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sábado, 31 de outubro de 2015
TODOS OS SANTOS: A Palavra do Frei Tinus Van Balen.
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Artigos do Frei Petrônio de Miranda
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Dossiê - Mártires de El Salvador: Seis Padres Jesuítas e Duas Mulheres foram Assassinados.
Há exatos 20 anos, seis padres jesuítas
e duas mulheres foram assassinados a sangue frio no campus da Universidade
Centro-Americana José Simeón Cañas (UCA), em El Salvador. Entre eles, estavam o
reitor da universidade, Ignacio Ellacuría, e o vice-reitor, Ignacio
Martín-Baró. Paramilitares do Exército Salvadorenho invadiram a residência dos
jesuítas com o objetivo único de matar aqueles que incomodavam a ditadura. Para
recordar o martírio e a luta destes militantes que almejavam a liberdade e o
bem social de El Salvador, a IHU On-Line desta semana preparou o dossiê a
seguir. Leia um breve perfil dos mártires e, em seguida, algumas entrevistas
que lembram seu legado e memória.
Por:
Patricia Fachin
O Instituto Humanitas Unisinos – IHU
também exibirá o debate Memory and it Strength: The martyrs of El Salvador (A
memória e sua força: Os mártires de El Salvador), que irá ocorrer no Boston
College, nos EUA, no próximo dia 30 de
novembro. Mediados pelo jesuíta e reitor emérito do Boston College, J. Donald
Monan, Noam Chomsky e o jesuíta, teólogo Jon Sobrino irão discutir a
importância dessa memória. A exibição no IHU corre em 10 de dezembro, dia
Internacional dos Direitos Humanos, em um evento que marca a inauguração da
sala Ignacio Ellacuría e companheiros, no IHU. Confira.
Ignacio
Ellacuría (1930-1989)
Ignacio Ellacuría nasceu em Portugalete,
província de Vizcaya, Espanha, no dia 9 de novembro de 1930. Foi o quarto de
cinco filhos. Depois de concluir o ensino primário na cidade natal, Ellacuría
continuou os estudos no Colégio dos Jesuítas de Tudela. Em 1949, junto com
outros cinco noviços, foi enviado para o noviciado da Companhia de Jesus em
Santa Tecla, El Salvador, e fez os votos de pobreza, obediência e castidade.
Completou seus estudos de Ciências Humans
e estudou Filosofia em Quito. Na Áustria, cursou Teologia e foi influenciado
pelos ensinamentos de Karl Rahner. No
ano de 1961, foi ordenado sacerdote em Innsbruck e fez os últimos votos como
jesuíta em 1962, em Portugalete, onde nasceu. Nesta época, também realizou o
doutorado em Madri, na Universidade Complutense, sob a direção de Xavier
Zubiri, dando origem à tese La
principialidad de la esencia en Xavier Zubiri.
Em 1967, Ellacuría retornou a El
Salvador para atuar como professor na Universidade Centro-Americana (UCA). Nos
primeiros anos da década de 70, foi responsável pela formação dos jovens
jesuítas da Província da América Central. Neste período, também foi nomeado
Diretor do Departamento de Filosofia da UCA e, posteriormente, em 1973,
publicou o livro Teologia Política, editado também em inglês, em Nova York, sob
o título Freedom Made Flesh: The Mission of Christ and His Church. No ano
seguinte, Ellacuría fundou o Centro de Reflexão Teológico da UCA. Assumiu a
reitoria da UCA em 1979.
Confrontos
em El Salvador
Nomeado diretor da revista Estudios
Centroamericanos (ECA), Ellacuría, em 1976, publicou o editorial intitulado “A
sus órdenes, mi capital”, o qual ocasionou a retirada do apoio do governo
salvadorenho à UCA e gerou a violência paramilitar contra a Universidade.
Ellacuría foi exilado na Espanha entre 1977 e 1978. No ano seguinte, El
Salvador iniciou uma longa guerra civil que durou doze anos. Os jesuítas
começaram a receber ameaças de morte e, em 24 de março de 1980, o arcebispo de
San Salvador, Oscar Romero foi
assassinado durante a celebração da Eucaristia. Neste mesmo ano, Ellacuría
retornou ao exílio. Na Espanha, participou da primeira reunião das religiões
abraâmicas, em 1987. No encontro, expressou publicamente a necessidade de
encontrar um terreno comum para superar os conflitos em El Salvador. Defendeu
assim, a contribuição da Teologia da Libertação nas religiões abraâmicas para
superar o individualismo e o positivismo.
Ellacuría retornou a El Salvador em 13
de novembro de 1989 para tentar mediar a paz. Em 16 de novembro do mesmo ano,
foi morto por um pelotão do Batalhão Atlacatl das Forças Armadas de El
Salvador, na residência da Universidade UCA, junto com outros cinco jesuítas:
Ignacio Martín-Baró, Segundo Montes, Amando López, Juan Ramón Moreno e Joaquin
López y López. Também foram mortas Elba Julia Ramos, funcionária da residência,
e sua filha, Celina, de 15 anos.
Obras
Ellacuría publicou várias análises de
conjuntura da realidade salvadorenha e artigos sobre filosofia e teologia.
Negou-se a publicar livros pela Editora UCA, pois considerava isto antiético.
Seus livros foram publicados postumamente. Entre eles, citamos Filosofía de la
Realidad histórica; Veinte años de historia en El Salvador; Escritos
filosóficos; Escritos teológicos; e Escritos universitarios.
Ignacio
Martín-Baró (1942-1989)
Ignacio Martín-Baró nasceu em 7 de
novembro de 1942, em Valladolid, na Espanha. Ingressou no noviciado da
Companhia de Jesus no ano de 1959, sendo transferido para Santa Tecla, em El
Salvador, onde concluiu o noviciado em 1961. Escritor e professor
universitário, publicou onze livros e uma vasta lista de artigos científicos e
culturais em diversas revistas latino-americanas e estadunidenses. Regressando
às raízes históricas da psicologia, ele falava em psicologia social e
psicologia da libertação e argumentava que sobre o psicológico recai a tarefa
de ajudar a consciência humana a ter uma compreensão maior de sua identidade
pessoal e social. Confira a seguir alguns fatos relevantes da vida de
Martín-Baró.
