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sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO. Nº 769: O Batismo do Senhor.

Reconhecido o martírio de Romero

Romero é mártir. Foi morto in odium fidei. João Paulo II já repetia isso com voz flébil em novembro de 2003, falando com alguns bispos salvadorenhos que foram a Roma em visita ad limina. Também atestaram nessa quinta-feira, com voto unânime, os membros do Congresso dos Teólogos da Congregação para as Causas dos Santos, reconhecendo o martírio formal e material do arcebispo, morto no altar enquanto celebrava a missa no dia 24 de março de 1980.
A reportagem é de Gianni Valente, publicada no sítioVatican Insider, 09-01-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A revelação é de Stefania Falasca no jornal Avvenire, acrescentando que "agora, segundo a práxis canônica, só resta o juízo do Congresso dos Bispos e dos Cardeais e, enfim, a aprovação do papa para a conclusão do processo que o levará em breve à beatificação".
Percorrendo todos os passos do processo, a autora do artigo ressalta que o pronunciamento sobre o martírio de Romero"certamente marca o ápice de uma causa conturbada", em que acusações e as tentativas de frear ou de encobrir o caminho do bispo mártir rumo à beatificação muitas vezes haviam se revestido de argumentações teológicas e doutrinais.
Por isso, o pronunciamento dos teólogos que colaboram com o dicastério vaticano para os Santos e parece dirimente e crucial, bem mais do que o próximo – e evidente – nihil obstat dos bispos e dos cardeais membros da própria Congregação.
O reconhecimento do martírio de Romero confirma de maneira definitiva que o arcebispo salvadorenho foi morto in odium fidei. O que impulsionou os executores não foi a simples ânsia de matar um inimigo político, mas o ódio desencadeado pelo amor pela justiça e pela predileção dos pobres que Romero manifestava como reverberação direta da sua fé em Cristo e da sua fidelidade ao magistério da Igreja.
No delírio sangrento que martirizava El Salvador naqueles anos atrozes, Romero foi o bom pastor disposto a oferecer a vida para seguir a predileção pelos pobres própria do Evangelho. A fé – reconheceram os teólogos do dicastério vaticano – era a fonte da sua obra, das palavras que ele pronunciava e dos gestos que ele fazia no contexto conturbado em que ele era chamado a agir e a viver como arcebispo.
O pronunciamento dos teólogos da Congregação limpam décadas de operações voltadas a propagandear uma interpretação apenas política da eliminação de Romero. O reconhecimento do seu martírio in odium fidei confirma que, no El Salvador dos esquadrões da morte e da guerra civil, a Igreja sofria uma perseguição feroz por parte de pessoas que, ao menos sociologicamente, eram cristãs.
O desencadeamento do ódio que o matou era cultivado e compartilhado também por setores da oligarquia, acostumados a ir à missa ou a fazer ofertas e doações para as instituições eclesiásticas. Incluindo as associações das chamadas "mulheres católicas" que publicavam nos jornais acusações e maldades fabricadas artisticamente contra ele.
nihil obstat dos teólogos também dissipa a cortina de fumaça de insinuações montadas artisticamente para creditar a fábula do Romero pró-guerrilheiro, agitador político, influenciado e subjugado pelo marxismo. O processo para a causa de beatificação – cujo postulador é o arcebispo Vincenzo Paglia – verificou com autoridade e definitivamente aquilo que sempre repetiam todos os amigos do bispo mártir: Romero – como escreveu o professor Roberto Morozzo della Rocca– era um "sacerdote e bispo romano, obediente à Igreja e ao Evangelho através da Tradição", chamado a desempenhar o seu ministério de pastor "naquele Ocidente extremo e abalado que era a América Latina daqueles anos", onde as forças militares e os esquadrões da morte reprimiam ferozmente um povo inteiro em nome da oligarquia. Onde os sacerdotes e os catequistas eram mortos e, no campo, tornava-se perigoso possuir um Evangelho. Onde bastava pedir justiça para ser tachado de comunista subversivo. Onde a Igreja era perseguida porque se isentava do papel de braço espiritual do poder oligárquico.
No entanto, por anos, depois do ano 2000, a causa de Romero permaneceu parada, com a motivação de que todas as homilias e os escritos do bispo salvadorenho deviam ser submetidos a exame pela Congregação para a Doutrina da Fé, para verificar a sua ortodoxia. Naqueles anos, que assumiu um papel preponderante na gestão do dossiê Romero – e que pressionou para que a causa não seguisse em frente – foi particularmente o cardeal colombiano Alfonso López Trujillo, naquele tempo influente consultor do ex-Santo Ofício, falecido em 2008.
Naquele momento, chegaram à Congregação para as Causas dos Santos disposições orientadas no sentido do adiamento. Segundo alguns setores, levar Romero à honra dos altares equivalia a beatificar a Teologia da Libertaçãoou até mesmo os movimentos populares de inspiração marxista e as guerrilhas revolucionárias dos anos 1970. Por isso, de acordo com alguns, as motivações do martírio in odium fidei não podiam ser aplicadas ao seu caso, enquanto haviam servido para levar à honra dos altares, em 2010, Jerzy Popieluszko, o sacerdote de 37 anos assassinado em 1984 por um comando dos serviços de segurança da Polônia comunista.
Agora, parece ter chegado o momento também de Oscar Arnulfo Romero. Só resta esperar. E não será preciso esperar muito, se levarmos em conta que, para a beatificação dos mártires, não é necessária a confirmação canônica de um milagre realizado pela sua intercessão.



