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sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Lançamento em Belo Horizonte do livro: Edith Stein e a psicologia: teoria e pesquisa

MAHFOUD, Miguel & MASSIMI, Marina (Org.s). Edith Stein e a psicologia: teoria e pesquisa. Belo Horizonte: Artesã, 2013. 472p.
Debatedor: Prof. Dr. José Paulo Giovanetti
Data: 17 de setembro de 2013 (3ª feira)
Hora: 19h30
Local: Auditório Prof. Bicalho (1º andar) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Universidade Federal de Minas Gerais
Av. Presidente Antônio Carlos, 6627 – Belo Horizonte/MG
De fato, está se realizando no Brasil o que não se consegue fazer decolar na Europa, isto é, o sonho dos fenomenólogos de oferecer uma descrição filosófica do ser humano capaz de justificar sua complexidade e de fazer compreender o sentido de pesquisas especializadas que investiguem os vários aspectos sem perder sua unidade e sem reduzir pessoa a momentos específicos – o corpo ou a psique – que acabariam por ser absolutizados; mas examinar o ser humano na variedade de suas características. (do Prefácio, Angela Ales Bello)
Capítulos da obra:
Prefácio (Angela Ales Bello)
Introdução – A fenomenologia de Edith Stein fertiliza o campo da psicologia no Brasil (Miguel Mahfoud e Marina Massimi)
Parte I -Fenomenologia: fundamentos da psicologia
O significado do pensamento fenomenológico de Stein à luz do desenvolvimento da concepção de psicologia em Husserl (Sávio Passafaro Peres)
Fundamentação da psicologia enquanto ciência da subjetividade: contribuições da fenomanologia de Edith Stein (Carolina de Resende Damas Cardoso e Marina Massimi)
Contribuições de Edith Stein para a questão da (in)definição do objeto de estudo da Psicologia (Victor de Barros Malerba e Marina Massimi)
Compreender a estrutura da pessoa: diálogo entre fenomenologia e filosofia aristotélico-tomista, por Edith Stein (Marina Massimi)
Revisitando as relações entre tomismo e fenomenologia conforme o pensamento de Edith Stein (Paulo Coelho Castelo Branco e Miguel Mahfoud)
Parte II – Pessoa e sua formação
Formação da pessoa e caminho humano: Edith Stein e Martin Buber (Miguel Mahfoud)
A formação da pessoa em Edith Stein (Adair Aparecida Sberga e Marina Massimi)
Tornar-se si mesmo: elaborações a partir de Luigi Giussani e Edith Stein (Ana Cláudia Bernardes Guimarães e Miguel Mahfoud)
Núcleo pessoal e liberdade na formação da pessoa a partir de Edith Stein (Bernardo Teixeira Cury e Miguel Mahfoud)
Pessoa em ação: um percurso a partir das elaborações de Stein e Wojtyla (Yuri Elias Gaspar e Miguel Mahfoud)
Parte III – Temas em psicologia: pesquisas com base em Edith Stein
As especificidades da comunidade religiosa na obra de Edith Stein (Achilles Gonçalves Coelho Júnior e Miguel Mahfoud)
O percurso de um jovem educador compreendido à luz da fenomenologia de Edith Stein (Suzana Filizola Brasiliense Carneiro e Heloisa Szymanski)
Posicionamento pessoal, continuidade da tradição e transformação da escola na comunidade rural de Morro Vermelho (Roberta Vasconcelos Leite e Miguel Mahfoud)
Uma tradição viva, raízes para a alma: análise fenomenológica de experiências de pertencer em uma comunidade rural de Minas Gerais (Renata Amaral Araújo)
A construção de uma pesquisa fenomenológica baseada em Edith Stein na interface Saúde Mental e Saúde da Família (Nara Helena Lopes Pereira da Silva e Carmen Lúcia Cardoso)
Fenomenologia do combate: da ética da luta à luta pela vida ética (Cristiano Roque Antunes Barreira)
Aplicação de contribuições de Edith Stein à sistematização de pesquisa fenomenológica em psicologia: a entrevista como fonte de acesso às vivências (Cristiano Roque Antunes Barreira e Leandro Penna Ranieri).
Fonte: Gilvander, 0.Carm.
Como adquirir o livro? Clique aqui:

Carmelita Provincial eleito Tesoureiro Geral, em Roma, Itália.

