entrar quando as aulas começarem. Você faz turmas de vinte alunos e depois começa com outra série. Além disto você dará aulas de religião. É só isso.
De fato isto também era tudo que sabia fazer. Comecei esta função e nunca mais larguei. Não foi fácil mas fiz o que a obediência exigia de mim. Gozado é que agora que já passei dos setenta anos, ainda sou diretor dum jardim de infância. Isto é que é fazer promoção. Isto é de verdade ascensão.
Da Bahia fui então para São Paulo em 1953. Fui lá algum tempo ecônomo da casa. Também tinha que levar estudantes para as aulas e depois apanhá-los, cuidar da administração da casa e fazer as compras. Depois disto estive algum tempo no Rio e em seguida vigário cooperador em Belo Horizonte. Lá tomei conta da instalação do órgão e do carrilhão da nova igreja. O engenheiro da Holanda ficara doente e eu assumi o trabalho. Inocêncio Gerritsjans e o Governador eram grandes amigos. O Governador fazia questão de inaugurar e já se tinha combinado tudo.
Assim eu, depois de alguns conselhos do engenheiro, comecei a instalar o carrilhão. Reconheço que aprendi muito com isto e mais tarde este conhecimento me foi muito útil. Isto foi mostrado mais quando houve necessidade de uma aparelhagem de traduções para o Conselho das Províncias. Me perguntaram se eu podia cuidar disto. Sem pensar nas conseqüências respondi que sim. Não podia mais voltar para trás. Consegui arrumar umas peças e montar a aparelhagem, que funcionava direitinho. Desta maneira me tornei um técnico.
É claro que não sou técnico coisa alguma, mas assim acontecem as coisas. Tive várias funções em diversos lugares. Foi assim até 1960, quando fui indicado para Brasília. Ninguém queria ir para lá porque devia-se começar sem ter nada. Só nos tinha ser concedido um terreno. E até a situação do terreno era complicada. Eram terrenos com 50 metros de largura com 300 metros de fundo. Como construir em tal terreno uma igreja ou uma casa decente? Não irei-lhe contar toda esta história. Mas cheguei aqui com um jipe velho com reboque, cheio de telhas e outro material. Fora disto não tinha nada e não havia nada. Eu estava sozinho. Talvez tenha sido este o propósito da minha nomeação. Senti a barra pesada e propus algumas condições. A primeira era de que a Província forneceria a condução: portanto um carro. A segunda de que tudo que eu fizesse, o faria em nome da Província e por último que eu teria liberdade de agir. Em compensação prometi esforçar-me o melhor possível. A Província concordou com as condições e até hoje manteve a sua palavra. Assim cheguei aqui e comecei. A situação estava difícil.
Como eu devia viver aqui e como me sustentar? Não havia residência e ainda não havia paróquia. Portanto, não havia rendas. Aconselharam-me a abrir uma escola. Mas como fazer uma escola particular se a política do Estado é contra? Propriamente as dificuldades eram tantas que mal se via uma solução. E naquele ano era ainda incerto o projeto de se fazer Brasília capital do país. Em dado momento o Bispo dirigiu-se ao Governador para perguntar como estava a questão de terrenos para igrejas e conventos. Ficou então claro que não se tinha levado em conta este problema.
O Bispo então ameaçou fazer propaganda contra Brasília se não se resolvesse este problema. E isto assustou o pessoal porque com a Igreja contra, todo o negócio estaria perdido. Alterou-se então todo o planejamento e eu recebi um bom pedaço de terreno para começar. Comecei com a construção de uma pequena casa. Mas como conseguir o material? Paulo Kogelman me disse que lhe foi prometido um número de barracas militares. Fui à procura da coordenadora das obras. Havia centenas de pessoas na fila. Fiquei simples mente no começo da fila e comecei a falar de dez barracas. Ela não sabia de nada. Continuei falando enquanto ela atendia outras pessoas. Ela ficou tão chateada com isto que em dado momento, quase chorando, gritou: Quantas daquelas coisas o senhor afinal quer? Respondi, para começar três. Na hora ela assinou um papelzinho e recebi as barracas. Com este material construi uma pequena casa, uma igrejinha de madeira e algumas salas de aulas. No começo os negócios não andavam bem e havia dificuldades com as Irmãs. Mas como se diz a morte de um é o pão do outro. Isto se deu comigo.
