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sábado, 17 de outubro de 2015

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE PAPA FRANCISCO PARA O DIA MUNDIAL DAS MISSÕES 2015


Queridos irmãos e irmãs,
Neste ano de 2015, o Dia Mundial das Missões tem como pano de fundo o Ano da Vida Consagrada, que serve de estímulo para a sua oração e reflexão. Na verdade, entre a vida consagrada e a missão subsiste uma forte ligação, porque, se todo o baptizado é chamado a dar testemunho do Senhor Jesus, anunciando a fé que recebeu em dom, isto vale de modo particular para a pessoa consagrada. O seguimento de Jesus, que motivou a aparição da vida consagrada na Igreja, é reposta à chamada para se tomar a cruz e segui-Lo, imitar a sua dedicação ao Pai e os seus gestos de serviço e amor, perder a vida a fim de a reencontrar. E, dado que toda a vida de Cristo tem caráter missionário, os homens e mulheres que O seguem mais de perto assumem plenamente este mesmo caráter.
A dimensão missionária, que pertence à própria natureza da Igreja, é intrínseca também a cada forma de vida consagrada, e não pode ser transcurada sem deixar um vazio que desfigura o carisma. A missão não é proselitismo, nem mera estratégia; a missão faz parte da «gramática» da fé, é algo de imprescindível para quem se coloca à escuta da voz do Espírito, que sussurra «vem» e «vai». Quem segue Cristo não pode deixar de tornar-se missionário, e sabe que Jesus «caminha com ele, fala com ele, respira com ele, trabalha com ele. Sente Jesus vivo com ele, no meio da tarefa missionária» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 266).
A missão é uma paixão por Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, uma paixão pelas pessoas. Quando nos detemos em oração diante de Jesus crucificado, reconhecemos a grandeza do seu amor, que nos dignifica e sustenta e, simultaneamente, apercebemo-nos de que aquele amor, saído do seu coração trespassado, estende-se a todo o povo de Deus e à humanidade inteira; e, precisamente deste modo, sentimos também que Ele quer servir-Se de nós para chegar cada vez mais perto do seu povo amado (cf. Ibid., 268) e de todos aqueles que O procuram de coração sincero. Na ordem de Jesus – «Ide» –, estão contidos os cenários e os desafios sempre novos da missão evangelizadora da Igreja. Nesta, todos são chamados a anunciar o Evangelho pelo testemunho da vida; e, de forma especial aos consagrados, é pedido para ouvirem a voz do Espírito que os chama a partir para as grandes periferias da missão, entre os povos onde ainda não chegou o Evangelho.
O cinquentenário do Decreto conciliar Ad gentes convida-nos a reler e meditar este documento que suscitou um forte impulso missionário nos Institutos de Vida Consagrada. Nas comunidades contemplativas, recobrou luz e eloquência a figura de Santa Teresa do Menino Jesus, padroeira das missões, como inspiradora da íntima ligação que há entre a vida contemplativa e a missão. Para muitas congregações religiosas de vida ativa, a ânsia missionária surgida do Concilio Vaticano II concretizou-se numa extraordinária abertura à missão ad gentes, muitas vezes acompanhada pelo acolhimento de irmãos e irmãs provenientes das terras e culturas encontradas na evangelização, de modo que hoje pode-se falar de uma generalizada interculturalidade na vida consagrada. Por isso mesmo, é urgente repropor o ideal da missão com o seu centro em Jesus Cristo e a sua exigência na doação total de si mesmo ao anúncio do Evangelho. Nisto não se pode transigir: quem acolhe, pela graça de Deus, a missão, é chamado a viver de missão. Para tais pessoas, o anúncio de Cristo, nas múltiplas periferias do mundo, torna-se o modo de viver o seguimento d’Ele e a recompensa de tantas canseiras e privações. Qualquer tendência a desviar desta vocação, mesmo se corroborada por nobres motivações relacionadas com tantas necessidades pastorais, eclesiais e humanitárias, não está de acordo com a chamada pessoal do Senhor ao serviço do Evangelho. Nos Institutos Missionários, os formadores são chamados tanto a apontar, clara e honestamente, esta perspectiva de vida e acção, como a discernir com autoridade autênticas vocações missionárias. Dirijo-me sobretudo aos jovens, que ainda são capazes de testemunhos corajosos e de empreendimentos generosos e às vezes contracorrente: não deixeis que vos roubem o sonho duma verdadeira missão, dum seguimento de Jesus que implique o dom total de si mesmo. No segredo da vossa consciência, interrogai-vos sobre a razão pela qual escolhestes a vida religiosa missionária e calculai a disponibilidade que tendes para aceitar por aquilo que é: um dom de amor ao serviço do anúncio do Evangelho, nunca vos esquecendo de que o anúncio do Evangelho, antes de ser uma necessidade para quantos que não o conhecem, é uma carência para quem ama o Mestre.