A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO. Nº 768. O Outro Lado das Metrópoles.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Todos os Inimigos do Papa

L’Avvenire sai a campo em defesa do Papa. Um Francisco que, a despeito das viradas, começa a ser circundado pelas críticas e mordido pelos lobos. Com um editorial de seu diretor, Marco Tarquinio, com título “A barca de Pedro, os “contra-remadores”, e a confiança em Francisco”, o cotidiano dos bispos desencadeia o último ataque. “Belas as cartas sobre a rispidez saída pré-natalícia contra o nosso Papa – escreve Tarquinio. Um sinal que merece resposta, embora aqui polêmicas tão deselegantes e conduzidas de modo capcioso e deformante não encontrem eco. Em cena permaneceram as verdadeiras palavras e os verdadeiros gestos de Francisco. O Papa da Igreja “pobre para os pobres” e “hospital de campo” no nosso mundo frequentemente feroz com os feridos e os mais débeis”. Mas, quem são os “contra-remadores”? Explica-o um dos leitores de Avvenire: quem “faz publicidade a favor daqueles que remam contra”.
A reportagem é de Marco Ansaldo, publicado pelo jornal La Repubblica, 03-01-2015. A tradução é de Benno Dischinger.
O ataque tinha chegado aos 24 de dezembro, no Corriere della Sera, da parte do escritor Vittorio Messori. “Um gesto combinado – escreve Tarquinio – para fazer rumor com a pretensão de “marcar” o Natal”. Messori de fato se tinha lançado numa requisitória contra Jorge Bergoglio, falando de uma “confissão que voluntariamente teria deixado de fazer, se não me tivesse sido requerida”, definindo Francisco um Papa “imprevisível, a ponto de demover também algum cardeal que tinha estado entre os seus eleitores”. No artigo, acrescentava: “Imprevisibilidade que continua perturbando a tranquilidade do católico mediano”.
Belas, mas poucas as cartas dos leitores publicadas em Avvenire. Muitas, no entanto, as reações que chegam agora da base, de toda a Itália. Do movimento “nós somos Igreja” ao Centro de Estudos “Edith Stein” de Lanciano, de “Uma Igreja de mais vozes” de Ronco di Cossato Biella à Comunidade Le Piagge Firenze (As plagas Florença), e depois a Coordenação das Teólogas Italianas, a Comunidade Michea de Nápoles, o grupo Impegno Missione de Casavatore (Nápoles) com o missionário comboniano Alex Zanotelli, as Comunidades cristãs de base-Itália, de S. Paulo-Roma, de Oregina-Genova, de Norte Milão, a revista “Padres Operários”, o Centro Balducci - Zugliano (Udine). Todos em defesa de uma coleta de assinaturas reunidas sob o endereço firmiamo.it/fermiamo gliattacchia papa Francesco. Entre os primeiros que assinam o apelo, dom Luigi Ciotti, representante do Gruppo Abele e de Libera. Diz Vittorio Bellavite, coordenador de “Noi siamo Chiesa” [Nós somos Igreja]: “Esta tomada de posição vai bem além da polêmica com Messori. Diz respeito à situação geral na Igreja e às difusas, quase sempre silenciosas, hostilidades em relação ao PapaFrancisco”. Explica dom Paolo Farinella, pároco da Igreja de San Torpete, nos cantões de Genova, e autor da iniciativa: “O ataque é mirado e frontal, “requerido”, uma verdadeira declaração de guerra, ameaçadora na substância de uma advertência de cunho mafioso: o Papa é perigoso. É tempo que volte a fazer o Sumo Pontífice e deixe governar a Cúria. O autor não cita os nomes dos “mandantes”, mas se coloca em segurança dizendo que sua intervenção lhe “foi requerida”. Dom Farinella argumenta, e identifica no “ataque frontal de cinco cardeais (Müller, Burke, Brandmüller, Caffara e De Paolis)” o que reforçou “o front dos adversários que veem no Papa Francisco “um perigo” que é preciso bloquear a todo custo”.
