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sábado, 21 de março de 2015

ORDEM TERCEIRA: Encontro Provincial-01.

Via Sacra: as meditações de Francisco

Algumas meditações sobre a Via Sacra, compostas por Jorge Mario Bergoglio antes e depois da sua eleição a bispo de Roma foram publicadas agora em um livro em italiano, intitulado La logica dell'amore (Ed. Rizzoli). Um trecho da obra foi publicada no jornal Corriere della Sera, 19-03-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Primeira Estação
Jesus é condenado à morte

A cruz de Jesus é a palavra com que Deus respondeu ao mal do mundo. Às vezes, parece-nos que Deus não responde ao mal, que permanece em silêncio.
Na realidade, Deus falou, respondeu, e a sua resposta é a cruz de Cristo: uma palavra que é amor, misericórdia, perdão. Também é juízo: Deus nos julga amando-nos. Lembremo-nos disto: Deus nos julga amando-nos. Se eu acolho o Seu amor, sou salvo; se o rejeito, sou condenado, não por Ele, mas por mim mesmo, porque Deus não condena, Ele só ama e salva.
Queridos irmãos, a palavra da cruz também é a resposta dos cristãos ao mal que continua agindo em nós e ao nosso redor. Os cristãos devem responder ao mal com o bem, tomando sobre si a cruz, como Jesus.

Quarta Estação
Jesus encontra a sua mãe

Não estamos sozinhos, somos muitos, somos um povo, e o olhar de Nossa Senhora nos ajuda a olharmos para nós de modo fraterno. Olhemo-nos de modo mais fraterno! Maria nos ensina a ter aquele olhar que busca acolher, acompanhar, proteger. Aprendamos a nos olhar uns aos outros sob o olhar materno de Maria!
Há pessoas que, instintivamente, consideramos menos e que, ao contrário, mais precisam: os mais abandonados, os doentes, aqueles que não têm do quê viver, as crianças de rua, aqueles que não conhecem Jesus, que não conhecem a ternura da Virgem.
Em Maria, "muitos encontram a força de Deus para suportar os sofrimentos e os cansaços da vida" (Evangelii gaudium, n. 286). Frase textual: "Lá encontram a força de Deus para suportar os sofrimentos e os cansaços da vida".

Quinta Estação
Jesus é ajudado por Simão de Cirene a carregar a cruz

Somente quem se reconhece vulnerável é capaz de uma ação solidária. De fato, comover-se ("mover-se-com") e compadecer-se ("padecer-com") com quem jaz à beira da estrada são atitudes de quem sabe reconhecer no outro a própria imagem, mistura de terra e tesouro, e, por isso, não a rejeita.
Ao contrário: ama-a, aproxima-se dela e, sem querer, descobre que as feridas que cuida no irmão são bálsamo para as suas próprias. […]

Por isso, falamos da dignidade da pessoa, de cada pessoa, para além do fato de que a sua vida física seja apenas um frágil início ou esteja prestes a se apagar como uma vela. Quanto mais as suas condições de vida são frágeis e vulneráveis, mais a pessoa merece ser reconhecida como preciosa.
E deve ser ajudada, amada, defendida e promovida na sua dignidade. Sobre isso, não se pode negociar.

Oitava Estação
Jesus encontra as mulheres de Jerusalém

Nas lágrimas de uma mãe ou de um pai que chora pelos seus filhos, esconde-se a melhor oração que se possa fazer sobre esta terra: a oração de lágrimas silenciosas e mansas, que é como a de Nossa Senhora aos pés da cruz, que sabe ficar ao lado do seu Filho sem estrépitos e escândalos, acompanhando, intercedendo.
"Interceder não nos afasta da verdadeira contemplação, porque a contemplação que deixa de fora os outros é uma farsa. […] Poderíamos dizer que o coração de Deus se deixa comover pela intercessão, mas, na realidade, Ele sempre nos antecipa, pelo que, com a nossa intercessão, apenas possibilitamos que o seu poder, o seu amor e a sua lealdade se manifestem mais claramente no povo" (Evangelii gaudium, nn. 281, 283).

Décima-segunda Estação
Jesus morre na cruz

Esta é a atitude do coração de Cristo. O abandono nas mãos de Deus, sem pretender controlar os resultados da crise e da tempestade. Abandono forte, mas não ingênuo... Abandono que implica confiança na paternidade de Deus, mas não se exime do sofrimento da agonia: de fato, esse abandono não tem resposta imediata, e até Ele próprio é posto à prova pelo silêncio de Deus, que pode levar à tentação da desconfiança... é grito dilacerado no ápice da prova: "Pai, por que me abandonaste?".
Na cruz, é preciso perder tudo para ganhar tudo. Esse é o lugar onde se vende tudo para comprar a pedra preciosa ou o campo com o tesouro escondido.

Perder tudo: quem perder a sua vida por mim, encontra-la-á... Ninguém nos obriga, é um convite. Um convite ao "tudo ou nada". Fonte: www.ihu.unisinos.br

sexta-feira, 20 de março de 2015

Província Carmelitana de Santo Elias: Encontro Provincial da Ordem Terceira do Carmo em São José dos Campos/SP. 20-22 de março-2015.

PROGRAMA DO ENCONTRO DE PRIORES, 
FORMADORES E CONSELHEIROS-2015

SEXTA-FEIRA – 20 DE MARÇO
CHEGADA – 16 H
JANTAR – 19 ÀS 20 H
20.15 H – ORAÇÃO E ABERTURA DO ENCONTRO
21.45 H – DESCANSO

SÁBADO – 21 DE MARÇO
7 H – EUCARISTIA
8 H – CAFÉ
9 H – TRABALHO – BIBLIOGRAMA DO PROFETA ELIAS
10.30 H – INTERVALO
10.45 H –  CONTINUAÇÃO - DINÂMICA
12 H – ALMOÇO
14 H – REINÍCIO – REUNIÃO ESPECÍFICA – PRIORES, FORMADORES E CONSELHEIROS
15.30 – INTERVALO
16 H - REINÍCIO
17.30 – ORAÇÃO
19 H – JANTAR
20 H – OLHAR SOBRE OS SODALÍCIOS
21 H – OFÍCIO E DESCANSO

DOMINGO – 22 DE MARÇO
7 H– EUCARISTIA
8 H – CAFÉ
9 H –  OLHAR SOBRE A JUVENTUDE
10 H – INTERVALO
10.30H – PLENÁRIA COM AVALIAÇÃO
12 H – ALMOÇO E ENCERRAMENTO

