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sábado, 16 de fevereiro de 2019

5ª Semana do Tempo Comum- Ano Litúrgico C. Frei Carlos Mesters, Carmelita


Segunda-feira, 11 de fevereiro-2019. 5ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.

1) Oração

Velai, ó Deus, sobre a vossa família, com incansável amor; e, como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Marcos 6, 53-56)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 53Navegaram para o outro lado e chegaram à região de Genesaré, onde aportaram. 54Assim que saíram da barca, o povo o reconheceu. 55Percorrendo toda aquela região, começaram a levar, em leitos, os que padeciam de algum mal, para o lugar onde ouviam dizer que ele se encontrava. 56Onde quer que ele entrasse, fosse nas aldeias ou nos povoados, ou nas cidades, punham os enfermos nas ruas e pediam-lhe que os deixassem tocar ao menos na orla de suas vestes. E todos os que tocavam em Jesus ficavam sãos. - Palavra da salvação.

3) Reflexão
*  O texto do Evangelho de hoje é a parte final do conjunto mais amplo de Marcos 6,45-56 que compreende três assuntos diferentes: 1) Jesus sobe sozinho a montanha para rezar (Mc 6,45-46). 2) Em seguida, andando sobre as águas, ele vai ao encontro dos discípulos que lutam contra as ondas do mar (Mc 6,47-52). 3) Agora, no evangelho de hoje, estando já em terra Jesus é procurado pelo povo que a cura das suas enfermidades (Mc 6,53-56).
*  Marcos 6,53-56. A busca do povo.
   “Acabando de atravessar, chegaram à terra, em Genesaré, e amarraram a barca. Logo que desceram da barca, as pessoas imediatamente reconheceram Jesus”.  O povo vai em massa atrás de Jesus. Eles vêm de todos os lados, carregando seus doentes. O que chama a atenção é o entusiasmo do povo que reconheceu Jesus e vai atrás dele. O que o move nesta busca de Jesus não é só o desejo de encontrar-se com ele, de estar com ele, mas também o desejo de obter a cura das suas doenças. “Iam de toda a região, levando os doentes deitados em suas camas para o lugar onde ouviam falar que Jesus estava. E onde ele chegava, tanto nos povoados como nas cidades ou nos campos, colocavam os doentes nas praças e pediam que pudessem ao menos tocar a barra da roupa de Jesus. E todos os que tocaram, ficaram curados”. O evangelho de Mateus comenta e ilumina este fato citando a figura do Servo de Javé, do qual Isaías diz: “Carregou sobre si as nossas enfermidades” (Is 53,4 e Mt 8,16-17)
*  Ensinar e curar, curar e ensinar. Desde o começo da sua atividade apostólica, Jesus anda por todos os povoados da Galiléia para falar ao povo sobre o Reino de Deus que estava chegando (Mc 1,14-15). Onde encontra gente para escutá-lo, ele fala e transmite a Boa Nova de Deus, acolhe e cura os doentes, em qualquer lugar: nas sinagogas  durante a celebração da Palavra nos sábados (Mc 1,21; 3,1; 6,2); em reuniões informais nas casas de amigos (Mc 2,1.15; 7,17; 9,28; 10,10); andando pelo caminho com os discípulos (Mc 2,23); ao longo do mar na praia, sentado num barco (Mc 4,1); no deserto para onde se refugiou e onde o povo o procurava (Mc 1,45; 6,32-34); na montanha, de onde proclamou as bem-aventuranças (Mt 5,1); nas praças das aldeias e cidades, onde povo carregava seus doentes (Mc 6,55-56); no Templo de Jerusalém, por ocasião das romarias, diariamente, sem medo (Mc 14,49)! Curar e ensinar, ensinar e curar era o que Jesus mais fazia (Mc 2,13; 4,1-2; 6,34). Era o costume dele (Mc 10,1). O povo ficava admirado (Mc 12,37; 1,22.27; 11,18) e o procurava em massa.
*  Na raiz deste grande entusiasmo do povo estava, de um lado, a pessoa de Jesus que chamava e atraía, e, de outro lado, o abandono do povo que era como ovelha sem pastor (cf. Mc 6,34). Em Jesus, tudo era revelação daquilo que o animava por dentro! Ele não só falava sobre Deus, mas também o revelava. Comunicava algo do que ele mesmo vivia e experimentava. Ele não só anunciava a Boa Nova do Reino. Ele mesmo era uma amostra, um testemunho vivo do Reino. Nele aparecia aquilo que acontece quando um ser humano deixa Deus reinar, tomar conta de sua vida. O que vale não são só as palavras, mas também e sobretudo o testemunho, o gesto concreto. Esta é a Boa Nova do Reino que atrai!

4) Para um confronto pessoal
1. O entusiasmo do povo em busca de Jesus, em busca de um sentido para a vida e uma solução para os seus males. Onde existe isto hoje? Existe em você, existe em mim?
2. O que chama a atenção é a atitude carinhosa de Jesus para com os pobres e abandonados. E eu, como me comporto com as pessoas excluídas da sociedade?

5) Oração final

Ó Senhor, quão variadas são as vossas obras! Feitas, todas, com sabedoria,
a terra está cheia das coisas que criastes. Bendize, ó minha alma, ao Senhor! (Sl 103, 24.35c)



Terça-feira, 12 de fevereiro-2019. 5ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.


1) Oração

Velai, ó Deus, sobre a vossa família, com incansável amor; e, como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Marcos 7, 1-13)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 1Os fariseus e alguns dos escribas vindos de Jerusalém tinham se reunido em torno dele. 2E perceberam que alguns dos seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é, sem as lavar. 3(Com efeito, os fariseus e todos os judeus, apegando-se à tradição dos antigos, não comem sem lavar cuidadosamente as mãos; 4e, quando voltam do mercado, não comem sem ter feito abluções. E há muitos outros costumes que observam por tradição, como lavar os copos, os jarros e os pratos de metal.) 5Os fariseus e os escribas perguntaram-lhe: Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos antigos, mas comem o pão com as mãos impuras? 6Jesus disse-lhes: Isaías com muita razão profetizou de vós, hipócritas, quando escreveu: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. 7Em vão, pois, me cultuam, porque ensinam doutrinas e preceitos humanos (29,13). 8Deixando o mandamento de Deus, vos apegais à tradição dos homens. 9E Jesus acrescentou: Na realidade, invalidais o mandamento de Deus para estabelecer a vossa tradição. 10Pois Moisés disse: Honra teu pai e tua mãe; Todo aquele que amaldiçoar pai ou mãe seja morto. 11Vós, porém, dizeis: Se alguém disser ao pai ou à mãe: Qualquer coisa que de minha parte te pudesse ser útil é corban, isto é, oferta, 12e já não lhe deixais fazer coisa alguma a favor de seu pai ou de sua mãe, 13anulando a palavra de Deus por vossa tradição que vós vos transmitistes. E fazeis ainda muitas coisas semelhantes. - Palavra da salvação.

3) Reflexão
*  O Evangelho de hoje fala dos costumes religiosos daquele tempo e dos fariseus que ensinavam tais costumes ao povo. Por exemplo, comer sem lavar as mãos ou, como eles diziam, comer com mãos impuras. Muitos destes costumes estavam desligados da vida e tinham perdido o seu sentido. Mesmo assim, estes costumes eram conservados e ensinados, ou por medo, ou por superstição. O Evangelho traz algumas instruções de Jesus a respeito destes costumes.
*  Marcos 7,1-2: Controle dos fariseus e liberdade dos discípulos.
   Os fariseus e alguns escribas, vindos de Jerusalém, observavam como os discípulos de Jesus comiam pão com mãos impuras. Aqui há três pontos que merecem ser assinalados: 1) Os escribas eram de Jerusalém, da capital! Significa que tinham vindo para observar e controlar os passos de Jesus. 2) Os discípulos não lavavam as mãos para comer! Significa que a convivência com Jesus os levou a criar coragem para transgredir normas que a tradição impunha ao povo, mas que já não tinham sentido para a vida. 3) O costume de lavar as mãos, que, até hoje, continua sendo uma norma importante de higiene, tinha tomado para eles um significado religioso que servia para controlar e discriminar as pessoas.
*  Marcos 7,3-4: A Tradição dos Antigos
    “A Tradição dos Antigos” transmitia as normas que deviam ser observadas pelo povo para conseguir a pureza exigida pela lei. A observância da pureza era um assunto muito sério para o povo daquele tempo. Eles achavam que uma pessoa impura não podia receber a bênção prometida por Deus a Abraão. As normas de pureza eram ensinadas para abrir o caminho até Deus, fonte da paz. Na realidade, porém, em vez de serem uma fonte de paz, as normas eram uma prisão, um cativeiro. Para os pobres, era praticamente impossível observar as centenas de normas, costumes e leis. Por isso, eles eram desprezados como gente ignorante e maldita que não conhece a lei (Jo 7,49).
*  Marcos 7,5: Escribas e fariseus criticam o comportamento dos discípulos de Jesus
    Os escribas e fariseus perguntam a Jesus: Por que os teus discípulos não se comportam conforme a tradição dos antigos e comem o pão com as mãos impuras? Eles fingem estar interessados em conhecer o porquê do comportamento dos discípulos. Na realidade, criticam Jesus por ele permitir que os discípulos transgridam as normas da pureza. Os fariseus formavam uma espécie de irmandade, cuja principal preocupação era observar todas as leis da pureza. Os escribas eram os responsáveis pela doutrina. Ensinavam as leis referentes à observância da pureza.
*  Marcos 7,6-13 Jesus critica a incoerência dos fariseus
    Jesus responde citando Isaías: Este povo me honra só com os lábios, mas o seu coração está longe de mim (cf. Is 29,13). Insistindo nas normas da pureza, os fariseus esvaziavam os mandamentos da lei de Deus. Jesus cita um exemplo concreto. Eles diziam: a pessoa que oferecer ao Templo os seus bens, não pode usar esses bens para ajudar os pais necessitados. Assim, em nome da tradição esvaziavam o quarto mandamento que manda amar pai e mãe. Tais pessoas pareciam muito observantes, mas era só por fora. Por dentro, o coração delas fica longe de Deus! Como diz o canto: “Seu nome é Jesus Cristo e passa fome, e vive à beira das calçadas. E a gente quando vê passa adiante, às vezes, para chegar depressa à igreja!”. No tempo de Jesus, o povo, na sua sabedoria, não concordava com tudo que se ensinava. Esperava que, um dia, o Messias viesse indicar um outro caminho para alcançar a pureza. Em Jesus se realiza esta esperança.