O ponto é que o nó da Igreja reformista de Bergoglio chegou ao limite. Ou se dissolve ou se corta. Após a clamorosa renúncia ao pontificado de Bento XVI, o súbito aparecimento de um Pontífice argentino, com o nome desafiador deFrancisco, confundiu os fiéis e a hierarquia. As suas palavras, as tantas iniciativas, até os símbolos adotados (calçados de andador, bolsa de trabalho preta, cruz de prata simples) conquistaram os fiéis. Mas, as reações na Cúria, sobretudo após as bastonadas de Bergoglio sobre as 15 doenças que a infestam, são as mais diversas. Da Sala Clementina alguns cardeais saíram outro dia de cabeça baixa, com as orelhas que tiniam.
E agora a lista dos inimigos do Papa “vindo do fim do mundo” começa a fazer-se plena. Primeiro começou a tagarelice sobre o “Papa estranho”. Depois, ante o claro ímpeto reformista, o diálogo entretido com os não crentes e ateus, no Sínodo de outubro com as aberturas aos divorciados recasados e aos homossexuais, as dúvidas dos conservadores sobre Bergoglio acabaram por nutrir um dossiê encorpado. Uma prática que se robustece nos últimos dias.
Aos 13 de dezembro, no complexo de S. Spirito in Sassia, a dois minutos da Praça São Pedro, houve uma convenção com o título “A crise da família e o caso dos Franciscanos da Imaculada”. Uma reunião na qual a divisão do Instituto dos frades de batina azul, agora comissariados por Francisco, apareceu compactando o front conservador. Os relatórios falavam de “processo desestabilizador entrou na Igreja, e o Sínodo dos Bispos o mostrou de modo evidente” (Claudio Circelli), o de “divórcio, aborto, eutanásia, etapas desta inexorável marcha anti-humana, nos encontramos ante um plano de matriz totalitária” (Elizabetta Frezza). Enfim, “diálogo acolhida amor paz são palavras líquidas mutuadas pela modernidade, que não significam absolutamente nada” (Piero Mainardi).
Todas estocadas contra o Papa. Comenta o professor Mario Castellano, católico e atento observador das vivências do Instituto comissariado: “O tradicionalismo, nas suas várias expressões, tanto aquelas ainda colocadas na Igreja, como aquelas lefebvrianas, que põem em discussão o Magistério a partir do Concílio, seja enfim aquelas a favor da sede-vacante, pela qual é negada a Autoridade papal, escolheu como terreno o conflito dos Frades Franciscanos da Imaculada com o objetivo de minar a unidade do Catolicismo”.
É de 12 de dezembro o artigo de Antonio Socci em “Libero”, no qual se fala de Bergoglio como “ídolo da mídia, dos membros do Parlamento europeu”, mas, sobretudo, “da esquerda no Ocidente”. E não é por acaso que a primeira página de Le Nouvel Observateur de 11 de dezembro fosse dedicada ao Pontífice, sob o título: “Quem quer a pele deFrancisco?” Profetiza em seu livro recém saído na França (“Jusqu’où ira François?“) o vaticanista de Le Figaro, Jean-MarieGuénois: “Terá êxito Francisco?“
De certo ponto de vista, este Papa agitador já teve êxito. Se tudo parasse amanhã, o chute dado ao formigueiro deixará uma marca duradoura. De agora em diante, nada será como antes. Amém.

