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sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

AMAR A VIDA: Frei Petrônio.

*Sebastião: testemunha de Cristo

Orani João, Cardeal Tempesta
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

No próximo dia 20 de janeiro teremos a graça de celebrar o padroeiro de Nossa Arquidiocese, São Sebastião. O Santo é padroeiro da Cidade e do Estado do Rio de Janeiro. São Sebastião é um dos santos mais famosos entre o povo brasileiro. Por causa de sua poderosa intercessão e incontáveis milagres obtidos, ele se tornou padroeiro de muitas cidades, e outras tantas cidades e bairros por todo o Brasil receberam o nome de São Sebastião. Nossa Arquidiocese se prepara para esta grande festa, com a Trezena de São Sebastião, que neste ano o contempla como “padroeiro das famílias cariocas”, além de nos ensinar a ser solidários com os necessitados, com o incremento das arrecadações da caridade social em todas as paróquias.
A fortaleza para superar os diferentes tipos de dificuldades e situações foi um traço que marcou a vida de São Sebastião, e ele nos anima a ter o mesmo espírito de confiança total em Deus e audácia cristã para fazer da vida uma caminhada segura rumo à felicidade.
São Sebastião (256-288) nasceu na França e logo foi com os pais para Milão, na Itália. Nas terras italianas cresceu na fé cristã, e ficou famoso como valente soldado e depois capitão da guarda do imperador Romano. Os cristãos eram perseguidos na época e muitos foram presos e martirizados, porém, só aos poucos as pessoas souberam que São Sebastião era cristão e, enquanto isso, ele conseguiu ajudar muitas pessoas presas por seguirem o Cristianismo, diminuindo as penas, dando alimento e animando a perseverarem na fé em Cristo, mesmo que isso implicasse o martírio.
Na época em que o imperador empreendia a expulsão de todos os cristãos do seu exército, Sebastião foi denunciado por um soldado. Diocleciano sentiu-se traído, e ficou perplexo ao ouvir do próprio Sebastião seu testemunho de que era cristão. Tentou, em vão, fazer com que ele renunciasse ao cristianismo, mas Sebastião com firmeza se defendeu, apresentando os motivos que o animava a seguir a fé cristã, e a socorrer os aflitos e perseguidos.
O Imperador, enraivecido ante os sólidos argumentos daquele cristão autêntico e decidido, deu ordem aos seus soldados para que o matassem a flechadas. Tal ordem foi imediatamente cumprida: num descampado, os soldados despiram-no, amarraram-no a um tronco de árvore e atiraram nele uma chuva de flechas. Depois o abandonaram para que sangrasse até a morte.
Irene, mulher do mártir Castulo, foi com algumas amigas ao lugar da execução, para tirar o corpo de Sebastião e dar-lhe sepultura. Com assombro, comprovaram que o mesmo ainda estava vivo. Desamarraram-no, e Irene o escondeu em sua casa, cuidando de suas feridas. Passado um tempo, já restabelecido, São Sebastião quis continuar seu processo de evangelização e, em vez de se esconder, com valentia apresentou-se de novo ao imperador, censurando-o pelas injustiças cometidas contra os cristãos, acusados de inimigos do Estado.
Diocleciano ignorou os pedidos de Sebastião para que deixasse de perseguir os cristãos, e ordenou que ele fosse espancado até a morte, com pauladas e golpes de bolas de chumbo. E, para impedir que o corpo fosse venerado pelos cristãos, jogaram-no no esgoto público de Roma. Uma piedosa mulher, Santa Luciana, resgatou o corpo do santo e o sepultou nas catacumbas. Isso aconteceu no ano de 287. Mais tarde, no ano de 680, suas relíquias foram solenemente transportadas para uma basílica construída pelo Imperador Constantino, onde se encontram até hoje. 
São Sebastião é um exemplo de coragem ante os obstáculos da vida e fidelidade mesmo diante das contrariedades e perseguições. É interessante notar o seu empenho em fazer o bem ocultamente, aproveitando todas as circunstâncias para semear alegria, consolo e ânimo para as pessoas próximas, mesmo sabendo que quando fosse descoberto poderia ter complicações. São Sebastião também pode ser reconhecido por sua prontidão em fazer a Vontade de Deus e enorme espírito de serviço, pois após recobrar a saúde ele se volta para os outros e quer continuar fazendo o bem, sem achar que já fez muito na vida e que agora precisa repousar.
Ao olhar para São Sebastião, que sofreu e morreu, lembramos que ele seguiu o caminho de Cristo que sofreu, morreu e venceu a morte. No acontecimento Salvífico da Sexta-feira Santa no Calvário, traduz-se profundamente o amor de Deus pela humanidade. Ali se dá a realização do sonho de Deus por cada um dos Seus filhos. Dando-Se por amor, Ele traz o céu à terra e nos resgata de nossas misérias. É em torno de nossas misérias que o amor de Deus age e se realiza.
São Sebastião tornou-se defensor da Igreja como soldado, como capitão e ainda como apóstolo daqueles que eram presos. Também foi apóstolo dos mártires, os que confessavam Jesus em todas as situações, renunciando à própria vida. O coração de São Sebastião tinha esse desejo: ser cristão até o fim de seus dias. E quando denunciado como cristão, lá estava ele diante do imperador. Mas nosso santo deixou claro, com muita sabedoria, auxiliado pelo Espírito Santo, que mesmo sendo um bom soldado era um cristão convicto.
São Sebastião é exemplo de homem que foi coerente com a fé católica. Por consequência, tendo a coragem de dizer que a Vida é inalienável, desde a concepção até o seu termo natural, e que os símbolos de nossa fé não podem se curvar diante dos Imperadores de plantão. 
Socorrei-nos, glorioso Mártir São Sebastião, para que saibamos ser anunciadores da misericórdia e da verdade. Que saibamos viver o santo Evangelho de cada dia.