OBS: COMO A DIÁRIA É ENCERRADA ÀS 16 H, OS PARTICIPANTES PODERÃO FICAR NA CASA ATÉ ESSE HORÁRIO CASO NECESSITEM.

quinta-feira, 19 de março de 2015

OLHAR O PASSADO COM OS PÉS NO PRESENTE: A Ordem Terceira do Carmo no Brasil

Frei Nuno Alves Correia, O. Carm
Aos 7 de outubro de 1452 (Século XV),  o Santo Padre Nicolau V aprovou a Regra elaborada pelo Geral da Ordem, Beato João Soreth, dando assim forma canônica à Ordem Terceira do Carmo. Esta instituição secular abrange homens e mulheres que, no mundo, procuram maior santificação inspirando-se na Regra Carmelitana de Santo Alberto.
No tempo áureo do Carmo brasileiro houve inúmeras Ordens Terceiras. Quase todos os conventos tinham anexa uma igreja da Ordem Terceira e também em muitos outros lugares havia florescentes Ordens Terceiras, sob a direção de Padres Carmelitas.
A decadência, porém, não só atingiu a vida espiritual da primeira, mas também da Terceira. No tempo da restauração, quase todas as Ordens Terceiras continuavam a existir, sob a direção de um Comissário do clero secular. Na realidade, eram simples Irmandades, cujos membros, por vezes, nem sequer eram católicos, praticantes ou pertenciam mesmo a seitas secretas proibidas pela Igreja. Os que nela ingressavam, mediante pagamento de uma joia e recebimento de um belíssimo Diploma, tinham antes em vista as vantagens materiais do que os benefícios espirituais.
Nestas tristes circunstâncias, era praticamente impossível que as Ordens Terceiras existentes fossem reorganizadas em sua espiritualidade e entregues à direção da Ordem Primeira. Outro meio não houve senão começar de novo.
Quando os Padres Carmelitas holandeses chegaram em 1904 encontraram na Igreja do Convento do Carmo do Rio de Janeiro uma certa Confraria, com o nome respeitável de “Ordem Terceira”, inteiramente degenerada e entregue às práticas do mais baixo fetichismo africano. Por ordem do Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Joaquim Arcoverde de Alburqueque Cavalcante, Frei Tomás Jansen, O. Carm., autorizado pelas legitimas autoridades da Ordem, extinguiu essa pseudo- Ordem Terceira, fundando uma nova, a qual foi oficialmente instalada aos 8 de dezembro de 1910.
Cumpre aqui notar que todas as Ordens Terceiras, no Brasil, continuavam a existir canonicamente e até a promulgação do novo Código do Direito Canônico, aos 19 de maio de 1918. Desde essa época, podiam ser consideradas como legítimas Ordens Terceiras somente as que, em conformidade com o Canon 702 do referido Código, vivesse sob a direção de alguma Ordem. Condição essencial, portanto, da legítima posição jurídica de uma Ordem Terceira do Carmo é estar sob a jurisdição da Ordem Primeira do Carmo. Para as Ordens Terceiras antigas, existentes antes de 1918, e que não haviam satisfeito essas exigências canônicas, o único meio de legitimar a sua situação jurídica er, pois, agregar-se a de novo à Ordem Primeira.
Aos 16 de julho de 1948, o Santo Padre Pio XII, aprovou a Nova Regra da Ordem Terceira do Carmo, elaborada pelo virtuoso Padre Frei Brenninger, assistente Geral e profundo conhecedor da mística carmelitana. Conforme esta Nova Regra, existe apenas uma Ordem Terceira do Carmo, dividida no mundo inteiro em muitos Sodalícios, que estão sob a jurisdição de um sacerdote que não se chama mais “Comissário”,mas sim “Diretor Espiritual”.
   A Partir de então iniciou-se  um período de vitalização da Ordem Terceira do Carmo. Oportunamente, não sei em que data, a Província Carmelitana de Santo Elias, a fim de zelar melhor pelos sodalícios, destacou um de seus membros para, como Delegado Provincial da Ordem Terceira do Carmo, estabelecer contato com os Sodalícios a fim de manter-lhes vivos na fé, na religião e no Carisma Carmelitano.
No decorrer dos anos, exerceram a função de Delegado Provincial da OTC os seguintes religiosos carmelitas: Frei Policarpo Van Levwen, O. Carm., Frei Antônio Faggiano, O.Carm., Frei Lamberto Lambooy, O. Carm., Frei Nuno Alves Correia, O. Carm., e de novo  Frei Antônio Faggiano, O. Carm.  De 1958 até a sua morte, a 13 de abril de 1967. Em todo esse período, com essas sucessivas assistências, os Sodalícios que estava a sob a jurisdição da Ordem Primeira, mantiveram-se, na sua maioria, vivos e outros foram canonicamente criados.
Depois da morte de Frei Antônio Faggiano, O. Carm0 nova crise abalou a vida dos Sodalícios, seja por incúria dos superiores seja pelas transformações do Concílio Vaticano II através do surgimento de novas Associações Religiosas mais enquadradas dentro do espírito do Vaticano II e a partir de então, a sobrevivência dos Sodalícios da OTC- os nossos e os de outras Ordens Religiosas- ficaria dependendo do empenho pelo qual as Ordens Religiosas adaptassem as Ordens Terceiras à doutrina do Vaticano II. E foi o que as Ordens Religiosas fizeram.
Após inúmeras reuniões de representantes das Ordens Religiosas realizadas em Roma, na década de setenta, nasceu uma Regra “Padrão” para todas as Ordens Terceiras, regra essa adaptada à mente e à doutrina do Concílio Vaticano II. Baseada nessa “Regra- Padrão”, a nossa Ordem elaborou a mais nova Regra da Ordem Terceira do Carmo que foi publicada e amplamente divulgada entre os Sodalícios em 1977, salvaguardo-se assim a sobrevivência da maior da maior parte dos Sodalícios da Ordem Terceira do Carmo.
Em princípios de 1978, eu assumi como Provincial a direção da Província Carmelitana de Santo Elias e uma vez investido no cargo, como que para reparar um erro do nosso passado, determinei-me a mim mesmo voltar a atenção para a Ordem Terceira do Carmo, dando-lhe a merecida assistência espiritual.
Comecei o trabalho através de cartas, visitas frequentes, retiros, encontros regionais, comemorações centenárias, comunicações através do Boletim “Família Carmelitana” e, finalmente, a criação do Secretariado da OTC. Tudo isso constituiu uma forma de contato. Sem dúvida, não só para a sobrevivência, como também para a revitalização dos Sodalícios. Em janeiro de 1986, deixei a presidência da Província e com a anuência da gestão vigente, foi-me permitido continuar esse trabalho à frente do Secretariado da Ordem Terceira do Carmo, agora como Delegado Provincial.  

