Total de visualizações de página

Seguidores

terça-feira, 7 de julho de 2015

UMA PRESENÇA AMOROSA: MARIA E O CARMELO (2ª Parte).

Christopher O’Donnell, O. Carm.

Das Origens até 1324
As primeiras décadas da existência da Ordem Carmelita, com os eremitas no Monte Carmelo, e o primeiro século de sua existência na Europa não produziram uma documentação muito extensa. Por isso, existem poucas referências sobre Maria a serem compiladas a partir das origens da Ordem. Aquelas que encontrarmos serão, portanto, as mais preciosas. Mas devemos ter em mente que os carmelitas entraram em cena numa Igreja e numa sociedade medievais com uma consciência mariana altamente desenvolvida. A vida mariana carmelitana recolheu muito do que existia ao redor daqueles pioneiros. Contudo, nesse período podemos notar os fundamentos do tema da Proteção e do nome de Maria no título da Ordem.

O Oratório no Monte Carmelo
Na Regra de Vida dada por Alberto de Jerusalém (entre 1206-1214) não havia menção à Bem-aventurada Virgem. A Regra realmente especificou que deveria haver um oratório no meio das celas onde missas diárias deveriam ser celebradas (RA 14). Pelo relato dos peregrinos sabemos que a partir de mais ou menos 1231 ou talvez mais tarde, esse oratório foi dedicado à Nossa Senhora. Ainda encontramos indícios desta igreja dedicada à Maria no Monte Carmelo até o século XV. Naquele tempo existiam muitas igrejas dedicadas a Maria em lugares associados à sua vida, com legendas ou liturgias sobre ela.
A escolha de Maria pelos eremitas, dentro da mentalidade do tempo, não teria sido coincidência ou casualidade. Foi, de certa forma, para ter Maria presente na comunidade, para tê-la como protetora. Nos séculos seguintes, as implicações desse oratório serão relembradas por nossos autores, algumas vezes de formas bem extravagantes.

Os Irmãos e as Irmãs
Os nomes dados a institutos religiosos sempre são significativos. No caso dos Carmelitas, devido a seus problemas de identidade e de origem, foi duplamente significativo. Vamos aprofundar os títulos da Ordem, incluindo as Irmãs, apesar de pertencerem aos séculos posteriores.

Os Irmãos
Na Regra de Alberto os membros são chamados de eremitas (ermitis),  mas com freqüência de “irmãos” (fratres).   Quando chegaram à Europa eram conhecidos por diferentes nomes. O primeiro documento pontifício Ut vivendi formam de Honório III (1226) dirige-se ao “prior e irmãos eremitas do Monte Carmelo”.   O primeiro escrito papal com um título mariano para a Ordem pode ter aparecido em 1247, na constituição Devotionis vestrae precibus de Inocêncio IV. Mas é certo no caso de sua bula Ex parte dilectorum (1252) que dirigia-se aos arcebispos e bispos “em favor dos eremitas de Santa Maria do Monte Carmelo”. Contudo, o uso de um título mariano para instituições como congregações religiosas, igrejas, mosteiros e hospitais não era raro naquela época.   Durante todo o do século XIII títulos como “a Ordem de Santa Maria do Monte Carmelo”, “os Irmãos Eremitas da Ordem de Bem-aventurada Maria do Monte Carmelo” são freqüentemente encontrados nos documentos pontifícios.   No entanto, por todo esse tempo, dentro da Ordem e em outros documentos legais e civis, o título “Ordem de Santa Maria do Monte Carmelo” ou uma variante, era bem comum.   Uma referência muito significativa de passagem, em um edito de Urbano IV em 1263, afirmava que Maria era a Padroeira do Carmelo.
O primeiro documento da Ordem que temos afirmando Maria como padroeira são as Constituições de 1294.   Essa afirmação seria sujeito de muita reflexão nos séculos XIV e XV. Nos séculos XIV e XV os documentos papais falam da Ordem como sendo “distinguida” (insignitus) pelo nome de Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo.   Assim como o título mariano, o nome “Carmelitas” vem do tempo de Gregório X, em 1274.   A tempo, o sucinto título seria ampliado pelo acréscimo das palavras “Genitrix” (Mãe de Deus) e “Virgem” ou “Sempre Virgem”, de forma que nos séculos XIV e XV o título era: “Ordem dos Irmãos da Santa Mãe de Deus Maria do Monte Carmelo”,   e a partir de Sixto IV, “Ordem (ou Irmãos) da muito Gloriosa Mãe de Deus, a Sempre Virgem Maria do Monte Carmelo.”