Solidariedade às famílias nas terras de São Sebastião

Dom Orani, Cardeal Tempesta
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ 

Na mensagem para o Dia Mundial da Paz deste ano, o Papa Francisco anunciou o princípio da missão de um novo dicastério: “No dia 1º de janeiro de 2017, nasce o novo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, que ajudará a Igreja a promover, de modo cada vez mais eficaz, «os bens incomensuráveis da justiça, da paz e da salvaguarda da criação» e da solicitude pelos migrantes, «os necessitados, os doentes e os excluídos, os marginalizados e as vítimas dos conflitos armados e das catástrofes naturais, os reclusos, os desempregados e as vítimas de toda e qualquer forma de escravidão e de tortura». Toda a ação nesta linha, ainda que modesta, contribui para construir um mundo livre da violência, o primeiro passo para a justiça e a paz”. A preocupação com a situação de exclusão e pobreza tem sido constante do Papa Francisco.
Temos que fomentar essas virtudes que, juntamente com a salvação, nos ajudam a servir bem a Deus e ao próximo. A grande virtude é o amor e a caridade. A caridade leva-nos a compreender, a desculpar, a conviver com todos, de maneira que aqueles que pensam ou atuam de um modo diferente do nosso em matéria social, política ou mesmo religiosa, devem ser objeto também do nosso respeito e do nosso apreço. Esta caridade e esta benignidade não se devem converter, de forma alguma, em indiferença no tocante à verdade e ao bem; mais ainda, a verdade que salva. Mas é necessário distinguir entre o erro, que sempre deve ser evitado, e o homem que erra, pois este conserva a dignidade da pessoa mesmo quando está dominado por ideias falsas, insuficientes em matéria religiosa.
A caridade incita-nos à oração, à exemplaridade, ao apostolado, à correção fraterna, confiando em que todo o homem é capaz de retificar os seus erros. Se vez por outra as ofensas, as injúrias, as calunias forem particularmente dolorosas, pediremos ajuda a Nossa Senhora, que contemplamos frequentemente ao pé da Cruz, sentindo muito de perto todas as infâmias contra o seu Filho; grande parte daquelas injúrias, não o esqueçamos, saíram dos nossos lábios e das nossas ações. Os agravos que nos fazem hão de doer-nos, sobretudo pela ofensa a Deus que representam e pelo mal que podem ocasionar a outras pessoas, e hão de mover-nos a desagravar a Deus e a oferecer-lhe toda a reparação que pudermos.
O coração do Cristão tem de ser grande. A sua caridade, evidentemente, deve ser ordenada e, portanto, deve começar pelos mais próximos, pelas pessoas que, por vontade divina, estão à sua volta. No entanto, o seu afeto nunca pode ser excludente ou limitar-se a âmbitos reduzidos. O Senhor não quer um apostolado de horizontes estreitos. A atitude do Cristão, a sua convivência com todos, deve ser como uma generosa torrente de carinho sobrenatural e de cordialidade humana, que banha tudo à sua passagem.
As cartas do Apostólo João insistem no mesmo aspecto catequético, e, com clareza apostólica, afirmam que aquele que diz amar a Deus e não amar a seus irmãos é um mentiroso. E continuam: que é muito fácil proclamar que amamos a Deus, a quem não vemos, mas se desprezamos os irmãos que estão a nosso lado, onde está a caridade, onde está o amor? (1Jo.4,20).
São Paulo, na sua Carta aos Coríntios (Coríntios 13), proclama e exalta a caridade. Quase sabemos de cor o texto maravilhoso. Somos levados a interpretar esse hino como o amor ao Pai Celeste. Mas, o apostólo fala da excelência do amor entre os irmãos. Ainda que eu falasse todas as línguas dos anjos, ou tivesse toda a ciência, sem a caridade seria um bronze que soa e cujo som se perde nas quebradas dos montes. Logo a seguir nos ensina em que consiste a caridade: na paciência, na humildade, no fazer o bem, na longanimidade, na partilha da dor e da alegria com os irmãos, no perdão tão difícil. E conclui pela perenidade do amor e da caridade. Tudo cessa quando vier a perfeição, exceto a caridade, pela qual seremos medidos.