A igrejinha estava lá, ainda sem pintura e não funcionando. Em dado momento morreu o filho de um dos grandes de Brasília, de difteria. O cadáver tinha que ser retirado do hospital imediatamente. Perguntaram-me se o ataúde podia ficar exposto na igreja. Claro que respondi afirmativamente. Continuou ex- posto o dia todo e era um entrar e sair de gente graúda sem parar. Recebi todos bem e em pouco tempo começou a chegar de tudo: asfalto, tintas, telhas, tijolos, cimento etc. Assim começou o negócio. Posso lhe dizer que a escola ia bem. Primeiro um jardim de infância, em seguida uma escola de 1º grau e ainda uma escola de 2º grau. Tudo isto passou para as Irmãs da Divina Providência. Em lugar disto comecei uma escola Montessori para crianças. Desta ainda hoje sou diretor.
Aos poucos vou sentindo o peso da idade. Eu tenho ainda idéias para uns 20 anos. Mas a execução delas prefiro deixar para o meu sucessor. Provavelmente este começará mudando tudo que já foi feito. Sempre é assim.
O primeiro vigário constrói, o segundo derruba e o terceiro restaura conforme o original. Comigo não será diferente. É assim que deve ser. Vigários vêm e vão, mas a Igreja continua. A grande pergunta, porém, é: será que haverá mesmo um sucessor?
Aconteceu nestes 30 anos em Brasília
-Vinda dos Padres Carmelitas da Província Carmelitana de Santo Elias - 1959. Provincial Frei Bonifácio Harink.
-Criação da Paróquia de N.Sra. do Carmo – Goiânia – GO, Dom Fernando Gomes 02-02-1959 Decreto 38.
-Nomeação do primeiro Pároco Frei Paulo Kogelman O.Carm.
-Nomeação do segundo Pároco Frei Lamberto Lambooy O.Carm. 22-02-1960
-Bênção do Sino e Carrilhão do Carmo por Dom José Newton de Almeida Batista 11-04-1982
-Colocação e bênção da pedra fundamental do Santuário por Dom José Newton de Almeida Batista, 15-07-1984
-Transladação da Imagem da Padroeira à nova Igreja, ainda em construção 17-07-1985
-Solene dedicação do Santuário de Nossa Senhora do Carmo e o dia dos 50 anos de Sacerdócio do seu Pároco, Lamberto Lambooy O. Carm.
Consagrante: Cardeal Dom José Freire Falcão – Arcebispo de Brasília
Dom José Newton de Almeida Batista – Arcebispo Ordinário Militar
Dom Geraldo de Ávila - Auxiliar
Bispos Concelebrantes Carmelitas:
Dom Frei Raimundo Lui – Bispo Emérito de Paracatu
Dom Frei Eliseu Gomes de Oliveira – Bispo Emérito de Itabuna (BA)
Dom Frei Paulo Cardoso da Silva – Bispo de Petrolina (PE)
Dom Frei Alberto Forst – Coadjutor de Dourados (MS)
Hoje Agradecendo..estou em festa, pois é o primeiro dia do restante da minha vida.
Quero Agradecer¼
A Deus que me chamou e a todos que cooperaram em eu ser um Sacerdote
A Virgem do Carmo e a muitos meus irmãos de hábito que permitiram e me ajudaram a ser um Religioso e Padre da Província Carmelitasna de Santo Elias
Aos meus Pais, Irmãos e Parentes que com sua ajuda, orações e sofrimentos mantiveram "de pé" minha vocação e meu ideal.
Aos meus amigos, paroquianos e alunos, que tanto por mim fizeram e infelizmente, eu nem sempre soube apreciar e reconhecer. Devo a muitos e muitos me devem. É tão bom perdoar e ser perdoado¼Pois¼ Para que tanta lida por tão pouca vida.
Combati o bom combate e deixo aqui meu último desejo: Virgem do Carmo Estrela do Mar. Meus olhos te vejamAntes de expirar.
Um Carmelita Pioneiro
Frei Lamberto Lambooy, filho de pais muito católicos, nasceu em Hengelo, na Holanda, no dia 30 de junho de 1916 e recebeu no batismo os nomes de Gerhard Herman Josef. Depois do curso do 1º grau na cidade natal, freqüentou de 1929 a 1933 o ginásio Santo Alberto dos Carmelitas em Zenderen e imediatamente inscreveu o seu nome entre os jovens que desejavam ser missionários do Brasil, onde seu tio Frei Carmelo Lambooy, já trabalhava como pioneiro e médico de corpos e almas nos sertões de Minas Gerais na recém criada Prelazia de Paracatu. Fez o noviciado em Mogi as Cruzes, onde professou no dia 17 de janeiro de 1935. Cursou filosofia e teologia no Convento do Carmo de São Paulo, ordenando-se presbítero no dia 9 de março de 1940.
Ao terminar o curso de teologia foi enviado à Bahia com outros "expedicionários" e com muito zelo missionário, trabalhou durante 9 anos e meio com o povo bom e religiosos do sertão, auxiliando bispos e sacerdotes. De 1950 a 1954, sendo eleito Prior, dedicou-se à conservação do enorme convento da Igreja e Convento do Carmo de Salvador. Nesta oportunidade promoveu o Congresso do Santo Escapulário, propagando com muito entusiasmo a sua devoção a Nossa Senhora do Carmo entre os leigos e sacerdotes, pois amava as coisas da Ordem como as rosas de Santa Teresinha a água de Santo Alberto.
