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segunda-feira, 6 de maio de 2013

LOUCURA: A aventura pela sobrevivência dos moradores de Rua em São Paulo.


Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista.  
Jornalismo Literário


Após longas e intermináveis noites de calor, manhã de sol, tarde de raios, trovões, relâmpagos e chuvas intermináveis, finalmente chegou o dia 20 de março de 2013. Era o início de mais uma estação.
O outono despontava naquela manhã cinzenta, chuvosa e fria. Sim, cinzenta e fria como as diversas vidas enroladas nos pedaços de cobertores e panos velhos da Praça da Sé, centro da capital paulista. Os transeuntes evitavam olhar para tais loucos de uma sociedade enlouquecida no grande hospício a céu aberto.
Os pastores gritavam anunciando o apocalipse. O turista contemplava a beleza arquitetônica da Catedral da Sé, a imagem de José de Anchieta em volta dos índios lembrava a fundação da cidade e os tempos das aventuras jesuíticas para salvar almas. Aquela praça não tem dono, raça ou cor.
Todos tem uma história para contar, uma alegria para partilhar ou uma desgraça para lamentar. O nome é Pedro, Francisco, Teresa, Josefa, Maria... São nomes com histórias, vidas roubas, quebradas e enlouquecidas pelo corre-corre da cidade grande, desumana, violenta e fria.  E você, qual o seu nome?

“Qual o meu nome? O nome é Alcides Pereira dos Santos. De onde eu sou? Sou do Paraná, Colorado no Paraná. Quanto tempo eu vi pra cá? Faz 90 dias. Se eu moro na rua? Eu tou em situação de rua. Tava num abrigo, no abrigo que tava  fechou as portas. Agora tou dormindo enfrente do Corpo de Bombeiros, eles tão me ajudando até a Santa Casa pro tratamento. Por que eu vim pra São Paulo? Pro tratamento de  câncer e miopia que essa semana retrasada cai duas vezes dento do bueiro, bati a testa, deslocou a clavícula que ainda dói. Quando foi ontem fui no mercado buscar umas frutas, o resto das frutas pra gente comer, cai foi no esgoto. E só era barro! Cai dento e ficou lama até aqui no meio da canela e a coluna tá descolada e piorou a situação”.

Sou viajante, cruzo montanhas, ultrapasso barreiras, derrubo muros e saio em aventura na busca por novas experiências nas grandes cidades. Sou pobre, não tenho nada, mas sinto uma força que me joga nas estradas da vida. O que faço para viajar? Se vim de carona? 

“Não, não foi bem de carona, uma pessoa deu assistência pra chegar até aqui. Aliás, sempre tem gente vindo pra São Paulo, uns ficam na casa de parentes, famílias, amigos,  outros termina ficando na rua mesmo”.

Tenho a minha história. Ela é só minha e de mais ninguém! Gosto da vida e luto para sobreviver nas ruas, becos e vielas da cidade grande. Porém eu tenho um problema sério. Como assim? Não entendi. Que problema?

“O cabelo tá caindo tudo, mas Deus é maior e não vai deixar acontecer o pior comigo. Eu tenho que continuar com o tratamento se não fica cego e se ficar cego vira catarata então tão me ajudando o máximo possível”.

No corre-corre desta Praça lembro-me da minha família. Aqui não estou sozinho, não sou mais um peregrino. A lembrança da minha história no interior dar ânimo para viver o presente nesta grande cidade. Sim, lembro-me da luta da minha esposa, a alegria da minha filha ao acordar de manhã e se preparar para ter mais um dia de aula. Sim, nos jovens passando nestas ruas vejo o olhar do meu filho como se estivesse me pedindo um pouco de amor e uma palavra de carinho. Mas o senhor tem esposa e filhos ou está viajando, inventando histórias?

“Sou casado e tenho dois filhos, Andressa com dois s e Carlos Eduardo. Ela tem 19 e ele tem 17. O nome da minha mulher é Ana Lúcia. Por que eu deixei a minha família? Por causa desse tratamento porque lá a medicina não tá avançada como na capital, então tive que procurar outro lugar se não tava ficando cego. Se a família sabe que eu moro na rua? Mais ou menos. As condições também tá precárias e não tem como dá uma assistência de lá pra cá. Tem que se virando como Deus quer”.