Os quinze mandamentos

"Esta mensagem de Francisco à Cúria faz um bem enorme a todos quantos. Seria preciso afixá-la por toda parte, nos nossos escritórios, nos nossos salões ou salas de visitas, nos nossos laboratórios. Nas nossas vidas. Nas nossas cabeças"...

1º- Sentir-se “imortal”, “imune”, ou até mesmo “indispensável”.
2º- O “martalismo” (que vem de Marta), a excessiva operosidade daqueles que imergem no trabalho.
3º- O “empedramento” mental e espiritual daqueles que se escondem por trás das cartas e das práticas.
4º- “A excessiva planificação e o funcionalismo”, como se se pudesse “domesticar o Espírito Santo”!
5º- “A má coordenação”.
6º- “A doença de um Alzheimer espiritual” que torna alguns “totalmente dependentes do seu presente.
7º- “A rivalidade e a vanglória”.
8º- “A esquizofrenia existencial”, fruto da “hipocrisia” daqueles que “põem de lado tudo o que ensinam severamente aos outros” até conduzir “uma vida oculta e com frequência dissoluta”.
9°- “As tagarelices, as murmurações e os mexericos”.
10º- “A doença de divinizar os chefes” por motivo de “carreirismo e oportunismo”. 
11°- “A indiferença com os outros”.

12º- “A doença da face funérea “das pessoas cabrestantes e arrogantes, as quais consideram que ser sérias (...) signifique tratar os outros com rigidez, dureza e arrogância (...) enquanto nos faz bem uma boa dose de sadio humorismo!”
13º- “A doença do acumular” enquanto, como cada um sabe, “o sudário não tem bolsos”.
14º- “A doença dos círculos fechados” que pode levar ao “fogo amigo dos colegas de armas”.
15°- “O perfil mundano e os exibicionismos”, que transformam “o serviço em poder”.

Papa Francisco escolhe novos cardeais que vêm da periferia


Se qualquer outro papa tivesse produzido uma lista de cardeais similar a dos recém-designados pelo Papa Franciscono domingo, a reação teria sido de choque e descrença. Em vez disso, só houve uma surpresa momentânea.
A reportagem é de Robert Mickens, editor-chefe da revista Global Pulse. Desde 1986, vive em Roma, onde estudou teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana, antes de trabalhar na Rádio Vaticano por 11 anos e, em seguida, como correspondente do jornal The Tablet de Londres. O texto foi publicado no sítio National Catholic Reporter, 5-01-2015. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
Cardeais, pela primeira vez, em remansos eclesiásticos como Tonga, Myanmar, Panamá e Cabo Verde? Apenas um empregado da Cúria Romana na lista? Nenhum norte-americano nomeado por Francisco? E duas das tradicionais "sedes cardinalícias" da Itália, Turim e Veneza, esnobadas por Ancona e Agrigento, lugares que não eram liderados por um prelado de chapéu vermelho há mais de 100 anos?
Bem-vindo à era Francisco. O papa jesuíta de 78 anos anunciou os nomes dos 15 novos cardeais eleitores e outros cinco não eleitores com idade superior a 80 anos que se tornarão cardeais no dia 14 de fevereiro, no Vaticano.
Suas escolhas expressam uma preferência por aqueles que estão nas periferias e pelos homens que os pastoreiam, aqueles que estão à margem da Igreja e da sociedade.
Entre os eleitores, cinco vêm da Europa, três da Ásia e da América Latina e dois da Oceania e África. Quatro são de ordens religiosas. Nove deles são ou foram eleitos presidentes das respectivas Conferências Episcopais nacionais. Apenas seis foram nomeados para seus cargos atuais pelo Papa Bento XVI, enquanto outros seis foram colocados lá por João Paulo II e os três restantes por Francisco.
Prelados no comando de uma série de grandes arquidioceses e de alguns escritórios do Vaticano, todos geralmente liderados por cardeais, não receberam os chapéus vermelhos. Em vez disso, Francisco irá colocá-los sobre a cabeça dos bispos aos quais os oficiais romanos não costumam se submeter. Agora, eles vão.
Aqui estão eles e por que foram escolhidos.
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Cinco europeus