Terminada a missão na Bahia, foi trazido pelos Superiores para São Paulo, onde foi procurador do Convento mas, nomeado Diretor das Ordens Terceiras e Promotor Vocacional, mudou-se para o Convento da Lapa e em 1959 para Belo Horizonte, donde em 1960 foi estabelecer-se em Brasília, a nova Capital, aí exercendo todo o seu zelo pastoral e demonstando a força da sua devoção a Nossa Senhora do Carmo, a criatividade, a fantasia e o espírito de pioneiro em casa de madeira, celebrando em salão ou Igreja também de madeira, mas aos poucos foi construindo o grande Santuário de Nossa Senhora do Carmo e o Convento, uma casa para retiros e outros encontros, com boa acomodação e tradução simultânea e principalmente a Escola Montessori, menina dos olhos, com todas instalações necessárias para uma escola modelo e moderna, atraente e cômoda para crianças em idade pré-escolar e mais ainda para os pais com minizoológico, piscina, carossel, miniparque de diversão, castelo com anõezinhos, trenzinho, cidade miniatura completa com orientação de trânsito etc. Além disso, as estações de Via Sacra e dos Mistérios de Santo Rosário para meditação e o "Recanto do Cadango" para lazer nos domingos e feriados e com o lucro, assistência aos meninos pobres; ainda seria erguida uma estátua do Profeta Elias com placa comemorativa, mas veio a morte¼ Sofreu muito por conta da doença de diabetes e cardíaca. Faleceu no dia 11 de janeiro de 2000, aos 83 anos e meio.
A Missa exequial foi presidida pelo Sr. Arcebispo de Brasília, Cardeal Dom José Freire Falcão. Por ser pioneiro foi sepultado no Cemitério "Campo da Boa Esperança", na ala dos pioneiros. "Sim, diz o Espírito, descanse dos seus trabalhos, pois suas obras o acompanham"! Amém. (Ap. 14,13)
(Boletim da Província Carmelitana de Santo Elias, nº 232, Jan./Março 2000, pág.11)
Na paz do Senhor. Frei Lamberto Lambooy O.Carm. (1916-2000)
Sua vida se confundiu com Brasília. Alé trabalhou desde 1960 até a sua morte, em 11 de janeiro de 2000. A gratidão do povo se expressouy sepultando-o no cemitério "Campo da Boa Esperança", na ala dos pioneiros. Fazoa do humor a sua grande argumentação na orientação espiritual. Ao marido que lhe confidenciava que estava para separar-se da esposa, respondia que lhe contasse bem devagar. Por que ? Respondia o Frei :"Porque ela pode morrer de alegria". Assim desfazia os dramas. Nos seus 83 anos de idade acumulou grande experiência pastoral, desde os anos passados na Bahia, acompanhando nas missões pelo sertão o Cardeal Dom Augusto. Exerceu suas atividades em São Paulo como Diretor das Ordens Terceiras e Promotor Vocacional. Por um ano residiu no Carmo de Belo Horizonte.
Conviveu com os candangos na construção de Brasília, morando em casa de madeira, celebrando em salões improvidados como Igreja. Deixou a grande obra do Santuário de N. Senhora do Carmo com a casa paroquial e dependências dos serviços pastorais. Mas a Escola Montessori foi a menina dos seus olhos, com todas as instalações necessárias para um estabelecimento escolar moderno, atraente e cômodo para crianças em idade pré-escolar e mais ainda para os pais, com mini-zoológico, piscina, carrossel, mini-parque e diversão, trenzinho, cidade miniatura completa.
A Missa do corpo presente foi presidida por Dom José Freire Falcão, Cardeal – Arcebispo, que na sua homilia, se referiu ao Frei Lamberto com "aquele que teve uma imaginação de artista e um coração de pastor". (Revista Carmelita, Ano 2 – Número 5, pág. 26).
Notícia da morte de Frei Lamberto no Correio Braziliense, 12 de janeiro de 2000.
Frei Lamberto, Pároco da Igreja do Carmo
A Igreja Católica perde um de seus pioneiros em Brasília. O Frei Lamberto Lambooy, fundador da Paróquia de N. Sra. do Carmo, na 913 Sul, será sepultado hoje, às 10,30 horas, na ala dos pioneiros do Cemitério Campo de Boa Esperança. A Missa de corpo presente, com a presença de autoridades da Igreja no Distrito Federal está marcada para 8 horas na Paróquia fundada por Frei Lamberto que estava internado desde Dezembro de 1999 no Hospital Santa Lúcia, onde veio a morrer de insuficiência cardíaca, aos 83 anos de idade.