Nasci em uma cidade pequena de Santa Catarina. Os 22 dois mil habitantes de Colorado são amigos. Lá todos se ajudam e gostam de dar um bom dia, uma boa noite, uma boa tarde. Somos amigos e gostamos de conversar, parar, estender as mãos. Sim, lá as pessoas são calmas e geralmente vivem tranquilas sem muitas preocupações. São Paulo não, aqui todos vivem correndo, olha com desprezo e parece que estão com medo. Medo? Mas o senhor tem medo de viver nas ruas?

“Tou apavorado! Sem destino, sem saber se vai pra direita, pra esquerda, ponde vai. Sempre dependendo de um auxílio. Esse tempo todo, sempre dependendo de um auxílio”.

Sou filho da fome! Sim, filho do estomago vazio, da água na boca, do olhar faminto, da barriga gritando e das pessoas olhando com desprezo para a minha miséria. Lembro-me do prato de comida na minha terrinha, da minha mulher preparando o feijão, assando a carne no fogão de lenha. Lembro-me do café no raiar do novo dia, da minha filha correndo para comprar o pão...  Hoje vivo de lembranças, só lembranças!.  Como assim, o senhor passa fome? Como faz para se alimentar?

“Hoje, querendo comer uma comida num estabelecimento comercial, um sujeito da idade do meu filho disse que o meu dinheiro não dava pra  comer nada não. Jogou foi um copo de água no meu rosto”!

Jogou um copo de água no seu rosto? O que estes teus olhos viram nesse momento de fome e angustia? O que esses teus olhos cansados e tristes contemplaram nesse momento de desprezo, discriminação e fome?

“Eu tenho 48 anos, não tenho dois dias de idade não. Aí sai de lá chorando, chateado. Até agora da vontade de chorar, entendeu? Por causa de quê, por causa de um prato de comida. Não, a comida aqui é nove, dez, não sei o quê, jogou tudo na minha cara”.

Há moço, quando a fome aperta tenho que comer. Faço das tripas o coração para   encher a barriga. Quem vive sem comer? Olho pelos vidros daquelas grandes casas e vejo gente sentada comendo. São comidas bonitas. Parecem gostosas, são saborosas, as pessoas saem de lá sorrindo, satisfeitas e com a barriga cheia. Eu sei que elas pagam pra comer. Mas eu também tenho fome. Se tenho dinheiro? O que faço para não morrer de fome?

“Eu tenho cinquenta ou setenta centavos no bolso. Vim na igreja pedir pão, a moça me deu um pouco de café, mastigar um pedaço de pão”.

Outro problema é quando chega à noite. Durante o dia olho para as pessoas passando, carros bonitos, músicas, os prédios grandes e altos. A cidade me fascina! Tudo parece diferente. Mas quando o sol vai embora... O que acontece? Como o senhor faz para dormir?

“Ali mesmo, enfrente do corpo de bombeiros, nessa entrada do metrô, da escada da Praça da Sé, dormindo ali, todo dia. Semana inteira”.

Vivo nas ruas, eu sou a rua. Olho nas lojas de roupas e vejo coisa bonita. Lembro-me do vestido azul da minha mulher. Ela ficava bela. O meu filho, Carlos Eduardo gostava de andar de bermuda. Ele tinha duas camisas do Flamengo. Sabe, uma coisa que o deixava feliz era vestir uma nova roupa. Já a minha filha Andressa, com dois s, não fazia questão de roupa nova. Acho que ela puxou o pai. Mas como o senhor leva muita roupa na sacola?

“A única roupa que tou é duas bermudas e três camisas. Eu tinha mais roupas, mas quando chegou aqueles caminhão do rapa, quando eu fui no mercado, quando eu vi já tava em cima do caminhão. Minha mochila, levaram tudo! Eu fui tentar pegar em cima do caminhão ai o cara me deu uma bordoada  na espinha, ficou um hematoma uma semana”.