Documentos não faltam para colocar em pauta que a consequência do amor a Deus e ao próximo é a caridade, que se concretiza em ações de quem ama o seu próximo. Na festa de São Sebastião sempre temos a ação social, com o recolhimento de alimentos para os necessitados. Em geral, o fazemos na procissão, porém, dependendo da ocasião, durante toda a Trezena.
A própria Trezena marca esse gesto com algumas visitas específicas a locais que estão ligados à caridade social: teremos, ao longo destes treze dias em que festejamos o nosso padroeiro, várias visitas em basílicas, paróquias e capelas, mas teremos as visitas que marcam a questão social e caritativa. São elas: casa Betânia - Asilo Orionita, hospital Federal de Bonsucesso, Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Hospital HFAG, Casa Gerontológica da Aeronáutica, Centro de sócioeducação Dom Bosco – DEGASE, Centro de sócioeducação Prof. Antônio Carlos Gomes da Costa – DEGASE, Escola João Luís Alves, Hospital da Gamboa, Santa Casa de Misericórdia, Hospital Naval Nossa Senhora da Glória, Associação Beneficente São Martinho, Inca (Instituto Nacional do Câncer), Hospital Central do Exército, Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), Casa de Idosos Socorrinho, Hospital Mario Kroeff, Casa Geriátrica, Hospital São Vicente, Hospital da PMERJ, Educandário Santo Expedito, DEGASE, Presídio Talavera Bruce (feminino), Complexo Penitenciário de Gericinó, Comunidade das Irmãs de Calcutá, Hospital Marcílio Dias, Secretaria de Segurança Pública e Missa na Casa do Padre.
Portanto, queremos que estes dias da Trezena sejam marcados pela celebração e sejam assim ressaltadas três atitudes: o amor, a misericórdia e a caridade. É claro que, ao exercitarmos estas três atitudes, aumenta em nós o dom da fé. Que São Sebastião nos ilumine nesta caminhada da Trezena e nos ajude a plantar o amor, a viver a misericórdia e a testemunhar vivamente a caridade. 
Ao iniciar a Trezena, lançaremos a Campanha de Solidariedade Especial, na qual pedimos o incremento das ofertas para a caridade social às paróquias para fazer frente às novas situações de necessidades que grassam em nossa cidade, como a questão do desemprego, a falta de pagamento dos salários, além das situações de miséria já existentes. “Somos solidários como São Sebastião”, que não hesitou de visitar os cárceres para ajudar os cristãos perseguidos. Agora é necessário esse socorro especial para minimizar a crise pela qual passam as pessoas. A Caritas da Arquidiocese coordenará esse trabalho. Cada Paróquia arrecada e distribui as cestas básicas para as pessoas que as necessitam em seu âmbito paroquial. O dinheiro depositado na conta da Caritas e a arrecadação da procissão de São Sebastião irão para algumas entidades que distribuem alimentos para os que o necessitam hoje.
Dessa forma, a nossa resposta capilarizada através das paróquias ajudará a tantas pessoas que passam por angústias diante da situação pessoal ou familiar. É uma tradição de a Igreja ir ao encontro das pessoas para socorrê-las. E isso sem distinção de religião ou situação familiar.
Dessa forma, a missão popular na festa de nosso padroeiro – “São Sebastião, padroeiro das famílias cariocas” – vai desabrochar e aumentar a dimensão com a solidariedade dos cristãos com as pessoas que sofrem, pois “somos solidários como São Sebastião”.