As Monjas e as Irmãs
Na complexa evolução dos ramos femininos da Ordem, da fraternidade para a vida religiosa propriamente dita, encontramos linguagem semelhante. Na Regra para as Irmãs de 1488 afirma-se que as irmãs não-professas são admitidas “à Fraternidade da Ordem dos Irmãos da Bem-aventurada Maria do Monte Carmelo” recebendo o manto com as palavras: “Recebe o sinal da Ordem sagrada (sanctae religionis) da Mãe de Deus e da Virgem Maria para a remissão de teus pecados”.   Para as mulheres de Florença associadas à Ordem em 1450, isto é, antes da fundação do convento de Santa Maria dos Anjos, era dito “para viverem em suas próprias casas, levando uma vida muito exemplar e sagrada, chamando-se de Irmãs da Virgem Maria”,   e que tivessem o manto branco da Gloriosa Virgem Maria.   As diversas constituições das monjas e irmãs têm títulos diferentes. As de Parma, datada não posterior a 1481, foram intituladas de “Estatutos das Irmãs Religiosas da Ordem da Muito Bem-aventurada Mãe de Deus do Monte Carmelo”.   Em Bolonha, em 1594, receberam o título de “Constituição e Regra das Irmãs Carmelitas”.   Num motu proprio papal de 1476 temos referência às “monjas da mesma Ordem da Muito Gloriosa Mãe de Deus, a Sempre Virgem Maria do Monte Carmelo”.

Carmelitas
Contudo, por toda a Ordem, o nome mais preciso e conveniente, “carmelitas”, cresceu em popularidade até o Capítulo Geral de 1680, em Traspontina, ordenar que nos escritos e trabalhos editados, o título “Irmãos da Ordem da Muito Bem-aventurada Sempre Virgem Maria do Monte Carmelo” deveria ser usado em vez de “Carmelitas”. Esta norma foi mantida nas Constituições de 1930 onde no lugar de “Carmelitas” os membros da Ordem deveriam ser chamados em documentos oficiais de “Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo”.
É bom lembrar que uma reflexão sobre o nome da Ordem nos levaria à uma compreensão de Maria como Irmã dos Carmelitas.

Silêncios Estranhos
Apesar de haver uma impressionante evidência do caráter mariano da Ordem no século XIII, existem algumas lacunas surpreendentes. Observamos anteriormente que a Regra não menciona Maria. O Prior Geral Nicolas o Francês, em seu Flechas de Fogo, um apelo apaixonado à Ordem para retornar à sua vida eremítica, faz apenas uma referência de passagem a Maria, falando dela como solitária na Anunciação.
Mais surpreendente ainda é o texto da fundação, a Rubrica prima (primeiro artigo) das Constituições de 1281. Este texto era uma resposta dada aos membros mais jovens da Ordem, aqueles que os questionavam sobre sua origem. Ele narra a origem da Ordem a partir de Elias, mas silencia quanto a Maria.   Até as Constituições de 1324 não havia referência a ela na Rubrica prima. A partir de então, o propósito não era mais responder apenas “como se originou nossa Ordem?”, mas também responder a um acréscimo: “e por que somos chamados de Irmãos da Ordem da Bem-aventurada Maria do Monte Carmelo?”. Essa versão de 1324 da Rubrica narra a origem a partir de Elias, mas insere um parágrafo muito significante:
Depois da Encarnação seus sucessores construíram uma igreja lá (no Monte Carmelo) em honra da Bem-aventurada Virgem Maria, e escolheram seu título. Portanto, a partir daí, eles eram, por privilégio apostólico, chamados de Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo.
Esta inserção já mostra, de forma evoluída, a legenda de Maria e de Elias que estudaremos no próximo capítulo.
Da mesma forma, está ausente da documentação do século XIII qualquer referência ao Escapulário ou à visão de São Simão Stock.

Observâncias
Ao olharmos para a vida mariana da Ordem em seus primeiros e formativos séculos, precisamos prestar atenção não apenas aos textos e às afirmações formais, mas precisamos conhecer a vida dos Irmãos neste tempo. O que faziam em comunidade e, especialmente, na liturgia, mostrando um relacionamento com Maria? Existem duas fontes muito importantes para estudo. A primeira são as mais antigas Constituições existentes: Londres (1281), Bordeaux (1294) e Barcelona (1324). A segunda fonte são os nossos antigos Ordinários que especificavam como a liturgia devia ser celebrada. O Ordinário mais antigo que possuímos data de 1263. Ele contém muitos elementos marianos, sendo a maioria deles comum a outras ordens religiosas daquele tempo. O capítulo geral de Bordeaux em 1294 pediu ao Prior Geral uma revisão do Ordinário da Ordem. O Ordinário revisado de Sibert de Beka (+ 1332), datando de 1312, não teve nenhuma mudança substancial, mas acrescentou alguns sinais a mais de devoção.

