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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A Contemplação na experiência dos grandes místicos.


"Toda contemplação verdadeira nos leva ao encontro com o Cristo pobre, rasgado, cuspido, violentado, ensanguentado e abandonado na zona rural, nos viadutos, nas ruas e nas portas das nossas Igrejas". Frei Petrônio de Miranda (Foto), Padre Carmelita e Jornalista. Convento do Carmo, Lapa, Rio de Janeiro. www.olharjornalistico.com.br

RAFAEL CHECA CURI

            A Igreja vive da contemplação que lhe permite peregrinar na trajetória da história humana, pendente de Deus e de sua palavra. O Espírito Santo ilumina seu roteiro, descobrindo-lhe, cada vez mais profundamente, o mistério de Deus, do homem e do mundo. O próprio Deus não é uma abstração ou, apenas, uma esperança. Sua presença, a de Cristo ressuscitado e glorioso, é uma consoladora experiência. Jesus Cristo vive em seu corpo místico. A comunidade o compreende e o sente. A Igreja experimenta um crescimento gradual, na ordem do conhecimento sapiencial do mistério de Deus, da esperança ativa que a impele a transformar a sociedade humana, da caridade e do amor que faz presente o Senhor no mundo, como pai e como irmão dos homens.
           Esta experiência de que goza a Igreja se concretiza em seus membros, que participam desse dom contemplativo, na medida em que Deus lhos outorga gratuitamente e eles se dispõem a recebê-lo. O Concílio Vaticano II fez-se consciente desta realidade, quando considerou a necessidade de conservar e aumentar no homem as "faculdades da contemplação e da admiração que levam à sabedoria" (G.S. 56). Com isso o homem, "mais livre da escravidão das coisas, pode ser elevado com maior facilidade ao próprio culto e à contemplação do Criador" (G.S. 57).
            Todos nós levamos, ao recebermos o batismo, o germe da contemplação. Nossa inserção em Cristo, como cepas na videira (Jo 15,15), permite-nos viver sua vida de união com o Pai e de docilidade face à ação do Espírito. Essa vida é Vida de fé, de esperança e de caridade. Em São João da Cruz, "contemplar", mais do que grau de oração mística, é vida teologal em exercício, comunicação de Deus transcendente, acolhido em fé e amor. E a vida teologal é patrimônio do cristão e do homem a quem Deus a conceder.
            É claro que, se é vida e dinamismo da pessoa, está sujeita ao imperativo do crescimento gradual. Este crescimento supõe uma meta, a que Deus chama, ainda nesta vida e que, obviamente, amplia indefinidamente na glória. Do mesmo modo, todos os humanos estamos chamados à maturidade da vida, mesmo se alguns morrem na infância, na adolescência ou na juventude.
            A contemplação, Vida de face a face com Deus, passa por essas diversas idades: infância, adolescência, juventude e plena maturidade. Os grandes santos percorreram todas as etapas, ou, melhor dizendo, foram impelidos pela ação de Deus e por seu livre concurso, através de todas elas, até a comunhão plena do amor.
            Esses cristãos são os que chamados místicos, isto é, homens ou mulheres que viveram e experimentaram o mistério de Deus e de suas relações.
      A trajetória desses gigantes do espírito pode sintetizar-se assim: a contemplação cristã é obra do Espírito Santo, este intervém desde a arrancada inicial e prossegue através de cada uma das etapas: sua presença e sua ação, a medida que são mais intensas, potenciam qualitativa e quantitativamente as capacidades de crescimento espiritual da pessoa; esse desenvolver-se identificada ;mais e mais a pessoa com Cristo e abre-a para uma consciência de sua proximidade, de sua presença, de seu amor e de sua ação a partir de um momento querido por Deus, sua experiência começa a ser mais consciente e mais explícita: quando a presença divina e seu amor e influência se fazem mais lúcidos e relevantes, a obra de transformação e de união divino-humana adquirem uma expressão mística.
            Esses grandes místicos que atingiram o ponto mais algo do cimo da comunhão com Deus estão presentes em toda a história cristã.

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