Dominique Mamberti, 63 anos, prefeito da Signatura Apostólica
Natural da Córsega francesa e diplomata papal de carreira, Mamberti foi nomeado bispo por João Paulo II. Mas o Papa Francisco nomeou-o para o seu posto atual, tradicionalmente dirigido por um cardeal, em novembro, após ter atuado como "ministro das Relações Exteriores" do Vaticano durante o pontificado de Bento XVI. Pela primeira vez na história recente, Mamberti é única autoridade curial a se tornar cardeal no consistório.
Manuel Macário do Nascimento Clemente, 66 anos, patriarca de Lisboa, Portugal
João Paulo II nomeou esse teólogo e ex-reitor de seminário como bispo auxiliar de Lisboa em 1999, mas o Papa Francisco nomeou-o Patriarca em maio de 2013. Ele é um dos poucos dos novos eleitores em uma diocese tradicionalmente dirigida por um cardeal. Seguindo o protocolo tradicional, a indução de Clemente para o Colégio Cardinalício era esperada. Como atual presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, ele participou do Sínodo extraordinário dos Bispos sobre a família em outubro.


Edoardo Menichelli, 75 anos, arcebispo de Ancona-Osimo, Itália
Desde o século XVI, inúmeros cardeais lideraram essa antiga diocese na costa adriática da Itália, mas nenhum nos últimos cem anos. De 1968 a 1994, o recém-anunciado cardeal trabalhou no Vaticano, onde se tornou um protegido e ex-secretário pessoal do lendário cardeal Achille Silvestrini, um dos melhores diplomatas da Igreja da era pós-Vaticano II (proveniente da "escola Casaroli"). João Paulo II nomeou Menichelli bispo em 1994 e o colocou em seu cargo atual em 2004, estacionando-o naquela que era, naquele tempo, uma sé decididamente não cardinalícia. Ele participou do Sínodo extraordinário como uma das 26 pessoas nomeadas pelo Papa Francisco.

Francesco Montenegro, de 68 anos, arcebispo de Agrigento, Itália
Primeiro cardeal-arcebispo desta antiga diocese da Sicília desde 1786, Montenegro é ex-presidente da Caritas Italiana e atualmente atua como chefe da comissão dos bispos italianos para os migrantes. Bento XVI nomeou-o arcebispo deAgrigento, em 2008. Dentro de sua diocese localiza-se a ilha de Lampedusa, ponto de chegada para muitos refugiados ("boat people") do norte da África e local onde o Papa Francisco fez sua primeira visita pastoral fora de Roma.

Ricardo Blázquez Pérez, 72 anos, arcebispo de Vallodolid, Espanha
Um contrapeso teológico moderado e perene aos prelados mais doutrinariamente conservadores e socialmente combativos da Espanha, o novo cardeal está cumprindo seu segundo mandato não consecutivo como presidente da conferência episcopal nacional. Nomeado bispo por João Paulo II e escolhido para o seu cargo atual, em 2010, porBento XVI, ele é outra escolha surpreendente a receber o chapéu vermelho. Blázquez é apenas o terceiro arcebispo deVallodolid (fundada no século XVI) a se tornar cardeal e o primeiro desde 1919.
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Três asiáticos

Pierre Nguyên Van Nhon, 76 anos, arcebispo de Hanói, no Vietnã
Esta é a sexta vez que a Igreja do Vietnã vê um de seus tornar-se cardeal desde o primeiro chapéu vermelho do país em 1976. Mas é a primeira vez em uma década que um cardeal vai dirigir a arquidiocese de Hanói. Curiosamente, Van Nhon já ultrapassou em um ano a idade normal de aposentadoria e reterá o direito a voto no conclave por apenas mais quatro anos. Nomeado bispo em 1991 por João Paulo II, ele foi promovido a Hanói em 2010 por Bento XVI. Ele atuou como presidente da Conferência Episcopal Vietnamita de 2007 a 2013.

Charles Maung Bo, 66 anos, arcebispo de Yangon, Myanmar
Ex-presidente da conferência episcopal nacional birmaneza, esse salesiano é o primeiro cardeal na história dessa nação do Sudeste Asiático, uma ex-colônia britânica marcada por conflitos étnicos e onde se encontra uma das maiores diferenças de renda entre ricos e pobres do mundo. João Paulo II elevou o designado cardeal para o episcopado em 1990 e promoveu-o a seu cargo atual na maior cidade de Myanmar, em 2003. Dos 51 milhões de cidadãos do país, apenas um pouco mais de 1% são católicos, fazendo desse lugar uma das "periferias" menos habitadas da Igreja.