         

Estamos orgulhosos de anunciar que o Reverendíssimo Carl Joseph Markelz, O. Carm nosso Prior Provincial, mais conhecido para a nossa comunidade on-line como o autor do nosso "Junto o blog Way", foi eleito Tesoureiro Geral da Ordem Carmelita, e terá um mandato de seis anos como Tesoureiro, em Roma, na Itália.
Em sua nova posição como Tesoureiro Geral para o Conselho Geral da Ordem dos Carmelitas, Padre Markelz irá gerir os ativos da Ordem em todo o mundo, administrar os assuntos financeiros do Conselho Geral e estar em comunicação com os tesoureiros das províncias. 
O Administrador Geral prepara orçamentos estimados para projetos propostos pelo Capítulo Geral e pelos Conselhos de Províncias. Ele vai convocar a comissão financeira internacional, conclua um plano financeiro, examinar os relatórios financeiros anuais e estabelecer critérios consistentes com a opção preferencial da ordem para os pobres e os marginalizados. Financeira internacional comissão, concluir um plano financeiro, examinar os relatórios financeiros anuais e estabelecer critérios consistentes com a opção preferencial ordens para os pobres e os marginalizados.
O Reverendíssimo Quinn Conners, O. Carm., Se move para a posição de Atuação Prior Provincial. Refletindo sobre Fr. A eleição de Markelz, Conners  disse: "Este encontro de líderes internacionais da Ordem carmelita expressou sua confiança no Pe. Carl para orientar responsavelmente as finanças da Ordem, tanto no mundo desenvolvido e em desenvolvimento. Estamos tristes com a perda de sua presença nos Estados Unidos, mas estão felizes que suas habilidades e talentos vai beneficiar toda a Ordem".
Após o recebimento do seu bacharel formado em negócios administração da Universidade Loyola, em Chicago, em 1984, o Padre. Markelz se juntou a comunidade carmelita, e recebeu o hábito carmelita no noviciado de Saint Albert em Middletown, Nova York. 
Sua primeira missão depois da ordenação era servir cinco anos como professor na Crespi Carmelite High School, em Encino, Califórnia. Durante esse tempo, ele completou um mestrado em Educação pela Universidade de San Francisco.
Ao completar sua missão na Califórnia, Padre Markelz passou 15 anos como diretor do Monte Carmel da High School em Chicago, uma das mais prestigiadas Catholic High Schools no estado. Através de sua liderança, Pai Markelz continuou a empurrar Monte Carmelo para a vanguarda da excelência acadêmica. Durante seu mandato, ele dobrou o fundo de doações, construiu um Centro de Convocação, o aumento da oferta de programas acadêmicos, desenvolveu uma nova declaração de missão e continuou o sucesso atlético.
Como Prior Provincial, Padre Markelz é creditado com o desenvolvimento de um Plano Estratégicopara para a Província, bem como estabelecer uma forte presença on-line para a Ordem Carmelita, e abrindo casas de formação em San Salvador e na Cidade do México.
Quando perguntado sobre seus pensamentos, como o recém-eleito Tesoureiro Geral, o próprio reverendo Carl Joseph Markelz, O. Carm., Declarou: "Estou honrado e humilde para servir a meus irmãos e da família carmelita nesta capacidade."
Fonte: http://www.carmelites.net. Tradução: Google

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO, Nº 410. Ousar sonhar.

Gustavo Gutiérrez, o pai da teologia da libertação.

No dia em que o Papa Bento XVI anuncia a renúncia a seu pontificado conservador, 'Carta Maior' publica uma reportagem inspiradora sobre o teólogo peruano Gustavo Gutiérrez (foto). Aos 84 anos e vivendo em Lima, ele é considerado o iniciador da Teologia da Libertação, que promoveu o reencontro da religião com os pobres e a justiça social.

Ele avançou um pouco cansado, apoiou na mesa a sua bengala preta que ele nunca abandona, e se sentou. De passagem por Paris, por ocasião do 50º aniversário do Comitê Episcopal França-América Latina (Cefal), Gustavo Gutiérrez, considerado o "pai" da teologia da libertação, já se encontrou com missionários, estudantes e professores do Institut Catholique de Paris, responsáveis pelo Secours Catholique, parceiro do CCFD [Comitê Católico contra a Fome e pelo Desenvolvimento].

Na manhã do dia 24, na sala da casa provincial dos sulpicianos onde ele se hospedava, ele evocou de novo aquela teologia que marcou profundamente a Igreja latino-americana. Falar de si mesmo não é um de seus hábitos. Mas, nessa manhã em que a primavera [europeia] clareava as velhas paredes da sala, esse pequeno homem, simples, amável, aceitava fazer o relato da sua vida. O encontro durou quase três horas. Também poderia ter continuado. Gustavo Gutiérrez não estava mais cansado.

Ele nasceu em Lima, no Peru. Com apenas 12, por causa de uma osteomielite, ficou preso à cama durante vários anos. "Não havia antibióticos. Eu era aluno dos Irmãos Maristas. Tive que abandonar a escola". Estudava em casa, jogava xadrez, lia. "Meu pai era um grande leitor", lembra. "Seguramente, ele me influenciou. Dele também herdei o senso de humor, que ele sempre mostrava, apesar das nossas dificuldades".