Olhando nestas ruas, na Praça e nos carros, vejo muita gente. Às vezes lembro-me da minha cidade lá em Santa Catarina. Sabe, lá eu tinha amigos, gostava de conversar no banco da Praça. Nos finais de semana íamos à Igreja, tinha futebol, ah! Não posso esquecer-me do barzinho onde a gente tomava uma cachacinha no sábado à noite. Não sei se voltarei a vê-los de novo. É bom ter amigos, conversar, jogar conversa fora... Mas o senhor tem amigos aqui nas ruas de São Paulo?

“Aqui tem uma comunidade que às vezes passa nos finais de semana, traz alimentação pra gente. Quando têm roupa eles dão, mas não é sempre, né?

Aqui tudo lembra os meus filhos e a minha mulher. Quando acordo enfrente do corpo de bombeiros já vejo o povo passando na rua. Carros e mais carros passam na Avenida. Parecem que esta cidade não dorme. Até de noite as pessoas ficam passando pra lá e pra cá. Eu sei que a vida é difícil e todos tem que ganhar a vida, lutar, correr... É, tudo, tudo nesta cidade lembra a minha família que também luta, corre e faz o possível e o impossível para sobreviver. Mas a sua mulher trabalha? O que ela faz para alimentar os seus filhos?

“Ela trabalha lá, trabalha auxiliar, faxineira né, em loja, em comércio de calçados. Tão se virando. A minha filha também tá fazendo alguma coisa por lá, tão ajudando um ao outro”.

Sabe, quando eu encosto a cabeça na calçada começo a sonhar. Sim, sonhar com a minha terra, até com as discussões dos meus filhos. É bom ter uma casa, não dormir na rua, poder olhar nos olhos da mulher que a gente ama. Ah, quanta saudade! Mas o senhor pensa em deixar as ruas de São Paulo e voltar pra lá?

“Com certeza, com certeza! Depois de acabar esse tratamento aqui e pegar o meu óculos, arrumar um jeito de ir pra lá”.

Por que moro nas ruas as pessoas acham que eu nunca tive um trabalho, que sou vagabundo. Não, não! Eu sempre tive responsabilidade, cuidei da minha família. Sempre tive uma vida voltada para o trabalho. Ah é! Qual é a sua profissão?

“Lá eu trabalha na área da panificação. Sou padeiro, faço pão doce, pão salgado, bolo de milho, bombocado, rocambole, tapiçuísso, coxinha, esfirra, pastel. Esses salgados assim, tiro tudo de letra. Faço todos! Mas como que eu vou se a minha profissional foi para o esgoto? Tou só com o RG. Graças a Deus que eu nunca sai sem documento”.

Passo pelas ruas e vejo casas, as famílias moram em prédios altos. Eu, pobre coitado, não tenho onde ficar, não sei o que falar quando me procuraram onde moro. Sinto-me perdido no meio da multidão sem um destinatário. É, resta-me sonhar com um endereço, um futuro, um trabalho e dignidade. Como assim? O senhor está dizendo que um endereço lhe daria chance de conseguir um emprego?

“Como é que vou procurar um trabalho aqui no centro da cidade se não tenho um endereço? Eles pedem pra você qual o seu endereço, seu telefone”.    

“Não moço, dizer que a rua é vida boa é mentira. Quem não gosta de ter um trabalho, ser útil para o povo? Quem não gosta de acordar cedinho, tomar um banho, fazer a barba, fazer um café, trocar de roupa, pegar um ônibus, metrô ou trêm e ir trabalhar? Quem não gosta de lutar, sonhar, e crescer na vida”?  Então o senhor está me dizendo que pensa em voltar a trabalha?

“Logicamente que vou retornar a minha profissão, faço serviço de pedreiro, qualquer serviço de coisa ou atividade. Eu não vou ficar o resto da vida desse jeito. Daqui a pouco com 50 anos. A minha situação não pode deixar piorar. Tem que tocar o barco pra frente, tem que tocar a peteca pra frente. Não pode olhar pra traz e ver os defeitos, tem que olhar pra frente, isso é importante, porque sempre vai ter alguém na frente que vai te ajudar. Nem todo mundo vira as costas”.

Vivo livre, passo pelas pessoas, não tenho banheiro, espelho, pente ou toalhas para me enxugar. Vivo sem muita esperança, mas sei me cuidar. Gosto da minha vida, do meu corpo e quero que todos olhem para o meu corpo limpo. Mas onde o senhor lava a sua roupa? E o banho, como faz?