São Sebastião, rogai por nós! Fonte: http://www.cnbb.org.br

20 de janeiro: São Sebastião

Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

Depois de amanhã, dia 20, celebraremos a solenidade do glorioso mártir São Sebastião, padroeiro da Cidade maravilhosa e do nosso Estado do Rio de Janeiro. 
Segundo nos explica Dom Orani João Tempesta, Cardeal Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, ele nasceu em Narbona, uma cidade ao Sul da França, no século III. Era filho de uma família ilustre. Ficou órfão do pai ainda menino, e então, foi levado para Milão por sua mãe, onde passou os primeiros anos da infância e juventude.
A mãe educou-o com esmero e muito zelo. Ele ingressou no exército imperial, e, por sua cultura e grande capacidade atingiu os mais altos graus da hierarquia militar, chegando a ocupar o posto de Comandante do Primeiro Tribunal da Guarda Pretoriana durante o reinado de Diocleciano, um dos mais severos imperadores romanos, perseguidor dos cristãos.
Foi denunciado ao Imperador como sendo cristão. Mesmo sendo um bom soldado romano, suas atitudes demonstravam sua fé cristã, e, diante de todos, confessou bravamente sua convicção. Foi acusado, então, de traição. Na época, o imperador tinha abolido os direitos civis dos cristãos. Por não aceitar renunciar a Cristo, São Sebastião foi condenado à morte, sendo amarrado a um tronco de árvore e flechado. Porém, não morreu ali. Foi encontrado vivo por uma mulher cristã piedosa que tinha vindo buscar o seu corpo. Diante do ocorrido, recuperada a saúde, apresentou-se diante do Imperador e reafirmou sua convicção cristã. E nova sentença de morte veio sobre ele: foi condenado ao martírio no Circo. Sebastião foi executado, então, com pauladas e boladas de chumbo, sendo açoitado até a morte e jogado nos esgotos perto do Arco de Constantino. Era 20 de janeiro. 
Seu corpo foi resgatado e levado para as catacumbas romanas com grande honra e piedade. Sua fama se espalhou rapidamente. Suas relíquias repousam sobre a Basílica de São Sebastião, na via Apia, em Roma. O Papa Caio escolheu-o como defensor da Igreja e da fé. 
Nesses tempos de grande negação da fé e de valores espirituais e religiosos, humanos e sociais, São Sebastião torna-se um grande modelo de ajuda para nós hoje, principalmente aos jovens, envoltos em grande confusão moral e espiritual. Ele é um sinal de fidelidade a Cristo mesmo com as pressões contrárias. Dessa forma, ele continua anunciando Jesus Cristo, por quem viveu, até os dias de hoje. Ele nos ensina a não desanimarmos com as flechadas que recebemos e a continuarmos firmes na fé.