1965 - Obteve o bacharel em Filosofia e
Letras, pela Universidad Javeriana, em Bogotá, Colômbia. Depois de morar alguns
anos em Bogotá, retorna a El Salvador;
1967 - Inicia sua carreira de professor
acadêmico na UCA;
1970 - Conclui o bacharelado em Teologia
em Eegenhoven, na Bélgica;
1975 - Concluiu licenciatura em
Psicologia pela Universidade Centro Americana Simeón Cañas (UCA);
1979- Conclui doutorado em Psicologia
Social;
1981 - Assume o cargo de vice-reitor
acadêmico da UCA;
1986 - Fundou e foi diretor do Instituto
Universitario de Opinión Pública – IUDOP, além de atuar como professor
convidado em muitas universidades. Também foi vice-presidente da Sociedad
Interamericana de Psicologia.
Segundo
Montes (1933-1989)
Segundo Montes nasceu em Valladolid, em
15 de maio de 1933. Permaneceu na cidade natal até 1950, onde realizou seus
primeiros estudos e, em seguida, ingressou no noviciado de Santa Tecla, em El
Salvador. Dois anos depois, concluiu o noviciado e foi enviado para Quito
cursar Ciências Humanas na Universidad Católica. Ficou conhecido entre os
colegas por seu desejo de compreender melhor a realidade social salvadorenha.
Dedicou-se aos estudos sobre a estratificação social e os militares.
Identificou ainda, na década de 80, um fenômeno curioso: a baixa do dólar, ou
seja, os salvadorenhos que viviam nos EUA não tinham mais condições de enviar
dólares para os familiares que residiam em El Salvador. Este fato o alertou
sobre a importância da emigração salvadorenha para a economia nacional. Confira
alguns aspectos de sua história.
1957 - Concluiu o curso de Licenciatura
em Filosofia em Quito;
1964 - Obteve o título de Teologia em
Innsbruck, na Áustria;
1957-60, 1966-76 - Desempenhou vários
cargos, inclusive foi reitor do Colégio Externado de San José, em El Salvador;
1970-76 -Decano da Faculdade de Ciências
do Homem, na UCA;
1978 - Concluiu o doutorado em
Antropologia Social em Madri;
1978-82 - Foi chefe de redação da
revista Estudios Centroamericanos (ECA);
1985 - Fundou e coordenou o Instituto de
Derechos Humanos - IDHUCA. Pesquisou sobre direitos humanos e denunciou muitas
situações de refugiados.
Joaquín
López y López (1918 – 1989)
Joaquin López y López nasceu em
Chalchuapa, em El Salvador, no dia 16 de agosto de 1918. Iniciou seus estudos
em Santa Ana e os concluiu em Santa Tecla, em El Salvador, no ano de 1938.
Nesta mesma data, entrou para o noviciado da Companhia de Jesus, em El Paso, no
Texas, EUA. Formou-se em Ciências Humanas e Filosofia em meados da década de
40. Retornou para a América Central e permaneceu por alguns anos no Colégio
Externado, em El Salvador. Em 1949, mudou-se para Saint Mary’s, no Kansas, onde
estudou Teologia. Enviado para a Espanha em 1951, foi ordenado sacerdote no ano
seguinte. Ficou conhecido pela fala: “Se teus projetos são para cinco anos,
semeie trigo; se são para dez anos, semeie uma árvore; mas se são para cem
anos, eduque o povo”. Conheça outros aspectos da vida de López y López.
1961 – Coordena a construção da Capela
do Colégio Externado de San José;
1964 – Trabalhou na campanha de
aprovação da lei de universidades privadas;
1969 – Fundou e coordenou a "Fe y
Alegría", um movimento de educação popular integral, o qual dirige setores
empobrecidos e excluídos da sociedade. A organização dispõem de 30 centros educativos de 8 departamentos. O
projeto atendeu 48.000 beneficiados até 1989.
Armando
López (1936 – 1989)
Armando López nasceu em Cubo de Bureda,
Espanha, no dia seis de fevereiro de 1936. Entrou para o noviciado em 1952.
Como seus colegas jesuítas, também foi enviado à Santa Tecla, em El Salvador.
Em Quito, estudou Filosofia e Ciências Humanas na Universidad Católica e
concluiu os cursos no final dos anos 50. Foi enviado para a Nicarágua, onde
atuou como professor de matemática no Colégio Centro América de Granada. Cursou
Teologia em Dublin, na Irlanda, e foi ordenado sacerdote no ano de 1965.
Realizou seu doutorado na Universidad Gregoriana, em Roma, entre 1967 e 1968.
Nos momentos mais duros da repressão ditatorial de El Salvador, Amando López
abriu as portas do colégio para acolher famílias necessitadas, professores e
seus familiares. Confira alguns aspectos de sua vida.
1971-72 – Concluiu o doutorado em
Ciências Religiosas na França, foi reitor do Seminário San José de La Montaña;
1973 – Atuou como docente no curso de
filosofia na UCA, em El Salvador;
1979 – Foi reitor da UCA de Manágua;
1984 – Foi professor de Teologia e
Filosofia e coordenador do curso de Filosofia da UCA, em El Salvador.
Juan
Ramón Moreno (1933-1989)
Nasceu em Villatuerta, Espanha, no dia
29 de agosto de 1933. Seus primeiros estudos foram realizados em Bilbao, entre
1938 e 1943. Entrou para o noviciado da Companhia de Jesus de Orduña, em 1950,
e, um ano depois, foi transferido para Santa Tecla. Estudou Ciências Humanas e
Filosofia e foi ordenado sacerdote em Saint Mary’s, no Kansas, EUA, em 1964. No
ano de 1958, ao concluir os estudos em Quito, retornou para a Nicarágua, onde
foi professor de química no Colégio Centro América de Granada, na Nicarágua.
No início dos anos 1980, Moreno
participou com entusiasmo na campanha de alfabetização da Nicarágua. Também foi
especialista em moral e fez uma síntese entre as ciências e a moral, unindo
bioética com a moral cristã. Confira mais alguns aspectos da vida de Moreno.
1965 – Concluiu o curso de Teologia em
Missouri;
1971 – Iniciou sua carreira como docente
na UCA, em El Salvador;
1976-80 – Fundou e coordenou o Centro
Ignaciano de Centroamérica no Panamá;
1980 – Coordenou o Instituto de Ciências
Religiosas na Nicarágua;
1985 – Ensinou Teologia na UCA,
organizou a biblioteca do Centro de Reflexión Teológica, supervisionou a
construção do Centro Monseñor Romero.
