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sábado, 31 de janeiro de 2015

1º de fevereiro – 4º Domingo do Tempo Comum

Por Johan Konings, sj

Dicas para reflexão
Jesus é o profeta do Reino de Deus. Mas que é um profeta? Conforme a 1ª leitura, o profeta é mediador e porta-voz de Deus. Moisés lembra aos israelitas que, quando da manifestação de Deus no monte Sinai (Ex 19), tiveram tanto medo, que Deus precisou estabelecer um intermediário para falar com eles. Esse intermediário foi Moisés, o primeiro “profeta bíblico”. E ele ensina que sempre haverá profetas em Israel para serem mediadores e porta-vozes de Deus, de modo que os israelitas já não precisam recorrer aos adivinhos cananeus, que consultam as divindades mediante sortilégios, búzios, necromantes (que evocam espíritos) etc. O profeta é aquele que fala com a autoridade de Deus que o envia. Muitas vezes, sua palavra é corroborada por Deus por meio de sinais milagrosos.
No evangelho, Jesus é apresentado como porta-voz de Deus e de seu Reino. Deus mostra que está com ele. Dá-lhe “poder-autoridade” para fazer sinais. Na sinagoga de Cafarnaum, Jesus expulsa um demônio, e o povo reconhece: “Um ensinamento novo, dado com autoridade…” (Mc 1,27).
Ora, os sinais milagrosos servem para mostrar a autoridade do profeta, mas não são propriamente sua missão. Servem para mostrar que Deus está com ele, mas sua tarefa não é fazer coisas espantosas. Sua tarefa é ser porta-voz de Deus. Jesus veio para nos dizer e mostrar que Deus nos ama e espera que participemos ativamente de seu projeto de amor. Por outro lado, os sinais, embora não sejam sua tarefa propriamente, não deixam de revelar um pouco em que consiste o Reino que Jesus anuncia. São sinais da bondade de Deus. Jesus nunca faz sinais danosos para as pessoas (como as pragas do Egito, que sobrevieram pela mão de Moisés). O primeiro sinal de Jesus, em Marcos, é uma expulsão de demônio. A possessão demoníaca simboliza o mal que toma conta do ser humano sem que este o queira. Libertando o endemoninhado do seu mal, Jesus demonstra que o Reino por ele anunciado não é apenas apelo livre à conversão de cada um, mas luta vitoriosa contra o mal que se apresenta maior que a gente.
O mal que é maior que a gente existe também hoje: a crescente desigualdade social, a má distribuição da terra e de seus produtos, a lenta asfixia do ambiente natural por conta das indústrias e da poluição, a vida insalubre dos que têm de menos e dos que têm demais, a corrupção, o terror, o tráfico de drogas, o crime organizado, o esvaziamento moral e espiritual pelo mau uso dos meios de comunicação… Esses demônios parecem dominar muita gente e fazem muitas vítimas. O sinal profético de Jesus significa a libertação desse “mal do mundo” que transcende nossas parcas forças. E sua palavra, proferida com a autoridade de Deus mesmo, ensina-nos a realizar essa libertação.
Como Jesus, a Igreja é chamada a apresentar ao mundo a palavra de Deus e o anúncio de seu Reino. Como confirmação dessa mensagem, deve também demonstrar, em sinais e obras, que o poder de Deus supera o mal: no empenho pela justiça e no alívio do sofrimento, no saneamento da sociedade e na cura do meio ambiente adoentado. Palavra e sinal, eis a missão profética da Igreja hoje.
Por Johan Konings, sj