Aos 15 anos, descobriu Pascal, que o marcou permanentemente. E, pouco tempo depois, a História de Cristo, de Giovanni Papini, que o tocou profundamente. Interessou-se também por filosofia e psicologia através dos escritos de Karl Jaspers e de Honorio Delgado. O desejo de se tornar padre, que ele tivera no início da doença, o deixara. No entanto, entrou aos 14 anos na Ordem Terceira Franciscana. "A pobreza já estava presente na minha vida de filho de família modesta, marginalizado pela doença, e nas minhas escolhas", observa.

Aos 18 anos, pôde finalmente ir para a universidade estudar medicina (com o desejo de se tornar psiquiatra) e filosofia. "Membro do movimento universitário católico, eu participava ativamente da vida política da universidade", lembra. "Foi então que ouvi na minha vida perguntas que questionavam a minha fé. Aos 24 anos, eu escolhi me tornar padre. O bispo de Lima, considerando-me muito velho para o seminário, me mandou para a Europa".

Em Leuven, aprendeu francês, escreveu uma tese sobre Como Freud chegou à noção de conflito psíquico. Depois, se transferiu para Lyon para estudar teologia. "Era um período difícil na Igreja francesa, mas muito rico", diz, "que me permitiu encontrar Albert Gelin (cujos trabalhos sobre os 'Pobres de Javé' orientaram as minhas pesquisas), Gustave Martelet e dominicanos (como Marie-Dominique Chenu, Christian Duquoc... e também aqueles da minha geração, como Claude Geffré). Muitos anos depois, quando eu tomaria a decisão de entrar na Ordem dos Pregadores, um dos meus amigos de então, padre Edward Schillebeeckx, dominicano flamengo, me escreveria uma carta que começava assim: 'Finalmente!'".

 

Viver em solidariedade com os pobres

Enquanto isso, ordenado sacerdote, Gustavo Gutiérrez voltou ao Peru. Nomeado a uma paróquia do bairro pobre de Rimac, em Lima, e capelão dos movimentos cristãos, ele se dedicou ao seu trabalho pastoral, dando aulas também na universidade católica. Mas já havia um problema que o atormentava: como dizer ao pobre que Deus o ama?

Em maio de 1967, dois anos depois do Concílio, do qual participou, ele abordará essa questão diante dos estudantes da Universidade de Montreal, distinguindo pela primeira vez três dimensões da pobreza. A pobreza real de todos os dias: "Ela não é uma fatalidade", explica, "mas sim uma injustiça". A pobreza espiritual: "Sinônimo de infância espiritual, consiste em colocar a própria vida nas mãos de Deus". A pobreza como compromisso: "Ela leva a viver em solidariedade com os pobres, a lutar com eles contra a pobreza, a anunciar o Evangelho a partir deles".

Para explicar a ideia, ele se concede um pouco mais de tempo, atento a não pular alguma etapa. "No ano seguinte, eu ainda tinha que dar uma conferência em Chimbote, no Peru. Haviam-me pedido para falar sobre a teologia do desenvolvimento. Expliquei que uma teologia da libertação era mais apropriada". Essa linguagem teológica, que leva em consideração o sofrimento dos pobres, inspiraria os bispos reunidos em Medellín (Colômbia) para a segunda Conferência do Episcopado Latino-americano (Celam).

 

Nasce a teologia da libertação

Em maio de 1969, Gustavo Gutiérrez foi para o Brasil, que vivia então as horas mais escuras da ditadura militar. Ali encontrou estudantes, militantes da Ação Católica, padres cujo testemunho enriqueceriam a sua reflexão que desembocou na sua obra fundamental: Teologia da Libertação. "Antes do Concílio", especifica, "João XXIII havia anunciado: a Igreja é e quer ser a Igreja de todos, e particularmente a Igreja dos pobres". Os padres conciliares, preocupados com o problema da abertura ao mundo moderno, esqueceram-no um pouco. Na América Latina, essa intuição foi retomada. Os pobres começavam a se fazer sentir. "Muitos de nós víamos neles um sinal dos tempos que era preciso perscrutar, como pede a constituição Gaudium et Spes. Por causa da minha idade, da minha presença no Concílio e em Medellín, eu é que fiz um trabalho de teólogo. Mas poderia ter sido outro".

A libertação da qual Gustavo Gutiérrez fala não é um programa político. Ela se situa em três níveis que se cruzam. O nível econômico: é preciso combater as causas das situações injustas. O nível do ser humano: não basta mudar as estruturas, é preciso mudar o ser humano. O nível mais profundo, teologal: é preciso se libertar do pecado, que é a recusa de amar a Deus e ao próximo.

 

Quanto à teologia, ela é o meio para fazem com que o compromisso com os pobres seja uma tarefa evangélica de libertação, uma resposta aos desafios que a pobreza coloca diante da linguagem sobre Deus. Essa teologia se revela contagiosa. Nos Estados Unidos, na minoria negra, na África, na Ásia, teologias desses "terceiros mundos" se despertam, impulsionadas por um novo fôlego.