4) Para um confronto pessoal
1. Conhece algum costume religioso de hoje que já não tem muito sentido, mas que continua sendo ensinado?
2. Os fariseus eram judeus praticantes mas sua fé estava desligada da vida da vida do povo. Por isso, Jesus os criticou. E hoje, Jesus nos criticaria? Em que?

5) Oração final

Ó Senhor, nosso Deus, como é glorioso vosso nome em toda a terra! Vossa majestade se estende, triunfante, por cima de todos os céus. Que é o homem, digo-me então, para pensardes nele? (Sl 8, 2.5a)


Quarta-feira, 13 de fevereiro-2019. 5ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.


1) Oração

Velai, ó Deus, sobre a vossa família, com incansável amor; e, como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Marcos 7, 14-33)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 14Jesus chamou a multidão para perto de si e disse: Ouvi-me todos, e entendei. 15Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa manchar; mas o que sai do homem, isso é que mancha o homem. 16[bom entendedor meia palavra basta.] 17Quando deixou o povo e entrou em casa, os seus discípulos perguntaram-lhe acerca da parábola. 18Respondeu-lhes: Sois também vós assim ignorantes? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode tornar impuro, 19porque não lhe entra no coração, mas vai ao ventre e dali segue sua lei natural? Assim ele declarava puros todos os alimentos. E acrescentava: 20Ora, o que sai do homem, isso é que mancha o homem. 21Porque é do interior do coração dos homens que procedem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, 22adultérios, cobiças, perversidades, fraudes, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e insensatez. 23Todos estes vícios procedem de dentro e tornam impuro o homem. - Palavra da salvação.

3) Reflexão
*  O Evangelho de hoje é a continuação do assunto que meditamos ontem. Jesus ajuda o povo e os discípulos a entender melhor o significado da pureza diante de Deus. Desde séculos, os judeus, para não contrair impureza, observavam muitas normas e costumes relacionados com comida, bebida, roupa, higiene do corpo, lavagem de copos, contato com pessoas de outra religião e raça, etc (Mc 7,3-4) Eles eram proibidos de entrar em contato com os pagãos e de comer com eles. Nos anos 70, época de Marcos, alguns judeus convertidos diziam: “Agora que somos cristãos temos que abandonar estes costumes antigos que nos separam dos pagãos convertidos!” Mas outros achavam que deviam continuar na observância destas leis da pureza (cf Col 2,16.20-22). A atitude de Jesus, descrita no evangelho de hoje, ajudava-os a superar o problema.
*  Marcos 7,14-16: Jesus abre um novo caminho para o povo se aproximar de Deus
    Ele diz para a multidão: “Não há nada no exterior do ser humano que, entrando nele, possa torná-lo impuro!” (Mc 7,15). Jesus inverte as coisas: o impuro não vem de fora para dentro, como ensinavam os doutores da lei, mas sim de dentro para fora. Deste modo, ninguém mais precisa se perguntar se esta ou aquela comida ou a bebida é pura ou impura. Jesus coloca o puro e o impuro num outro nível, no nível do comportamento ético. Ele abre um novo caminho para chegar até Deus e, assim, realiza o desejo mais profundo do povo.
*  Marcos 7,17-23: Em casa, os discípulos pedem explicação
    Os discípulos não entenderam bem o que Jesus queria dizer com aquela afirmação. Quando chegaram em casa pediram uma explicação. Jesus estranhou a pergunta dos discípulos. Pensava que eles tivessem entendido a parábola. Na explicação aos discípulos ele vai até ao fundo da questão da pureza. Declara puros todos os alimentos! Ou seja, nenhum alimento que de fora entra no ser humano pode torná-lo impuro, pois não vai até o coração, mas vai para o estômago e acaba na fossa. Mas o que torna impuro, diz Jesus, é aquilo que de dentro do coração sai para envenenar o relacionamento humano. E ele enumera: prostituição, roubo, assassinato, adultério, ambição, etc. Assim, de muitas maneiras, pela palavra, pelo toque e pela convivência, Jesus foi ajudando as pessoas a ver e obter a pureza de outra maneira. Pela palavra, purificava os leprosos (Mc 1,40-44), expulsava os espírito impuros (Mc 1,26.39; 3,15.22 etc), e vencia a morte que era a fonte de toda a impureza. Pelo toque em Jesus, a mulher excluída como impura ficou curada (Mc 5,25-34). Sem medo de contaminação, Jesus comia junto com as pessoas consideradas impuras (Mc 2,15-17).
 *  As leis da pureza no tempo de Jesus
O povo daquela época tinha uma grande preocupação com a pureza. A lei e as normas da pureza indicavam as condições necessárias para alguém poder comparecer diante de Deus e se sentir bem na presença dele. Não se podia comparecer diante de Deus de qualquer jeito. Pois Deus é Santo. A Lei dizia: “Sede santos, porque eu sou santo!” (Lv 19,2). Quem não era puro não podia chegar perto de Deus para receber dele a bênção prometida a Abraão. A lei do puro e do impuro (Lv 11 a 16) foi escrita depois do cativeiro da Babilônia, cerca de 800 anos depois do Êxodo, mas tinha suas raízes na mentalidade e nos costumes antigos do povo da Bíblia. Uma visão religiosa e mítica do mundo levava o povo a apreciar as coisas, as pessoas e os animais, a partir da categoria da pureza (Gn 7,2; Dt 14,13-21; Nm 12,10-15; Dt 24,8-9).
No contexto da dominação persa, séculos V e IV antes de Cristo, diante da dificuldade para reconstruir o templo de Jerusalém e para a própria sobrevivência do clero, os sacerdotes que estavam no governo do povo da Bíblia ampliaram as leis da pureza e a obrigação de oferecer sacrifícios de purificação pelo pecado. Assim, depois do parto (Lv 12,1-8), da menstruação (Lv 15,19-24) ou da cura de uma hemorragia (Lv 15,25-30), as mulheres tinham que oferecer sacrifícios para recuperar a pureza. Pessoas leprosas (Lv 13) ou que entravam em contato com coisas e animais impuros (Lv 5,1-13) também deviam oferecer sacrifícios. Uma parte destas oferendas ficava para os sacerdotes (Lv 5,13).
No tempo de Jesus, tocar em leproso, comer com publicano, comer sem lavar as mãos, e tantas outras atividades, etc.: tudo isso tornava a pessoa impura, e qualquer contato com esta pessoa contaminava os outros. Por isso, as pessoas “impuras” deviam ser evitadas. O povo vivia acuado, sempre ameaçado pelas tantas coisas impuras que ameaçavam sua vida. Era obrigado a viver desconfiado de tudo e de todos. Agora, de repente, tudo mudou! Através da fé em Jesus, era possível conseguir a pureza e sentir-se bem diante de Deus sem que fosse necessário observar todas aquelas leis e normas da “Tradição dos Antigos”. Foi uma libertação! A Boa Nova anunciada por Jesus tirou o povo da defensiva, do medo, e lhe devolveu a vontade de viver, a alegria de ser filho e filha de Deus, sem medo de ser feliz!

4) Para um confronto pessoal
1. Na sua vida há costumes que você considera sagrados e outros que considera não sagrados? Quais? Por que?
2. Em nome da Tradição dos Antigos os fariseus esqueciam o Mandamento de Deus. Isto acontece hoje? Onde e quando? Também na minha vida?

5) Oração final

Vem do Senhor a salvação dos justos, que é seu refúgio no tempo da provocação. O Senhor os ajuda e liberta; arranca-os dos ímpios e os salva,
porque se refugiam nele. (Sl 36)



Quinta-feira, 14 de fevereiro-2019. 5ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.


1) Oração

Velai, ó Deus, sobre a vossa família, com incansável amor; e, como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Marcos 7, 24-30)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 24Em seguida, deixando aquele lugar, Jesus foi para a terra de Tiro e de Sidônia. E tendo entrado numa casa, não quis que ninguém o soubesse. Mas não pôde ficar oculto, 25pois uma mulher, cuja filha possuía um espírito imundo, logo que soube que ele estava ali, entrou e caiu a seus pés. 26(Essa mulher era pagã, de origem siro-fenícia.) Ora, ela suplicava-lhe que expelisse de sua filha o demônio. 27Disse-lhe Jesus: Deixa primeiro que se fartem os filhos, porque não fica bem tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cães. 28Mas ela respondeu: É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos debaixo da mesa comem das migalhas dos filhos. 29Jesus respondeu-lhe: Por causa desta palavra, vai-te, que saiu o demônio de tua filha. 30Voltou ela para casa e achou a menina deitada na cama. O demônio havia saído. - Palavra da salvação.