Hoje, a missão enfrenta o desafio de respeitar a necessidade que todos os povos têm de recomeçar das próprias raízes e salvaguardar os valores das respectivas culturas. Trata-se de conhecer e respeitar outras tradições e sistemas filosóficos e reconhecer a cada povo e cultura o direito de fazer-se ajudar pela própria tradição na compreensão do mistério de Deus e no acolhimento do Evangelho de Jesus, que é luz para as culturas e força transformadora das mesmas.
Dentro desta dinâmica complexa, ponhamo-nos a questão: «Quem são os destinatários privilegiados do anúncio evangélico?» A resposta é clara; encontramo-la no próprio Evangelho: os pobres, os humildes e os doentes, aqueles que muitas vezes são desprezados e esquecidos, aqueles que não te podem retribuir (cf. Lc 14, 13-14). Uma evangelização dirigida preferencialmente a eles é sinal do Reino que Jesus veio trazer: «existe um vínculo indissolúvel entre a nossa fé e os pobres. Não os deixemos jamais sozinhos!» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 48). Isto deve ser claro especialmente para as pessoas que abraçam a vida consagrada missionária: com o voto de pobreza, escolhem seguir Cristo nesta sua preferência, não ideologicamente, mas identificando-se como Ele com os pobres, vivendo como eles na precariedade da vida diária e na renúncia ao exercício de qualquer poder para se tornar irmãos e irmãs dos últimos, levando-lhes o testemunho da alegria do Evangelho e a expressão da caridade de Deus.
Para viver o testemunho cristão e os sinais do amor do Pai entre os humildes e os pobres, os consagrados são chamados a promover, no serviço da missão, a presença dos fiéis leigos. Como já afirmava o Concílio Ecumênico Vaticano II, «os leigos colaboram na obra de evangelização da Igreja e participam da sua missão salvífica, ao mesmo tempo como testemunhas e como instrumentos vivos» (Ad gentes, 41). É necessário que os consagrados missionários se abram, cada vez mais corajosamente, àqueles que estão dispostos a cooperar com eles, mesmo durante um tempo limitado numa experiência ao vivo. São irmãos e irmãs que desejam partilhar a vocação missionária inscrita no Baptismo. As casas e as estruturas das missões são lugares naturais para o seu acolhimento e apoio humano, espiritual e apostólico.
As Instituições e as Obras Missionárias da Igreja estão postas totalmente ao serviço daqueles que não conhecem o Evangelho de Jesus. Para realizar eficazmente este objetivo, aquelas precisam dos carismas e do compromisso missionário dos consagrados, mas também os consagrados precisam duma estrutura de serviço, expressão da solicitude do Bispo de Roma para garantir de tal modo a koinonia que a colaboração e a sinergia façam parte integrante do testemunho missionário. Jesus colocou a unidade dos discípulos como condição para que o mundo creia (cf. Jo 17, 21). A referida convergência não equivale a uma submissão jurídico-organizativa a organismos institucionais, nem a uma mortificação da fantasia do Espírito que suscita a diversidade, mas significa conferir maior eficácia à mensagem evangélica e promover aquela unidade de intentos que é fruto também do Espírito.
A Obra Missionária do Sucessor de Pedro tem um horizonte apostólico universal. Por isso, tem necessidade também dos inúmeros carismas da vida consagrada, para dirigir-se ao vasto horizonte da evangelização e ser capaz de assegurar uma presença adequada nas fronteiras e nos territórios alcançados.
Queridos irmãos e irmãs, a paixão do missionário é o Evangelho. São Paulo podia afirmar: «Ai de mim, se eu não evangelizar!» (1 Cor 9, 16). O Evangelho é fonte de alegria, liberdade e salvação para cada homem. Ciente deste dom, a Igreja não se cansa de anunciar, incessantemente, a todos «O que existia desde o princípio, O que ouvimos, O que vimos com os nossos olhos» (1 Jo 1, 1). A missão dos servidores da Palavra – bispos, sacerdotes, religiosos e leigos – é colocar a todos, sem excluir ninguém, em relação pessoal com Cristo. No campo imenso da atividade missionária da Igreja, cada batizado é chamado a viver o melhor possível o seu compromisso, segundo a sua situação pessoal. Uma resposta generosa a esta vocação universal pode ser oferecida pelos consagrados e consagradas através duma vida intensa de oração e união com o Senhor e com o seu sacrifício redentor.
Ao mesmo tempo que confio a Maria, Mãe da Igreja e modelo de missionariedade, todos aqueles que, ad gentes ou no próprio território, em todos os estados de vida, cooperam no anúncio do Evangelho, de coração concedo a cada um a Bênção Apostólica.
Vaticano, 24 de Maio – Solenidade de Pentecostes – de 2015.
FRANCISCO

NOVENA COM FREI PETRÔNIO: Bênção do Santíssimo-02.