Um mártir não deve ser um estranho para nós. Ainda em pleno século XXI encontramos irmãos e irmãs nossas que são mortos em tantos países, outros têm ainda seus direitos civis cassados por serem cristãos, outros são condenados à prisão ou à morte por aderirem ao Cristianismo, e ainda são expulsos de suas cidades e suas igrejas queimadas. Além disso, muitos são martirizados em sua fama, em sua honra e tantas outras maneiras modernas de “matar” pessoas por causa da fé ou de suas convicções cristãs. Fonte: http://www.cnbb.org.br

domingo, 15 de janeiro de 2017

Íntegra da homilia do Papa Francisco feita na missa de Aparecida

Papa falou sobre os jovens e lembrou ida à cidade, em conferência de 2007.
Milhares acompanharam missa no Santuário Nacional, no interior de SP.

Leia a íntegra do discurso a seguir:
"Venerados irmãos no episcopado e sacerdócio, queridos irmãos e irmãs!
(Quarta-feira, 24 de julho de 2013)

Quanta alegria me dá vir à casa da Mãe de cada brasileiro, o Santuário de Nossa Senhora Aparecida. No dia seguinte à minha eleição como Bispo de Roma fui visitar a Basílica de Santa Maria Maior, para confiar a Nossa Senhora o meu ministério.
Hoje, eu quis vir aqui para suplicar à Maria, nossa Mãe, o bom êxito da Jornada Mundial da Juventude e colocar aos seus pés a vida do povo latino-americano.
Encorajemos a generosidade que caracteriza os jovens, acompanhando-lhes no processo de se tornarem protagonistas da construção de um mundo melhor: eles são um motor potente para a Igreja e para a sociedade. Eles não precisam só de coisas, precisam sobretudo que lhes sejam propostos aqueles valores imateriais que são o coração espiritual de um povo, a memória de um povo"
Papa Francisco
Queria dizer-lhes, primeiramente, uma coisa. Neste Santuário, seis anos atrás, quando aqui se realizou a 5ª Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, pude dar-me conta pessoalmente de um fato belíssimo: ver como os bispos – que trabalharam sobre o tema do encontro com Cristo, discipulado e missão – eram animados, acompanhados e, em certo sentido, inspirados pelos milhares de peregrinos que vinham diariamente confiar a sua vida a Nossa Senhora: aquela Conferência foi um grande momento de vida de Igreja.
E, de fato, pode-se dizer que o Documento de Aparecida nasceu justamente deste encontro entre os trabalhos dos Pastores e a fé simples dos romeiros, sob a proteção maternal de Maria. A Igreja, quando busca Cristo, bate sempre à casa da Mãe e pede: “Mostrai-nos Jesus”. É de Maria que se aprende o verdadeiro discipulado. E, por isso, a Igreja sai em missão sempre na esteira de Maria.
Assim, de cara à Jornada Mundial da Juventude que me trouxe até o Brasil, também eu venho hoje bater à porta da casa de Maria, que amou e educou Jesus, para que ajude a todos nós, os Pastores do Povo de Deus, aos pais e aos educadores, a transmitir aos nossos jovens os valores que farão deles construtores de um país e de um mundo mais justo, solidário e fraterno.
Para tal, gostaria de chamar atenção para três simples posturas: conservar a esperança; deixar-se surpreender por Deus; viver na alegria.
Conservar a esperança: A segunda leitura da missa apresenta uma cena dramática: uma mulher, figura de Maria e da Igreja, sendo perseguida por um dragão – o diabo – que quer lhe devorar o filho. A cena, porém, não é de morte, mas de vida, porque Deus intervém e coloca o filho a salvo.
Quantas dificuldades na vida de cada um, no nosso povo, nas nossas comunidades, mas, por maiores que possam parecer, Deus nunca deixa que sejamos submergidos. Frente ao desânimo que poderia aparecer na vida, em quem trabalha na evangelização ou em quem se esforça por viver a fé como pai e mãe de família, quero dizer com força: Tenham sempre no coração esta certeza! Deus caminha a seu lado, nunca lhes deixa desamparados!