Liturgia
As celebrações festivas são importante fonte de informação sobre a dimensão mariana da Ordem. Encontramos tais elementos desde o início. Existe referência à uma comemoração diária da Bem-aventurada Maria. Quando não há festa, deve-se cantar uma Missa em sua honra. Uma antífona para paz e proteção, sem contudo ser dirigida a Maria, deveria ser acrescentada a todas as horas da Virgem.
Por volta de 1324 existiam quatro festas marianas principais: Purificação, Anunciação, Assunção e Nascimento de Maria.   Com exceção da Anunciação, que caía perto da Quinta-feira Santa e da Páscoa, todas estas festas eram dias em que se recebia a Santa Comunhão.
Aos sábados havia uma missa normal e o ofício da Bem-aventurada Virgem. As Constituições em 1324 estabeleceram que em todo convento da Ordem, a Missa da Bem-aventurada Virgem deveria ser cantada antes da Hora Prima.
As horas canônicas da Bem-aventurada Virgem deveriam ser recitadas diariamente. O ofício mariano que começava com a Ave Maria (ainda na forma reduzida) era o primeiro ofício do dia e as Completas marianas, que terminava com a Salve Rainha, era o ofício final. No ofício principal havia uma comemoração da Virgem Maria em Laudes e nas Vésperas. Nas Completas o nome de Maria aparecia na Confissão e, nas Completas marianas, recitava-se o Sub tuum praesidium (“Voamos para sua proteção...”).
Também existem algumas rubricas interessantes: uma pequena reverência à cada menção do nome de Maria; uma reverência profunda no “Oremos” em seus ofícios; uma prostração ou genuflexão no invitatório Ave Maria, no começo do hino Ave maris stella e na Salve Rainha. O Ordinário de Sibert prescrevia acender uma vela em honra de Maria nas horas litúrgicas e nas missas em sua homenagem e no canto da Salve Rainha.
As várias missas celebradas em honra da Bem-aventurada Virgem também mostram algo da dimensão mariana da Ordem. As Constituições de 1294 especificavam cinqüenta Missas para irmãos benfeitores e doentes: dez deveriam ser a missa pelo Espírito Santo, dez pela Bem-aventurada Virgem e trinta pelos mortos.

Orações e Hinos
Já no século XIII encontramos nossas duas mais antigas orações marianas. A oração Concede era usada nas cerimônias de profissão desde de 1281:
Concede a vossos servos, nós vos rogamos, Senhor, inabalável saúde da mente e do corpo e, pela intercessão da gloriosa e sempre bem-aventurada Virgem Maria, possamos ser salvos das tristezas que hoje nos afligem e participemos da alegria eterna. Por Cristo Nosso Senhor, Amém.
Esta oração, comum no rito Latino, foi usada até os tempos modernos na Ordem depois da Ladainha de Loreto. Ela não aparece nas Constituições depois de 1294. Uma oração semelhante, Protege, rapidamente a substituiu, sendo encontrada nas Constituições a partir de 1324:
Protege, ó Senhor, vossos servos com o amparo da paz, e confiantes na proteção da Bem-aventurada Virgem Maria, livrai-nos de todos os inimigos. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.
Nesta última oração, Maria é mais claramente apresentada como Protetora do que na oração Concede. A Protege foi muitas vezes prescrita para ser repetida várias vezes na mesma celebração. Mais tarde ela seria usada numa variedade de contextos em nossas Constituições, tais como recepção e profissão de noviços, capítulos, jubileus, recepção do Prior Geral, visitação, eleições, admissão de pessoas para partilharem nos benefícios espirituais da Ordem.
Nas Constituições de 1294 encontramos pela primeira vez o versículo “Rogai por nós Santa Mãe de Deus” (Ora pro nobis sancta Dei Genitrix)   que, assim como a Concede, era para ser usado no final do capítulo provincial. Nas Constituições subseqüentes, ele será encontrado nos mesmos contextos que as orações acima.
As Constituições de 1324 aprovam novamente o Ordinário de Sibert de Beka, e acrescentam que antes do Fidelium, o Salve e a oração Protege deveriam ser acrescentados a cada hora.   Esta prescrição passou a valer também para as Missas.
Já nos referimos ao acréscimo mariano ao Confiteor. O Capítulo Geral de 1342, que acrescentou diversos elementos marianos, também estabeleceu que, quando possível, depois da Ação de Graças, dever-se-ia acrescentar o seguinte: Ave regina coelorom (“Ave Rainha dos Céus”), Ora pro nobis (“Rogai por nós”), e Protege.

Práticas
Além de orações e ofícios existiam outras práticas introduzidas nas diversas Constituições. Todas elas caracterizam uma profunda consciência mariana, se não uma espiritualidade de fato. Encontramos freqüentes referências quanto a inclinação da cabeça e as penalidades por omitir tal ato. Nas primeiras Constituições descobrimos que havia uma inclinação durante a Missa solene sempre que os nomes de Jesus e de Maria são mencionados nas orações.   Tal ato foi estendido a todas as orações nas Constituições de 1294.   A inclinação era feita com a cabeça descoberta, de uma forma tal que o orante tocava o joelho com a mão. A partir das Constituições de 1324 estas inclinações estavam dentro das penalidades médias, o que era bem severo para a sensibilidade moderna.   Desde o princípio existiam penalidades também para quem desonrasse os nomes de Jesus ou de Maria.   Havia uma genuflexão na abertura do hino Ave maris stella e na Salve Rainha cantada nas Completas.   Encontramos referências marianas importantes nas cerimônias para a recepção dos noviços e para a profissão. Já nas Constituições de 1281 descobrimos que a profissão é feita a Deus, a Maria e ao Prior Geral, uma prática que continua até hoje.