Elba
y Celina Ramos
Elba nasceu em Santiago de Maria, no dia
5 de março de 1947. No final da década de 1960, ela conheceu seu esposo
Obdulio. Durante alguns anos, eles viveram em uma fazenda, nos arredores de
Santa Tecla, El Salvador. No ano de 1973, nasceu Celina, a terceira filha do
casal – o primeiro filho nasceu morto e o segundo faleceu meses após o
nascimento. Até 1985, a família morou em diferentes regiões de El Salvador,
sempre em busca de empregos que garantissem melhores condições de vida. Neste
ano, Elba trabalhava como cozinheira na residência dos jesuítas, em Antiguo
Cuscatlán, município de El Salvador. Quatro anos mais tarde, em 1989, Obdulio
conseguiu um emprego como jardineiro da UCA. Ambos trabalhavam com os jesuítas
e moravam numa casa recém-feita, junto ao portão de entrada da residência, na
avenida Eistein, em El Salvador.
No dia 16-11-1989, Obdulio foi o
primeiro a encontrar o corpo da esposa, da filha e dos jesuítas assassinados
por paramilitares do Exército salvadorenho.
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Artigos do Frei Petrônio de Miranda
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06:43
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quarta-feira, 28 de outubro de 2015
CARMELITAS DESCALÇOS: Um olhar Profético.
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
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05:25
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Comunidade: Compartilhando a experiência de Deus
FREI JOSEPH CHALMERS, O. CARM.
Comunidade ou
fraternidade é um aspecto essencial da nossa vocação Carmelita. Nós todos
sabemos isto, mas todos temos consciência que a vida comunitária está longe da
perfeição (de ser perfeita). Nós sabemos que na Ordem há toda sorte de
interpretações a respeito da natureza da comunidade. Nós temos comunidades que
rezam juntas, comem juntas e recreiam juntas tudo se baseando na regra (tudo
numa base regular). Nós temos outras comunidades onde os membros nunca rezam
juntos e raramente se encontram exceto quando se cruzam pelo corredor (passam
um pelo outro no corredor). Nós temos comunidades grandes e comunidades
pequenas de dois (de duas pessoas). Outros carmelitas vivem
sozinhos ou por escolha pessoal ou devido a uma particular determinação
apostólica de sua Província.
Eu
não vou expor nenhum modelo particular de comunidade. Eu acredito que a Ordem
necessita expressar uma variedade de estilos de vida comunitária. Isto
acrescenta à riqueza da Ordem (isto enriquece a Ordem). Na Ordem
nós temos diferentes pessoas com diferentes necessidades e diferentes
expectativas e então é bom Ter diferentes estilos para responder a estas
diferenças na natureza humana.
Em
vez disso, eu gostaria de olhar o por que da vida comunitária, apesar se ser
uma parte essencial de nossa vocação nem sempre traz grande alegria aos membros
e por que é compreensível que algumas pessoas possam procurar evitar viver em
comunidade.
O
subtítulo da Ratio é “Uma Jornada de transformação” e que descreve bem a meta
da vida Cristã. Nós estamos para ser transformados em Deus e esta transformação
deve pelo menos começar (já começar) durante nossa existência
terrestre. Nós não somos transformados por nós mesmos, mas nos e através de
nossos relacionamentos (relações) com as outras pessoas. O ser
humano necessita um do outro; este é o caminho que nós fizemos e é através da
interação com outros seres humanos que nós crescemos emocionalmente.
Tradicionalmente a vida eremítica é considerada perigosa para iniciantes e que
somente os avançados espiritualmente poderiam tentar viver este tipo de vida (?).
Apesar do fato que a interação com o outro ser humano seja essencial para a
saúde emocional, espiritual, e psicológica, ela freqüentemente causa grandes
problemas. Algumas pessoas poderiam causar problemas até mesmo numa casa vazia (?)!
O problema, eu penso, repousa na estrutura da natureza humana, que é falha. Os
escritores bíblicos contam-nos a estória da Queda para explanar a triste
situação da humanidade. Teólogos através dos tempos tentaram encontrar uma
explicação adequada para o problema. Eu estou sugerindo uma possibilidade e
neste caminho (deste modo) talvez entender mais o que pode ser
feito a respeito do problema.
Nós
nascemos dentro de um mundo decaído. Como nós viemos ao mundo, nós assumimos a
condição humana que significa que nos experimentamos como separados de Dhheus,
que é a fonte de todo ser, e fora de quem o coração humano não pode ter (finalmente)
nenhuma felicidade. A jornada espiritual é o retorno à nossa Fonte. (Assim)
nossos corações estão sem descanso até que eles encontrem seu descanso em Deus.
Ao nascermos nós estamos não completamente formados e a habilidade de usar a
razão chega lentamente. Um bebê é indefeso e assim é necessitado de amor, de
sentimento de segurança e ter suas necessidades básicas satisfeitas. O coração humano, embora mesmo no
corpinho de um bebê é uma imensa caverna. O coração humano e feito por Deus e
somente Deus pode completamente e finalmente satisfaze-lo. As necessidades de
um bebê por amor, por segurança e por sobrevivência são infinitas e nem pais,
por mais maravilhosos que sejam, podem satisfazer completamente estas
necessidades. Como uma criança cresce, ele ou ela começa a compensar por aquilo
que é sentido como falta (carência).Objetivamente uma criança
pode parecer ter tudo mas é a experiência subjetiva que é importante. Se eu de
fato não me sinto amado, não me sinto seguro, não sinto algum controle do meu
ambiente, (whatever the reality might be), eu encontrarei
caminhos para compensar por aquilo que eu sinto que está (faltando).
Muito rapidamente a criança desenvolve pequenos caminhos de buscar afeto, de
ganhar controle de sua vida e ficar segura (making sure) que ele
ou ela sobreviverá em todas as circunstâncias. Isto que a criança “acredita” a
nível profundo trará felicidade Com
a chegada da razão, esta faculdade é usada para dar suporte aos caminhos que o
indivíduo encontra para obter felicidade (?). A família e o background
familiar também dão suporte a estes métodos compensatórios, por exemplo, se
“meu pai é maior que o seu pai”, ou se “minha escola é melhor que a sua
escola”, ou se “o meu pais é melhor que o seu pais”, ou se “a minha Ordem é
maior que a sua Ordem”, ou se “a minha religião é melhor que a sua religião”,
eu sentirei segurança, felicidade e mais
no controle da minha vida. Estes caminhos de busca de felicidade podem ser
chamados de falso eu (falso self).