“Não tou andando de terno e gravata, mas não é porque estou em situação de rua que vou ficar andando sujo pra lá e pra cá fedendo. Pulo no chafariz todo dia. Tenho o meu sabonete, tomo banho de roupa, aproveito e boto pra secar no gerador do metrô ali, sento um pouco e seca tudo! Não gosto de chegar perto de alguém com cheiro de azedo, a pessoa chegar perto de você e ficar se esquivando”.

Não, não tenho vaidade, mas gosto da minha vida e cuido do meu corpo. Há! Uma coisa eu não posso negar, fico feliz quando as pessoas reconhecem o meu zelo. Zelo? Mas o que as pessoas falam?
“Ainda bem que o senhor não anda sujo, o senhor faz a barba, corta o cabelo. Sempre tem esses elogios, então pra mim é legal”. 

Olhando para os meus amigos de rua fico pensando na dor, no sofrimento e abandono. Cada um tem uma história. Alguns já se entregaram ao mundo do álcool, das drogas. Outros não, eles ainda pensam em ter uma nova vida, uma família, um emprego, um novo destino. E o senhor, o que gostaria de falar ou gritar para todo mundo ouvir.

“Que nenhum passe essa situação que tou passando, a pior coisa do mundo é você ficar dependendo de outra pessoa”.

Você pensa que estou sozinho na rua? Que nada! Tenho vários amigos, eles também vieram de longe para tentar a vida em São Paulo. Alguns pensam em voltar, outros ficam no mundo da fantasia e da loucura. Tomando essa atitude eles esquecem a vida de sofrimento. Quem por exemplo? Quem! Pra começar, falo de José Carlos Almeida. Ele veio do Espírito Santo e tem 70 anos. Converse com ele, mas não tenha medo das suas histórias fantasiosas e loucas.

Seu José Carlos, para começo de conversa, gostaria saber se o senhor tem família.
“A minha família está toda destruída pela uma máfia que vem interagindo em nosso país, usando o nosso documento para pegar nosso material e o dinheiro dos bancos todo que é todo nosso”.

Sim, não tenho dinheiro porque fui vítima da máfia internacional. Ela rouba os pobres, destrói vidas e acumula bens para comprar armas, destruir países, poluir os rios, comprar os políticos e transformar o planeta em um caos total! Mas se o senhor não tem dinheiro, casa e família, onde dorme à noite?

“Eu fico próximo do Glicério, debaixo de uma ponte que tem uma feirinha, próximo da igreja Deus é amor. Dormindo exposto, eu dez, a Polícia Federal, eu dez, professor federal, o governo brindado, o meu material roubado, e meu pagamento roubado do banco de câmbio que é a porcentagem das indústrias e das fábricas de alimento”.

A minha família? Não, não, não tenho esposa, não tenho filhos e sou filho do mundo. Não gosto de viver sozinho, sonho com um lar, quero uma família, faço preces a Deus para chegar este dia do grande milagre. Milagre? Mas quê milagre? O que o senhor pede a Deus?

“Eu vou na Igreja todo dia e peço a Deus quê  me dê uma filha dele pra mim namorar e dá uma condição pra mim casar. Eu quero no meu casamento convidar os Estados Unidos participar do meu casamento em nome de Jesus.

Eu não sou dono da minha vida. Deus é maior e domina todos e tudo. Nada está ao meu alcance. Ele reina em nossos pensamentos e decisões. Posso casar, ter filhos ou não. Só Ele é quem sabe. Como assim, o senhor poderia explicar?   

“Eu posso até ter filhos, porque isso é plano de Deus na vida do homem. Porque Deus quando fez o mundo, Ele fez a terra, o fenômeno, fez o espaço, o céu, e Ele estuda o fenômeno e todos os homens que tão aqui na terra, todo dia. É o estudo, este estudo eu não posso revelar, e nem posso revelar o seu registro, mas Deus tem estudado o céu, o espaço e a terra todo dia e tem estudado o comportamento do ser humano todo dia que foi criado para habitar na terra”.