Eu, Irmão N., faço minha profissão e prometo obediência a Deus e a Bem-aventurada Maria e a vós Irmão T., Prior Geral dos Irmãos Eremitas da Ordem de Nossa Senhora do Monte Carmelo...
Tal prática, contudo, não parecia ser peculiar à Ordem, tal como encontramos em outras ordens medievais,   apesar de anteriormente os dominicanos a reclamarem como específica deles.   As orações para a recepção dos noviços de 1324 afirmam que a Ordem foi fundada em honra a Maria e que ela foi dada à Ordem por Deus como sua principal Protetora.   Também encontramos o verso “Ora pro eo sancta Dei Genitrix” assim como a oração Protege.

Conclusão
No primeiro século decorrido após obter sua Regra de Vida, apesar da escassez de documentos, existe ampla evidência de vários tipos demonstrando uma estreita associação entre Maria e a Ordem Carmelita. Talvez esta associação seja melhor resumida através de uma descoberta original de que Maria está presente na Ordem porque a Ordem lhe pertence. O século seguinte vai refletir essas intuições iniciais. No contexto das controvérsias, serão aprofundadas várias implicações e se desenvolveu um mito histórico sobre um relacionamento entre Elias, Maria de Nazaré e os filhos do profeta que asseguravam a continuidade da história.
Esse estudo do carisma mariano da Ordem vai retornar a suposição original de que a Ordem existe para Maria e que seu serviço – um reflexo do serviço de Cristo – foi e ainda é, a razão principal para a existência da Ordem,   ou o aforisma que se tornou tradicional, especialmente depois de A. Bostius (+ 1499): Totus marianus est Carmelus (O Carmelo é totalmente mariano).

Lectio Divina
Vamos tomar para a Lectio Divina um hino que era usado pelos Carmelitas no século XIII e que ainda está presente na liturgia e nos hinários atuais. É o Ave maris stella. Ele é encontrado num manuscrito do século IX, mas pode pertencer ao século anterior.   Ao refletirmos sobre ele estamos em unidade com a Igreja medieval primitiva e com nossos antepassados carmelitanos.

Na lectio deveríamos nos perguntar:
1-O que o texto significa para nós e o que teria significado para os antigos carmelitas que o adotaram da Igreja medieval?
2-O que ele significa para mim/para nós em nossa jornada espiritual, em nossa situação sócio-econômica e política?
3-Com que orações espontâneas podemos responder a este hino?
4-O que podemos contemplar com a beleza de suas palavras e com a profundidade de sua mensagem?
5-Que ação ele nos inspira?
Estas são as fases desta forma tradicional de oração: lectio (leitura), meditatio (meditação), oratio (oração), contemplatio (silêncio, contemplação, aceitação, entrega), [actio (ação)].

Ave maris stella

Ave, sempre bela,
Ò Virgem Mãe de Deus,
Do alto mar estrela,
Porta azul dos céus.
Novas o anjo traz:
“Ave” te saúda;
funda-nos na paz,
de Eva o nome muda.

Quebra a algema ao réu,
E dá aos cegos luz,
Dá-nos Mãe do céu,
O que ao céu conduz.

Mostra seres Mãe,
Faze a nós descer
Quem por nós nascido,
Quis de ti nascer.

Mansidão, pureza,
Ò Virgem sem igual,
Dá-nos com presteza.
E livra-nos do mal.
Dá-nos vida pura,
Um caminho certo
Para quem procura
Ver Jesus de perto.

Seja ao Pai louvor,
Ao Cristo também;
Ao Consolador

Igualmente. Amém.

NOVENA DE NOSSA SENHORA DO CARMO: 1º Dia.

UMA PRESENÇA AMOROSA: MARIA E O CARMELO (1ª Parte).


Christopher O’Donnell, O. Carm.