 

Uma vida pelos pobres

Mas essa teologia também se choca com oposições. As mais violentas vêm dos poderes econômicos, políticos e militares da América Latina, assim como nos EUA. Mas também vêm de católicos que a acusam de fazer referência, ao analisar certos aspectos da pobreza, à teoria da dependência, que usava noções provenientes da análise marxistas.

Na conferência do Celam em Puebla (1979), que confirma a visão de Medellín e fala da "opção preferencial pelos pobres", manifestam-se resistências também dentro da Igreja latino-americana. "Medellín", reconhece Gustavo Gutiérrez, "foi uma voz muito profética que provocou compromisso e resistências. Mas quando uma Igreja é capaz de ter entre os seus membros pessoas que dão a sua vida pelos pobres, como Dom Oscar Romero e muitos outros, há algo de importante que acontece nessa Igreja".

A teologia da libertação também sofreria por causa das posições do Vaticano. Em 1984, ela foi severamente criticada pela Congregação para a Doutrina da Fé, da qual o cardeal Ratzinger era então prefeito. Gustavo Gutiérrez, assim como outros, teria que dar explicações. Em 2004, ao término de um processo de "diálogo" de 20 anos, o mestre da Ordem dos Dominicanos recebeu uma carta em que o cardeal Ratzinger "rende graças ao Altíssimo pela satisfatória conclusão desse caminho de esclarecimento e aprofundamento".

"Durante aqueles anos, eu podia, mesmo assim, pregar o Evangelho na minha paróquia", conta Gustavo Gutiérrez, que se dedicava naquela época às suas pesquisas sobre Bartolomeu de Las Casas - "um gênio espiritual", diz, "que soube ver no índio o pobre segundo o evangelho" -, continuando a sua obra teológica e acompanhando de perto "a nova presença das mulheres, depois dos índios, na cena da história, do pensamento, da que estavam ausentes".

Teologia como poesia

Hoje, ele reside no convento dos dominicanos de Lima. Divide o seu tempo entre o seu trabalho pastoral, os retiros que prega, os cursos de teologia na Universidade de Notre Dame (Indiana, EUA) e no Studium Dominicano de Lille (França). Mas, incansavelmente, ele continua a sua obra teológica, lendo muito, até mesmo poetas. "A poesia é a melhor linguagem do amor", confidencia. "Fazer teologia é também escrever uma carta de amor a Deus, à Igreja que eu sirvo e ao povo a que eu pertenço".

Atualmente, ele está terminando um livro dedicado à opção preferencial pelos pobres. "A teologia da libertação pode até desaparecer", afirma, "mas, se restar a preferência pelos pobres, nós teremos vencido algo importante, profundamente ligado à Revelação". Depois, acrescenta, com uma expressão de clara gravidade no rosto: "A pobreza e as suas consequências são sempre o grande desafio do nosso tempo na América Latina e em muitos outros lugares do mundo. Praticar a justiça, trabalhar pela libertação dos seres humanos é falar de Deus. É um ato de evangelização".

Tradução: Moisés Sbardelotto / Divulgação: Instituto Humanitas – Unisinos.

Fonte: http://www.cartamaior.com.br

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Incontro con Gutierrez prima parte

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO, Nº 409. Capítulo Geral

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Crime e preconceito: mães e filhos de santo são expulsos de favelas por traficantes evangélicos