Nunca percamos a esperança! Nunca deixemos que ela se apague nos nossos corações! O “dragão”, o mal, faz-se presente na nossa história, mas ele não é o mais forte. Deus é o mais forte, e Deus é a nossa esperança! É verdade que hoje, mais ou menos todas as pessoas, e também os nossos jovens, experimentam o fascínio de tantos ídolos que se colocam no lugar de Deus e parecem dar a esperança: o dinheiro, o poder, o sucesso, o prazer.
Frequentemente, uma sensação de solidão e de vazio entra no coração de muitos e conduz à busca de compensações, destes ídolos passageiros. Queridos irmãos e irmãs, sejamos luzeiros de esperança! Tenhamos uma visão positiva sobre a realidade.
Encorajemos a generosidade que caracteriza os jovens, acompanhando-lhes no processo de se tornarem protagonistas da construção de um mundo melhor: eles são um motor potente para a Igreja e para a sociedade. Eles não precisam só de coisas, precisam sobretudo que lhes sejam propostos aqueles valores imateriais que são o coração espiritual de um povo, a memória de um povo.
Neste santuário, que faz parte da memória do Brasil, podemos quase que apalpá-los: espiritualidade, generosidade, solidariedade, perseverança, fraternidade, alegria; trata-se de valores que encontram a sua raiz mais profunda na fé cristã.
A segunda postura: Deixar-se surpreender por Deus. Quem é homem e mulher de esperança – a grande esperança que a fé nos dá – sabe que, mesmo em meio às dificuldades, Deus atua e nos surpreende. A história deste Santuário serve de exemplo: três pescadores, depois de um dia sem conseguir apanhar peixes, nas águas do Rio Paraíba, encontram algo inesperado: uma imagem de Nossa Senhora da Conceição.
Quem poderia imaginar que o lugar de uma pesca infrutífera, tornar-se-ia o lugar onde todos os brasileiros podem se sentir filhos de uma mesma Mãe? Deus sempre surpreende, como o vinho novo, no Evangelho que ouvimos. Deus sempre nos reserva o melhor. Mas pede que nos deixemos surpreender pelo seu amor, que acolhamos as suas surpresas. Confiemos em Deus!
Longe d’Ele, o vinho da alegria, o vinho da esperança, se esgota. Se nos aproximamos d’Ele, se permanecemos com Ele, aquilo que parece água fria, aquilo que é dificuldade, aquilo que é pecado, se transforma em vinho novo de amizade com Ele.
A terceira postura: Viver na alegria. Queridos amigos, se caminhamos na esperança, deixando-nos surpreender pelo vinho novo que Jesus nos oferece, há alegria no nosso coração e não podemos deixar de ser testemunhas dessa alegria.
O cristão é alegre, nunca está triste. Deus nos acompanha. Temos uma mãe que sempre intercede pela vida dos seus filhos, por nós, como a rainha Ester na primeira leitura. Jesus nos mostrou que a face de Deus é a de um Pai que nos ama. O pecado e a morte foram derrotados.
O cristão não pode ser pessimista! Não pode ter uma cara de quem parece num constante estado de luto. Se estivermos verdadeiramente enamorados de Cristo e sentirmos o quanto Ele nos ama, o nosso coração se “incendiará” de tal alegria que contagiará quem estiver ao nosso lado. Como dizia Bento XVI, aqui, neste santuário: “o discípulo sabe que sem Cristo não há luz, não há esperança, não há amor, não há futuro”.
Queridos amigos, viemos bater à porta da casa de Maria. Ela abriu-nos, fez-nos entrar e nos aponta o seu Filho. Agora Ele nos pede: “Fazei o que Ele vos disser”. Sim, Mãe nossa, nos comprometemos a fazer o que Jesus nos disser! E o faremos com esperança, confiantes nas surpresas de Deus e cheios de alegria. Assim seja."