Eu
acredito que o conceito de falso eu é crucial para a jornada espiritual. O chão (ground) de todo ser é
Deus. Deus é a fonte do meu verdadeiro eu. O falso self é à parte de mim que se
sente (?)separada de Deus e que então busca felicidade em
caminhos que nunca satisfarão. A jornada espiritual envolve a (implica
na) morte do falso eu e o nascimento do verdadeiro eu. O falso eu é
fundamentalmente autocentrado (self-centred), buscando fortalecer
(bolster) o ego frágil em (por) todos os caminhos
possíveis. O falso eu se desenvolve em qualquer ambiente e procurará
rodear/cercar-se a si mesmo com símbolos de estima, segurança e controle que
são buscados (prized) no ambiente. Conseqüentemente em uma
sociedade rica, uma pessoa pode procurar cercar-se com carros, ou roupas caras;
em um ambiente pobre, o indivíduo pode sentir-se melhor se ele tem uma galinha
quando o seu vizinho não tem nenhuma. Apesar (whatever) da
situação (das diferenças), o processo é o mesmo (?).
O
que tudo isto tem a ver conosco? Deixem-me contar uma estória para tentar
explanar. Era uma vez, havia um jovem rapaz de uma família católica, mas este
jovem tornou-se relaxado em sua prática religiosa (de fé) e
deu-se aos prazeres do mundo. Apesar de ir à igreja ele freqüentava bares. Toda
noite juntava-se com seus amigos em um bar e bebia muita cerveja. Um por um se
seus amigos cairiam de bêbados, mas este jovem rapaz era muito forte e tinha
muita capacidade para o álcool. Seu maior prazer era sair do bar ao final da
noite e deixar seus amigos bêbados caídos ao chão. A mãe deste jovem nunca
cessou de rezar por ele e um dia suas orações foram ouvidas (encontraram
resposta). Ele estava de repente convertido de volta a Deus. Ele foi
confessar-se e começou a ir à igreja todos os dias. Logo, ele estava
insatisfeito com isso e queria fazer mais por Deus. Então ele finalmente se
tornou um monge trapista. Ele era um modelo de monge e ninguém poderia (conseguia)
encontrar nele falta alguma. Quando chegou a quaresma, começou o grande jejum
monástico. Os monges comem somente pão e água durante o dia (throughout).
Naturalmente, os monges idosos e doentes recebiam permissão especial para comer
um pouco extra - alguma carne ou ovo. No
transcorrer (?) da quaresma, gradualmente, um por um dos monges
foram sucumbindo (?) - e a cada um foi dada uma permissão
especial para comer um pouco extra.
Todos, exceto um. Nosso jovem amigo assumiu o jejum monástico
perfeitamente. Ao final da Quaresma, ele olhou ao redor no refeitório aos seus colegas
monges e experimentou o mesmo sentimento que costumava ter quando se levantava
do bar deixando seus amigos deitados (?) no chão. Ao invés de
beber seus amigos debaixo da mesa, ele agira estava jejuando-os debaixo da
mesa. O jovem rapaz tinha mudado o grande objetivo de sua vida, mas seu coração
não mudou. Lá estava um coração mundano batendo sob um hábito religioso.
O
falso eu muito facilmente se adapta à Vida Religiosa e está/sente-se (?) muito
em casa nesse ambiente. Por isso os religiosos, sob a dominação/ Domínio do
falso eu, procurará felicidade colhendo (?) os símbolos de estima, segurança, e
controle que são prevalentes na Vida Religiosa. É de se esperar que todos
superiores e formadores estejam livres do falso eu, mas eu não apostaria muito dinheiro
nisso! É possível buscar tais posições de autoridade porque elas oferecem o que
o falso eu procura (?).\ - estima, segurança, e controle.
O problema com o falso eu é que suas
motivações nos estão escondidas a menos que nós levemos seriamente o chamado de
Cristo para segui-lo na jornada espiritual. O seguimento de Cristo conduz
inevitavelmente à cruz. Nossa tradição carmelitana fala da noite escura. Em
vista de que o verdadeiro eu, feito à imagem e semelhança de Deus, possa
nascer, o falso eu deve morrer. Isto naturalmente envolve abraçar a cruz e
passar através da noite escura. Uma parte da escuridão é causada/provocada (?)
quando começamos a ver que nossa motivação não era tão santa quanto nós
pensávamos que era e quando nós começamos a compreender/entender como é difícil
muda-la.
Contemplação
não é simplesmente um elemento do carisma Carmelitano entre outros. Ele é o
elemento que sustenta todos os outros juntos. Ser um contemplativo quer dizer
tomar a sério o chamado de Jesus para segui-lo. E ser/estar/estando (?)
preparado para perder a própria vida em vista de recebe-la de volta das mãos de
Deus. Contemplação não é um prêmio por ser muito santo; ela é uma necessidade
(?) em vista de ser verdadeiramente santo, (???) isto é, ser parecido com Deus.
O contemplativo é um amigo maduro de Jesus Cristo e está querendo (desejando !)
livrar-se do falso eu para que o verdadeiro eu possa nascer. A purificação e
transformação, que ‘e parte do processo contemplativo, vai sempre (?) mais
profundo se nós estamos querendo cooperar. O falso eu está intervolvido (?)na
própria (?) estrutura do nosso ser e então o processo de purificação é um longo
processo (?). Um amigo meu usa o exemplo de uma mulher tricotando uma roupa.
Quando ela está quase pronta, ela percebe que no meio da peça, há um ponto
errado. O que ela faz? Ela pode deixa-la como está com o ponto errado no meio
ou começar a desfazer tudo. Deus escolhe último processo (?) porque cada um de
nós é para ser uma perfeita obra de arte. O desfazer é a experiência da noite
escura em suas várias fases.
Os
irmãos com os quais nós vivemos em comunidade são presentes de Deus para nós
porque eles terão uma grande parte a desempenhar em nossa purificação. Nós nos
tornamos conscientes do nosso falso eu, através do relacionamento com outras
pessoas, nossos programas (?) por felicidade recebem interferências. Quando
nossos desejos por estima, segurança e controle são frustrados nós temos uma
reação emocional. Se nós nos permitimos nos tornar conscientes do que estamos
sentindo e por que nós começaremos a aprender/perceber quais são as nossas
reais motivações, lembrando que (a less than pure motie may lie hidden
under a veneer of piety). Minhas emoções me ensinarão muito se eu estou
querendo aprender.