A roupa branca no varal era o único indício da religião da filha de santo, que, até 2010, morava no Morro do Amor, no Complexo do Lins. Iniciada no candomblé em 2005, ela logo soube que deveria esconder sua fé: os traficantes da favela, frequentadores de igrejas evangélicas, não toleravam a “macumba”. Terreiros, roupas brancas e adereços que denunciassem a crença já haviam sido proibidos, há pelo menos cinco anos, em todo o morro. Por isso, ela saía da favela rumo a seu terreiro, na Zona Oeste, sempre com roupas comuns. O vestido branco ia na bolsa. Um dia, por descuido, deixou a “roupa de santo” no varal. Na semana seguinte, saía da favela, expulsa pelos bandidos, para não mais voltar.
— Não dava mais para suportar as ameaças. Lá, ser do candomblé é proibido. Não existem mais terreiros e quem pratica a religião, o faz de modo clandestino — conta a filha de santo, que se mudou para a Zona Oeste.
A situação da mulher não é um ponto fora da curva: já há registros na Associação de Proteção dos Amigos e Adeptos do Culto Afro Brasileiro e Espírita de pelo menos 40 pais e mães de santo expulsos de favelas da Zona Norte pelo tráfico. Em alguns locais, como no Lins e na Serrinha, em Madureira, além do fechamento dos terreiros também foi determinada a proibição do uso de colares afro e roupas brancas. De acordo com quatro pais de santo ouvidos pelo EXTRA, que passaram pela situação, o motivo das expulsões é o mesmo: a conversão dos chefes do tráfico a denominações evangélicas.
Atabaques proibidos na Pavuna
A intolerância religiosa não é exclusividade de uma facção criminosa. Distante 13km do Lins e ocupada por um grupo rival, o Parque Colúmbia, na Pavuna, convive com a mesma realidade: a expulsão dos terreiros, acompanhados de perto pelo crescimento de igrejas evangélicas. Desinformada sobre as “regras locais”, uma mãe de santo tentou fundar, ali, seu terreiro. Logo, recebeu a visita do presidente da associação de moradores que a alertou: atabaques e despachos eram proibidos ali.
—Tive que sair fugida, porque tentei permanecer, só com consultas. Eles não gostaram — afirma.
A situação já é do conhecimento de pelo menos um órgão do governo: o Conselho Estadual de Direitos do Negro (Cedine), empossado pelo próprio governador. O presidente do órgão, Roberto dos Santos, admite que já foram encaminhadas denúncias ao Cedine:
— Já temos informações desse tipo. Mas a intolerância armada só pode ser vencida com a chegada do estado a esses locais, com as UPPs.
O deputado estadual Átila Nunes (PSL) fez um pedido formal, na última sexta-feira, para que a Secretaria de Segurança investigue os casos.
— Não se trata de disputa religiosa mas, sim, econômica. Líderes evangélicos não querem perder parte de seus rebanhos para outras religiões, e fazem a cabeça dos bandidos — afirma.
Nas favelas, os ‘guerreiros de Deus’
Fernando Gomes de Freitas, o Fernandinho Guarabu, chefe do tráfico no Morro do Dendê, ostenta, no antebraço direito, a tatuagem com o nome de Jesus Cristo. Pela casa, Bíblias por todos os lados. Já em seus domínios, reina o preconceito: enquanto os muros da favela foram preenchidos por dizeres bíblicos, os dez terreiros que funcionavam no local deixaram de existir.
Guarabu passou a frequentar a Assembleia de Deus Ministério Monte Sinai em 2006 e se converteu. A partir daí, quem andasse de branco pela favela era “convidado a sair”. Os pais de santo que ainda vivem no local não praticam mais a religião.
A situação se repete na Serrinha, ocupada pela mesma facção. No último dia 22, bandidos passaram a madrugada cobrindo imagens de santos nos muros da favela. Sobre a tinta fresca, agora lê-se: “Só Jesus salva”.
O babalaô Ivanir dos Santos, representante da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), criada justamente após casos de intolerância contra religiões afro-brasileiras em 2006, afirma que os casos serão discutido pelo grupo, que vai pressionar o governo e o Ministério Público para que a segurança do locais seja garantida e os responsáveis pelo ato sejam punidos. “Essas pessoas são criminosas e devem ser punidas. Cercear a fé é crime”, diz o pai de santo.
Lei mais severa
Desde novembro de 2008, a Polícia Civil considera como crimes inafiançáveis invasões a templos e agressões a religiosos de qualquer credo a Lei Caó. A partir de então, passou a vigorar no sistema das delegacias do estado a Lei 7.716/89, que determina que crimes de intolerância religiosa passem a ser respondidos em Varas Criminais e não mais nos Juizados Especiais. Atualmente, o crime não prescreve e a pena vai de um a três anos de detenção.
Filha de santo, que foi expulsa do Lins: ‘Não suportava mais fingir ser o que não era’.
— Me iniciei no candomblé em 2005. A partir de minha iniciação, comecei a ter problemas com os traficantes do Complexo do Lins. Quando cheguei à favela de cabeça raspada, por conta da iniciação, eles viravam o rosto quando eu passava. Com o tempo, as demostrações de intolerância aumentaram. Quando saía da favela vestida de branco, para ir ao terreiro que frequento, eles reclamavam. Um dia, um deles veio até a minha casa e disse que eu estava proibida de circular pela favela com aquelas “roupas do demônio”. As ameaças chegaram ao ponto de proibirem que eu pendurasse as roupas brancas no varal. Se eu desrespeitasse, seria expulsa de lá. No fim de 2010, dei um basta nisso. Não suportava mais fingir ser o que eu não era e saí de lá.
Mãe de santo há 30 anos, expulsa da Pavuna: ‘Disseram que quem mandava ali era o ‘Exército de Jesus”.
— Comprei, em 2009, um terreno no Parque Colúmbia, na Pavuna. No local,. não havia nada. Mas eu queria fundar um terreiro ali e comecei a construir. No início, só fazia consulta, jogava búzios e recebia pessoas. Não fazia festas nem sessões. Não andava de branco pelas ruas nem tocava atabaque, para não chamar a atenção. Um dia, o presidente da associação de moradores foi até o local e disse que o tráfico havia ordenado que eu parasse com a “macumba”. Ali, quem mandava na época era a facção de Acari. Já era mais de santo há 30 anos e não acreditei naquilo. Fui até a boca de fumo tentar argumentar. Dei de cara com vários bandidos com fuzis, que disseram que ali quem mandava era o “Exército de Jesus”. Disse que tinha acabado de comprar o terreno e que não iria incomodar ninguém. Dias depois, cheguei ao terreiro e vi uma placa escrito “Vende-se” na porta — eles tomaram o terreno e o puseram a venda. Não podia fazer nada. Vendi o terreno o mais rapidamente possível por R$ 2 mil e fui arrumar outro lugar.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

23º- DOMINGO DO TEMPO COMUM. ANO-C: Homilia do Frei Petrônio-02

Santa Teresinha e o aidético: A história de uma alma aflita.