Dicas para reflexão
Jesus é o profeta do Reino de Deus. Mas que é um profeta? Conforme a 1ª leitura, o profeta é mediador e porta-voz de Deus. Moisés lembra aos israelitas que, quando da manifestação de Deus no monte Sinai (Ex 19), tiveram tanto medo, que Deus precisou estabelecer um intermediário para falar com eles. Esse intermediário foi Moisés, o primeiro “profeta bíblico”. E ele ensina que sempre haverá profetas em Israel para serem mediadores e porta-vozes de Deus, de modo que os israelitas já não precisam recorrer aos adivinhos cananeus, que consultam as divindades mediante sortilégios, búzios, necromantes (que evocam espíritos) etc. O profeta é aquele que fala com a autoridade de Deus que o envia. Muitas vezes, sua palavra é corroborada por Deus por meio de sinais milagrosos.
No evangelho, Jesus é apresentado como porta-voz de Deus e de seu Reino. Deus mostra que está com ele. Dá-lhe “poder-autoridade” para fazer sinais. Na sinagoga de Cafarnaum, Jesus expulsa um demônio, e o povo reconhece: “Um ensinamento novo, dado com autoridade…” (Mc 1,27).
Ora, os sinais milagrosos servem para mostrar a autoridade do profeta, mas não são propriamente sua missão. Servem para mostrar que Deus está com ele, mas sua tarefa não é fazer coisas espantosas. Sua tarefa é ser porta-voz de Deus. Jesus veio para nos dizer e mostrar que Deus nos ama e espera que participemos ativamente de seu projeto de amor. Por outro lado, os sinais, embora não sejam sua tarefa propriamente, não deixam de revelar um pouco em que consiste o Reino que Jesus anuncia. São sinais da bondade de Deus. Jesus nunca faz sinais danosos para as pessoas (como as pragas do Egito, que sobrevieram pela mão de Moisés). O primeiro sinal de Jesus, em Marcos, é uma expulsão de demônio. A possessão demoníaca simboliza o mal que toma conta do ser humano sem que este o queira. Libertando o endemoninhado do seu mal, Jesus demonstra que o Reino por ele anunciado não é apenas apelo livre à conversão de cada um, mas luta vitoriosa contra o mal que se apresenta maior que a gente.
O mal que é maior que a gente existe também hoje: a crescente desigualdade social, a má distribuição da terra e de seus produtos, a lenta asfixia do ambiente natural por conta das indústrias e da poluição, a vida insalubre dos que têm de menos e dos que têm demais, a corrupção, o terror, o tráfico de drogas, o crime organizado, o esvaziamento moral e espiritual pelo mau uso dos meios de comunicação… Esses demônios parecem dominar muita gente e fazem muitas vítimas. O sinal profético de Jesus significa a libertação desse “mal do mundo” que transcende nossas parcas forças. E sua palavra, proferida com a autoridade de Deus mesmo, ensina-nos a realizar essa libertação.
Como Jesus, a Igreja é chamada a apresentar ao mundo a palavra de Deus e o anúncio de seu Reino. Como confirmação dessa mensagem, deve também demonstrar, em sinais e obras, que o poder de Deus supera o mal: no empenho pela justiça e no alívio do sofrimento, no saneamento da sociedade e na cura do meio ambiente adoentado. Palavra e sinal, eis a missão profética da Igreja hoje.

Mulher que foi confidente de papas agora é candidata à santidade.