A Mariologia carmelitana- Uma palavra de admoestação
Nos estudos carmelitanos devemos sempre nos preocupar com o que é afirmado precisamente sobre a palavra “Carmelita”. Já que a Ordem não tem um fundador, de certo modo sempre existiu um problema de identidade. Em tais circunstâncias é natural que os carmelitas busquem enfatizar o que é deles.                 
Contudo, o erro seria afirmar que aquilo que é autenticamente carmelitano não deveria ser também partilhado por outras famílias religiosas.Um modo de buscar uma identidade carmelitana é eliminar do conjunto tudo o que é encontrado em outras ordens religiosas e identificar o restante como sendo “carmelita”. Assim, deveríamos buscar o que é exclusivo aos carmelitas na espiritualidade e na devoção. Um dos resultados seria ignorar as Escrituras, os sacramentos, os dogmas, os votos, já que são comuns a toda Igreja. Mesmo admitindo que poderia existir alguma compreensão específica carmelitana para alguns desses pontos como, por exemplo, os votos, permanece verdadeiro que o que é partilhado com a Igreja sobre obediência, pobreza e castidade será mais importante para a vida dos carmelitas do que aquilo que poderia pertencer somente à Ordem.
Se buscássemos no que é especificamente carmelitano naquilo que não é encontrado em outras ordens religiosas, terminaríamos com alguns hinos ou textos espirituais como o Flos carmeli, e uma determinada visão de Elias e de Maria – o que não é histórico em qualquer sentido moderno. Em vez disso, nosso objetivo é examinar toda a vida mariana da Ordem, sem estarmos interessados com o que possa ser partilhado com outras ordens.
            Façamos uma analogia. Três construtores podem receber materiais idênticos para construírem uma casa de um andar. Os mesmos materiais podem ser usados para construir uma casa com espaço suficiente para a sala-de-estar, outra com quartos espaçosos, a terceira com uma cozinha maior. Utilizando os mesmos materiais, até mesmo mais ou menos a mesma quantidade, poder-se-ia conseguir três casas bem diferentes. O que é diferente é o foco dos construtores e a disposição do mesmo material.
            Os mesmos elementos principais podem ser encontrados na mariologia das ordens medievais. Nossa tentativa será buscar a experiência carmelitana de Maria. O conjunto será genuinamente carmelitano, apesar de diversos componentes serem partilhados. É importante termos ideia sobre a cultura de nossa antiga mariologia e, como esse material não é muito acessível, começamos com um breve esboço da mariologia medieval.

A Mariologia Medieval
Vamos começar pelo século XIII, quando a Ordem migrou para a Europa. Foi o século dos grandes escolásticos, da conclusão de muitas catedrais, de uma enorme agitação intelectual, de novas formas de vida religiosa, dos escritos místicos notáveis e de grande transformação cultural e social. A mariologia medieval tanto refletiu esse tempo empolgante, quanto deu sua própria contribuição para este desenvolvimento.
Falamos das grandes catedrais medievais. Cada qual tinha seu esplendor próprio de arte mariana. Os grandes vitrais de Chartres e de outras igrejas transmitiam a história da salvação no Antigo e no Novo Testamento, dando um lugar importante a Maria, que era vista como pré-figurada no Antigo Testamento e apresentada como o centro da história da salvação do Novo Testamento.

Doutrina
As grandes verdades sobre Maria foram defendidas no século XIII. O dogma de sua Maternidade Divina tem sido celebrado desde o Concílio de Éfeso (431). A Assunção de Maria está presente na liturgia desde o século VI e sua festa litúrgica teve uma oitava a partir de Leão IV (+ 855). A Virgindade Perpétua de Maria é questão pacífica desde o tempo do Concílio não-ecumênico Lateranense de 649. O quarto Concílio Lateranense usou a frase “Maria sempre virgem” em sua fórmula do Credo para os albigenses e cátaros. Acreditava-se também na Imaculada Conceição, mas muitos teólogos tinham sérias reservas, principalmente os seguidores de Tomás de Aquino. Sua festa começa a ser celebrada na liturgia a partir do século XII. Foi o papa siro-siciliano Sérgio (+ 701) quem estabeleceu uma procissão solene em Roma para quatro grandes festas marianas: o Nascimento de Maria (08 de setembro), a Apresentação (02 de fevereiro), a Anunciação (25 de março) e a Assunção (15 de agosto).
Além dessas verdades de fé, existia uma ampla crença em outras verdades sobre Maria. Em distintos lugares encontramos importantes afirmações sobre a união de Maria com seu Filho na Redenção. Em São Bernardo e, mais tarde, em Santo Alberto Magno e em São Boaventura, encontramos esboços da doutrina da mediação de Maria. O Memorare, atribuído a São Bernardo, tem algumas frases dele mesmo, apesar de em sua forma atual ser do século XV ou mesmo anterior. A maternidade espiritual de Maria, afirmando que ela é nossa Mãe e Mãe da Igreja, foi ensinada com muito mais clareza a partir do século XI, quando teólogos como Anselmo de Lucca (+ 1086) e Rupert de Deutz (+ 1130) começaram a aprofundar a verdade latente na cena aos pés da cruz relatada por João (19,25-28a). A apresentação de Maria como Rainha já estava presente com freqüência nos sermões e nos hinos do século VI. Foi encontrada há muito tempo nas liturgias, tanto do Oriente quanto do Ocidente e tornaram-se marcantes no século XIII.