Por Frei Alonso Gustavo Malaquias, O. Carm.
Convento do Carmo, São Paulo.

Há cerca de dois meses venho acompanhando uma pessoa que descobriu que adquiriu HIV e veio desabafar comigo. Para contar isso pedi permissão da pessoa envolvida. E não vou dizer o nome, nem onde mora por motivos óbvios.

Realmente, não deve ser nada fácil ter que encarar do dia pra noite toda a sua pequenez e mortalidade. Dar-se conta de toda a sua fragilidade de uma só vez é duro. Neste tempo todo estamos conversando e fui falando pra ela de Santa Teresinha, contando a história da sua vida, do quê ela passou com a sua doença incurável na época, inclusive a terrível tentação que Santa Teresinha pensou de que Deus não existisse e que sua fé em Deus fosse, ao final de tudo, apenas uma cruz de madeira pendurada na parede... E o pedido que ela fez às Irmãs de tirarem de perto dela todos os remédios, pois ela tinha medo de fazer alguma bobagem, dada a sua situação de extremo sofrimento. E o mais bonito de tudo: como Santa Teresinha, apesar de tudo isso, confiou totalmente e se abandonou ao Amor Misericordioso do Senhor em meio às mais terríveis tentações contra a fé, dores físicas e morais. E que ela morreu, olhando para Jesus no seu crucifixo dizendo: "meu Deus, eu te amo".

Com as nossas conversas, foi nascendo entre esta pessoa uma linda amizade espiritual com Santa Teresinha. Realmente é muito forte descobrir que o caminho de Teresinha é realmente o caminho dos simples e dos pobres, dos desesperados e dos últimos desta terra, daqueles que nada mais esperam de si mesmos nem do mundo, e por isso, se lançam confiantes nos braços amorosos do Pai Celeste. Na certeza absoluta que Ele tudo pode! Que Ele é Amor e Amor Misericordioso e Infinito.

Dei alguns escritos de Teresinha pra ela ir meditando. Ela se encantou particularmente com a promessa de Teresinha de que ela passará seu Céu fazendo o bem sobre a terra e que derramaria uma chuva de rosas sobre a terra... Então, hoje ela trouxe uma imagem dela pra eu benzer. E sabe o que ela partilhou comigo? Que no início da semana passada ela tava tão desesperada que resolveu se matar. Foi até um parque de uma cidade, onde tem uma ponte que passa por cima de um lago que é muito fundo, como ela descreveu. Ela estava olhando pra água lá embaixo pronta pra se atirar. Foi então que ela viu uma rosa caindo na água bem embaixo dos seus olhos! E a rosa ficou flutuando na água. Uma rosa! Mas, de onde vinha aquela flor? Na hora ela se lembrou de Santa Teresinha e desistiu de se matar. Deu meia-volta e voltou pra casa. Ela viu nisso um sinal maravilhoso do amor de Deus para ela, num momento tão difícil de sua vida. E era por isso que ela estava ali com aquela imagem de Teresinha pra eu benzer.

Até agora ao escrever isso me emociono. Foi hoje que ela contou isso pra mim. Como Deus é maravilhoso e o seu Amor realmente jamais nos abandona! Como pode uma rosa ter caído assim? Não é pra se encher de alegria e gratidão ao nosso Deus e à S. Teresinha? Não me canso de agradecer a S. Teresinha por ter mandado um sinal tão evidente da sua amizade pra ela exatamente quando ela mais precisava e tê-la salvado. Fonte: Face...

COISAS DE FRANCISCO: Papa exorta cristãos a se livrarem de devoções e revelações que não levam a Cristo