Francis Xavier Kriengsak Kovithavanij, 65 anos, arcebispo de Bangkok
O ex-reitor de seminário e ex-pároco, formado em Roma, é apenas o segundo cardeal da história da pequena Igreja naTailândia, onde nem mesmo metade de 1% da população de 64 milhões é católica. Bento XVI elevou-o bispo em 2007 e, em seguida, nomeou-o chefe de sua nativa arquidiocese de Bangkok dois anos depois. Seu antecessor, o cardeal aposentado Michael Kitbunchu, completará em breve 86 anos de idade, dando à Tailândia dois cardeais vivos.
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Três latino-americanos

Alberto Suárez Inda, 75 anos, arcebispo de Morelia, do México
O México, que tem a segunda maior população católica do mundo, surpreendentemente teve apenas 10 cardeais que datam de 1958. Esta é a primeira vez um cardeal irá liderar a arquidiocese de Morelia, que nem sequer classifica-se entre as 15 mais populosas das quase 90 dioceses desse país da América do Norte. Mas ela está localizado no estado central de Michoacán, onde os cartéis, milícias de cidadãos, a polícia federal do México e o exército, cada vez mais travam guerras relacionadas às drogas. A escolha do Papa Francisco desse clérigo, formado em Roma, que completará 76 anos em algumas semanas, é claramente destinada a reconhecer e apoiar os esforços da Igreja na cura do conflito. Suarez chefia a arquidiocese desde que João Paulo II o nomeou em 1995.

Daniel Fernando Sturla Berhouet, 55 anos, arcebispo de Montevidéu, Uruguai
Até agora, este país sul-americano, situado entre a Argentina e o Brasil, teve apenas um dos seus no Colégio dos Cardeais, um franciscano capuchinho que deteve o título de cardeal de 1958 a 1979. Agora, ele terá um salesiano com uma vasta experiência de governo em sua própria comunidade e como presidente da Conferência dos Religiosos doUruguai. Bento XVI nomeou-o bispo auxiliar de sua arquidiocese nativa de Montevidéu em 2011, e o Papa Franciscofez dele arcebispo, em fevereiro de 2014.

José Luis Lacunza Maestrojuan, 70, bispo de David, no Panamá
Lacunza, o primeiro cardeal neste pequeno país da América Central de 3,6 milhões de habitantes, é realmente natural de Pamplona, na Espanha. Ele foi para o Panamá quando era um jovem sacerdote na década de 1970 para ser reitor de uma universidade dirigida por sua comunidade religiosa, a Ordem dos Agostinianos Recoletos. João Paulo II o fez bispo auxiliar da arquidiocese da Cidade do Panamá, em 1985, bispo de Chitré em 1994, e então, cinco anos depois, bispo de David. Ele é um dos três novos cardeais que não são arcebispos; sua diocese é a segunda maior do Panamá, localizada no oeste do país. Lacunza serviu dois mandatos não consecutivos como presidente da Conferência Episcopal do Panamá.
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Dois africanos

Berhaneyesus Demerew Souraphiel, 66 anos, arcebispo de Addis Abeba, Etiópia
Nomeado para o cargo atual em 1999 por João Paulo II, ele segue seu antecessor mais recente como sendo o segundo bispo a ser nomeado cardeal na Etiópia. Os católicos representam menos de 1% da população total, onde a maioria é cristã ortodoxa e mais de 30% são muçulmanos. O cardeal designado é vicentino (membro da Congregação da Missão)e fez pós-graduação em sociologia na Universidade Gregoriana, em Roma. João Paulo II nomeou-o a uma série de posições episcopais começando em 1992, antes de nomeá-lo ordinário de Addis Ababa sete anos depois. Ele é o presidente da Conferência Episcopal da Etiópia e da Eritreia desde 1999 e também é chefe de duas outras conferências episcopais regionais. Ele participou do último Sínodo sobre a família no outono.