Fraternalmente no Carmelo. Frei Nuno Alves Corrêa, O. Carm.
Delegado Provincial da OTC. Convento do Carmo, Lapa, Rio de Janeiro. 1992.
NOTA: Frei Nuno Alves Corrêa: uma caminhada longa, repleta de recordação. * 07/11/1914 – 84 anos – + 03/07/2008
Por Frei Felisberto Caldeira de Oliveira, O.Carm.

Com Santa Terezinha, ele dizia: “Tudo é Graça”.
-------Há anos Frei Nuno se recolheu no Convento da Lapa, no Rio de Janeiro, para se dedicar ao acompanhamento das Ordens Terceiras Carmelitas após 9 anos de serviço como Provincial. Esta missão ele a exerceu livre e carinhosamente. Foi diretor espiritual da OTC da Esplanada em São Paulo, capital. Tendo Frei Gabriel como vice-diretor dessa OTC, ele pôde assumir a OTC do Rio de Janeiro e cuidou da Família Carmelitana com disciplina e zelo, quase eliano.
-------Ultimamente, já ouvindo pouco e afônico, sentiu que seu corpo não correspondia mais a seu ardor e desejo de trabalhar, mas continuou editando a Revista da Família Carmelitana e o contato direto com os leigos carmelitas.

-------Em uma cadeira de rodas, dedicou-se a escrever para a Revista indo até o último número, o de julho de 2008, dedicado à festa de N. Sra do Carmo que ele queria celebrar aqui na terra, mas a Virgem Maria preferiu que fosse com ela, no céu, chamando-o para a casa do Pai, no dia 03 de julho de  2008 às 02h:30 min da madrugada.

BATE PAPO... Dom Vital fala sobre São José

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO, Nº 278. São José.

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO, Nº 831: São José e Santa Teresa.

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO, Nº 830: São José.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Pensamentos sobre a vocação em geral

Frei Geraldo D’Abadia Pires Maciel, O. Carm.

Aproveito a oportunidade deste mês de agosto para partilhar algumas descobertas que a vida foi me ensinando a respeito da vocação. O que partilho é simples e direto e fruto do que aprendi com meus formadores, estudantes carmelitas, confrades e o povo de Deus. Quando a gente escreve assim corre o risco de não ser tão profundo, mas ganha no acompanhar um pouco mais a nossa própria experiência.
1. A vocação tem a ver com o Mistério. Com o sentido profundo que buscamos dar à nossa vida. Você não dá conta de tudo e nem consegue explicar tudo. Nem é responsável por tudo. Num momento da vida você é interpelado, tem um foguinho que ascende lá dentro do peito, e você se sente chamado a responder a este Mistério que te envolve. É como se a gente se sentisse carregado, atraído, em nosso desejo mais profundo. E você se solta como Maria: “eis aqui a serva do Senhor”.
2. A vocação tem a ver com uma resposta livre. Você se sente carregado, a iniciativa não é sua, mas, num certo sentido, o chamado se chama. O convocado se convoca. Nós nos chamamos. Você ganha a viagem, mas, quem a faz é você. Quem dá sentido e beleza à viagem é a pessoa e a comunidade.
3. Vocação tem a ver com discernimento. Você olha a vida, a Igreja, a Vida Religiosa, as necessidades do Povo de Deus, olha para suas possibilidades, partilha seus sonhos com alguém que caminhou bastante na vida e escolhe.
4. A vocação tem a ver com escolha e liberdade. A liberdade de uma vida escolhida é uma das coisas mais encantadoras e atraentes. Quem é livre tem capacidade de receber e de aceitar uma realidade, mas, arrisca-se na transformação desta mesma realidade. Tem a liberdade de Jesus que disse: “foi dito, mas, eu digo”.
5. Vocação tem a ver com adesão e consentimento. Não adianta só refletir, se perguntar ou só criticar. Tem uma hora que vai ser exigido uma adesão. Você tem que se envolver. Não é um filme para ser assistido. E ao aderir você é responsável.
6. No cristianismo vocação tem a ver com Jesus de Nazaré. Muita gente esquece disto. Jesus tem sonho, tem projeto de vida concreto. Ele nos convida a segui-lo, a acompanha-lo na sua busca a envolvermo-nos no mistério de sua pessoa. Ele reintegrou pessoas, teve companhias, cultura e seus confidentes eram os pobres. Precisa dar uma boa atenção ao Evangelho para conseguir captar o mistério de Jesus de Nazaré.
7. Vocação tem a ver com servir. Tem que por a mão na massa. Não tem nada a ver com acomodação e indiferença diante da realidade e dos apelos concretos que ela nos traz. É como Jesus ensinou. Não dá para por a mão no arado e voltar atrás.

Como vocês viram, foram sete pontinhos. Muito simples. Tem muitos outros, quem sabe, até mais importantes. Você pode enriquecer esta página se você vive com intensidade o seu chamado. Seja feliz na sua vocação. Se você, por acaso, escolher o Carmelo nós ficaremos muito felizes em te acolher na família carmelitana.

ORDEM TERCEIRA DO CARMO DE JUIZ DE FORA: Convite

Meditar na Lei do Senhor e vigiar em oração.

FORMAÇÃO E IDENTIDADE CARMELITANA: A identidade carmelitana na atual conjuntura eclesial.

Frei Bruno Secondin.  O. Carm.
           (Veja o vídeo, “A Palavra do Frei Petrônio”, Nº 707. Entrevista com
Frei Bruno Secondim. Clique aqui:  https://youtu.be/ioEVQ3h_wXs).