Nenhum
de nós é perfeito e todos nós podemos fazer o melhor de acordo com as
circunstâncias. Embora isto seja muito importante ter em vista para sermos
fiéis à nossa vocação, a qual conduzir-nos-á ao deserto onde nós teremos que
deixar todos os nossos suportes em vista de ouvir a voz de Deus que fala aos
nossos corações. De acordo com a Regra nós devemos colocar a armadura de Deus
em vista de proteger-nos do inimigo. No deserto, nós ficamos face a face com o
nosso eu; na luta, pode ficar um só vitorioso. O falso eu é covarde e não quer
lutar e então fará tudo que pode para esconder-se e não vir à luz (não
ser revelado/deixar-se revelar). O falso eu se desenvolve na escuridão
porque ele pertence às trevas, mas nós somos filhos da luz e na luz o nosso
verdadeiro eu crescerá. Nós nos tornarmos conscientes de que todos os velhos
caminhos de busca da felicidade foram condenados ao fracasso e que nossos
corações podem estar satisfeitos somente em Deus e por Deus.
É
vital para nós começar a reconhecer quando o nosso falso eu está trabalhando e
fazer alguma coisa a respeito. Isto é um verdadeiro ascetismo - muito mais
difícil e muito mais frutuoso do que parar com o açúcar na quaresma! Nós
podemos nos tornar conscientes levando uma vida reflexiva e ouvindo nossas
emoções. Talvez ao final do dia, nos possamos olhar para trás para a nossa
experiência e perguntar se a causa de uma upset emocional era honestamente
raiva ou porque meu desejo por felicidade foi frustrado. Gradualmente nós
podemos começar a notar o falso eu trabalhando imediatamente. Tão logo quanto
nós nos conscientizamos da influência do falso eu, nós podemos oferecer a Deus
nossos sentimentos frustrados e pedir a Deus para que complete o que falta ( a
lacuna!) com o Seu amor.
A Ratio nos lembra que de acordo com a nossa
Regra, nós somos para viver nossa vocação contemplativa juntos, em comunidade,
não de forma individualista (34). Viver em comunidade é pretender ajudar-nos
(reciprocamente) a tormarno-nos amigos maduros de Jesus Cristo. Isto ajuda
imensamente se nós estamos desejando aceitar o que nós aprendemos a respeito de
nós mesmos por meio de nossa interação com os outros. Eu digo que o falso eu
sedesenvolve na escuridão (nas trevas). Uma comunidade orante (SHED LIGHT ON) identificará
o falso eu rapidamente. Nós descobriremos que nós não somos verdadeiramente
muito pacientes e tolerantes (AFTER ALL). Nós descobriremos a raiva que não
sabiamos que possuíamos. Ser casado envolve o mesmo processo só que de um jeito
diferente. (RELATING) Compartilhar com outras pessoas (BRING OUT) manifesta o
falso eu. O fenômeno do santo fora de comunidade e diabo dentro dela é
facilmente entendido quando nós olhamos para isto a partir da perpectiva do
falso eu. Com os de fora, se pode manter uma distância e o falso eu não será
facilmente percebido mas vivendo numa proximidade intensa com os outros
significa que nossos traços negativos se tornam óbvios muito rapidamente.
Viver
em comunidade nos ensinará muito sobre nós mesmos se nós estamos querendo
aprender. Este é, naturalmente o maior problema. Esta é uma grande tentação:
acusar os outros pelos problemas na comunidade. Nós frequentemente projetamos
nossos próprios problemas nos outros. Nós podemos escapar da verdade que nos é
apresentada simplesmente nos afastando da vida comunitára e nos tornando
individualistas Nossas emoções são nossas maiores amigas, elas nos dirão, se
nós escolhemos aceitar, quais são nossos verdadeiros valores. se nós estamos
com raiva comm a nossa comunidade ou algum membro em particular, é possível que
nossa raiva seja plenamente justificada, mas isto é muito provavelmente que a
fonte seja algum problema (questão assunto) interior não resolvido. O falso eu está procurando por infinita soma
de estima, segurança e controle e enquanto estas necessidades não são
satisfeitas, ela não será feliz (AT ALL). Só porque nós dizemos algumas orações
volta e meia e lemos um pouco a Escritura, não quer dizer que nosso falso eu
está morto. Longe disso! A morte do falso eu, eu acredito, é o que Jesus está
falando no evangelho quando Ele nos fala que aqueles que querem salvar suas
vidas perdelas-hão e somente aqueles que estão preparados para perder sua vida
por Ele e pelo seguimento do Evangelho, salvalas-hão.Toda a jornada espiritual é
uma luta com o falso eu até que nós sejamos transformados finalmente em Cristo.
Eu não penso que nós deveriamos reivindicar sermos transformados rápido demais!
Um
jeito de ir superando algumas questões do falso eu é receber aconselhamento e
terapia. estes podem ser de muita ajuda mas elas não colocarão o falso eu à
morte por si mesmas. Esta é uma questão espiritual e ainda que nós possamos nos
valer das contribuições da moderna psicologia para ajudar-nos, elas não
oferecerão a resposta completa. A resposta final é seguir Jesus Cristo até a cuz e além até a
ressurreição.
Nós
estamos lembrado na Ratio (35) que diariamente reunidos para a Eucaristia e a
Liturgia da s Horas, na qual nos movemos das celas individuais para o oratório,
é símbolo do constante esforço para sair do nosso isolamento e ir ao encontro
dos outros em vista de construir comunidade com eles. Se diz que a Eucaristia
transforma indivíduos em irmãos. Isto é verdade em teoria mas a Eucaristia não
faz mágica. Isto requer nossa ativa cooperação e compromisso com o que a
eucaristia significa. O fato que um acomunidade reza junto é obviamente uma boa
coisa, mas celebrar a Eucaristia e o Ofício Divino juntos cada dia isto não faz necessariamente uma comuunidade
orante. Os membros devem permitir que a oração comunitária faça o seu trabalho.
Eles devem usar a "força proporcionada pela Palavra e pelo Pão (Ratio 35)
para continuar a luta com o falso eu assim ele não irá projetar seus próprios
prlblemas internos na comunidade e assim eles poderão retornar com o coração
purificados para a comunidade.