Devoção
Quando olhamos para as orações e devoções marianas no século XIII encontramos uma grande riqueza. Já existiam então muitos santuários e lugares de peregrinação marianos. Por exemplo, na Inglaterra foram fundados dois antigos santuários: Walsingham (1061) e Glastonbury (do século VII, reconstruído em 1186). O santuário de Einsiedeln, na Suíça, data do século X. Poemas em língua vernácula são encontrados especialmente a partir da metade do século XII.
Existiam muitas devoções a Maria naquele tempo. A coleção de orações de diversos tipos começou no período carolíngio. Uma das mais conhecidas era o Livro das Orações Sagradas (Libellus sacrarum precum), datado do final do século IX, contendo várias orações marianas. Mais tarde, encontramos os Livros das Horas, cuja essência foi o Pequeno Ofício da Bem-aventurada Virgem. Sua origem foi uma devoção adicional (cursus) acrescentada ao Ofício canônico assim como aos ofícios votivos da Bem-aventurada Virgem, que surgiram com os carolíngios. Este material foi reorganizado por São Pedro Damião (+ 1072) e recomendado por ele para uso diário.
Existiam muitos hinos e orações marianas circulando no século XIII, que foram incorporados à liturgia e às orações comunitárias carmelitanas. A primeira parte da Ave Maria já existia mais ou menos a partir do século VII. Era um elemento do Pequeno Ofício e foi recomendada por Pedro Damião para recitação freqüente. O acréscimo do nome “Jesus” pode vir do tempo de Urbano IV (+ 1264), mas a segunda parte da oração (“Santa Maria...”) é do século XV. Os hinos comuns durante esse período incluíam o Ave maris stella que data do século IX. As quatro grandes antífonas marianas já eram conhecidas: Alma redemptoris mater (século XII), Salve regina (talvez do século XI), Ave regina caelorum (século XII) e o Regina coeli (provavelmente do século XIII).
Outras formas mais populares de oração foram encontradas nesta época. As ladainhas marianas surgem mais ou menos no século XI com a Ladainha de Loreto, datando do final do século XII, com 73 invocações. Uma ladainha irlandesa com 76 invocações pode datar do século XII. Da mesma forma, saudações a Maria, muitas vezes repetidas 150 vezes correspondendo ao Saltério (Grusspsalter), começaram a ser usadas a partir de 1130. Estas últimas teriam dado origem ao Rosário, que tomou sua forma atual no começo do século XV. Coleções das Alegrias (cinco) e Dores (sete) de Maria (Marienklagen) também são do século XII. A grande seqüência Stabat Mater é provavelmente do final do século XIII, talvez do franciscano Jacopone da Todi (+ 1306). O costume de dizer três Aves Marias à noite pode datar do século XI. Gregório IX (+ 1241) ordenava que os sinos tocassem para que o povo pudesse oferecer as Aves Marias às Cruzadas. A primeira coleção de legendas sobre Maria apareceu no século XI, o Liber de miraculis santae Dei genetricis Mariae.
As vidas de Maria, muitas vezes baseadas vagamente nos Ofícios, tornaram-se populares no século XII. Irmandades marianas são encontradas a partir da primeira metade do século XIII, especialmente na França e na Itália.
Uma importante área de interesse para a antiga mariologia carmelitana foi ressaltada por E. Boaga. Ela lembra o número de santuários e de lugares sagrados na Palestina que foram associados à Maria nas escrituras, nos apócrifos e nas tradições orais.[i]  Posteriormente, eles nos ajudarão a compreender mais plenamente o significado da escolha de Maria como Protetora do oratório do Monte Carmelo.

A Escravidão de Maria
Finalmente, podemos lembrar o surgimento, no século XI, do que se chamaria mais tarde de “escravidão de Maria”. São Bernardo, por exemplo, chamava-se de pajem de Maria (servuli). Isso pode ser significativo para a difundida idéia carmelitana da vassalagem, que encontraremos posteriormente.

Não só os carmelitas
Como veremos, os carmelitas que foram para a Europa assumiram muitas dessas práticas e crenças existentes. Se nos restringirmos a estudar apenas o que é carmelitano, corremos o risco de subestimar e mesmo de negligenciar uma parte considerável de nossa herança mariana. Em vez disso, devemos tentar ver toda vida mariana dos primeiros frades carmelitanos, das quais apenas algumas partes serão específicas deles mesmos.
Existem diversos paralelos com outras ordens, tais como os cistercienses,[ii]  os cônegos premonstratenses[iii]  e, é claro, os dominicanos.[iv]  Precisamos em primeiro lugar, levantar a questão da identidade carmelitana, descrita particularmente nas primeiras Constituições e títulos da Ordem.