Eu sou a autoridade máxima desta cidade, tenho que ter uma vida digna, ser respeitado amado e valorizado. Não ando sozinho pelas ruas, tenho segurança, sou protegido pelas Forças Armadas. O meu nome é poder, eu tenho poder! Mas afinal de contas, quem é o senhor? Quem eu sou?

“O presidente do mundo sou, o governo federal do mundo sou eu. O meu almoço é 120 mil real, o meu almoço, que é a minha mesada do dia a dia. Essa mesada tá sendo roubada por essa máfia que tá comprando terra todo mês, todo mês por ela, entendeu”?

Sim, a máfia rouba a cidade, o Brasil e o mundo. Eles destroem diariamente o planeta e transformam os seres humanos em animais digladiando-se pelo poder, a produção e o lucro. Tenho medo desta gente violenta, arrogante e orgulhosa. Mas quem são eles?

“A gente precisa conversar em particular, eu não posso expressar quem são os integrantes dessa máfia. Porque esta máfia está agindo no mundo inteiro. Na China é feita a libra, limite internacional militar, Brasil rodoviária Almeida, o dinheiro na China é pegado com os meus documentos, no Japão a mesma coisa, em Nova York a mesma coisa, em Paris a mesma coisa. O governo do mundo é Carlos, paris é policial, almeida rodoviária silva”.
            
          Sou autoridade e como tal não devo explicações para ninguém. Posso andar, falar, gritar, cantar, entrar ou sair em departamentos comerciais, templos, bancos ou clubes. Tenho passe livre para andar por estas ruas de São Paulo e por todas as cidades do mundo. Eu disse, sou livre! Livre? Mas porque o senhor sempre vai à igreja? Alguém lhe convidou?

“Não é um chamado de homem ou de igreja, é um chamado de Deus para com a minha vida. É um compromisso que tenho que ter com a família, com a família da nossa igreja. E esse compromisso não pode ter pessoas que venham interceptar, que minha vida já foi interceptada com eles roubando. Eu me afastei da igreja, fiquei afastado da igreja católica um bom tempo, mas hoje já tem mais de sete anos que eu voltei e não perco mais nem uma missa. Durante a semana eu tou sempre presente na Missa da sexta-feira”.

Aqui na Praça da Sé tem esta igreja bonita, quando vou dormir sempre me lembro de Deus nas minhas preces. Lá no Espirito Santo, lembro-me dos meus pais todos os domingos na Missa. Esta lembrança caminha comigo, entra na minha mente e me leva a olhar para o alto e fazer sempre uma prece. Mas nas suas orações, além de pedir uma família, o que mais o senhor pede a Deus?

“Todo dia eu peço a Deus que nenhum inimigo venha interceptar a minha caminhada, porque Deus se encontra muito distante e se eles intercepta a minha caminhada eles intercepta eu chegar ao encontro de Deus, e cada ano que eu ando na presença de Deus na igreja eu ando cem milhas me aproximando de Deus”.

Olho na escuridão da noite e tenho medo. Sim, medo da violência, medo das pessoas, da Polícia... Eu tenho medo! As pessoas não olham para o meu rosto, todos parecem amedrontados. Ouço gritos, correria, roubo, assaltos. A cidade é violenta e perigosa. Mas o que fazer para resolver esse problema? O senhor teria uma solução?

“O juiz é o governo, se o governo for arrumado, às coisas serão todas colocadas no seu devido lugar”.

A minha voz não é qualquer voz. Sou importante, nem todos podem me ouvir. Sou vítima da bandidagem que arrasa o país destruindo as famílias, matando, roubando e transformando o país em campo de guerra. Então a sua família foi assassinada? Deixe a sua palavra final sobre esta triste história.

“Eu tou na rua tem muito tempo já. A minha mãe foi matada, meu pai foi matado, minha irmã foi matada. Mataram a minha família toda roubando nosso nome”.

Triste a sua história. Obrigado por contar a sua vida sem vida, seu olhar cego, seu corpo sofrido pela fome, suas pernas trêmulas pela doença, seu sonho preso pelo medo da escuridão, suas mãos trêmulas pelo frio e seu sonho insistente no raiar de um novo dia. Obrigado, obrigado.  

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