3) Reflexão
*  No Evangelho de hoje, veremos como Jesus atende a uma mulher estrangeira de outra raça e de outra religião, o que era proibido pela lei religiosa daquela época. Inicialmente, Jesus não queria atendê-la, mas a mulher insistiu e conseguiu o que ela queria: a cura da filha.
*  Jesus vai tentando abrir a mentalidade dos discípulos e do povo para além da visão tradicional. Na multiplicação dos pães, ele tinha insistido na partilha (Mc 6,30-44). Na discussão sobre o puro e o impuro, tinha declarado puros todos os alimentos (Mc 7,1-23). Agora, neste episódio da Mulher Cananéia, ele ultrapassa as fronteiras do território nacional e acolhe uma mulher estrangeira que não era do povo e com a qual era proibido conversar. Estas iniciativas de Jesus, nascidas da sua experiência de Deus como Pai, eram estranhas para a mentalidade do povo da época. Jesus ajuda o povo a abrir sua maneira de experimentar Deus na vida.
*  Marcos 7.24:  Jesus sai do território 
No evangelho de ontem (Mc 7,14-23) e de anteontem (Mc 7,1-13), Jesus tinha criticado a incoerência da “Tradição dos Antigos” e tinha ajudado o povo e os discípulos a sair da prisão das leis da pureza. Aqui, em Mc 7,24, ele sai da Galiléia. Parece querer sair da prisão do território e da raça. Estando no estrangeiro, ele não quer ser conhecido. Mas a sua fama já tinha chegado antes. O povo ficou sabendo e faz apelo a Jesus.
*  Marcos 7.25-26:  A situação 
   Uma mulher chega perto e começa a pedir pela filha doente. Marcos diz explicitamente que ela era de outra raça e de outra religião. Isto é, era uma pagã. Ela se lança aos pés de Jesus e começa a suplicar pela cura da filha que estava possuída por um espírito impuro. Os pagãos não tinham problema em recorrer a Jesus. Os judeus é que tinham problemas em conviver com os pagãos!
*  Marcos 7.27: A resposta de Jesus
   Fiel às normas da sua religião, Jesus diz que não convém tirar o pão dos filhos e dar aos cachorrinhos. Frase dura. A comparação vinha da vida em família. Até hoje, criança e cachorro é o que mais tem nos bairros pobres. Jesus afirma uma coisa certa: nenhuma mãe tira o pão da boca dos filhos para dar aos cachorrinhos. No caso, os filhos eram o povo judeu e os cachorrinhos, os pagãos. Na época do AT, por causa da rivalidade entre os povos, um povo costumava chamar o outro povo de “cachorro” (1Sam 17,43). Nos outros evangelhos Jesus explica o porque da sua recusa: “Não fui enviado a não ser para as ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 15,24). Ou seja: “O Pai não quer que eu atenda à senhora!”
*  Marcos 7,28: A reação da mulher
   Ela concorda com Jesus, mas amplia a comparação e a aplica ao caso dela: “É verdade, Jesus! Mas também os cachorrinhos comem as migalhas que caem da mesa das crianças!” É como se dissesse: “Se sou cachorrinho, então tenho o direito dos cachorrinhos, a saber, as migalhas me pertencem!” Ela simplesmente tirou as conclusões da parábola que Jesus contou e mostrou que, até na casa de Jesus, os cachorrinhos comiam das migalhas que caíam da mesa das crianças. E na “casa de Jesus”, isto é, na comunidade cristã, a multiplicação do pão para os filhos foi tão abundante que estavam sobrando doze cestos (Mc 6,42) para os “cachorrinhos”, isto é, para ela, para os pagãos!
*  Marcos 7,29-30: A reação de Jesus:
   “Pelo que disseste: Vai! O demônio saiu da tua filha!” Nos outros evangelhos se explicita: “Grande é a tua fé! Seja feito como queres!” (Mt 15,28). Se Jesus atende ao pedido da mulher, é porque compreendeu que, agora, o Pai queria que ele acolhesse o pedido dela. Este episódio ajuda a perceber algo do mistério que envolvia a pessoa de Jesus e como ele convivia com o Pai. Era observando as reações e as atitudes das pessoas, que Jesus descobria a vontade do Pai nos acontecimentos da vida,. A atitude da mulher abriu um novo horizonte na vida de Jesus. Através dela, ele descobriu melhor que o projeto do Pai é para todos os que buscam a vida e procuram libertá-la das cadeias que aprisionam a sua energia. Assim, ao longo das páginas do evangelho de Marcos há uma abertura crescente em direção aos outros povos. Deste modo, Marcos leva os leitores e as leitoras a abrir-se, aos poucos, para a realidade do mundo ao redor e a superar os preconceitos que impediam a convivência pacífica entre os povos. Esta abertura para os pagãos aparece de maneira muito clara na ordem final dada por Jesus aos discípulos, depois da sua ressurreição: ”Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).

4) Para um confronto pessoal
1. Como você faz, concretamente, para conviver em paz com pessoas de outras igrejas cristãs ou com espíritas? No bairro onde você vive tem gente de outras religiões? Quais? Você conversa normalmente com pessoas de outra religião?
2. Qual a abertura que este texto pede de nós, hoje, na família e na comunidade?

5) Oração final

Felizes aqueles que observam os preceitos, aqueles que, em todo o tempo, fazem o que é reto. Lembrai-vos de mim, Senhor, pela benevolência que tendes com o vosso povo. Assisti-me com o vosso socorro. (Sl 105, 3-4)



Sexta-feira, 15 de fevereiro-2019. 5ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.

1) Oração

Velai, ó Deus, sobre a vossa família, com incansável amor; e, como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Marcos 7, 31-37)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 31Jesus deixou de novo as fronteiras de Tiro e foi por Sidônia ao mar da Galiléia, no meio do território da Decápole. 32Ora, apresentaram-lhe um surdo-mudo, rogando-lhe que lhe impusesse a mão. 33Jesus tomou-o à parte dentre o povo, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e tocou-lhe a língua com saliva. 34E levantou os olhos ao céu, deu um suspiro e disse-lhe: Éfeta!, que quer dizer abre-te! 35No mesmo instante os ouvidos se lhe abriram, a prisão da língua se lhe desfez e ele falava perfeitamente. 36Proibiu-lhes que o dissessem a alguém. Mas quanto mais lhes proibia, tanto mais o publicavam. 37E tanto mais se admiravam, dizendo: Ele fez bem todas as coisas; fez que ouçam os surdos e falem os mudos. - Palavra da salvação.

3) Reflexão
  No evangelho de hoje, Jesus cura um surdo que gaguejava. Este episódio é pouco conhecido. No episódio da Mulher Cananéia, Jesus ultrapassou as fronteiras do território nacional e acolheu uma mulher estrangeira que não era do povo e com a qual era proibido conversar. A mesma abertura continua no evangelho de hoje.
*  Marcos 7,31. A região da Decápole
   “Jesus saiu de novo da região de Tiro, passou por Sidônia e continuou até o mar da Galiléia, atravessando a região da Decápole”.   Decápole significa, literalmente, Dez Cidades. Era uma região de dez cidades ao sudeste da Galiléia, cuja população era pagã.
*  Marcos 7,31-35. Abrir o ouvido e soltar a língua.
Um surdo gago é levado a Jesus. O jeito de curar é diferente. O povo queria que Jesus apenas impusesse as mãos sobre ele. Mas Jesus foi muito além do pedido. Ele levou o homem para longe da multidão, colocou os dedos nas orelhas e com saliva tocou na língua, olhou para o céu, fez um suspiro profundo e disse: “Éfata!”, isto é, “Abra-se!” No mesmo instante, os ouvidos do surdo se abriram, a língua se desprendeu e o homem começou a falar corretamente. Jesus quer que o povo abra o ouvido e solte a língua! 
*  Marcos 7,36-37: Jesus não quer publicidade.
   “Jesus recomendou com insistência que não contassem nada a ninguém. No entanto, quanto mais ele recomendava, mais eles pregavam. Estavam muito impressionados e diziam: "Jesus faz bem todas as coisas. Faz os surdos ouvir e os mudos falar". Ele proíbe a divulgação da cura, mas não adiantou. Quem teve experiência de Jesus, vai contar para os outros, queira ou não queira! As pessoas que assistiram á cura começaram a proclamar o que tinham visto e resumiram a Boa Notícia assim: "Jesus faz bem todas as coisas. Faz os surdos ouvir e os mudos falar".  . Esta afirmação do povo faz lembrar a criação, onde se diz: “Deus viu que tudo era muito bom!” (Gn 1,31). E evoca ainda a profecia de Isaías, onde este diz que no futuro os surdos vão ouvir e os mudos vão falar (Is 29,28; 35,5. cf Mt 11,5).
* A recomendação de não contar nada a ninguém.
Às vezes, se exagera a atenção que o evangelho de Marcos atribui à proibição de divulgar a cura, como se Jesus tivesse um segredo a ser preservado. Na maioria das vezes que Jesus faz um milagre, ele não pede silêncio. Uma vez até pediu publicidade (Mc 5,19). Algumas vezes, porém, ele dá ordem para não divulgar a cura (Mc 1,44; 5,43; 7,36; 8,26), mas ele obtém o resultado contrário. Quanto mais proíbe, tanto mais a Boa Nova se espalha (Mc 1,28.45; 3,7-8; 7,36-37). Não adianta proibir! Pois a força interna da Boa Nova é tão grande que ela se divulga por si mesma!
*  Abertura crescente no evangelho de Marcos
Ao longo das páginas do evangelho de Marcos há uma abertura crescente em direção aos outros povos. Assim, Marcos leva os leitores e as leitoras a abrir-se, aos poucos, para a realidade do mundo ao redor e a superar os preconceitos que impediam a convivência pacífica entre os povos. Na sua passagem pela Decápole, região pagã, Jesus atende ao pedido do povo do lugar e cura um surdo gago. Ele não tem medo de contaminar-se com a impureza de um pagão, pois ao curá-lo, toca-lhe os ouvidos e a língua. Enquanto as autoridades dos judeus e os próprios discípulos têm dificuldades de escutar e entender, um pagão que era surdo e gago passa a ouvir e a falar pelo toque de Jesus. Lembra o cântico do servo “O Senhor Iahweh abriu-me os ouvidos e eu não fui rebelde” (Is 50,4-5). Ao expulsar os vendedores do templo, Jesus critica o comércio injusto e afirma que o templo deve ser casa de oração para todos os povos (Mc 11,17). Na parábola dos vinhateiros homicidas, Marcos faz alusão ao fato de que a mensagem será tirada do povo eleito, os judeus, e será dada aos outros, aos pagãos (Mc 12,1-12). Depois da morte de Jesus, Marcos apresenta a profissão de fé de um pagão ao pé da cruz. Ao citar o centurião romano e seu reconhecimento de Jesus como Filho de Deus, está dizendo que o pagão é mais fiel do que os discípulos e mais fiel do que os judeus (Mc 15,39). A abertura para os pagãos aparece de maneira muito clara na ordem final dada por Jesus aos discípulos, depois da sua ressurreição: ”Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).