O Século XX
No século XX tivemos o chamado “Movimento Mariano”, um tempo de grande entusiasmo, congressos, escritos, crescimento devocional.[v]  Esse tempo culminou na definição do dogma da Assunção (1950) e no Ano Mariano (1954). Depois disso houve um declínio, apesar do significativo ensinamento do Vaticano II. Com o importante documento de Paulo VI, Marialis cultus (1974) e de João Paulo II, Redemptoris Mater (1987) houve uma gradual recuperação. A partir da metade de 1970 houve uma abundância de trabalhos eruditos, essenciais sob todos os aspectos, de mariologia.[vi]
Na ordem, o ano de 1950 também foi um clímax do século XX com o caloroso endosso do Escapulário por Pio XII na carta Neminem profecto latet.[vii]  Mas os anos seguintes testemunharam algum declínio e falta de energia da parte da Ordem. A historicidade da visão do Escapulário foi submetida a um minucioso exame. Apesar da evidência desta visão ser considerada inadequada por severos estudiosos como Jean de Launoy (+ 1678) e Herbert Thuston (+ 1939), suas opiniões não influenciaram muito a apreciação que a Ordem tinha do Escapulário. Mas os valentes esforços de B. M. Xiberta em defender a autenticidade da visão do Escapulário[viii]  foram gradualmente colocados em dúvida. Foram feitas afirmações mais específicas, que não confortaram aqueles cuja tranqüila certeza anterior sobre a visão do Escapulário tinha sido perturbada.[ix]  O Privilégio Sabatino, baseado numa suposta visão de João XXII foi considerado como uma mentira medieval.[x]  No Próprio da Missa Carmelitana de 1972 não houve festa ou memorial para Simão Stock. A revisão inicial do Calendário para a Igreja Universal, posteriormente, omitiu a festa de Nossa Senhora do Monte Carmelo.
Mas também houve uma recuperação, um tanto irregular, da consciência mariana carmelitana datando do capítulo geral extraordinário de 1968. Tal capítulo apresentou Maria nos termos do Vaticano II e defendeu o significado do Escapulário.[xi]
Estas questões encontram-se por trás do capítulo geral de 1971 e são, de certo modo, percebidas em alguns encontros do conselho das províncias, congregações gerais e capítulos. A revisão do Missal Romano em 1969 restaurou a celebração de Nossa Senhora do Monte Carmelo. Para a Ordem Carmelitana a Missa e o Ofício de São Simão Stock foram reintegrados pela Santa Sé em 1979.
Junto a esses desenvolvimentos podemos ver na bibliografia anual no Carmelus que tem havido um crescente interesse na mariologia carmelitana e nos escritos realizados pelos membros da Ordem sobre a Virgem Maria. Em 1989 aconteceram três congressos marianos na Ordem: no Centro Santo Alberto em Roma, Sassone fora de Roma e Nova Iorque. Uma conferência em Reno (1998) foi celebrada pela grande família carmelitana nos Estados Unidos.
Portanto, o tempo atual é apropriado para abordarmos novamente o carisma mariano da Ordem e para apresentá-lo em termos apropriados à Igreja contemporânea. Esse breve trabalho quer examinar as origens e o desenvolvimento do carisma mariano carmelitano. Depois, apresentará a reflexão sobre Maria nos documentos oficiais da Ordem desde o Vaticano II, antes de esboçar algumas perspectivas mariológicas contemporâneas, dentro das quais teremos que expressar nosso carisma. (Continua na 2ª parte)



[i]  E. Boaga, “Irigini Mariane dei carmelitane”, Marianum 53 (1991) 183-198.
[ii]  Ver G. Vitti e M. Falletti, “La devozione a Maria nell’Ordine Cistencense”, Marianum 54 (1992) 287-348.
[iii]  Ver N. L. Reuviaux, “La dévotion à Notre Dame dans l’Ordre de Prémontré” em H. du Manoir, ed., Maria: Etudes sur la sainte Vierge. 8 vols. (Paris: Beauchesne, 1949-1971) 2: 713-720.
[iv]  Ver A. Duval, “La dévotion mariale dans l’Ordre des Frères Prêcheurs” em Du Manoir, Maria 2:737-782.
[v]  Roschini, Maria 4:425-495; R. Laurentin, La question mariale (Paris: Seuil, 1963) = Mary’s Place in the Church (London: Burns and Oates, 1965) cap. 2.
[vi]  Ver subsídio anual de E. R. Carroll em Marian Studies.
[vii]  AAS 42 (1950) 390-391.
[viii]  De visione sancti Simonis Stock (Roma: Carmelite Institute, 1950).
[ix]  C. P. Ceroke, “The Credibility of the Scapular Promise”, Carmelus 11 (1964) 81-123.
[x]  L. Saggi, La “Bolla sabatina”: ambiente, texto, tempo (Roma: Carmelite Institute, 1967); cf. Carmelus 13 (1966) 245-302; 14 (1967) 63-69.
[xi]  AOC 27 (1968) 45, 51.

NOVENA DO CARMO-2015: Convite do Frei Adailson.

ANO ELIANO MISSIONÁRIO: Bênção da Imagem Peregrina.

domingo, 5 de julho de 2015

ANO MISSIONÁRIO ELIANO – ORDEM TERCEIRA DO CARMO – PROVÍNCIA CARMELITANA DE SANTO ELIAS: PROGRAMAÇÃO.