O cristão jamais deve esquecer que o centro da sua vida é Jesus Cristo: foi o que ressaltou o Papa na missa celebrada neste sábado na Casa Santa Marta, no Vaticano. Francisco afirmou que devemos vencer a tentação de ser "cristãos sem Jesus" ou cristãos que "buscam somente devoções", mas falta Jesus.
O Santo Padre desenvolveu toda a sua homilia na centralidade de Jesus na vida do cristão. "Jesus – disse – é o centro. Jesus é o Senhor." No entanto, constatou, esta palavra nem sempre a entendemos bem, "não se entende tão facilmente".
Jesus, afirmou, "não é um singular tal ou qual", mas "o Senhor, o único Senhor". Ele é o centro que "nos regenera e nos funda", este é o Senhor: "o centro".
Os fariseus dos quais nos fala o Evangelho deste sábado colocavam "colocavam o centro de sua religiosidade em muitos mandamentos", observou.
E também hoje, "se Jesus não estiver no centro haverá outras coisas". Eis que então "encontramos muitos cristãos sem Cristo, sem Jesus":
"Por exemplo, aqueles que têm a doença dos fariseus e são cristãos que colocam a sua fé, a sua religiosidade em muitos mandamentos, em muitos... 'Ah, devo fazer isso, devo fazer aquilo, devo fazer aquilo outro...' Cristãos de atitude... 'Mas por que você faz isso?' – 'Deve ser feito?' 'Por que deve ser feito?' – 'Ah, não sei, mas sei que se deve fazer'. E Jesus, onde está nisso? Um mandamento é válido se vem de Jesus: eu faço isso porque o Senhor quer que eu faça isso. Mas como sou um cristão sem Cristo, faço isso e não sei porque devo fazê-lo."
Existem, acrescentou, "outros cristãos sem Cristo: os que somente buscam devoções", "mas falta Jesus". "Se suas devoções levam-no a Jesus – disse o Papa –, então tudo bem. Mas se não vai além da devoção, algo não funciona." Além disso, prosseguiu, há "outro grupo de cristãos sem Cristo: os que buscam coisas raras, um pouco especiais, que vão atrás de revelações privadas", enquanto a Revelação se concluiu com o Novo testamento.
O Papa frisou nestes cristãos a vontade do "espetáculo da revelação, de ouvir coisas novas". Francisco exortou esses cristãos a tomarem o Evangelho. E concluiu pedindo a Jesus que "nos faça entender que somente Ele é o Senhor, o único Senhor. E nos dê também a graça de amá-Lo, de segui-Lo, de caminhar na estrada que Ele nos ensinou".

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO, Nº 407. Transexualidade-02.

domingo, 8 de setembro de 2013

23º DOMINGO DO TEMPO COMUM. ANO-C: Homilia do Frei Petrônio-01

ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO: 19º Grito dos Excluídos-02.

Programa, "Bate Papo Carmelitano". Falha Nossa-01.

Programa, "Bate Papo Carmelitano". Falha Nossa-02.

23º- DOMINGO DO TEMPO COMUM. ANO-C: Homilia do Frei Geraldo.

23º- Domingo do Tempo Comum. Ano-C: A prioridade e as renúncias para seguir Jesus (Lucas 14,25-33)

Ildo Bohn Gass, biblista do CEBI.
O evangelho da liturgia deste final de semana apresenta Jesus colocando as condições fundamentais para quem quer segui-lo no caminho da cruz. Diante da prioridade do seguimento, todo o resto se torna relativo.
Jesus está a caminho de Jerusalém. Virando-se para a multidão que o seguia, ele deixa claro que o caminho do seguimento é exigente e demanda renúncias. É uma opção radical. Nesse sentido, a proposta do discipulado não é para a multidão, a "massa". A militância por vida plena é uma decisão para pessoas livres de tudo o que escraviza. Jesus diria que as pessoas que optam pelo reino são como o "fermento" que transforma a massa (Lucas 13,21). A decisão pelo reino não é de facilidades. Talvez seja por isso que poucas pessoas decidam seguir pelo caminho proposto por Jesus.
1- Seguir Jesus exige renúncias
1.1 Renunciar a família (Lucas 14,26)
Uma das cláusulas que Jesus estabelece para as pessoas que o querem seguir é desapegar-se dos laços afetivos com a família, da segurança que a família proporciona. A prioridade é o seguimento. A família é secundária. Conforme a comunidade de Lucas, Jesus usa o verbo "odiar" em relação aos familiares (Lucas 14,26). É palavra forte. Aqui, no entanto, odiar quer dizer colocar em segundo plano diante de algo prioritário. Para Jesus, as relações familiares não podem impedir a adesão ao projeto do reino. Este é a prioridade.
É Jesus mesmo quem nos dá o exemplo, ao dar preferência à missão. Quando sua mãe e seus irmãos querem vê-lo, Jesus afirma ter uma família mais importante. É a família de quem, como ele, vive o projeto do Pai. "Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam" (cf. Lucas 8,19-21).
1.2 Renunciar os interesses pessoais (Lucas 14,26)
Outra condição exigida por Jesus é colocar os interesses pessoais, a própria vida, em segundo lugar diante da prioridade, que é o projeto do reino e sua justiça.
Nosso mundo estimula o individualismo, os desejos egoístas e o bem-estar individual. Jesus, no entanto, propõe como critério para segui-lo no caminho da cruz a busca do bem-viver coletivo, o serviço na gratuidade, a ajuda solidária na luta por uma sociedade justa. Em outras palavras, decidir pelas relações do reino é imitar o próprio mestre.
1.3 Renunciar os bens (Lucas 14,33)
Seguir Jesus supõe também ser totalmente livre diante dos bens. Exige estar desapegado de tudo, isto é, do orgulho e da competição, das seguranças e das ambições, de todas as formas de riqueza.
Optar pelo reino é colocar os bens a serviço da vida. E Jesus recorda mais de uma forma de como fazer com que os bens nos ajudem a ser "ricos para Deus" (cf. Lucas 12,21). Os bens geram vida quando partilhados (Lucas 12,33-34; 14,15-24; 18,18-23; 19,1-10) ou quando investidos a serviço do reino, isto é, de projetos que têm em vista a igualdade, tal como fizeram as mulheres que o seguiam desde a Galileia (Lucas 8,1-3).
Jesus quer ajudar-nos a não colocar os bens como o mais importante, transformando-os em ídolos que escravizam. "Não podeis servir a Deus e às riquezas" (Lucas 16,13). E servir a Deus, à vida, é ser verdadeiramente livre.
 