4) Para um confronto pessoal
1. Jesus teve muita abertura para as pessoas de outra raça, de outra religião e de outros costumes. Será que nós cristãos hoje temos a mesma abertura? Será que eu tenho?
2. Definição da Boa Nova: “Jesus fez bem todas as coisas!” Sou Boa Nova de Deus para os outros?

5) Oração final

Cantai ao Senhor um cântico novo. Cantai ao Senhor, terra inteira. Cantai ao Senhor e bendizei o seu nome, anunciai cada dia a salvação que ele nos trouxe.  (Sl 95, 1-2)



Sábado. 16 de fevereiro-2019 5ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.


1) Oração

Velai, ó Deus, sobre a vossa família, com incansável amor; e, como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Marcos 8, 1-10)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - 1Naqueles dias, como fosse novamente numerosa a multidão, e não tivessem o que comer, Jesus convocou os discípulos e lhes disse: 2Tenho compaixão deste povo. Já há três dias perseveram comigo e não têm o que comer; 3Se os despedir em jejum para suas casas, desfalecerão no caminho; e alguns deles vieram de longe! 4Seus discípulos responderam-lhe: Como poderá alguém fartá-los de pão aqui no deserto? 5Mas ele perguntou-lhes: Quantos pães tendes? Sete, responderam. 6Mandou então que o povo se assentasse no chão. Tomando os sete pães, deu graças, partiu-os e entregou-os a seus discípulos, para que os distribuíssem e eles os distribuíram ao povo. 7Tinham também alguns peixinhos. Ele os abençoou e mandou também distribuí-los. 8Comeram e ficaram fartos, e dos pedaços que sobraram levantaram sete cestos. 9Ora, os que comeram eram cerca de quatro mil pessoas. Em seguida, Jesus os despediu. 10E embarcando depois com seus discípulos, foi para o território de Dalmanuta. - Palavra da salvação.

   1 Naqueles dias, havia de novo uma grande multidão e não tinham o que comer. Jesus chamou os discípulos e disse: 2 "Tenho compaixão dessa multidão, porque já faz três dias que está comigo e não têm nada para comer. 3 Se eu os mandar para casa sem comer, vão desmaiar pelo caminho, porque muitos deles vieram de longe."  4 Os discípulos disseram: "Onde alguém poderia saciar essa gente de pão, aqui no deserto?"  5 Jesus perguntou: "Quantos pães vocês têm?" Eles responderam: "Sete." 6 Jesus mandou que a multidão se sentasse no chão. Depois pegou os sete pães, agradeceu, partiu-os e ia dando aos discípulos, para que os distribuíssem.  7 Tinham também alguns peixinhos. Depois de pronunciar a bênção sobre eles, mandou que os distribuíssem também. 8 Comeram e ficaram satisfeitos, e recolheram sete cestos dos pedaços que sobraram.  9 Eram mais ou menos quatro mil. E Jesus os despediu.   10 Jesus entrou na barca com seus discípulos e foi para a região de Dalmanuta.  

3) Reflexão
*  O texto do evangelho de hoje traz a segunda multiplicação dos pães. O fio que costura os vários episódios desta parte do evangelho de Marcos é o alimento, o pão. Depois do banquete de morte (Mc 6,17-29), vem o banquete da vida (Mc 6,30-44). Durante a travessia do lago, os discípulos têm medo, porque não entenderam nada do pão multiplicado no deserto (Mc 6,51-52). Em seguida, Jesus declara puros todos os alimentos (Mc 7,1-23). Na conversa de Jesus com a mulher Cananéia, os pagãos vão comer das migalhas que caem da mesa dos filhos (Mc 7,24-30). E aqui no evangelho de hoje, Marcos relata a segunda multiplicação do pão (Mc 8,1-10).
*  Marcos 8,1-3: A situação do povo e a reação de Jesus
   A multidão, que se juntou ao redor de Jesus no deserto, estava sem comida. Jesus chama os discípulos e coloca o problema: Tenho dó desse povo. Estão três dias comigo e não têm o que comer. Não posso mandá-los de volta para casa, porque alguns deles vieram de longe e poderiam desfalecer pelo caminho! Nesta preocupação de Jesus transparecem duas coisas muito importantes: 1) O povo esqueceu casa e comida e foi atrás de Jesus no deserto! Sinal de que Jesus deve ter sido uma simpatia ambulante, a ponto de o povo andar atrás dele no deserto e ficar com ele durante três dias!  2) Jesus não manda resolver o problema. Ele apenas manifesta a sua preocupação aos discípulos. Parece um problema sem solução.
*  Marcos 8,4: A reação dos discípulos: o primeiro mal-entendido
   Os discípulos pensam logo numa solução, segundo a qual alguém deve arrumar pão para o povo. Não lhes passa pela cabeça que a solução possa vir do próprio povo. Eles dizem: “Como poderia alguém, aqui no deserto, saciar com pão a tanta gente?” Com outras palavras, eles pensam numa solução tradicional. Alguém deve juntar dinheiro, comprar pão e distribuir ao povo. Eles mesmos percebem que, naquele deserto, esta solução não é viável, mas não vêem outra possibilidade para resolver o problema. Ou seja: se Jesus insiste em não mandar o povo de volta para casa, não haverá solução para a fome do povo!
*  Marcos 8,5-7: A solução encontrada por Jesus
   Primeiro, ele pergunta quantos pães eles têm: “Sete!”  Em seguida, manda o povo sentar-se. Depois, tomou os sete pães, deu graças, partiu-os e deu aos seus discípulos para que os distribuíssem. E fez o mesmo com os peixes.  Como na primeira multiplicação (Mc 6,41), a maneira de Marcos descrever a atitude de Jesus lembra a Eucaristia. A mensagem é esta: a participação na Eucaristia deve levar-nos à doação e à partilha do pão com os que não têm pão
*  Marcos 8,8-10: O resultado
   Todos comeram, ficaram saciados e ainda sobrou! Solução inesperada, nascida de dentro do próprio povo, a partir do pouco que eles mesmos tinham trazido. Na primeira multiplicação, sobraram doze cestos. Aqui, sete. Na primeira, foi para cinco mil pessoas. Aqui, para quatro mil. Na primeira, havia cinco pães e dois peixes. Aqui, sete pães e alguns peixes.
*  O perigo da ideologia dominante
Os discípulos pensavam de um jeito, Jesus pensa de outro jeito. No modo de pensar dos discípulos transparece a ideologia dominante, o modo comum de pensar das pessoas. Jesus pensa diferente. Não é pelo fato de uma pessoa andar com Jesus e de viver na comunidade que ela já é santa e renovada. No meio dos discípulos, cada vez de novo, a mentalidade antiga levantava a cabeça, pois o “fermento de Herodes e dos fariseus” (Mc 8,15), isto é, a ideologia dominante, tinha raízes profundas na vida daquele povo. A conversão que Jesus pede vai longe e fundo. Ele quer atingir a raiz e erradicar os vários tipos de “fermento”:
+  o “fermento” da comunidade fechada sobre si mesma sem abertura. Jesus responde: “Quem não é contra é a favor!" (Mc 9,39-40). Para Jesus, o que importa não é se a pessoa faz ou não faz parte da comunidade, mas sim se ela faz ou não o bem que a comunidade deve realizar.
+  o “fermento” do grupo que se considera superior aos outros. Jesus responde "Vocês não sabem de que espírito estão sendo animados" (Lc 9,55).
+  o “fermento” da mentalidade de classe e de competição, que caracterizava a sociedade do Império Romano e que já se infiltrava na pequena comunidade que estava apenas começando. Jesus responde: "O primeiro seja o último" (Mc 9, 35). É o ponto em que ele mais insistiu e em que mais deu o próprio testemunho: “Não vim para ser servido, mas para servir” (Mc 10,45; Mt 20,28; Jo 13,1-16).
+  o “fermento” da mentalidade da cultura da época que marginalizava os pequenos, as crianças. Jesus responde:”Deixem vir a mim as crianças!” (Mc 10,14). Ele coloca criança como professora de adulto: “Quem não receber o Reino como uma criança, não pode entrar nele” (Lc 18,17).
Como no tempo de Jesus, também hoje, a mentalidade neoliberal renasce e reaparece na vida das comunidades e das famílias. A leitura orante do Evangelho, feita em comunidade, pode ajudar-nos a mudar de vida e de visão e a continuar na conversão e na fidelidade ao projeto de Jesus.