1-Eis o grande tema carmelita: até as pessoas menos instruídas sabem que o ideal carmelitano é o da vida de oração. E em torno deste ponto focal deveriam convergir todas as outras coisas: o horário, a moradia, a formação espiritual, o sentido da maturidade espiritual, a direção espiritual, o apostolado. Não vou entrar em toda esta literatura, que muitas vezes é mais apologética do que útil. Quero tocar neste argumento sob um outro ponto de vista.
- Uma tradição de conflitos e de hipocrisias: se é grande a glória para o Carmelo neste campo – e disto ninguém duvida – é preciso também reconhecer que as hipocrisias não faltam. E também são abundantes as manipulações. A primeira hipocrisia é a de uma vida real que na verdade não parece dar esta importância à oração e à meditação assídua da Palavra, da qual nasce o vigiar nas orações. A solidão da cela era vista – e é vista ainda tantas vezes – como a ocasião para se rezar um pouco, qualquer que seja a forma de oração. Ao contrário, segundo a Regra, se está na cela sobretudo para meditar na Palavra, e fazê-la florir numa resposta orante e perscrutadora (vigilantes: R 10). Sobre a solidão, o silêncio, a oração mais ou menos intensa forjaram-se tantas histórias no Carmelo: em nome do espírito primitivo, das não-mitigações, da perfeição, etc.
- Uma releitura das intenções originais do carisma nos ajuda a superar razões de polêmica e a reencontrar um sentido novo para esta característica do Carmelo. Na releitura nova da Regra os capítulos 10-17 formam um bloco único, e representam o modelo de Jerusalém. E, por consequência devem ser interpretados numa unidade dinâmica. Se assim fizermos, veremos bem como a Palavra ouvida e meditada na solidão floresce em oração vigilante e em louvor sálmico, mas também em partilha dos bens e dos sentimentos do coração. E tudo encontra o seu vértice na celebração eucarística, que é plenitude do que a Palavra anuncia e promete, e fermento para que a vida se transforme em koinonia e seja transfigurada na sobriedade e na solidariedade  em nome da  Palavra (cf. a pregação itinerante: R 17).
- A oração como vigilância: não pode ser interpretada como um tempo noturno roubado ao sono para rezar. Mas antes como uma gramática do desejo: acende-se no coração a certeza de uma presença e de um projeto, cujos contornos se procuram na práxis (louvor, partilha, páscoa diária, reconciliação, luta espiritual, ascese flexível, etc.). Mas também se propõe fazer de toda a existência uma espera vigilante, um estar de sentinela, apaixonados e implorantes. Não é, portanto, a quantidade ou o método que faz do Carmelo uma comunidade orante. Mas este coração que vibra e espera, perscruta e implora, purifica-se e põe em prática a Palavra.
- Orar como Igreja e em nome da Igreja: este é na realidade o verdadeiro sentido da vocação carmelita à oração. Uma oração não de horários e de tamanho, mas de coração que ama e que implora, de paixão pelo Reino que trabalhosamente se faz luz na história. Orar como Igreja é principalmente deixar-se amar e convocar,. falar ao coração e salvar por meio da Palavra e da mesa eucarística, da solidão e da corresponsabilidade, do trabalho e do silêncio, da fidelidade à sabedoria dos séculos e da abertura ao novo que vai chegando. Se relermos os nossos grandes mestres sob esta perspectiva, encontraremos muitas confirmações, mas também um convite a mudar de esquema..
- Uma oração teologal e não só orações: olhando-se bem para a Regra, mas ainda para a nossa história e a nossa espiritualidade, descobrimos que a oração nunca se desprende da história, antes está entrelaçada dentro da história, impregnada de história. Reconhecemos que Deus está fazendo crescer  os seus desígnios dentro da história: rezamos desde dentro da nossa experiência de Filhos, e Cristo primogênito reza conosco e em nós. Verdadeiramente rezamos antes de tudo com esta consciência, nele reconhecendo misericórdia, perdão, ternura, fidelidade. A síntese é a oração do Pai Nosso, que justamente vale tanto quanto o breviário inteiro.
- Uma oração eclesial: enquanto fruto do Espírito, que anima a Igreja, conhece os seus gemidos e aspirações, e os eleva em nosso favor até onde está o Pai (Rm 8,26). Trata-se certamente de uma experiência pessoal autêntica, que nasce do coração e da interioridade, mas não se fecha sobre si mesma, exprime ao mesmo tempo a comunhão dos irmãos, dos filhos de Deus, do edifício espiritual que vai crescendo sob a guia do Espírito. Não percamos de vista a função central da capela dedicada a Maria: a oração, que nasce na interioridade de cada um, tende por sua natureza a se manifestar em expressões compartilhadas por todos, como expressão coral de uma família , de uma comunidade.
- Uma oração que é via para crescimento em humanidade: retenhamos que hoje é muito importante colocar a nossa atenção sobre o dinamismo do crescimento na autoconsciência cristã através da oração e o orar. Para que todos nos demos conta de que aqui justamente está uma das grandes dificuldades da nossa oração: que ela se torne não só um problema de quantidade e de tempo, de fórmulas e de gestos, mas sobretudo de crescimento dinâmico, de maturidade global. A Regra propõe-nos uma experiência unificada e unificante com o mistério da salvação, que se realiza no tempo e caminha para a plenitude do Reino escatológico. O escopo final é uma existência transfigurada, em que tudo vem à luz em síntese: é este o sentido dos últimos três capítulos do texto. E nós devemos ajudar os jovens a se encaminharem até este modelo, dinâmico, coenvolvente, sem perigosas dicotomias. Se, pelo contrário, a nossa preocupação é a de ensinar as descrições metodológica e psicológicas dos nossos mestres, nós nunca formaremos orantes de coração vigilante.
2- A palavra é uma lâmpada para os nossos passos [cf. Sl 118 (119) 105]. Queremos completar esta nossa exposição mais uma vez com um texto bíblico, que talvez raramente tenhamos lido. São alguns versículos do Sirácide 35,9-18. Limito-me a algumas anotações para ajudar na interpretação.
- A hipocrisia do culto sem justiça: não se pode separar o culto a Deus do modo de viver, seguindo uma moral dupla. Deus não se deixa enganar pelas aparências quando se oferece os frutos de ações perversas. Não basta rezar pessoalmente com intensidade, é preciso saber distinguir a desonestidade em tantas situações e não concordar com a hipocrisia.
- O semblante alegre , com ânimo bem disposto: não há verdadeiro diálogo com Deus se não existe amor e alegria ao fazê-lo, desejo de encontrá-lo. No constrangimento e no medo não floresce verdadeira oração. Mas a alegria nasce também da resposta de Deus, gratuita e generosa. “Bela é a misericórdia no tempo da aflição: é como nuvens que trazem a chuva no tempo da seca (Sr 35,24)”.
- Deus ouve a prece do oprimido: a Escritura toda no-lo testemunha. Deus conhece e escuta a súplica e o desabafo. Quer dizer que é lícito desabafar-se e gritar; mas também que aquele que ama a Deus deve  aguçar os próprios ouvidos e abrir o próprio coração para escutar como Deus e a reagir como Ele, “restabelecendo a eqüidade”.
- Rezar com o corpo: notemos a ênfase corpórea deste modo de orar. Reforça o sentido da luta, da fadiga, da solidão; é também expressão de uma fé tenaz e confiante. É o corpo todo e a vida que se fazem oração; não é apenas um dizer orações de qualquer maneira.
- Caminho de crescimento. Seja para quem implora e desafia as nuvens para se fazer escutar, seja para a história da humanidade, a oração do humilde torna-se graça que abala as injustiças e faz realizar a justiça e a misericórdia. Bartolomeu de las Casas foi justamente lendo este texto que se converteu de clérigo conquistador em profeta dos oprimidos.