2- Seguir Jesus requer novas atitudes
2.1 Tomar a cruz e seguir (Lucas 14,27)
Seguir as relações do reino e da sua justiça é estar disposto a carregar a cruz. É tomar decisões que requerem desapego e geram conflitos que levam ao desprendimento, a sofrimentos. É uma opção de vida que supõe riscos e exige renúncias. Que renúncias? Aqui, podemos lembrar as recusas do próprio Jesus. Primeiro, deixou sua família em Nazaré, priorizando a missão conferida pelo Espírito do Senhor no anúncio de uma boa notícia para os pobres (Lucas 4,16-31). Para priorizar o projeto do Pai, Jesus renunciou aos valores oferecidos por este mundo injusto, simbolizado pela figura do diabo. Diante dele, o nazareno rejeitou as riquezas, recusou o poder real e não aceitou a oferta de prestígio (Lucas 4,1-13).
Isso significa que, para seguir Jesus na radicalidade, é necessário ser uma pessoa livre, que não se deixa escravizar pela propaganda consumista e pela oferta de bens, poder e fama como sentido de vida.
2.2 Ser prudente e realista (Lucas 14,28-32)
Seguir o projeto do reino requer novas atitudes, exige que sejamos pessoas recriadas. Então, Jesus conta duas parábolas que ilustram o desafio para quem opta em segui-lo no caminho.
Na primeira (Lucas 14,28-30), ele mostra que o seguimento não é fruto de uma opção que se faz de uma hora para outra, mas é resultado de decisões bem pensadas, amadurecidas. Elas devem estar de acordo com a realidade de cada pessoa que quer assumir o discipulado na radicalidade. Somente assim pode haver fidelidade até o fim, evitando-se falsas ilusões, uma vez que não basta boa vontade. Diferente é uma decisão momentânea. Esta é como fogo de palha que logo se extingue e não persevera. Seguir Jesus é ser como o construtor de uma torre. Ele planeja sua obra e avalia se tem recursos para levar a obra até a sua conclusão.
Na segunda parábola (Lucas 14,31-32), Jesus apresenta o exemplo de um rei prudente ao se defender de outro rei que vem batalhar contra ele. A prudência leva a avaliar as condições que se tem para assumir a missão. É necessário ter sabedoria e humildade para assumi-la com coerência. É preciso também coragem e firmeza para suportar as consequências, as cruzes que resultam da opção pela justiça do reino. As parábolas insistem na clareza ao se fazer a opção em seguir Jesus na missão de viver as relações do reino.
E nós hoje
Certamente, as exigências de Jesus nos questionam quando nossa ação evangelizadora está voltada mais para as "massas" e não tanto para o "fermento", isto é, o engajamento radical em favor da justiça e da partilha, da gratuidade e da superação de preconceitos.
É evidente que Jesus não recusa ninguém. Ele mesmo acolheu com ternura um homem muito rico. Porém, não deixou de lhe mostrar que o caminho da felicidade passa pela partilha (Lucas 18,18-23). Também foi comer na casa de um ladrão confesso. Mas deixou claro que ele se tornaria discípulo do reino na medida em que devolvesse o que roubara e partilhasse outro tanto com os pobres (Lucas 19,1-10).
Com a narrativa da liturgia deste final de semana, a comunidade de Lucas quer encorajar as pessoas que, ainda hoje, decidem assumir fielmente o seguimento da proposta de Jesus. Quer animá-las a se manterem firmes diante das calúnias e das difamações, das perseguições por causa da justiça ou até da própria morte que vierem a sofrer por parte de indivíduos e instituições que servem às riquezas deste mundo.
Este evangelho nos convida a perseverarmos na fidelidade ao projeto do reino, custe o que custar. Importa que a vontade do Pai se torne realidade em nossas vidas (cf. Lucas 22,42). E isso será possível na medida em que abrirmos nossos corações ao mesmo Espírito que animou a missão de Jesus de Nazaré na intimidade com o Pai (Lucas 4,18).
Qual é a nossa atitude diante dessas condições exigentes que Jesus nos coloca? É de acolhida ou de indiferença? É de adesão ou de repulsa?