Todas
a sugestões nas Constituições a respeito da vida comunitária, com encontros
comunitários regulares, são de grande ajuda e proporcionam um caminho seguro
para uma comunidade saudável. Claro que encontros comunitários são uma arena
onde o falso eu pode realmente tornar-se muito ativo. Os membros da comunidade
estão todos em diferntes estágios de maturidade psicológida e espiritual e a
não realização de encontros comunitários será perfeito. É importante não
abandoná-los por causa das dificuldades, um encontro comunitário regular é
ummeio de sanar as dificuldades na vida comunitária e de dar aos
indivíiduos o espaço e o tempo par ex
pressar o que eles sentem. Se o encontro comunitário é acontece só raramente,
isto pode ser (EVEN MORE) ainda mais difícil do que precise ser porque os
irmãos tentam expressar todos os seus desabafos em um pequeno espaço de tempo
uma vez que em outra oportunidade pode não apresentar-se a si mesmo. Eu lembro a vocës que desde o começo a
comunidade ou fraternidade é um aspécto essencial da vocação Carmelitana. Ela é
por simesma parte da nossa missão e serviço para a Igreja e para o mundo.Ela
presta testemunho para o mundo no qual o individualismo é abundante que
comunidade verdadeira é possível, embora nos tenhamos que lutar e nunca chegaremos à comunidade perfeita.
Vocês
são responsáveis por formar Carmelitas para a vida comunitária. Naturalmente há
toda sorte de hábitos humanos que os indivíduos devem desenvolver em vista de
viver de modo feliz em comunidade e em vista de se tornarem pessoas com quem os
outros possam viver felizes. Contudo, esse pode nunca ser o foco total a
formação para a vida comunitária. A menos que uma séria atenção seja dada para
superar os problemas do falso eu, a principal dificuldade na via comunitária
permanecerá intocada.
Como
carmelitas nós somos membros de uma fraternidade internacional. Nós viemos de
muitas e diferentes regiões e culturas e nós estamos ligados(vinculados) por
uma espiritualidade comum. O desafio expresado diante de nós nas Constituições "A
vida fraterna modelada na comuniodade de Jerusalém é uma encarnação gratuita do
amor de Deus, internalizada através de um processo contínuo pelo qual nós
esvaziamo-nos de todo egocentrismo -que pode afetar tanto grupos tanto quanto
indivíduos- assim nos movemos em direção à autëntica centralidade em Deus. Neste
caminho nós expressamos a natureza carismatica e profética da vida consagrada
Carmelitana
(MOVENDO MESCLANDO) harmoniosamente nele
o carisma pessoal de cada membro,
no serviço da Igreja e do mundo"
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Artigos do Frei Petrônio de Miranda
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segunda-feira, 26 de outubro de 2015
AMIGOS
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Artigos do Frei Petrônio de Miranda
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“No clero católico há muitos homossexuais reprimidos que odeiam quem é gays como eles”. Entrevista com Krzysztof Charamsa
O padre e teólogo
polonês, Krzysztof Charamsa, acaba de protagonizar uma das “saídas do armário”
mais clamorosas da história do Vaticano. Morando em Barcelona, faz, nesta
entrevista exclusiva, uma duríssima acusação contra a Congregação para a
Doutrina da Fé e seu prefeito, o cardeal Müller, a quem acusa ser homofóbico e
de tentar “sabotar o pontificado de Francisco”. A entrevista é de José Manuel
Vidal e publicada por Religión Digital, 23-10-2015. A tradução é de André
Langer.
Eis a entrevista.
Você foi feliz durante os seus anos de sacerdócio?
Sim, eu sempre fui um
padre feliz. Sinto-me feliz servindo as pessoas, ouvindo e aconselhando as
pessoas. Estou feliz quando comunico a palavra e a graça de Deus. Mas, ao mesmo
tempo, não me sentia feliz pela negação imposta pela Igreja à minha natural orientação
sexual. Estes dois sentimentos, no sacerdócio, entravam em conflito. Ao final,
prevaleceu a infelicidade causada pela homofobia da Igreja. Compreendi que para
ser um padre feliz, devo dizer à minha Igreja que está paralisada pela
homofobia, e isto não faz ninguém feliz.
Você é a favor do celibato opcional na Igreja católica? Por
quê?
Sim, à luz dos meus
estudos sobre o celibato, hoje estou convencido de que a única disciplina que
se poderia aceitar é a disciplina do celibato opcional, assim como a
encontramos nas Igrejas católicas orientais, onde os candidatos ao sacerdócio
podem realmente decidir se querem viver como celibatários ou como casados. Há,
no entanto, outro problema. Penso que hoje em dia deve-se também discutir e
rever o valor humano do celibato. O celibato obrigatório, imposto na Igreja
latina, sem possibilidade de decidir, é, sem dúvida, uma prática desumana.
Devemos confrontar a disciplina do celibato com o estado das ciências modernas
sobre o homem e com a experiência dramática de muitos padres. A Igreja, muitas
vezes, esconde uma dupla vida em sua corporação do clero.
Você foi chamado de “traidor” por ter saído do armário e
ter rompido seu compromisso celibatário?
Seria um traidor se
continuasse no armário. Só assim seria um traidor de Deus e da humanidade.
Seria um mentiroso. Eu não traí ninguém. Eu me libertei da paranoia homofóbica
da Igreja, que é irracional e absurda, e incapaz de refletir, porque está cheia
de um adoutrinamento ideológico. Pessoalmente, vejo que quem trai é a Igreja,
como comunidade de fiéis e como hierarquia, porque não é capaz de rever uma
posição que já não pode continuar defendendo. Esta traição é muito clara na
Congregação para a Doutrina da Fé e no Vaticano em geral.
Traição é também a
dupla vida de uma parte do clero. A dupla vida para mim não significa apenas
ter um cônjuge, homem ou mulher, que é uma realidade muito saudável e
recomendável para um padre. Dupla vida é também masturbar-se regularmente ou
ser dependente da masturbação, como são muitos padres, e ao mesmo tempo lutar
contra a masturbação, que faz parte de uma vida sexual a dois saudável.
A Igreja prega misericórdia, mas segue perseguindo os
homossexuais?
Sim, há uma
verdadeira perseguição por parte da Igreja católica tanto das pessoas como da
comunidade LGBTI em geral. É a perseguição das minorias sexuais que não
pertencem e não podem pertencer à maioria heterossexual. Trata-se de um projeto
ideológico da Igreja. Minha Igreja permite-se afirmar que deve lutar contra os
homossexuais assim como lutava contra o nazismo. Comparam-nos com os nazistas,
os inimigos da humanidade. Esta afirmação saiu da boca do cardeal africano
Sarah bem no meio do Sínodo, que em vez disso deveria pensar com misericórdia
sobre as famílias. A Igreja está obcecada pela homossexualidade, assim como com
a sexualidade humana em geral.