Gerhard Herman Josef Lambooy (foto) nasceu em Hengelo, na Holanda, em 30 de junho de 1916. Veio para o Brasil em novembro de 1933, acompanhado por 8 colegas e um frade carmelita holandês.
Iniciou o noviciado em Mogi das Cruzes em Janeiro de 1934. No ano seguinte, tornou-se Frei Carmelita, sendo ordenado sacerdote em 1940 na cidade de São Paulo.. Em 1941 foi transferido para Salvador, onde permaneceu por 8 anos. Morou ainda em Cachoeira (BA), Rio de Janeiro e Belo Horizonte até ser transferido para a nova capital brasileira, em 1959. Em fevereiro de 1960, assumia como Vigário a Paróquia de N. Sra. do Carmo.
A primeira Missa celebrada por Frei Lamberto na Paróquia correu em um Domingo de Ramos, na garagem do sobrado de madeira que depois se tornaria a Igreja. Pelo esforço constante em favor da paróquia, Frei Lamberto Lambooy tornou-se conhecido de toda a comunidade católica do Distrito Federal. Ele celebraria as Bodas de Diamante (60 anos – 39 em Brasília) de sua vida sacerdotal no próximo mês de Março.
Frei Lamberto Lambooy (5.33) é o homem do Carrilhão. (Agosto de 1977)
Belo Horizonte (MG) ‑ Frei Lamberto Lambooy, de Brasília, esteve, na segunda quinzena de agosto, na Comunidade de Belo Horizonte. O objetivo de sua estada na Capital mineira esteve ligado ao carrilhão da igreja do Carmo.
Frei Lamberto é o único, que consegue mexer no carrilhão, que, funcionando há uns 20 anos, estava precisando de uns reparos. O carrilhão estava, de fato, um pouco abandonado e precisava do extraordinário know-how de Frei Lamberto. (Boletim 32, Setembro 1977, pág. 37).
Um Carmelita Pioneiro
Com esta manchete, o Boletim "Diocese Viva" de Brasília, do mês de Abril de 2000, fala de Frei Lamberto Lambooy. Sintetizou a sua vida com as seguintes palavras : "Fiel a Jesus e devotado a Maria". Descreve suas peripécias por lá, quando Brasília nem havia inaugurada. "A frente dos Carmelitas pioneiros, ele trabalhou duro". Aponta suas atividades. Construiu a igreja paroquial, foi Diretor Espiritual dos Cursilhos por mais de 20 anos. Dedicou-se com zelo à Escola Moderna Maria Montessori. "Como herança, deixa mais do que a obra visível de uma Paróquia solidamente implantada e de uma escola católica moderna. Ele deixa o grande exemplo de um autêntico carmelita que soube unir à ação missionária, o amor à oração e à contemplação". (Boletim da Província Carmelitana de Santo Elias, numero Abr/Jun. 2000, pág. 7)
Frei Lamberto Lambooy (Gerhardus Herman Josef).
Nasceu 30-06-1916 em Hengelo (Holanda).
Professou 17-01-1935. Ordenou-se 09-03-1940.
Cap. 1935 São Paulo - Clérigo
Cap. 1938 São Paulo - Clérigo
Cap. 1941 Salvador
Cap. 1944 Salvador
Cap. 1947 Salvador
Cap. 1950 Salvador - Prior
Cap. 1954 São Paulo - Procurador.
Cap. 1957 Lapa.
Cap. 1960 Brasília.
Cap. 1963 Brasília - Vigário.
Cap. 1966 Brasília - Subprior - Vigário.
Cap. 1969 Brasília - Vigário.
Cap. 1972 Brasília - Vigário.
Cap. 1975 Brasília - Vigário.
Cap. 1978 Brasília - Vigário.
Cap. 1981 Brasília - Vigário.
Cap. 1984 Brasília - Vigário.
Cap. 1987 Brasília - Vigário.
Cap. 1990 Brasília - Vigário.
Cap. 1993 Brasília - Vigário.
Cap. 1996 Brasília - Vigário.
Cap.1999 Brasília - Vigário.
Faleceu em 12 de janeiro de 2000.
Eu já sabia que o Frei Lamberto havia falecido, mas fiquei emocionado ao ler a história dele.
ResponderExcluirEstudei na Escola Moderna Maria Montessori quando criança (1986/88) e as melhores lembranças que tenho desta idade são da escola, que era maravilhosa para uma criança. E lembro-me bem do Frei. Até tenho as fotos do dia da 'formatura' do jardim, com o Frei Lamberto me entregando um cravo branco na cerimônia.
Bons tempos não voltam mais.