NOVENA COM FREI PETRÔNIO: Bênção do Santíssimo-01.

ALAGOANOS NO RIO DE JANEIRO: Os Arcos da Lapa.

ALAGOANOS NO RIO DE JANEIRO: Onde está o Cristo?

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

A CAMINHO DO RIO DE JANEIRO: Queima Jesus!!!

Santa Teresa de Jesus: discípula missionária

"Incentiva e orienta pessoas a trilharem o caminho de opção por Jesus Cristo e seu Reino; acompanha suas fundações, faz negócios, solicita ajuda para as necessidades e o cuidado com a pessoa das Irmãs, especialmente na saúde, vestuário, alimentação", escrevem Assunta Romio e Rita Romio, Irmãs Teresianas da Companhia de Santa Teresa de Jesus [1], artigo sobre o Quinto Centenário do Nascimento de Teresa de Ávila (2), doutora da Igreja, que se celebra hoje, dia 15 de outubro.

Eis o artigo.
É maravilhoso poder desfrutar os recursos atuais da comunicação. Em tempo real dá para acompanhar quem está longe ou perto, socializar o cotidiano e o extraordinário, interagir com poucas ou muitas pessoas, ou simplesmente clicar um “curtir”. Com certeza somos extraordinariamente privilegiadas/os!
Oxalá muitas pessoas que marcaram a história do cristianismo, tivessem esses meios à sua disposição! Sem eles fizeram tanto! É possível imaginar o que estariam inventando hoje, com tantas possibilidades!
Uma delas é uma mulher que nasceu em 1515, a Santa de Ávila que queria ser missionária e não lhe era permitido, somente “por ser mulher” (F1,6). Ela não sabia bem como poderia dar a sua contribuição. Além do mais, havia a Inquisição, que “tomam por suspeita, qualquer coisa, desde que venha de mulheres” (CE 4,1), se queixava Teresa. Suplicava então a Deus que lhe desse alguma luz, pois “não há razão para desprezar” pessoas “virtuosas e fortes, mesmo que sejam de mulheres” (CE 4,1).
Teresa, ainda adolescente fica órfã de mãe. O pai encarrega as agostinianas para educar sua filha. No internato, onde deve aprender o ideal para ser uma boa esposa, a jovem se deixa influenciar pela educadora Irmã Maria de Briceño (V2,6). Teresa sintoniza muito com ela e a vê como uma pessoa muito feliz. Um dia, esta religiosa lhe contou que a frase evangélica, “muitos são os chamados e poucos os escolhidos” havia impulsionado sua opção de vida (V3,1). A partir de então, Teresa começa a admitir a ideia de consagrar sua vida a Deus. E, sem permissão paterna, nos seus 20 anos de idade, a jovem resolve se consagrar a Deus, indo para o Convento da Encarnação.
O contexto conventual não era dos melhores. Como monja vive uma vida mediana, somatiza seus problemas a ponto de ficar fisicamente paralítica durante três anos. Prioriza as relações externas, deixando em segundo plano o projeto assumido. Passou alguns anos neste tipo de vida, mas em contínua busca de algo mais. Fiel à reflexão, oração e partilha com pessoas sábias, encontra o tesouro da sua vida, a verdade que sempre buscou: Jesus Cristo, seu sentido existencial. A partir de então, aos 39 anos de vida, seu único foco é o Reino de Deus. Quer ser missionária. Mas como poderia aspirar à essa missão, com todos os limites sociais e eclesiais que pesavam sobre a mulher?
Teresa vive no período da colonização espanhola nas Américas. Alguns dos seus irmãos também entraram nesta aventura de atravessar o mar para explorar as novas terras de Quito, Lima, Peru e Chile. Ela acompanha o que acontece com os povos conquistados e sofre muito, por esta causa. Através das suas Cartas, que chegaram a nós hoje, sabemos que ela manteve muitos contatos, especialmente com missionários defensores dos indígenas. Deixa registrado por escrito sua inquietação e angústia por se “sentir encurralada como mulher” (CE 4,1) e não poder colaborar na evangelização dos povos da América. Suplicava a Deus que a iluminasse.
No relato da Fundação do Convento de São José em Ávila, ela mesma conta que um dia receberam a visita do Frei Alonso Maldonado, missionário nas Índias (Américas). Este franciscano lhes falava sobre as necessidades na missão e o tratamento dado aos índios. Teresa ficou muito impactada: “recolhendo-me num oratório, clamei a Nosso Senhor. Coberta de lágrimas, supliquei-Lhe que me desse meios para que eu pudesse fazer algo” (F1,7), a serviço do Reino. Teresa percebe que dentro dela surge uma resposta; ela também poderia participar da missão evangelizadora na América, mesmo sendo carmelita e vivendo na clausura. Num momento de profundo recolhimento e oração, percebe a presença de Jesus Cristo que, com muito amor e confiança, lhe comunica: “Espera um pouco, filha, e verás grandes coisas!” (F1,8). A partir deste momento, nela se abre um novo horizonte, pois estas palavras “ficaram profundamente gravadas em meu coração” (F1,8). E assim entendeu como poderia ser missionária: “Decidi então fazer o pouquinho que estava ao alcance” e “ensinar mais com obras que com palavras” (F1,6).