Infelizmente, neste
momento da Igreja não há pessoas capazes de abrir uma discussão séria, livre de
qualquer ideologia ditatorial. O nível intelectual e espiritual dos pastores em
geral não é muito elevado. Assim, faltam interlocutores com os quais se poderia
confrontar na Igreja. Esta é a minha experiência na Congregação para a Doutrina
da Fé: um adoutrinamento frio e cego, um legalismo automático, cheio de
farisaísmo insensível. Com quem se poderia discutir na Igreja as questões
humanas se a Igreja permite as palavras de Sarah? Ele deveria ser denunciado
por difamação de um grupo social. A Congregação para a Doutrina da Fé pensa
como Sarah. Estão obcecados pela homossexualidade.
Há alguns dias o cardeal Kasper dizia que “nasce-se
homossexual”. Era a primeira vez que eu ouvi isso de algum hierarca da Igreja.
E você?
Sim, é verdade, creio
que pela primeira vez. O cardeal Kasper é uma das poucas pessoas que pensa na
Igreja. Não compartilho sua posição sobre o juízo moral em relação aos atos
homossexuais realizados por pessoas homossexuais seguindo sua própria natureza.
Parece-me que ele, por um lado, defende que se nasce homossexual, mas ao mesmo
tempo exclui estas pessoas da possibilidade de amar, possibilidade reservada
apenas às criaturas heterossexuais. É contraditório. Em outras palavras, se é
verdade que “se nasce homossexual”, como ele disse, então os católicos têm um
problema com a questão homossexual. Devem refletir novamente sobre todo o tema
da orientação sexual e, na sequência, rever a doutrina moral à luz desta
reflexão.
Não obstante esta
frase, parece-me que o cardeal Kasper segue a infeliz teoria da
complementaridade homem-mulher. Trata-se de uma verdadeira construção mental
católica, que já foi provada como teoricamente frágil, para não dizer falsa.
Infelizmente, o termo “complementaridade” converteu-se em um slogan com o qual
a Igreja quer eliminar a discussão sobre pessoas homossexuais como criaturas de
Deus em vista do amor.
Assim, a Igreja
promove também uma falsa imagem homofóbica das pessoas homossexuais, como
naturalmente incapazes de amar. Dessa maneira, promove também o ódio na
mentalidade das pessoas contra as pessoas LGBTI, as quais são apresentadas como
anormais. Trata-se de uma posição ideológica de uma Igreja que tem medo de
pensar. Estou seguro de que isto vai passar e no futuro a Igreja pedirá perdão
por este atraso. Este tipo de erro se repete continuamente na história da
Igreja.
Voltando ao cardeal
Kasper: ele é um cristão que pensa, com quem se pode discutir. Há também outros
como ele: como o cardeal Schönborn, o cardeal Marx, dom Forte ou dom Bonnyt,
para citar alguns, e sem esquecer o Papa Francisco. São homens de Deus e da Igreja,
sensíveis, fiéis, capazes de conhecer a humanidade e de dialogar com ela. Mas a
maioria está obcecada, incapaz de pensar e de amar, como o cardeal Sarah. A
estigmatização promovida pela maioria é uma arma.
A espiritualidade e a sensibilidade atraem os gays para o
altar? Há mais homossexuais na Igreja do que em outras instâncias sociais?
Pessoalmente, estou
seguro de que sim. Muitas vezes, no passado, ser padre para um homossexual era
a maneira de esconder sua homossexualidade e realizar-se socialmente. Hoje,
provavelmente, essa razão funciona apenas em sociedades homofóbicas e
retrógradas. Imagino que na minha pátria, a Polônia, ainda é assim. Penso que
hoje em dia é muito mais frequente que um gay, com sua sensibilidade e com sua
abertura ao transcendente e ao divino, queira ser padre.
E na cúria, há muitos gays? É verdade que existe um lobby
gay vaticano do qual se costuma falar?
Neste campo também
posso falar apenas da minha experiência. Não temos estudos sobre a presença de
pessoas homossexuais no clero, porque é um tabu, um tema sobre o qual não se
deve falar. Na cúria há muitos gays. Muitos deles são bons padres, se não são
homofóbicos, se não pensam apenas em sua carreira, se não se preocupam apenas
com o dinheiro e o poder. O problema aparece quando os gays são homofóbicos
internalizados. No clero católico há muitos homossexuais que, reprimidos por
sua própria orientação, odeiam que é gay como eles.
Outro tema é o lobby
gay, que eu não conheci. Li algo sobre isso na Itália, mas não tive nenhuma
experiência. Pode ser que exista este lobby, como existe o lobby italiano ou
polonês no Vaticano. O Vaticano, o coração da Igreja, é uma mistura de lutas
pelo poder, pela política e pelo dinheiro. Penso também que o Vaticano é um
lobby em nível italiano e internacional que impõe coisas que jamais foram
estudadas seriamente.
A Doutrina da Fé é um dicastério especialmente homofóbico?
E seu chefe máximo no dicastério, o cardeal Müller?
Sim, a Congregação
para a Doutrina da Fé é o coração de uma homofobia paranoica e irracional. Nela
não há possibilidade de conhecimento nem de diálogo. Funciona por estereótipos.
Eu tinha a impressão de que nós, na Congregação, não promovemos a fé em Deus,
não nos ocupamos de cristologia ou mariologia; apenas lutamos contra os gays e
outras minorias sexuais. É uma obsessão. Esta é a nossa verdadeira fé: a
paranoia anti-gay. Nada mais. É o nosso tema preferido. Há reuniões em que de
cada três casos que tratamos, dois são contra gays. Inventamos para nós um
inimigo imaginário e lutamos com todas as nossas forças contra ele. O chamamos
de “nossa guerra contra o gender”. Ali não se pode discutir, pensamos que esse
gender só promove mudanças de sexo. Esse é o nível de paranoia que reina na
Congregação.
O cardeal Müller
promoveu toda esta ignorância, este extremismo, esta obsessão entre os
oficiais, sem nenhum tipo de raciocínio. Em vez de promover estudos, a
Congregação é a agência política de sabotagem do pontificado do Papa Francisco
e sua discussão sinodal. É a agência que luta contra o gender, termo que não
sabe definir. O que realmente importa é usar a palavra gender de uma forma que
assuste as pessoas, não importa que não se tenha lido um único livro sobre
estudos de gênero. A homofobia e a misoginia (a verdadeira feminofobia, um
complexo ou ódio contra a mulher) obsessivas são um drama para esta
Congregação, cujos membros não todos são heterossexuais. Como em todas as
partes, há homossexuais. A realidade é que a Congregação odeia os gays, mesmo
havendo dentro dela pessoas que se sabe são homossexuais.
A Congregação para a Doutrina da Fé é uma das principais
peças de resistência na cúria à primavera de Francisco?