Para refletir:
1º- Estamos convencidos de que devemos repensar o sentido da nossa vocação para a oração?
2º-Como tornar-se Igreja orante e não só fazer orações?

3º- Como crescer em humanidade e solidariedade rezando?

sábado, 14 de março de 2015

CARMO DE TAUBATÉ/SP: Um olhar.

SOS ORDEM TERCEIRA DE TAUBATÉ/SP: Convocação para as Missões Carmelitanas.


Frei Petrônio de Miranda, O. Carm.
Nós; Frei Petrônio de Miranda, Delegado Provincial da Ordem Terceira do Carmo, Paulo Daher, Coordenador da Comissão Provincial da Ordem Terceira do Carmo e Vicente, Conselheiro da Comissão Provincial, estivemos neste sábado, 14, visitando o Sodalício de Taubaté, São Paulo.
Depois de 65 Anos, a Ordem Terceira do Carmo daquela cidade consta apenas de 7 irmãs entre 60 a 90 anos. O que fazer? Deixar morrer a história carmelitana naquela cidade? Continuar com o grupo das piedosas e santas mulheres devotas de Nossa Senhora do Carmo até a última a falecer?  Estas e outras perguntas suscitaram uma boa conversa na noite de ontem, sexta-feira, e na manhã de hoje, sábado.
Na verdade, mesmo na noite de ontem já podíamos ver a famosa luz no fim do túnel. Luz no fim do túnel? Isso mesmo meu caro irmão e minha cara irmã que me acompanha no Olhar Jornalístico. Refiro-me ao jovem, padre Ricardo, da Paróquia de São João Bosco, local onde fizemos a reunião naquela cidade. Esse padre sonha em ser Terceiro Carmelita. E mais! Vamos fazer uma Missão Carmelitana do dia 14 a 17 de maio para propagar a Espiritualidade carmelitana naquela Paróquia e no final, além do padre, que vai entrar para o noviciado, mais 15 irmãos e irmãs vão começar a caminhada no Sodalício.
Portanto, se você é da Ordem Terceira e deseja passar 4 dias em Missão na cidade de Taubaté ou se for o caso, dois ou um dia, entre em contato comigo pelo e-mail: missaodomgabriel@bol.com.br (Frei Petrônio de Miranda)

Louvo a Deus através da Virgem do Santo Escapulário que nos mostrou um novo caminho através da Missão Carmelitana para despertar naquela sodalício a Espiritualidade do Carmo neste ano dos 500 Anos do nascimento de Santa Teresa de Jesus. Conto com as orações de todos vocês.     

quinta-feira, 12 de março de 2015

Os ‘lobos’ retornam ao Vaticano

Setores da Cúria que atacaram Bento XVI no passado agora buscam impedir que Francisco ceda às pressões da Itália para que a Santa Sé deixe de ser um paraíso fiscal.

Os lobos do Vaticano – poderosos setores da Cúria que pressionaram Bento XVI até obter sua renúncia, em fevereiro de 2013 – estão de volta. Eles permaneciam escondidos desde então, contemplando com certo desgosto as tentativas de abertura feitas por Francisco às novas formas de família e os pronunciamentos sociais dele, distantes do estilo acadêmico, que fazem muitos católicos recuperarem a fé na Igreja e muitos líderes mundiais voltarem seus olhos para Roma. Mas agora, justamente quando o papa Jorge Mario Bergoglio pretende de uma vez por todas tornar menos opacas as finanças do Vaticano – aprovando severas leis internas de transparência e negociando com o Governo italiano para que a Santa Sé deixe de ser um paraíso fiscal –, esses lobos do poder e do dinheiro estão tentando evitar esse processo de regularização com as mesmas armas que usaram contra o alemão Joseph Ratzinger: o vazamento de documentos envenenados, de modo a semear a dúvida e a divisão entre o Papa e seus colaboradores.
Se, como já denunciou jornal L'Osservatore Romano, Bento XVI era "um pastor rodeado por lobos", Francisco é simplesmente um homem sozinho, talvez agora mais do que nunca. Os milhares de fiéis que todas as quartas e domingos lotam a praça de São Pedro – nos tempos de Bento XVI, o movimento se limitava a ônibus fretados para aposentados, com um sanduíche incluído – não imaginam até que ponto Bergoglio permanece isolado e solitário perante a resistência de poderosos setores da Cúria. Não se trata mais da oposição manifesta dos conservadores contra a abertura do Pontífice aos divorciados que voltam a se casar ou aos casais homossexuais, nem do desconforto dos puristas por sua maneira de se expressar. Agora se trata de evitar a todo custo que Bergoglio e o homem que ele trouxe de longe para acabar com o bacanal financeiro, o cardeal australiano George Pell, alcancem seu objetivo de transformar o IOR (Instituto para as Obras da Religião, nome oficial do banco do Vaticano) em algo que nunca foi: uma instituição transparente.
Os vazamentos buscam debilitar Pell, revelando supostos gastos com voos, alfaiates e salários de colaboradores, justamente no momento em que tanto o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, como o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, admitiram que as negociações para acabar com o sigilo bancário no Vaticano estão muito avançadas. Renzi, que nos últimos dias chegou a acordos fiscais com a Suíça, Liechtenstein e Mônaco para eliminar o sigilo bancário, declarou que "a Santa Sé está interessada em fazer uma limpeza" no IOR e que a Itália, habituada nos últimos anos a esbarrar nas grossas muralhas do Vaticano, deseja recuperar "um pouco de dinheiro" das contas de italianos depositadas no menor país do mundo.