“Realizar o pouco que está ao alcance!”
Teresa de Ávila empreendeu uma grande obra, provocando um movimento de mulheres com a meta de viver o espírito evangélico como orantes, pobres e iguais, as Carmelitas Descalças. E, como se não bastasse, ao propor isso aos homens, tornou-se um caso raro na história da Igreja, uma mulher reformadora de uma Ordem masculina, os Carmelitas Descalços.
Envolve pessoas amigas e familiares como colaboradores na sua obra; procura ser ponte de união na família; perante a problemática do seu irmão Pedro, doente e depressivo, encaminha seu irmão Lorenzo para assumi-lo; cria redes de relações com os jovens sobrinhos, com uma atenção especial aos adolescentes, com os quais mantém contato direto, incentivando-os a estudar e a se organizarem na vida.
Articula-se com os melhores teólogos da época. Assegura-se que o que ela pensa, busca e experimenta não seja contraditório à fé cristã.
Oriunda de uma família, na qual teve o privilégio de aprender a ler e escrever, registra por escrito a experiência da passagem de Deus na sua vida. Empenha-se para que todas as Irmãs Carmelitas aprendam a ler e escrever, garantindo-lhes mais autonomia nas diversas áreas como a comunicação, espiritualidade, teologia, e, até mesmo para poder acompanhar os acontecimentos.
Incentiva e orienta pessoas a trilharem o caminho de opção por Jesus Cristo e seu Reino; acompanha suas fundações, faz negócios, solicita ajuda para as necessidades e o cuidado com a pessoa das Irmãs, especialmente na saúde, vestuário, alimentação.
Utiliza intensivamente a mídia da época escrevendo bilhetes, cartas, livros. Usa todos os meios que pode e se comunica com as autoridades oficiais, tanto religiosas como civis, para solicitar ajuda, defender sua obra.
Teresa mantém suas antenas ligadas à evangelização eclesial, principalmente nas “Índias”, enviando cartas aos missionários, irmãos, parentes e amigos. Seu método: inicia as Cartas partilhando a sua própria experiência humana e espiritual. A seguir expressa interesse pelo destinatário, seu trabalho e como o realiza. Escrevendo aos missionários, quer saber como os índios são tratados, pois diz ter ouvido falar sobre a exploração indígena e critica determinadas práticas. Faz questão de expressar que gostaria de estar em terras de missão, mas como não pode, “por ser mulher”, assume ser missionária em tudo o que está ao seu alcance, vivendo intensivamente a proposta de Jesus e orando pela evangelização.
Sim, a Santa de Ávila, que neste ano de 2015 se comemora o V aniversário do seu nascimento, foi missionária, amando e experienciando a humanidade de Jesus Cristo. Para ela Deus é aquele que nos habita, está sempre nos esperando e “muito ajuda ter pensamentos elevados, para que as obras também o sejam” (C4,1).

Notas:
[1] O sacerdote espanhol Santo Enrique de Ossó e Cervelló desde jovem leu os escritos de Teresa de Jesus. Cativado pelos ensinamentos da Santa de Ávila, tornou-se seu incansável divulgador. Entre outras obras fundou a Companhia de Santa Teresa de Jesus (1876), as Irmãs Teresianas, desejando que fossem “santas e sábias” como Teresa de Jesus; “outras Teresas de Jesus” na atualidade, com a missão de “conhecer, amar e tornar Jesus Cristo conhecido e amado”.

[2] Curiosidades: entre as mulheres importantes que adotaram o nome da espanhola Santa Teresa de Ávila, por serem suas admiradoras e/ou discípulas, cita-se aqui: a francesa, Santa Teresinha do Menino Jesus (1873-1897); a chilena Santa Teresa dos Andes (1900-1920); a albanesa Madre Teresa de Calcutá (1910-1997). Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/