2016-ANO MISSIONÁRIO ELIANO – PROVÍNCIA CARMELITANA DE SANTO ELIAS- ORDEM TERCEIRA DO CARMO.
PEREGRINAÇÃO DO PROFETA ELIAS – DE 13 DE MARÇO A 25 DE SETEMBRO DE 2016

MARÇO
20 A 27 – LAGOA DA CANOA – ALAGOAS
27 A 29 – CACHOEIRA-BA
30 A 31 – SALVADOR-BA

ABRIL
01 A 03 – SALVADOR-BA
04 A 10 – BRASÍLIA E UNAÍ
15 A 17 – BELO HORIZONTE
18 A 20 – SERRO
21 A 24 – DIAMANTINA
25 A 30 – JOÃO MONLEVADE


MAIO
O1 A 08 – SABARÁ
Dia 03 e 07, Frei Janício.
09 A 15 – 0URO PRETO
16 A 22 – SÃO JOÃO DEL REI
23 A 27 – BARBACENA
28 A 31 – JUIZ DE FORA

JUNHO
01 A 04 – LAPA-RJ
05 A 11 – CAMPOS
12 A 16 – VICENTE DE CARVALHO-RJ
17 A 25 – ANGRA DOS REIS
26 A 30 – PASSA QUATRO

JULHO
01 A 07 – CARMO DE MINAS
08 A 16 – BASÍLICA E ESPLANADA – SP
Esplanada, dia 9, sábado.
Basílica da Bela Vista, dia 10.
(11-15, restauração da imagem em São Paulo)
16, Taboão da Serra- São Paulo. Paróquia Sagrado Coração de Jesus-
Diocese de Campo Limpo, Grande São Paulo.  

17 A 21 – SANTOS
22 A 27 – SAPOPEMBA
28 A 31 – OSASCO E CARAPICUÍBA

AGOSTO
01 A 06 – JABOTICABAL
07 A 14 – CAMPINAS
15 A 20 – MOGI MIRIM
21 A 26 – PIRACICABA
27 A 31 – LIMEIRA

SETEMBRO
01 A 05 – ITU
06 A 12 – MOGI DAS CRUZES
13 A 15 – BRAGANÇA PAULISTA
16 A 21 – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
22 A 24 – TAUBATÉ


25 – APARECIDA – PEREGRINAÇÃO DOS SODALÍCIOS – COMEMORAÇÃO DO DIA DA FAMÍLIA E TÉRMINO DO ANO MISSIONÁRIO ELIANO

Religiosos ampliam 'castelo' católico em área de mata na Grande São Paulo Arautos do Evangelho.

O vaivém intenso de caminhões, guindastes e cerca de 150 operários quebra, há nove meses, o silêncio na mata da serra da Cantareira, em Caieiras (Grande São Paulo).
A rotina de obras na região, cercada de favelas e áreas de preservação ambiental, se deve à construção de uma grande biblioteca em estilo neogótico. O empreendimento é dos Arautos do Evangelho.
Ligado à Igreja Católica, o grupo foi fundado por antigos integrantes da TFP (Tradição, Família e Propriedade). Ao contrário de parte dos fundadores da entidade ultraconservadora, eles pregam uma atuação menor em política e mais focada na religião.
Em 2008, os Arautos inauguraram uma basílica de 60 metros de altura no terreno de Caieiras, que tem 96 mil metros quadrados.
Grupos de defesa do meio ambiente e moradores da região questionam a liberação da obra. Eles alegam que o local tem mananciais e mata nativa, além de animais silvestres. Mas os proprietários têm autorização da Cetesb (companhia ambiental do Estado) para construir no terreno, que tem nascentes, onde funcionava uma hípica.

'CASTELO'
Por causa do tamanho, o templo dos Arautos ficou conhecido por moradores da região como "castelo". As dimensões da biblioteca que está sendo erguida ao lado não ficam atrás. A construção terá 58 metros de altura –o equivalente a um prédio de 18 andares.
Segundo o diretor de engenharia responsável pelo projeto, Marcio de Paulo Lippi, todas as paredes externas serão duplas para garantir o isolamento térmico e acústico.
Vitrais e pinturas serão instalados por empresas especializadas ou pelos próprios arautos. "Queremos encantar e impressionar nossos visitantes", diz Lippi.
O término da obra está previsto para o primeiro semestre de 2017. Só a biblioteca terá tamanho equivalente a 25% da área construída da Basílica de Aparecida.
Questionados pela Folha, os Arautos do Evangelho não informaram o valor da obra nem detalharam quais são os seus financiadores.
O grupo declara apenas que o dinheiro foi arrecadado por meio de doações de pessoas do mundo todo, de integrantes da comunidade e de projetos como a revista católica "Arautos do Evangelho". Eles afirmam que a publicação tem uma tiragem mensal de cerca de 1 milhão de exemplares.
A atual biblioteca contém 65 mil obras, a maior parte delas relacionada às áreas de filosofia e teologia.
Na coleção, há peças raras, como primeiras edições de livros do filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) e de "Sermões", do Padre Antonio Vieira (1608-1697).
O novo prédio terá capacidade para 150 mil livros, além de salas de manutenção e catalogação, um salão de leitura com sofás e áreas para orações e hospedagem.
Moram no local, aberto a visitação, 160 seminaristas de 42 países, como Colômbia, Espanha, Itália e Vietnã.

Eles estudam no seminário instalado no local, que dura sete anos –três dedicados ao estudo de filosofia e outros quatro a teologia. Fonte: http://www1.folha.uol.com.br