Sem dúvida alguma. A
Congregação vive seu período mais obscuro. O que mais importa é manter oculto o
nosso tabu: a homossexualidade e a sexualidade em geral. Com a primavera de
Francisco, a Congregação tem um novo inimigo. Ao lado dos gays, há o Papa
Francisco. Junto com a homofobia aparece uma “Francisco-fobia”. O desprezo pelo
Papa na Congregação é muito grande. Pelas coisas que eu ouvi sobre o Papa
Francisco na Congregação, esta deveria ser denunciada por ofender o primado de
Pedro. No passado, nós destruímos carreiras de teólogos que refletiam com
respeito e inteligência sobre novas formas de exercício do primado. Agora a
Congregação é contra o Papa e seu primado de uma maneira irracional.
Varias pessoas que
trabalham na Congregação são simplesmente fundamentalistas e seu nível
intelectual não é tão elevado quanto sua presunção de ser “salvadores deste
mundo delinquente”. Dentro dela não há nenhuma possibilidade de discussão.
Pessoalmente, não tenho nenhuma dúvida de que o prefeito da Congregação, de uma
forma digna e com honra, deveria renunciar após a minha coming out. Para salvar
a situação, a Congregação deveria ser fechada pelo Papa para começar sua
renovação quanto aos métodos de promoção da fé na Igreja. Atualmente, segue
sendo a Inquisição. Está vazia de argumentos racionais e cheia de emoções
paranoicas, como aquelas expressadas abertamente pelo cardeal Sarah.
Por que não falou com o Papa antes de anunciar publicamente
sua situação?
Falei com todas as
pessoas com as quais se podia falar. Falei com todas aquelas que poderiam
entender a situação desumana de hipocrisia e falsidade da Igreja de Roma, que
não são muitas. A situação atual é um escândalo institucionalizado. Mais que
anunciar publicamente a minha situação, anunciei a situação da Igreja na qual
vivi. Isto é muito diferente. Graças a Deus já não é mais o meu problema.
Libertei-me do escândalo desta Igreja que anunciei publicamente. Queria ajudar
para que a Igreja despertasse, oferecendo o testemunho da minha experiência no
Vaticano. Alguém deveria dizê-lo claramente.
Não lhe parece que o Vaticano reagiu rápida e energicamente
com você, ao passo que não faz o mesmo com os padres pederastas?
A reação foi
automática. O automatismo legalista e formalista é a alma da Igreja católica
diante daquele que lhe diz a verdade, apesar de que o Papa Francisco
continuamente fale contra os formalismos legalistas.
É verdade também que
muitos casos de padres pedófilos foram e são tratados de um modo diferente, não
tão energicamente. A pedofilia é uma vergonha do clero católico. Está relacionada
com a imaturidade sexual de seus membros. Não é influenciada pelo mundo, como
afirma obsessivamente a Igreja. É o resultado de uma obsessão provocada por uma
sexualidade reprimida, não aceita, rechaçada.
Também é verdade que
em vários níveis da Igreja a pedofilia continua sendo protegida para salvar sua
imagem e não indenizar pelos danos causados. Vou lhe dar um exemplo. No final
do verão passado, na prisão do Vaticano morreu o núncio polonês, o arcebispo
Wesolowski, julgado pela Congregação como pedófilo. Este homem teve um enterro
que durou 10 dias, entre o Vaticano e a Polônia. Dez dias de enterro de um
prisioneiro que já foi julgado por um tribunal eclesiástico por abusos de
pedofilia. Este enterro começou com uma missa celebrada pelos colaboradores
mais próximos do Papa e terminou ao final de 10 dias na Polônia, com uma
leitura de uma carta em que se dizia que as acusações de sua pedofilia eram
invenções da máfia da República Dominicana. O Vaticano permitiu todo esse
espetáculo, em vez de pensar em como indenizar imediatamente as vítimas desse
bispo pederasta. Vendo tudo isso, pode-se chegar à conclusão de que existe um
lobby pedófilo no Vaticano. Sim, muitos padres e bispos pederastas têm um
tratamento especial e muitos continuam livres de qualquer pena.
A esta luz, a reação
do Vaticano a um padre gay que diz a verdade é um automatismo vergonhoso. Mas
esta é a lógica da Igreja: tudo deve permanecer escondido “pelo bem da Igreja”.
Enquanto estiver escondido, não acontece nada. Para a Igreja, “o demônio” é o
padre que diz a verdade, aquele que sai à luz, que sai do armário.
Vai continuar sendo padre, vai pedir a secularização ou vão
lhe impor essa condição?
Sou e me sinto padre.
Hoje sou um padre melhor que antes. Pelo contrário, sou eu que vou pedir à
Igreja para que abra os olhos.
Pensou em escrever um livro sobre suas vivências no
Vaticano?
Sim, estou convencido
de que é meu dever explicar mais amplamente a minha experiência na Igreja, e o
farei pelo bem da própria Igreja, que deve converter-se e pedir desculpas por
seus escândalos institucionais, por seus atrasos, por sua paranoia irracional
da homofobia. Todo aquele que vê isso e o experimenta tem o dever de despertar
a Igreja, o que já ultrapassou qualquer limite suportável.
Se o Papa pedisse pessoalmente, deixaria seu parceiro e
voltaria ao Vaticano?
Não, não deixaria meu
parceiro, porque o amo e porque não há razões doutrinais para fazê-lo. Ter um
parceiro, seja homem ou mulher, para um padre não vai contra a sua fé, não vai
contra a doutrina da nossa fé. Pelo contrário, é a Igreja e o Papa que deveriam
começar a refletir seriamente sobre a desumana disciplina do celibato
obrigatório, e sua obsessão pela homossexualidade e a sexualidade em geral.
Voltar ao Vaticano?
Não, não voltaria. Deveria ser um masoquista, uma pessoa que busca o sofrimento
e a ofensa de sua própria identidade. Eu não sou masoquista. O Vaticano é um
dos lugares menos santos que conheci na minha vida. Eu quero ser feliz, quero
ser santo, o que significa ser feliz e viver à luz da vontade de Deus e da
dignidade humana. No Vaticano, a maior parte das pessoas não é feliz. É um
lugar que necessita de uma conversão espiritual e mental. Necessita do ar de
Deus, ar que ali falta.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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Igreja e homossexualidade,
José Manuel Vidal,
Krzysztof Charamsa,
Olhar Jornalístico
domingo, 25 de outubro de 2015
CARMELITAS DESCALÇOS: Um Olhar-03
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
04:54
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