4) Para um confronto pessoal
1. Mal-entendidos podem ocorrer sempre, com amigos e com inimigos. Qual o mal-entendido entre Jesus e os discípulos por ocasião da multiplicação dos pães? Como Jesus enfrenta todos estes mal-entendidos? Você já teve algum mal-entendido em casa, com os vizinhos ou na comunidade? Como foi que você reagiu? A sua comunidade já enfrentou algum mal-entendido ou conflito com as autoridades do município ou da igreja? Como foi?
2. Qual o fermento que hoje impede a realização do evangelho e que deve ser eliminado?

5) Oração final

Senhor, fostes nosso refúgio de geração em geração. Antes que se formassem as montanhas, a terra e o universo, desde toda a eternidade vós sois Deus. (Sl 89, 1-2)

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

«JOGANDO VIDA» Papa Francisco em diálogo com os jesuítas da América Central


Às 15h45 de 26 de janeiro de 2019, o Papa Francisco reuniu na Nunciatura do Panamá 30 jesuítas da província da América Central, que inclui os territórios do Panamá, Costa Rica, Nicarágua, El Salvador, Honduras e Guatemala. Entre eles, o provincial, p. Rolando Enrique Alvarado López, o mestre de noviços, pe. Silvio Avilez e 18 jovens noviços. Assim que Francisco entrou na sala de reuniões, os jesuítas cantaram a canção "En todo amar e servir", bem conhecida na Companhia de Jesus, e depois saudaram a todos, um por um, antes de se sentar e começar a conversa.. (Antonio Spadaro SI)

Obrigado pela sua visita. Nas minhas viagens gosto de conhecer o "nosso", como costumávamos dizer quando eu era jovem [1] . Quero dizer-lhe uma coisa imediatamente: para as províncias da Companhia que se queixam de não ter noviços ... você, provincial, passa a receita para eles! Pergunte o que você quer, o que lhe interessa, que te intriga. E com base nisso, organizamos o diálogo. Eu não preparei nada. Vejo você ...

Na homilia dirigiu-se aos bispos, depois de ter falado de monsenhor Romero, citou o padre jesuíta. Rutilio Grande . Como é a causa da beatificação do Rutilio?
Eu amo muito Rutilio [2] . Na entrada do meu quarto há uma moldura que contém um pedaço de tela sangrenta de Romero e as notas de uma catequese de Rutilio. Eu era muito dedicado a Rutilio antes mesmo de me familiarizar com a figura de Romero. Quando eu estava na Argentina, sua vida me atingiu, sua morte me tocou. De acordo com as últimas notícias que recebi de pessoas informadas, a declaração do martírio está indo bem. E é uma honra ... Homens desse tipo ... Rutilio, além disso, era o profeta. Ele "converteu" Romero .
Aqui está uma visão: a dimensão da profecia, aquela de quem é um profeta para o testemunho da vida, e não apenas daqueles que são, porque ensinam lições e andam por aí conversando. Ele é um profeta do testemunho. Ele também disse o que tinha a dizer, mas foi o seu testemunho, o do martírio, que em última análise moveu Romero. Foi graça. E então se volte para eles com sua oração.

Você era um mestre novato, não é? Em que anos? 
Comecei em fevereiro ou março, não me lembro bem, em 1972. Fiz isso até o dia de Santo Inácio, em 1973, quando assumi o papel de provincial. Então, por um ano e meio.

Para você, que era o mestre de principiantes, faço uma pergunta principal. Hoje, nas primeiras décadas do século XXI, as situações são muito diferentes daquelas convulsionadas na América Latina. Mas há algo que você recomendaria aos seus noviços e que, na sua opinião, deveríamos continuar contando aos noviços agora?
Entre as coisas daqueles momentos que devem ser transferidos para hoje e que permanecem atuais, eu destacaria uma atitude: clareza de consciência. Não há lugar para pessoas dissimuladas: elas não precisam da empresa. Quando você lê as cartas de São Francisco Xavier, você vê o quanto ele mantinha as coisas conhecidas: o que Jesus faz na alma de cada um, e também como o diabo mexe e como o mundo seduz.
Este espírito deve ser combinado com grande confiança. Portanto, o mestre principiante não deve ser uma pessoa medrosa. Deve ser aberto, muito aberto, não deve ter medo de nada, não deve temer nada, e em vez disso deve ser afiado, capaz de dizer: "Cuidado com isso, olhe para aquilo que você me diz que é perigoso; isso é uma graça, continue assim ”. Ele deve saber discernir. Um homem que não tem medo, um homem de discernimento.
Portanto, clareza de consciência. Quando estou com os novatos, eu digo a eles: olha, se você não se acostumar a ser transparente agora, é melhor você sair. Porque as coisas vão ficar ruins. Afastar-se da transparência, talvez devido a uma pequenez, é algo que pode acontecer em todos os processos de crescimento. Mas tenha cuidado porque, se você não fizer isso imediatamente, chegará um tempo em que a Sociedade não saberá o que fazer com essa pessoa, porque o vínculo da fraternidade está quebrado, para sermos companheiros no Senhor. Nesse ponto, a pessoa continuará com truques, desculpas, doenças. De qualquer coisa que lhe permita fazer o que quiser. As pessoas que se comportam assim talvez vão para o céu, claro! Mas que vida má, meu Deus, que vida superficial! Melhor sair e talvez se casar, ter filhos e estar em paz. Mas viva assim,
Eu insistiria muito nisso. É claro que é uma coisa delicada. De fato, o professor envolve uma capacidade de respeito, de não ter medo, de ouvir, de encorajar. Para ser mais exigente.
Isso também pode se aplicar aos superiores. Às vezes você pode ter desejado que a pessoa não tivesse consciência, porque ele tem um problema que você não sabe como resolver. Mas é a clareza de consciência que nos torna jesuítas. Além disso, o jesuíta deve saber que o superior o ama e que o diálogo está em Deus.Em
um livro de entrevistas sobre a vida consagrada que acaba de sair eu conto uma história [3] . Fala-se de um superior. Um menino, um «professor» [4], ele estava em uma certa faculdade espanhola e sua mãe tinha câncer terminal. E na cidade onde morava sua mãe havia outro colégio da Companhia. E um dia, quando o provincial veio visitá-lo, entre outras coisas, o menino lhe disse: "Olha, minha mãe está doente. Ele terá menos de um ano de vida. Eu sei que você tem que mandar um professor para aquela faculdade. Eu gostaria de pedir que você me enviasse; assim estarei na cidade da minha mãe, por isso estarei perto dela nos seus últimos momentos ". O provincial ouviu-o com muito cuidado e respondeu: "Tenho que discernir, tenho que pensar". E o menino foi embora pacificamente.
Isso aconteceu na hora do almoço. O provincial deixaria a manhã seguinte ao amanhecer. O menino passava a tarde normalmente, e à noite parava na capela da mãe, para que tudo corresse bem ... Ficou lá até tarde e, quando foi ao seu quarto, encontrou um envelope do provincial. Ele abriu ... Era uma carta com a data do dia seguinte, em que o provincial lhe disse: «Depois de ter pensado sobre isso na presença do Senhor e ter procurado a sua vontade divina ... [e outras declarações como essa ...], e depois de ter celebrado 'Eucaristia [no dia seguinte!], Acho que você deveria ficar nesta faculdade ". O que aconteceu? O provincial teve que sair cedo e continuou com o trabalho, ele já havia escrito e deixado todas as cartas para o ministro [5], quem deveria entregá-los no dia seguinte. Mas o ministro, vendo que já era tarde da noite e já dormia tudo, os entregou imediatamente.
Aquele jesuíta não deixou a Companhia, mas ele teria todos os motivos para fazê-lo.
Então é verdade que às vezes a clareza de consciência acaba em um contra-testemunho desse tipo, em hipocrisia! Além disso, é jogado com discernimento, com missa, com tudo! Aquele superior não tinha escrúpulos. Ele era do tipo de superiores que estão sempre em equilíbrio, jogando nisso. Superiores do mundo, com o espírito do mundo. E, portanto, mesmo os superiores às vezes não ajudam a ter clareza de consciência, e eles têm a responsabilidade.
O superior deve ser muito humilde, muito fraterno e saber que chegará o dia em que ele deverá abrir sua consciência para outro superior. Eu insisto nisso: transparência. Coloque isso na sua cabeça, concentre-se nisso. Caso contrário, você será um fracasso. Vocês serão inconsistentes jesuítas. Então é melhor sair, melhor ser bons pais da família.
Eu não estou fazendo uma tragédia, mas é uma das coisas centrais da Sociedade, o que garante o amor por Cristo, o seguimento de Cristo. Eu fui formado assim ...
Como você vê, hoje, a vocação do irmão? 
Existem três vocações na Sociedade: coadjutor professos e espirituais e irmão [6]. Em 1974, na época da 32ª Congregação, que começou em 3 de dezembro, havia muita efervescência na igualdade. Pensou-se que a diferença entre coadjutor professo e espiritual era uma injustiça social. Houve alguma infiltração ideológica. Em suma, ele estava tentando fazer com que todos se professassem, então, de acordo com eles, todos seriam iguais. P. Arrupe teve que reagir. Se ela tivesse ido assim, algo da Companhia teria sido perdido. E então surgiu outra visão, também ideológica: que o serviço dos irmãos na empresa era uma espécie de injustiça social. Uma questão de "nível social" foi feita. Como se seu irmão Antonio García, o guardião do museu dos mártires em Nagasaki, fosse um "servo" no sentido clássico e sociológico do termo. Em vez disso, ele era mais sábio do que todos nós juntos aqui! E foi ele quem ajudou muitos com o seu conselho. O irmão é quem tem o mais puro carisma da Companhia: servir. Servir. Servir.
Antes de você cantar En todo amar y servir. O irmão é assim. Betão. Entre os irmãos que conheci, alguns eram "coloridos", eles tinham seus defeitos ... Alguns lutaram muito, lutaram por sua vida religiosa, como heróis, e não foram ajudados o suficiente em suas lutas e dificuldades. Eu me lembro de alguém que tinha uma consciência limpa, mas era um pouco 'dongiovanni'. Aquele pobre irmão se apaixonou o tempo todo. E ele veio com humildade e disse: "Ah, pai, não faço nada além de olhar continuamente para a namorada". Quem sabe, talvez ele nem sequer tenha que se juntar à empresa! Mas eles eram transparentes e capazes de avaliar bem as situações. Aqui existe uma vocação para o serviço de uma maneira diferente: na mesma fraternidade, com a mesma dignidade religiosa, não simplesmente sociológica, como uma vez quiseram considerá-la.
Alguns fizeram comparações e disseram: "O irmão é a mãe". Não, não, não. Isso não é bom. A mãe é a empresa e uma é suficiente. Mas o irmão é aquele que tem a cabeça no concreto, que olha para o concreto, que é conhecido por se mover no concreto, o que quer que ele faça. Como enfermeira, cozinheira, porteira, professora. Tem outra dimensão. Não é necessário avaliar o irmão segundo um perfil sociológico. Isso significa tirar seu serviço de seu próprio contexto.
Entre os irmãos que tivemos na Argentina, alguns tinham suas falhas, é claro, mas eram homens desse calibre. Eu me lembro de um deles, um homem santo. Ele era croata, fugiu de sua terra natal e acabou na Bélgica, em Charleroi, onde ele era mineiro. Ele sempre preservou a devoção. Ele queria se tornar religioso. Ele não sabia onde. Ele emigrou para a Argentina e lá entrou na Companhia. Ele era um homem muito simples. Ele estava encarregado de todo o trabalho de hardware. E, para colocar em termos de hardware, ele possuía a chave para tudo o que acontecia, ele levava as coisas como elas eram, mas ele não abria a boca a menos que o superior lhe pedisse.
Eu conheço tantos quanto ele: eles eram carvalhos. Muitos eram espanhóis que vieram para a Argentina. A província de Loyola era uma "fábrica" ​​de irmãos. Os bascos que vieram até nós, os que eu conhecia, eram todos homens de uma peça.
Por que eu faço todos esses exemplos? Para dizer-lhes que a vocação de um irmão não deve ser considerada do ponto de vista sociológico, mas do ponto de vista do que os irmãos estão de fato em sua vocação específica, como Santo Inácio os queria na Sociedade. Eu não quero exagerar, mas quando eu era provincial, talvez as mais simples e ao mesmo tempo as opiniões mais apropriadas para as ordenações me foram dadas pelos irmãos. Eles disseram: "Sim, mais ou menos ... mas preste atenção a este problema ...". Ou: "Essa pessoa tem certos defeitos, sim, mas ele também tem essa virtude ...". Em suma, nada lhes escapou. Eles tinham um olho especial. Na Companhia, o irmão tem uma grande influência no corpo coletivo e na comunidade. Deve ser promovido, como qualquer jesuíta, para dar o melhor de si mesmo. Mas a promoção não deve basear-se unicamente numa motivação sociológica ou ideológica, como se o irmão precisasse de uma promoção para se sentir uma pessoa! Se ele não se sente uma pessoa, ele deve repensar sua vocação. E o irmão não precisa de cosméticos. Esta vocação não pode ser perdida! Não sei se te respondi.