Os vazamentos de documentos internos buscam debilitar o Papa
Também Lombardi admitiu que as negociações com a Itália buscam "a transparência mediante a troca de informação com fins fiscais". Em outras palavras, ainda falta terminar a grande operação de limpeza que foi iniciada timidamente por Bento XVI em 2011 e que Francisco prosseguiu, fechando 3.000 contas suspeitas e congelando outras 2.000. E, embora seja possível que o dinheiro mais sujo já tenha fugido como uma alma levada pelo diabo, certos setores da Cúria relutam em perder essa opacidade que tornava tão atraente um paraíso fiscal no coração de Roma, mas ao mesmo tempo tão distante da Itália.
O método de semear a discórdia entre Francisco e o cardeal Pell é calcado nas manobras que conseguiram isolar e depois derrubar Bento XVI: o vazamento de documentos sigilosos. "Se você observar", confidencia um alto funcionário da Secretaria de Estado do Vaticano, "o vazamento dos documentos por parte de Paolo Gabriele [o então mordomo de Ratzinger] começou em 2012, justamente quando o papa Bento tentava reformar o IOR, e os vazamentos interessados de agora coincidem com a aprovação dos estatutos da nova Secretaria de Economia. Tanto Ratzinger na época como Bergoglio agora perseguiam o mesmo objetivo: reformar as finanças vaticanas. E os vazamentos – tanto os de então como os de agora – buscam, pelo contrário, impedi-lo de fazer isso. Aquele escândalo provocou um grande sofrimento para Bento XVI e contribuiu para sua abdicação; não acredito que possam fazer o mesmo com Francisco".

Conta-se que Jorge Mario Bergoglio, depois de ler no semanário L'Espresso a transcrição de reuniões internas onde altos prelados se queixavam do grande poder de George Pell e da "sovietização" do Vaticano, pediu explicações ao cardeal australiano, a quem pelo menos até agora descrevia como o seu ranger (patrulheiro). Pell pediu ao Papa que, apesar dos ataques, continue confiando nele. Fonte: http://brasil.elpais.com

terça-feira, 10 de março de 2015

V Centenário do nascimento de Santa Teresa de Ávila, uma santa apaixonada.

"Para Teresa de Jesus, Deus é o que há de mais importante na sua vida, um Deus muito próximo e humano. Diz que podemos encontrá-Lo em toda a parte, especialmente dentro de nós mesmas (os)", escreve Rita Romio, religiosa da Companhia de Santa Teresa de Jesus.