Arlindo Gomes Furtado, 65 anos, bispo de Santiago de Cabo Verde, Cabo Verde
Esta é a primeira vez que a ex-colônia portuguesa de Cabo Verde vai ter um cardeal. O destinatário do chapéu vermelho é um filho da terra que possui uma licenciatura em Escritura pelo Instituto Pontifício Bíblico de Roma (Biblicum). Ele foi professor, pároco e vigário-geral da diocese até 2003, quando João Paulo II o nomeou bispo da recém criada diocese de Mindelo. Bento XVI nomeou-o para seu posto atual em 2009. Cabo Verde tem apenas meio milhão de habitantes, mas mais do que 90% deles são católicos.
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Dois da Oceania
Arcebispo John Atcherley Dew, 66 anos, arcebispo de Wellington, Nova Zelândia
Uma série de três cardeais-arcebispos dirigiram Wellington praticamente ininterruptamente de 1969 a 2005. Depois de um hiato de 10 anos, o mesmo número de anos que foi arcebispo, Dew será o quarto cardeal. Um pastor prático, de pés no chão, formado na mentalidade do Concílio Vaticano II, Dew tem vasta experiência paroquial e uma educação recebida na Nova Zelândia e Inglaterra. João Paulo II o fez bispo auxiliar de Wellington em 1995 e, em seguida, arcebispo coadjutor nove anos depois. Ele tomou as rédeas da arquidiocese em 2005, quando o cardeal Thomas Stafford Williams, agora com 84 anos, aposentou-se. Ele é o presidente da conferência episcopal do seu país e será visto como uma voz moderada a progressiva no Colégio dos Cardeais. Ele participou do Sínodo sobre a família.

Soane Patita Paini Mafi, 53 anos, bispo de Tonga
O primeiro cardeal da história do pequeno reino de Tonga será o mais jovem membro da elite dos homens de chapéu vermelho, cujo principal objetivo é selecionar o próximo papa. Isso é um voto desproporcionalmente enorme para um lugar que possui um pouco mais de 15.000 católicos, tamanho de uma grande paróquia nos Estados Unidos (que não receberam quaisquer novos cardeais nos dois últimos consistórios). Mafi, de Tonga, na verdade, passou dois anos emBaltimore, quando ele estudou psicologia antes de retornar para casa para atribuições paroquiais e no seminário. Bento XVI nomeou-o bispo coadjutor da diocese no final de 2007, e ele tornou-se o ordinário, vários meses depois.
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Com mais de 80 anos
O Papa Francisco também anunciou que vai dar o chapéu vermelho para seguintes cinco homens, que têm 80 anos ou mais:

José de Jesús Pimiento Rodriguez, 95 anos, arcebispo emérito de Manizales, Colômbia
Pio XII nomeou-o para o episcopado em 1955, e ele participou de todas as quatro sessões do Concílio Vaticano II. Por duas vezes foi presidente da Conferência Episcopal da Colômbia, em seus anos de aposentadoria, tornou-se um padre missionário paroquial, em 1996, após 21 anos à frente da Arquidiocese de Manizales.
Arcebispo Luigi De Magistris, 88 anos, Penitenciário-Mor emérito
De Magistris é oficial do Vaticano que remonta ao final dos anos de 1950, quando ele trabalhava para o Cardeal Alfredo Ottaviani no antigo Santo Ofício (atualmente a Congregação para a Doutrina da Fé). Ele passou a maior parte de sua vida na Penitenciaria Apostólica, a partir de 1979, como regente e, finalmente, como chefe do escritório, de 2001 a 2003. João Paulo II nunca deu-lhe o chapéu vermelho que sempre costumava ir com esse escritório. Seu sucessor também não lhe deu. Evidentemente, era porque De Magistris opunha-se à canonização do fundador do Opus Dei, José Maria Escrivá. De Magistris é bem conhecido em Roma por apoiar a missa em latim e outras causas tradicionalistas.

Arcebispo Karl-Josef Rauber, ex-núncio apostólico
Rauber é uma das chamadas "viúvas de Benelli", diplomatas do Vaticano cujas carreiras eclesiásticas foram moldadas por sua fidelidade ao cardeal Giovanni Benelli, o ex-vice-secretário de Estado do Papa Paulo VI. Rauber foi uma das poucas e próximas "viúvas" (outros sendo os cardeais Justin Rigali, Agostino Cacciavillan e Giovanni Battista Re) que nunca tinham recebido um chapéu vermelho - até agora. O cardeal designado recentemente foi núncio papal por muitos anos e em uma entrevista de 2010, depois de sua última mensagem na Bélgica, criticou Bento XVI pela escolha de André Léonard para substituir o cardeal Godfried Danneels como arcebispo de Maline-Bruxelas. Rauber disse que Léonard não estava na terna (lista de três candidatos) que ele havia enviado a Roma. O Papa Francisco, que é próximo de Danneels, de 81 anos, não fez Léonard um cardeal, e espera-se que ele aceite a renúncia do arcebispo belga quando ele completar 75 anos em maio.