Estamos no contexto da JMJ e há várias reuniões de jovens. No dia de boas-vindas, no «Cinta Costera», falou sobre a cultura do encontro. Você está convencido de que o encontro é um tema forte para nossos jovens, invadido por tanta cultura da informação. Parece que a reunião é às vezes truncada e essa proximidade é mediada pela rede de computadores.
Veja, o mundo virtual ajuda na criação de contatos, mas não em "reuniões". Às vezes reuniões "de fábrica", seduzindo você com contatos. Aqueles que viram isso bem sob o aspecto filosófico foram Zygmunt Bauman. Ele escreveu seu último livro com seu assessor italiano e morreu enquanto trabalhava no último capítulo. A viúva deu ao assistente, dizendo: "Você termina e publica, coloca também o nome do meu marido", porque era um de seus discípulos e o conhecia bem. E ele publicou em italiano [7] . É chamado líquido Nati , isto é, inconsistente. Mas na tradução alemã o título é Die Entwurzelten , "Sem raízes". Na mentalidade alemã, aqueles que nascem líquidos não têm raízes. Perfeito. Isso mesmo.
O que o mundo puramente virtual faz, se é isolado em si mesmo? Dá-lhe satisfação, dá-lhe um consolo artificial, mas não o mantém unido às suas raízes. Ele envia você para a órbita. Isso tira sua dimensão concreta. Isso corre o risco de ser um mundo de contatos - eu disse aos bispos - mas não é um mundo de reuniões. E isso é perigoso, muito perigoso. E com isso em mente, os jovens devem receber uma direção muito séria. Uma direção a partir da qual eles não devem se sentir desapropriados, mas enriquecidos. Aqueles de vocês que trabalham com jovens, por exemplo em faculdades, têm a tarefa de ajudá-los a se encontrar.
E em que consiste a crise atual do encontro? É uma crise de raízes. A geração de meios - pelo menos na Europa e na minha terra natal - isto é, os pais dos jovens, não tem o poder de transmitir as raízes. Porque são pessoas dilaceradas, muitas vezes em competição com seus filhos. Avós estão dando raízes. Eu ainda estou na hora de fazer isso. As raízes dão a ela as antigas. É por isso que, quando digo que os jovens têm que conhecer pessoas idosas, não expresso uma ideia romântica. Deixe eles conversarem. No começo, os jovens dizem que estão cansados, ficam entediados, ficam em silêncio.
Eu tive a experiência de jovens e grupos de jovens que foram oferecidos a oportunidade de ir e tocar violão para os convidados de um lar de idosos. Eles responderam: "Não, eles são velhos". Mas então, quando foram visitá-los, não quiseram ir. Uma música e depois outra. "Por que você não canta isso para mim?" E "No meu tempo ...", e assim por diante: os antigos despertam ... E eu me refiro ao capítulo 3 do livro de Joel: os velhos sonharão e os jovens profetizarão. Os idosos começam a sonhar, a contar, e os jovens começam a profetizar: não o que os antigos lhes disseram, mas sim os sonhos dos velhos que despertam neles.
Isso é reunião. Isso é realidade. Mas é importante ir às raízes. O que a cultura virtual nos oferece é algo líquido, gasoso, sem raízes, sem tronco, sem nada. O mesmo acontece no campo econômico e financeiro. Nesses dias, eu estava lendo uma notícia na reunião de Davos que a dívida geral dos países é muito maior do que o produto bruto de todos juntos. É como o golpe da corrente de Santo Antônio: os números incham, milhões e bilhões, mas abaixo não há nada além de fumaça, é tudo líquido, gasoso e, mais cedo ou mais tarde, entrará em colapso. 
A virtude que hoje é necessária para todos, e especialmente para um jesuíta, é a concretude. Como aquele confessor que tivemos no Colegio Máximo, que confessou à noite. Ele era muito velho. Enquanto fazíamos o exame de consciência, alguns se confessavam e, diante de sua porta, havia sempre uma fila. Ele rapidamente confessou, ele disse algumas palavras. Mas um de nossos camaradas, um tipo angélico, muito espiritual, nos disse um dia que uma vez ele havia confessado a ele e que nunca mais voltaria. "Ele me maltratou, ele me atacou", disse ele. E, claro, ficamos intrigados ... o que esse anjo disse para ser repreendido assim? E ele nos disse: "Comecei a contar-lhe as minhas dificuldades. E ele disse: cuspa o sapo, cuspa o sapo! " Em resumo, ele estava acostumado a ouvir coisas grandes, então quando ele vinha lhe contar coisas angélicas, tão líquidas, ele não acreditava em nada e depois insistia para que ele se revelasse. Concretude!
Mas como ter certeza de que os meninos são concretos? P. La Manna, que agora está no Istituto Massimo, em Roma. Este homem conseguiu concretizar em seu instituto, uma das escolas mais chiques de Roma; ele conseguiu criar um espírito social impressionante com os meninos. Concretude. Através das pequenas coisas etéreas. Vida espiritual concreta. Vida comprometida, concreta. A vida da amizade, concreta. Concretude. É com isso que salvaremos o homem. Mas volto ao diálogo com os antigos: por favor faça antes que seja tarde demais! Porque é uma âncora que pode salvar nossa juventude.