Uma leiga (provavelmente a mais poderosa na Igreja Católica no século XX) é candidata a santidade, após a abertura do processo de beatificação nesta terça-feira, na Itália, evento acompanhado por 18 mil pessoas ao redor do mundo via transmissão ao vivo na internet. A reportagem é de Inés San Martín, publicada por Crux, 28-01-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Chiara Lubich, fundadora do movimento dos Focolares, morreu em 2008 aos 88 anos. A tentativa de declará-la santo veio logo após o período obrigatório de 5 anos de espera exigido pelo Direito Canônico para que se abra o processo de beatificação.
Na terça-feira (27-01-2014), Dom Raffaello Martinelli, da Diocese de Frascati, Itália, oficializou a abertura do processo. Frascati é a diocese onde se localiza a sede internacional dos Focolares e onde Lubich foi enterrada depois do funeral em Roma, que teve cerca de 40 mil pessoas assistindo.
Os Focolares – que em italiano significa “lareira, lar, casa” – é um movimento católico fundado por Lubich em Trento durante a Segunda Guerra Mundial com o objetivo de promover a unidade. Ao longo dos anos, o grupo se tornou particularmente ativo no diálogo ecumênico e inter-religioso, e atualmente conta com cerca de 100 mil membros em 182 países.
Os Focolares são também o único movimento na Igreja Católica cujos estatutos exigem que o presidente do grupo seja uma mulher.
Durante os papados de João Paulo II e Bento XVI, Lubich foi uma confidente próxima e, provavelmente, a leiga mais visível no catolicismo.
O Papa São João Paulo II, por exemplo, pediu a participação dela como observadora em vários encontros do Sínodo dos Bispos.
Sobre a sua morte em 2008, Bento XVI falou de Lubich como a “fundadora de uma grande família espiritual que abraça múltiplos domínios de evangelização” e expressou a sua admiração pelo constante compromisso de Lubich com a comunhão na Igreja, com o diálogo ecumênico e com a fraternidade entre todos as pessoas.
Nasceu em Trento em 1920, recebendo o nome Silvia Lubich. A admiração que tinha por Santa Clara de Assis a levou a adotar Chiara, que é a forma italiana do nome.
Em 1943, após consultar um padre, fez, em privado, votos consagrando-se a Deus e, aos poucos, começou a formar um círculo de companheiras que liam os Evangelhos em grupos. Estes encontros foram o começo do que é hoje movimento dos Focolares, também conhecido como “Obra de Maria”.
Em seu primeiro – e até então único – encontro com os delegados do movimento ocorrido em setembro passado, o Papa Francisco chamou os Focolares de uma “pequena semente no centro da Igreja Católica que, ao longo dos anos, trouxe vida à árvore”.
Esta árvore, disse o pontífice, “agora estende seus ramos em todas as expressões da família cristã e também entre os membros das diversas religiões e entre muitos que cultivam a justiça e a solidariedade na busca da verdade”.
Os Focolares começaram o seu diálogo ecumênico em 1961 e forjaram laços com judeus, budistas, muçulmanos, hindus e outros, incluindo a Sociedade Americana de Muçulmanos, fundada pelo falecido Imã Warith Deen Mohammed.
Ao falar à Rádio Vaticano, Maria Voce, que sucedeu Lubich na presidência do movimento, disse que uma grande quantidade de documentos, cartas e vídeos de Lubich foi entregue à diocese para que o tribunal eclesiástico possa estudar a causa de santidade.
Com estas informações coletadas, o tribunal determinará se Lubich viveu as virtudes cristãs de maneira heroica e merece ser declarada venerável. Se sim, a atribuição de um milagre à sua intercessão seria, sem seguida, o pedido normal para a beatificação, e um outro seria necessário para declará-la santo.
Na mesma entrevista de Voce, datada de 20 de janeiro, a religiosa disse que a santidade de Lubich pode ser vista em sua normalidade, chamando-a de um exemplo de santo ao “levar uma vida normal”.
Todo o extraordinário em sua “vida normal é fruto que vem de Deus, da relação de Chiara com Deus e da relação normal dela com as pessoas”, disse Voce.
Se Lubich for eventualmente declarada beata, ela será a segunda membro do movimento a receber tal homenagem. Chiara “Luce” Badano, menina italiana que morreu aos 19 anos após uma batalha de dois anos contra um câncer ósseo, foi beatificada em 2010.

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO. Nº 791: Santa Teresa e Nossa Senhora.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO. Nº 789: Santa Teresa e o Profetismo.

ASSEMBLEIA PROVINCIAL-2015: Mensagem Final do Padre Provincial.

ASSEMBLEIA PROVINCIAL-2015: Homilia do Frei Jerry.

A PALAVRA... Nº 789: Teresa de Jesus: A Santa Teimosa.

Modelo Globo

Hugo Muleiro, escritor e jornalista, presidente de Comunicadores da Argentina (Comuna), faz uma análise crítica da telenovela da Globo, Flor do Caribe, que também foi transmitida pelo canal de televisão argentino Telefe. O artigo é publicado por Página/12, 28-01-2015. A tradução é do Cepat.

Eis o artigo.