Luis Héctor Villaba, 80 anos, arcebispo emérito de Tucumán, Argentina
O cardeal designado serviu como bispo auxiliar de sua terra natal, Buenos Aires, imediatamente antes do padre jesuítaJorge Mario Bergolio ser nomeado para a mesma posição. Ele serviu como vice-presidente da Conferência Episcopal da Argentina quando o jesuíta e futuro papa era o presidente.
Júlio Duarte Langa, 87 anos, bispo emérito de Xai-Xai, Moçambique
Paulo VI nomeou o cardeal designado como chefe da diocese de Xai-Xai, em 1976, onde permaneceu até sua aposentadoria cerca de 28 anos mais tarde. Atuou como padre de paróquia por muitos anos, e ele supervisionou a tradução dos documentos do Vaticano II para o vernáculo.

DIÁRIO DO FREI PETRÔNIO- 05: Um olhar sobre a vida.

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO. Nº 767. A Beleza da Vida.

domingo, 4 de janeiro de 2015

EPIFANIA DO SENHOR: Homilia do Frei Petrônio.

AirAsia: Em Igreja que tinha 41 fiéis no voo, muitos rezam por milagre

Fiéis rezaram por companheiros de congregação vítimas de acidente aéreo
A igreja evangélica Mawar Sharon, na Indonésia, fez, como de costume, um grande show para sua cerimônia dominical.
Seis cantores dançavam pelo palco, entoando hinos religiosos. Câmeras posicionadas ao redor da igreja registravam todos os momentos.
Atrás do coral, um telão mostrava close-ups dos cantores. Mas, apesar do ar festivo, trata-se de uma congregação de luto.
Neste domingo, 41 de seus integrantes não estavam presentes - eles estavam a bordo do voo QZ8501 da AirAsia, cujos destroços ainda estão sendo resgatados no Mar de Java.
A maioria eram famílias com crianças pequenas, que viajavam a Cingapura para festejar o Ano-Novo.
Aparentemente, combinaram de comprar juntos as passagens aéreas na companhia, para baratear os custos.

Uma semana após a tragédia, a igreja pediu preces para eles.
"Eu conhecia um dos casais (no acidente), eles tinham dois filhos pequenos", diz Caleb Natanielliem, pastor da igreja. "Estive com eles antes do Natal. Agora não posso mais cumprimentá-los."

Comunidade cristã
A Indonésia é um país predominantemente muçulmano. Mas a comunidade cristã na cidade de Surabaya foi duramente atingida pelo acidente aéreo.
O fato de uma única congregação religiosa ter sofrido uma perda tão grande - um quarto dos passageiros a bordo do QZ8501 era de lá - é incompreensível para muitos ali.
"Fiquei muito chocado quando soube da notícia", diz Paulus Angka Wijaya, frequentador da igreja. "Espero que todos os corpos sejam encontrados em breve, para que as famílias possam lhes dar um funeral. Sempre apoiaremos essas famílias, para que elas se mantenham fortes e saibam que não estão sozinhas."

Pastor Natanielliem diz que muitos ainda esperam por um 'milagre'
A centenas de quilômetros de distância dali, as operações de busca prosseguem no Mar de Java. Mas os esforços continuam a ser prejudicados pelo mau tempo. Devagar, corpos vão sendo resgatados - mais quatro foram encontrados, totalizando 34 até agora.
Bambang Soelistyo, chefe da agência indonésia de resgate, disse que mergulhadores tentaram alcançar um objeto que parece ser parte da fuselagem, mas foram forçados a voltar à superfície por conta das fortes correntes marítimas no local.
Leia mais: Por que voos não são rastreados em tempo real?
De volta à igreja, alguns parentes rezam por um milagre.
"Sinto que muitos deles ainda estão esperando por notícias de sobreviventes. Muitos rejeitam a ideia de perder seus entes queridos", diz o pastor Natanielliem.
A comunidade busca força em sua fé, mas, em uma igreja que enxerga sua congregação como uma família, a perda é enrome.

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO. Nº 763. Quem fica parado é poste...