Vendo o testemunho que caracterizou a Companhia de Jesus na América Central, o que você acha que podemos trazer para a Igreja universal? 
Na América você foi pioneiro nos anos de lutas sociais cristãs. Você foi pioneiro. Se p. Arrupe escreveu a carta sobre os cristãos e "análise marxista"para falar sobre a realidade da teologia da libertação, é porque havia um jesuíta que estava um pouco confuso. Não com más intenções, mas ele estava confuso, e naquele momento seu pai tinha que consertar as coisas. Devolva-os ao foco. Então, quem condenou a teologia da libertação, condenou todos os jesuítas da América Central. Eu ouvi condenações terríveis. E quem aceitou, aceitou tudo sem fazer distinções. Em qualquer caso, a história ajudou a discernir e purificar. Eles são processos de purificação. Mas se não estou enganado, você foi pioneiro, com seus pecados, com seus erros, mas mesmo assim pioneiros.
Naquela época, um dia peguei o avião para ir a uma reunião. Saí de Buenos Aires, mas como o ingresso era mais barato, parei em Madri e depois fui para Roma. Um bispo da América Central embarcou em Madri. Eu o cumprimentei, ele me cumprimentou; nos sentamos um ao lado do outro e começamos a conversar. Perguntei-lhe sobre a causa de Romero e ele respondeu: "Nós nem sequer falamos sobre isso, apenas não. Seria como canonizar o marxismo ". Foi apenas o prelúdio. Ele continuou nesse ritmo. Também no episcopado havia visões diferentes, havia também aqueles que condenavam a linha da Companhia. E de fato esse bispo passou de criticar Romero a criticar os jesuítas da América Central. Mas ele certamente não era o único a pensar assim. Na época, alguns outros membros da hierarquia eclesiástica estavam muito próximos dos regimes da época, estavam muito "inseridos".
Em uma reunião em Roma, encontrei um provincial, acusado de ser esquerdista. Eu o questionei sobre a teologia da libertação, e ele me deu uma visão muito objetiva e até mesmo crítica de alguns jesuítas, mas me mostrando qual era a direção positiva; para aqueles que viam tudo isso de fora, tudo parecia muito, muito difícil de aceitar. A ideia era que canonizar Romero era impossível porque esse homem não era nem cristão, ele era marxista! E então eles o atacaram. Naquela tempestade também havia boas sementes. Alguns exageraram, sim, mas depois voltaram. Sempre houve exageros.
Alguém disse a ela maior que os outros, é verdade, mas a substância era diferente. Você tem estado cheio dessa revolta. E seria bom se você relesse a história desses homens. Havia pessoas como Rutilio, que nunca pulou, e fez tudo o que ele tinha que fazer. Do ponto de vista ideológico, ele nunca se perdeu e, em vez disso, havia alguém que se sentia um pouco perdido naquelas partes, porque estava apaixonado pela filosofia de certo autor e, com base nisso, releu e interpretou os fatos. Mas são coisas humanas, compreensíveis em circunstâncias difíceis.
As ditaduras que você teve na América Central foram terror. O importante não é ser oprimido pela ideologia de um lado ou de outro, e nem mesmo pelo pior de todos, que é a ideologia asséptica. «Não se intrometer»: esta é a pior ideologia. Foi a atitude daquele bispo que se encontrou no avião, que era um asséptico. Arrupe sobre isso foi muito claro no discernimento que ele fez. Ele defendeu a todos, mas depois corrigiu cada um em particular sobre o que tinha que corrigir, se tivesse que corrigir alguma coisa. Isto é típico do superior, defendendo todos ... E, portanto, a declaração de consciência é importante, porque nela aperte as vinhas apertadas. Esta é minha opinião.
E hoje nós rimos quando nos preocupamos com a teologia da libertação. O que faltava então era a comunicação fora de como as coisas realmente eram. Havia muitas maneiras de interpretá-lo. Certamente, alguns expiraram na análise marxista. Mas vou lhe contar uma coisa engraçada: o grande e perseguido Gustavo Gutiérrez, o Peru, concelebrou a Missa comigo e com o então prefeito da Doutrina da Fé, cartão. Müller. E isso aconteceu porque Müller trouxe para mim como seu amigo. Se alguém naquela época tivesse dito que um dia o prefeito da Doutrina da Fé teria levado Gutiérrez a concelebrar com o Papa, eles o teriam tomado bêbado.
A história é o professor da vida. Você vai aprendendo. Uma das coisas que me fez muito bem em um momento de minha existência foi ler a História dos Papas de Ludwig von Pastor ... um pouco longo, 37 tomos! Eu descobri acima de tudo a era da expulsão da Companhia, mas não só isso. A história nos ensina. Sem ir muito longe, sugiro que leia os quatro volumes de Giacomo Martina, grande professor de Gregoriano, sobre a história da Igreja desde Lutero até os dias atuais. É uma leitura agradável, porque teve uma boa prosa. Ele irá guiá-lo através dos problemas do modernismo ... Use o histórico para entender as situações. Sem condenar as pessoas e sem santificá-las antecipadamente. Não sei se te respondi.

Em breve, alguns de nós faremos a profissão de votos. O que você pode nos dizer?
Que os votos são perpétuos! Eles não são perpétuos para o superior que os recebe, mas para você que os pronuncia, sim [8] . E isso não é brincadeira. Se alguém não se sentir bem, não faça, leve mais tempo. Tentar? Não, não mesmo. De sua parte, eles são perpétuos, por toda a vida.
Jogando para a vida: é uma das coisas mais arriscadas que existem hoje. De fato, estamos em um momento em que o provisório prevalece sobre o definitivo. Sempre. Por exemplo, é dito: "Eu me casei toda a minha vida ... enquanto durar o amor". Em resumo, é como se eu dissesse: "Eu me casei por três ou quatro anos, então, no primeiro conflito, no primeiro esfriamento do amor, procuro outro companheiro". Um bispo visitante disse-me que um jovem advogado, apenas um graduado, vinte e três, zeloso, em grupo, lhe dissera: "Quero ser padre por dez anos!" Aqui está o temporário! Há um livro de José Comblin de quarenta ou cinquenta anos atrás, não rastreável, que se chama O provisório e o definitivo e fala da filosofia da cultura que emerge hoje: a do provisório. Tudo está lá enquanto dura. Enquanto durar o consolo, até que me tratem bem ...
E às vezes a vida não te trata bem, te trata como um delinquente. E se você ama aquele que foi tratado como um criminoso, você não pode deixar de suportar. É definitivo, com tudo o que envolve a "terceira semana" dos Exercícios Espirituais [9] . Com tudo isso significa o diálogo entre as "Duas Bandeiras" [10], que não é uma descoberta cavalheiresca de Inácio, mas é a sua experiência. Isso implica pedir para ser humilhado, sofrer humilhações, pelo amor de Cristo, sem ter dado razão. Os votos são perpétuas, com um estilo de vida que deve ser a dos exercícios, de acordo com o qual você pode enviar para fazer qualquer trabalho, qualquer coisa: tempo ensinando religião para crianças do que para ensinar na universidade, ou fazer, você sabe, o 'balanceador em um circo ... A Companhia pode mandar você para fazer qualquer coisa. Isto é o que quero dizer por definição. O tempo definitivo; o estilo, o dos Exercícios; disponibilidade, para qualquer coisa. Amar e servir, como você cantou no começo. Você não disse para simpatizar e dar uma mão. Amar e servir é o núcleo. Não tenha medo! Coragem.

Eu tenho uma pergunta sobre a enculturação sobre os povos da nossa América. Eu falo na primeira pessoa, porque eu pertenço à cultura maia. O que você acha daqueles padres e bispos diocesanos que buscam aprovar os jovens desde os primeiros momentos de formação? Na prática, infelizmente, o treinamento se torna ofuscado e a identidade é coberta. O que você acha daqueles sacerdotes que não se sentem mais sintonizados com as pessoas de quem vieram?
Minha avó estava muito interessada em catequese. Ele nos explicou que na vida tínhamos que ser humildes e não esquecer que nascemos em uma família humilde. Ela, que era do norte da Itália, nos contou sobre uma família que mandou uma criança para uma universidade em um país italiano. Ele disse que foi um fato que realmente aconteceu. Era uma família de camponeses. O filho não retornou até se formar. Ele não teve a chance de voltar. E uma vez em casa, ele começou a perguntar ao pai: "Qual é o nome dessa ferramenta? E qual é o nome daquele outro? "Esta é a pá, meu filho." "Ah, a pá. E essa outra ferramenta, qual é o nome dela? «O martelo». "Ah, o martelo." Ele crescera lá, mas não conseguia lembrar de nada. "E essa outra ferramenta, qual é o nome dela?" E seu pai lhe disse. Houve também um ancinho. E a criança, distraidamente ele pisou. O ancinho girou e bateu na cabeça dele. E ele exclamou: "Droga, o ancinho!" [Aqui o Papa imita o gesto, provocando hilaridade geral ]. 
Aqueles que esquecem sua cultura realmente precisam de um raked no rosto. É terrível quando a consagração a Deus nos faz esnobes, faz-nos subir na classe social em direção a um que parece mais educado que o nosso. Todos devem preservar a cultura da qual ele vem, porque a santidade que ele quer alcançar deve basear-se nessa cultura e não em outra. Você que vem dessas culturas, não estrelas em sua alma, por favor! Seja maya até o fim. Jesuíta e maya. 
No outro dia p. Lombardi me disse que estava trabalhando na causa da beatificação de Matteo Ricci e me contou sobre a importância de sua amizade com Xu Guangqi [11], o leigo chinês que o acompanhou e que permaneceu secular e chinês, se santificando como chinês e não como italiano como Ricci. Isso é manter a cultura de alguém.
Hoje almocei com os jovens. Eles vieram de todos os lados: de Burkina Faso, da Índia, dos Estados Unidos, da Austrália, da Espanha. Foi lindo. E havia uma garota centro-americana, indígena, que queria usar maquiagem de acordo com suas tradições. Uma pessoa "iluminada", vendo-a assim, teria dito com ironia: aqui está a "indiazinha", toda pintada! Eis que, quando a "pequena india" falou, ela deu um grande golpe àqueles que não respeitam a mãe terra. Essa menina falou, de sua cultura, com uma capacidade tal intelectual que, eventualmente, quando aqueles da Sala de Imprensa me perguntou quem eu poderia trazer para as entrevistas, eu disse traga quem você quiser, mas você tomá-lo, com certeza, porque eles dizem coisas que ninguém diria. Aquela garota, militante, católica, eu acredito que seja professora profissional, ele não perdeu sua cultura, ele fez crescer! Então, aqui está o que eu quero dizer: devemos nos inculturar até o fim.
Em 1985, em nossa faculdade de teologia de São Miguel, fizemos um congresso sobre "A evangelização da cultura e a inculturação da fé" [12].. Aqueles foram os anos de Puebla. Houve intervenções que pareciam escandalosas para alguns. Lembro-me que uma vez fui a Roma para alguns assuntos e visitei a Congregação para o culto divino. Um dos especialistas que lá trabalhava, falando sobre inculturação, me disse: "Estamos progredindo. Agora permitimos que os japoneses reverenciassem o altar em vez de beijá-lo. Porque para eles, beijar não significa nada ». É esta a grande inculturação de um escritório na Cúria? Então é inútil! É você quem deve dizer o que a inculturação é baseada em sua experiência. Mas você, por favor, não mude a cultura. Lembre-se do ancinho.