Eis o artigo.
“Nada te perturbe, nada te espante, tudo passa, Deus não muda,
a paciência tudo alcança. Quem a Deus tem, nada lhe falta,
só Deus basta” Santa Teresa de Jesus (Poesias 9).
Feliz aniversário e felizes vésperas para você, Teresa de Jesus. Estamos em festa, gratidão e júbilo! Trata-se de nada mais, nada menos que o V Centenário do seu nascimento, 28 de março de 1515.
Teresa Sánchez de Cepeda y Ahumada, sua luta continua viva entre nós ao recordar a sua força feminina, que marcou história. Provocou um movimento de mulheres com a meta de viver o espírito evangélico como pobres, orantes e iguais, as Carmelitas Descalças. E, como se não bastasse, ao propor isso aos homens, tornou-se um caso raro na história da Igreja, uma mulher reformadora de uma Ordem masculina, os Carmelitas Descalços.
Quem foi esta mulher, nascida em Ávila, Espanha, e que num determinado momento da sua vida decide chamar-se Teresa de Jesus? Qual é o seu segredo que a tornou tão especial que seu nome atravessou cinco séculos de existência, e que foi proclamada Doutora da Igreja? Por que sua vida e escritos continuam despertando apaixonado interesse em muitas seguidoras e seguidores? [1]
Certamente, o que a torna fascinante e atual é a narração da sua experiência de integração humana em todas as suas dimensões. Lutou muito para encontrar a verdade. Realizando a descoberta do Transcendente, sua vida se torna uma contínua paixão por Deus e pela humanidade. Enfrenta muitas adversidades, mas assume a sua missão com “determinada determinação”.
A leitura dos seus escritos desperta as leitoras e leitores, para a aventura da amizade com o Transcendente, como Alguém que ela encontrou e que deu sentido à sua existência, ao seu agir[2]. Com uma espiritualidade amorosa, libertadora e apaixonada, incentiva a descoberta de Deus dentro de nós, numa relação de amizade com Alguém que nos ama e “sempre nos espera”.
Para Teresa de Jesus, Deus é o que há de mais importante na sua vida, um Deus muito próximo e humano. Diz que podemos encontrá-Lo em toda a parte, especialmente dentro de nós mesmas (os). Ao escrever sua experiência espiritual, fruto da sua amizade com Deus e com as pessoas, nos deixou o legado de uma espiritualidade para o nosso tempo, podendo encontrá-la em seus vários escritos.
Santa Teresa escreve sobre sua busca e experiência de amizade com as pessoas e com Deus: “Não direi coisa que não tenha experimentado muito”(V 18, 8); “o que disser, tenho-o comprovado por experiência” (V 22, 5; 28, 7).
Trazia consigo a força do amor apaixonado por Deus, por isso anima a permanecer firme no caminho:
“Aos que desejam seguir sem parar, até o fim, até chegar a beber desta água viva, direi como devem começar. Muito importa, e acima de tudo, ter uma grande e firme determinação de não parar até chegar à meta, surja o que surgir, aconteça o que acontecer, custe o que custar, murmure quem murmurar, quer chegue ao fim, quer morra no caminho, ou falte coragem para os trabalhos que nele se encontram. Ainda que o mundo venha abaixo havemos de prosseguir” (C21,2).
Para Teresa a pessoa é como um castelo habitado pela Trindade (IM,1-5) à espera do encontro com sua criatura: “A alma é como um castelo, todo de diamante ou de cristal com muitas moradas. E no centro, a principal, é onde passam as coisas mais secretas entre Deus e a alma”. Nele há muitas moradas, que expressam os distintos níveis da relação que a pessoa tem consigo, com os outros, com Deus e com o mundo. O conhecimento próprio é essencial para essa viagem interior. “A porta para entrar nesse castelo é a oração e reflexão” (IM). Nesse processo, Teresa adverte para não ficar olhando para as misérias humanas, e sim para Jesus Cristo, o grande amigo. É um dinamismo onde a pessoa reconhece sua identidade e o mistério da sua liberdade. Teresa adverte que, quando a pessoa se nega ao Amor, está se fechando em si mesma (IM6-8). E, para fazer frente a uma antropologia egocêntrica, Teresa propõe um dinamismo de êxodo - a pessoa deve entrar dentro de si, autoconhecer-se, aceitando a própria realidade, como também a realidade alheia. A imagem do castelo interior expressa um dinamismo dialético de integração entre interioridade e exterioridade, levando a pessoa a sair de si mesma, vivendo numa relação progressiva de entrega, partilhando seus dons, criando novas relações.
Outra imagem teresiana para expressar o processo de caminhada da pessoa em relação a Deus, é a do bicho-da-seda. Através do símbolo da transformação do bicho-da-seda numa formosa borboleta, Teresa quer expressar o chamado à transformação em Cristo (IIM, 2). Supõe um caminho de morte vida, ganhos e perdas, segundo a lógica do seguimento, trilhado com Cristo e em Cristo. É na vivência do amor que a pessoa integra todas as suas potencialidades. As crises e contradições podem converter-se em lugar de encontro. A pessoa, sabendo-se amada, responde amando. Sente-se convidada a “conhecê-Lo, amá-Lo, torná-Lo conhecido e amado”[3].
Na analogia teresiana, a pessoa que começa a tratar de amizade com Deus “deve fazer de conta que começa a plantar uma horta em terra muito infrutífera, que tem muitas más ervas, para que nele se deleite o Senhor. Sua Majestade arranca as más ervas e vai plantando as boas”(V11,6). A própria pessoa é a horta, exposta às intempéries. Ela mesma deve cultivar o terreno, preparar a terra para que esteja em condições de acolher a água da chuva. Essa água é dom de Deus, o Jardineiro. Teresa sabe que o seguimento de Jesus Cristo é uma opção pessoal, mas também é dom e graça. O símbolo do cultivo da horta é um convite para a escuta, o silêncio, a acolhida, a espera e o reconhecimento do dom gratuito de Deus.
A imagem teresiana da amizade talvez seja a que melhor expressa a experiência teresiana da oração como relação viva e interpessoal com Deus. Supõe amor, intimidade, reciprocidade, realismo e capacidade de relação com as pessoas. Sem esses elementos, é muito difícil que a pessoa possa integrar as suas diversas dimensões. “Para falar com Deus não é necessário ir ao céu, nem falar em altos brados. Ele está tão perto que ouvirá, basta pôr-se em solidão e olhar para dentro de si” (C28,2). É uma comunicação com Deus de coração a coração: “Pensais que ele está calado? Mesmo que não o ouçamos, Ele nos fala ao coração, quando de coração lhe pedimos”(C24,5). Teresa anima para contemplar o Mestre na sua humanidade e assim poder conversar com Ele, não com orações complicadas, mas a partir do coração e da vida, “é isto o que Ele mais preza”, conclui ela. “Juntos caminhemos, Senhor, por onde fordes irei eu, por onde passardes, hei de passar”(C26,6).
Teresa também faz analogia com a imagem da pessoa apaixonada. A vida não é senão entrega e doação apaixonada e apaixonante. É importante observar que Teresa não se fecha num intimismo. A máxima união com Deus é ao mesmo tempo compromisso com o mundo, solidariedade com a humanidade:
“O Senhor quer obras” (M5). “Procurai ser pregadoras em obras” (C 7,7; 15,6). Na oração, “o importante não está em pensar muito, senão em amar muito... Talvez não saibamos o que é amar ... não está no maior gosto, mas na maior determinação de desejar contentar a Deus em tudo” (IVM7; cf. F5,2). “O amor de Deus não consiste nas lágrimas, nas delícias, nas ternuras da oração, mas em servir a Deus com humildade, fortaleza e justiça” (V11,13; IV M1,7). “Se contemplar, ter oração mental, ter oração vocal, curar enfermos, servir nas coisas da casa e trabalhar – mesmo nas tarefas mais humildes –, é servir ao Hóspede que vem ter conosco ficando em nossa companhia, comendo conosco e conosco se recreando, que nos importa servi-Lo mais de uma maneira do que de outra?” (C 17,6). “Ensinai mais com obras que com palavras”(R66; C 5,2).
Para Teresa a missão exige ardor missionário, ou seja, empolgação e ânimo pela causa do Reino.
“Até os pregadores fazem seus sermões de maneira a não descontentar. A intenção é boa, e também a obra, mas, dessa maneira, poucos se corrigem. E qual a razão de não serem muitos os que pela pregação deixam os vícios públicos? Sabe o que me parece? É que os pregadores tem demasiada prudência. Não estão tomados pelo grande fogo do amor de Deus, como estavam os Apóstolos. Dão calor brando. Não digo que os iguale em ardor, mas quisera mais fogo do que agora vejo. ... Os Apóstolos ... não se incomodavam com perder tudo ou ganhar tudo, já que, quem de fato arrisca tudo por Deus, não distingue entre essas coisas (V 16,7).
A caminhada ao seguimento a Jesus Cristo nos pede uma determinação pessoal. Mas não caminhamos sozinhas/os. Para perseverar e avançar no processo, sentimos a necessidade de partilhar e nos animar mutuamente. “Gostaria de insistir que procurem não esconder seu talento (cf. Mt 25,5), pois Deus parece ter querido escolhê-los para beneficiar muitas outras (pessoas), especialmente nesta época em que são necessários amigos fortes de Deus para sustentar os fracos” (V15,5).
Teresa, mulher que soube enfrentar dificuldades, sabia a eficácia de ter um horizonte amplo: “Viste o grande empreendimento a que desejamos nos dedicar. ... Está claro que precisamos trabalhar muito, e muito ajuda ter pensamentos elevados, para que as obras também o sejam” (C 4,1). “É indispensável ter grande confiança. Convém muito não amesquinhar os desejos, e confiar em Deus” (V13,2).
Para esta mulher, que amou e experienciou a humanidade de Jesus Cristo, Deus é aquele que está sempre nos esperando. Não encontrar-se com Ele é “uma pena, muita pena” diz ela. Certamente, a imensa capacidade de apaixonar-se – por si mesma, pelas pessoas, por Deus, e pela humanidade – e manter-se viva por meio da capacidade de doar-se de diversas maneiras, fez com que o nome de Teresa de Ávila chegasse a nós.