O canal Telefe encerrou, nos primeiros dias de 2015, a transmissão de Flor do Caribe, telenovela em que a Rede Globo, emissora dominante no Brasil e que costuma perturbar os governos do Partido dos Trabalhadores com operações diversas e sofisticadas, propõe um singular modelo de organização social, em que os brancos, militares e a fé são os únicos capazes de resolver conflitos complexos e dramáticos.
A Globo é uma das maiores produtoras de telenovelas do mundo. Suas transmissões chegam a 90 países e na nossa região possui alianças com a Telefe, Canal 13 do Chile e Azteca do México, entre muitos outros. Dezenas de milhões de brasileiros podem receber, em algum momento do dia, ainda que não procurem e nem desejem, um conteúdo multimídia, por meio de seu canal central, os regionais, rádios, jornais, revistas e a grande presença na internet.
Flor do Caribe transcorre na Vila dos Ventos, balneário paradisíaco sobre o Atlântico, próximo a Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte, nordeste, que teve um protagonismo modesto na Segunda Guerra, quando os Estados Unidos montaram ali uma base aérea pela localização estratégica da cidade, o ponto mais próximo do continente africano. Com autoria de Walter Negrão e direção de Jaime Monjardim, a telenovela transcorre pelos caminhos conhecidos do sujeito mal que trai o amigo bom e quer ficar com sua mulher, em um ir e vir incessante de traições e ciladas. Porém, o produto é mais complexo já que, de acordo com a sua tendência, a Globo se preocupa em apimentar os assuntos amorosos e o desfile de corpos bronzeados nas praias e águas azuis com toques de realismo político: o avô do mau, por exemplo, é um criminoso de guerra holandês ativo no Holocausto e que, com identidade falsa, construiu um império econômico no Brasil. O politicamente correto é que termina na prisão, julgado na Alemanha.
O modelo que a Globo propõe para a história de óbvio final feliz é uma espécie de “sonho de garoto” da direita brasileira. Em Vila dos Ventos só se conquista a justiça com a ação dos “tenentes”, oficiais da base da força aérea na região.
Lateralmente, a polícia faz alguma intervenção, mas não se veem autoridades civis em nenhuma ocasião, jamais aparecem, porque a organização social que a Globo propõe não os quer.
“Os tenentes” capturam o criminoso nazista, impedem assassinatos, dão uma mão ao bom – ex-aviador militar – todas as vezes que tem um problema, e até ajudam a pintar sua casa.
O comandante, além disso, tem tempo para construir com um jovem do povo uma reprodução de um “disco voador”, que acredita ter visto na infância. Sendo que os militares são assim bons e nos garantem o que precisamos, para que iríamos querer política, eleições e funcionários públicos?
A complexidade da mensagem está dada, por sua vez, por um olhar bem humorado, liberal no bom sentido, diante de vicissitudes incontroláveis como a gravidez que chega antes do casamento ou do jovem garoto musculoso que se apaixona por uma mulher madura. Enfim, gente moderna, mas não mais do que isso, porque deslizam por sua vez em cenas de conservadorismo recalcitrante sobre a mulher. Por exemplo, o casal principal vai procurar uma casa para viver e, no momento de discutir preço e condições, ela se retira e ele fica sozinho com o vendedor. Na cena seguinte, aparece anunciando a compra, enquanto ela toma um chá e cuida das crianças. Quando dois irmãos, dois amigos, precisam discutir um assunto importante, a mulher da casa se retira prontamente, para lhes preparar um sanduíche ou um refresco.
Não se discute a riqueza e a pobreza na Vila dos Ventos: os vulneráveis recebem a ajuda de uma ONG formada pelos ricos e com isso já estamos bem. Em momentos dramáticos, quando uma tragédia está para se abater sobre os protagonistas, não falta um personagem que encomenda para que Deus resolva o assunto. E a ele se atribui toda a felicidade. Quando o casal principal se casa, durante a comemoração alguém exclama: “Graças ao Santíssimo”. Alguns segundos antes, eles saíram do templo e os primeiros a apresentar honras são os militares, baionetas ao alto.
E algo infalível em grande parte da televisão brasileira: ainda que 52,2% dos 3,1 milhões de habitantes do Rio Grande do Norte vêm da mistura de raças, os três personagens principais são brancos, de máxima brancura, assim como os advogados, a maioria dos tenentes, o delegado policial. Mestiços e negros podem se ver, sim, trabalhando nas minas ou na pesca.