Como você encontra esta região da América Central e o que podemos fazer?
Você é muito "colorido" ... no melhor sentido, quero dizer. Esta é uma terra de cores. Penso na cultura brasileira, afro-brasileira, como terra de sons, danças, festivais. Em vez disso você é uma terra de cores ... Eu sinto isso assim. É uma terra de cores. É a primeira vez que ponho os pés no Panamá, e falei sobre isso na mesa com o núncio, que me ajudou a encontrar a palavra certa, porque achou que era como eu: aqui há "nobreza". É uma terra de nobreza. Panamá é. Isso me surpreendeu. Você é uma condensação de cores, no sentido mais rico e mais simbólico da palavra. É minha percepção. E certamente aqui para um mestre noviço discernir que pode ser mais difícil, especialmente no momento da inculturação, a expressão colorida de seu povo. Mas é lindo.

Após uma hora de reunião, os líderes da viagem avisam o Papa que é hora de partir. O papa diz para fazer outras duas perguntas breves. Aqui está o primeiro: dos jesuítas, que atitude temos em relação à política? 
Hoje, no almoço, uma garota da Nicarágua me fez a mesma pergunta. A doutrina social da Igreja é límpida e tornou-se cada vez mais explícita através de vários pontificados. Sobre isso, Evangelii gaudium é muito claro . Além disso, o Evangelho é também uma expressão política, porque tende à polis, para a sociedade, para toda pessoa e sociedade, para todas as pessoas como elas pertencem à sociedade. É verdade que a palavra "política" é às vezes até desprezada e entendida apenas como a lógica do partido, do sectarismo político, com tudo o que isso implica na América Latina em matéria de corrupção política, assassinos políticos e assim por diante. Compromisso político com um religioso não significa militar em um partido político. É claro que alguém deve votar, mas a tarefa é ficar acima das partes. Mas não como alguém que lava as mãos, mas como alguém que acompanha as partes para chegar à maturidade, trazendo o ponto de vista da doutrina cristã. Na América Latina nem sempre houve maturidade política.
Aproveito a pergunta para mencionar alguns problemas que, para mim, têm relevância política. O primeiro é o da nova colonização. A colonização não é apenas o que aconteceu quando os espanhóis chegaram e os portugueses tomaram posse da terra. Esta é uma colonização física. Hoje, as colonizações ideológicas e culturais estão na moda, são elas que estão dominando o mundo. Na política, você deve analisar bem o que é a colonização de nossos povos hoje.
O segundo é o da nossa crueldade. Eu disse a um político europeu, que respondeu: "Pai, a humanidade sempre foi assim, só que agora percebemos isso com a mídia". Ele pode estar certo. Mas a crueldade é terrível. Até mesmo as torturas mais refinadas são inventadas, o humano é degradado. Estamos nos acostumando com a crueldade.
O terceiro diz respeito à justiça e é desesperança. Ontem fiquei feliz quando saí do Instituto da Criança, porque vi todo o trabalho que eles fazem lá para reconstruir a vida de pessoas, meninos, meninas muito degradadas por crimes, para reinseri-las. Mas a cultura da justiça aberta à esperança ainda não está bem estabelecida.
No final do encontro, um jesuíta da Nicarágua se aproxima e dá ao Santo Padre uma carta de um menino que está agora na prisão, dizendo: "Ele é um coroinha desde os nove anos de idade e seu grande desejo era vir para o Dia Juventude Mundial ". Então outros jesuítas se aproximaram com presentes. O primeiro foi o que o Panamá chama de "cocobolo", um objeto feito de madeira tropical da América Central, que representa o monograma IHS., apenas da Companhia de Jesus, com o pedido de colocá-lo no lugar onde ele orou pela manhã. O Papa, rindo, diz: "E se eu orar à tarde?" Todos riem. O provincial adverte que será de cor mais escura ao longo do tempo. Então ele foi dado um pano feito com tecidos de vários países da América Central. A bandeira do "Magis", uma iniciativa inaciana envolvendo jovens entre as idades de 18 e 30 anos, também é trazida ao Papa pelos voluntários do "Colegio Javier" do Panamá na JMJ. O papa é convidado a apor uma assinatura na bandeira. A seguir são oferecidos outros presentes pessoais. O encontro, que durou cerca de uma hora e 10 minutos, termina com uma foto e a oração «Ave Maria».

[1] . "Nossa" é uma expressão tradicional dos jesuítas para se indicarem. As "províncias" são os territórios em que a Companhia está dividida no mundo. Os "noviços" são jovens religiosos em sua primeira formação.
[2] . Veja JM Tojeira, "O Martírio de Rutilio Grande", em Civ. Catt. 2015 II 393-406.
[3] . Cf. Papa Francisco, A força da vocação. Vida consagrada hoje. Conversa com Fernando Prado , Bologna, EDB, 2019.
[4] . O "magistério" é uma etapa da formação jesuíta entre o estudo da filosofia e o da teologia. É dedicado ao trabalho apostólico.
[5] . O "ministro" nas casas da Companhia é aquele que cuida da vida concreta da comunidade religiosa, como o responsável pela casa.
[6] . O corpo da Sociedade contempla três vocações. A dos sacerdotes professos é composta por aqueles que pronunciaram os três votos de pobreza, castidade e obediência, e fizeram um voto especial de obediência ao Papa (quarto voto). O segundo é constituído por padres "coadjutores espirituais", que pronunciam apenas os três votos simples. A terceira é a dos irmãos, que são religiosos, não sacerdotes, e pronunciam apenas os três votos simples. A escolha entre o sacerdócio e a vida dos não-sacerdotes religiosos é geralmente feita pelo próprio sujeito no momento de sua entrada na Sociedade. Em alguns casos, a pessoa entra "indiferente" e a escolha é feita depois do discernimento durante o período de noviciado.
[7] . Z. Bauman - Th. Leoncini, nascido líquido , Milão, Sperling & Kupfer, 2017.
[8] . Os "primeiros votos" dos jesuítas, feitos no final do noviciado, são considerados perpétuos para quem os pronuncia. Portanto, eles não são "renovados" a cada três anos, como acontece em outros institutos religiosos. Em vez disso, eles são "lembrados" anualmente até que os "votos finais" sejam proferidos como coadjutores professos, espirituais ou irmãos, no final da formação e, para os sacerdotes, após a ordenação. No entanto, os primeiros graus são solventes simplesmente pelo superior provincial.
[9]   . Esta é a terceira etapa dos Exercícios Espirituais, na qual o mistério da Paixão do Senhor é contemplado.
[10] . É uma meditação da "segunda semana" dos Exercícios, antes de avançar para a eleição do estado de vida. Inácio pede para meditar sobre "como Cristo chama e quer todos sob sua bandeira, e Lúcifer, pelo contrário, sob o seu", também "vendo o lugar", isto é, imaginando a "região de Jerusalém como um grande campo, onde o capitão geral do bem é Cristo nosso Senhor; e na região da Babilônia, como é o outro acampamento, onde a cabeça dos inimigos é Lúcifer ". O objetivo é "pedir conhecimento do mal do mau patrão e ajudar a enxergá-lo; e conhecimento da verdadeira vida que o Capitão Supremo e Verdadeiro indica e graça para imitá-lo ".
[11] . Xu Guangqi (1562-1633), de Xangai, conheceu Matteo Ricci e colaborou com ele. Ele recebeu o batismo aos 41 anos e estudou a doutrina cristã em profundidade. Veja A. Jin Luxian, "Xu Guangqi. O companheiro chinês de Matteo Ricci " , em Civ. Catt. Eu 2016 282-297.
[12] . O Padre Bergoglio fez o discurso inaugural e fez a saudação final (cf. JM Bergoglio, "Fé em Cristo e Humanismo", em Civ. Catt. 2015 IV 311-316). Em sua reflexão, ele enfatizou o fato de que as diferentes culturas, fruto da sabedoria dos povos, são um reflexo da Sabedoria de Deus, a sabedoria humana é a contemplação que se origina do coração e da memória dos povos. É um lugar privilegiado de mediação entre o Evangelho e os homens e é fruto do trabalho coletivo ao longo da história. Assim, na tarefa de evangelizar as culturas e de inculturar o Evangelho, a necessidade, por um lado, de uma "sábia contemplação das culturas" e, por outro, de "uma santidade que não teme o conflito e é capaz de constância e paciência »apostólica, vencendo com parresia  todo medo e todo "extremismo central". Fonte: www.laciviltacattolica.it