NOTAS:
1 - Curiosidades: A francesa Marie Françoise Thérèse Martin (1873-1897), conhecida como Santa Teresinha do Menino Jesus, foi discípula de Teresa de Ávila. Juana Fernández Solar (1900-1920), chilena, hoje conhecida como Santa Teresa dos Andes, ao tornar-se monja carmelita como Santa Teresinha, também assumiu o nome de Teresa de Jesus. A albanesa Anjezë Gonxhe Bojaxhiu M.C. (1910-1997), Madre Teresa de Calcutá, quando se tornou religiosa de Nossa Senhora do Loreto, admiradora da Santa de Ávila, escolhe ser chamada de Teresa. Por considerar muita pretensão se parecer com a santa espanhola, contenta-se em ser parecida com a humilde carmelita de Lisieux, Teresinha do Menino Jesus.
2 - Cf. MOLINS, M.V. “Teresa mudou seu nome!”, Porto Alegre: Padre Réus, 2012, p.5-6.

3 - Lema do sacerdote espanhol Santo Enrique de Ossó e Cervelló que, desde muito jovem, se aproximou de Teresa de Jesus, através da leitura de seus escritos. Cativado pelos ensinamentos da Santa de Ávila, tornou-se seu incansável divulgador. Entre outras obras fundou a Companhia de Santa Teresa de Jesus (1876), as Irmãs Teresianas, desejando que fossem “santas e sábias” como Teresa de Jesus; “outras Teresas de Jesus” na atualidade, com a missão de “conhecer, amar e tornar Jesus Cristo conhecido e amado”. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

A PALAVRA... Nº 823: A Praticidade de uma devoção.

domingo, 8 de março de 2015

FREI PETRÔNIO: Homilia do 3º Domingo da Quaresma.

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO-08. (Dia Internacional da mulher)

CARMO DE JUIZ DE FORA- 75 ANOS: Mensagem da Priora.

Francisco planeja canonizar os pais de Santa Teresinha durante sínodo da família

Louis e Marie Zelie Guerin Martin, pais de Santa Teresa de Lisieux (CNS / cortesia do Santuário de Lisieux)
O Papa Francisco deseja canonizar Louis e Zelie Martin, pais de Santa Teresa de Lisieux, durante o Sínodo dos Bispos sobre a família em Outubro.
Cardeal Angelo Amato , prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, líder de uma conferência 27 de fevereiro, sobre o papel dos santos na vida da Igreja, anunciou que "graças a Deus, em outubro de ambos os cônjuges, pais de Santa Teresinha de Lisieux , será canonizado. "
Blessed Louis e Marie Zelie Guerin Martin se casaram em 1858. O casal teve nove filhos, mas quatro deles morreram na infância. Os cinco que sobreviveram - incluindo St. Therese - tudo entrou na vida religiosa. Zelie Martin morreu de câncer em 1877, com a idade de 45 anos; o marido morreu quando ele tinha 70 anos em 1894.
O casal foi beatificado em 2008. Acredita-se que os primeiros pais de santo a ser beatificados, com destaque para os pais papel importante que desempenham na educação humana e espiritual de seus filhos.
Seguindo normais Vaticano procedimentos, antes de sua canonização do papa teria de reconhecer um milagre que ocorreu após as orações para a intercessão do casal diante de Deus. O decreto deverá ser assinado antes da Páscoa.
O próximo passo seria que o papa para consultar com os cardeais da Igreja e mantenha um consistório com cardeais presentes em Roma para anunciar a decisão de prosseguir com a cerimônia durante o Sínodo dos Bispos sobre a família 04-25 outubro. A autoridade do Vaticano disse que provavelmente reunião terá lugar em Junho.
De acordo com o site do santuário Lisieux, um milagre que está sendo estudada para o casal canonização envolve uma menina na diocese de Valência, na Espanha. Nascido prematuramente e com múltiplas complicações com risco de vida, Carmen sofreu uma grande hemorragia cerebral, o que poderia ter causado danos irreversíveis. Seus pais oraram por intercessão do casal. A menina sobreviveu e é saudável.
Papa Francis tem uma especial devoção a Santa Teresinha. O papa usado para manter uma foto da freira carmelita francesa do século 19 em sua prateleira da biblioteca quando era arcebispo de Buenos Aires, Argentina. Ele disse que quando ele tem um problema, ele pede St. Therese "não para resolvê-lo, mas para levá-la em suas mãos e me ajude a aceitá-lo." Como um sinal de que ela ouviu seu pedido, ele disse: "Eu quase sempre receber uma rosa branca."
Antes de abrir a outubro 2014 reunião do Sínodo Extraordinário dos Bispos sobre a família, o Papa Francis venerou as relíquias de Santa Teresa, seus pais e um outro casal, o Beato Luigi e Maria Beltrame Quattrocchi; as relíquias foram levadas a Roma especificamente para orações durante as discussões dos bispos sobre a vida familiar.
Tradução: Google

CARMO DE JUIZ DE FORA- 75 ANOS: Mensagem do Monsenhor Falabella

sábado, 7 de março de 2015

3º Domingo da Quaresma: Um templo novo ( JO 2, 13-25).

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo. João 2, 13-25 que corresponde ao Terceiro Domingo de Quaresma, Ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto
Os quatro evangelistas fazem-se eco do gesto provocador de Jesus expulsando do templo “vendedores” de animais e “cambistas” de dinheiro. Não pode suportar ver a casa do Seu Pai cheia de pessoas que vivem do culto. A Deus não se compra com “sacrifícios”.
Mas João, o último evangelista, acrescenta um diálogo com os judeus em que Jesus afirma de forma solene que, após a destruição do templo, Ele “o levantará em três dias”. Ninguém pode entender o que diz. Por isso, o evangelista acrescenta: “Jesus falava do templo do Seu corpo”.
Não esqueçamos que João escreve o seu evangelho quando o templo de Jerusalém leva vinte ou trinta anos destruído. Muitos judeus sentem-se órfãos. O templo era o coração da sua religião. Como poderão sobreviver sem a presença de Deus no meio do povo?
O evangelista recorda aos seguidores de Jesus que eles não têm de sentir nostalgia do velho templo. Jesus, “destruído” pelas autoridades religiosas, mas “ressuscitado” pelo Pai, é o “novo templo”. Não é uma metáfora atrevida. É uma realidade que irá marcar para sempre a relação dos cristãos com Deus.
Para quem vê em Jesus o novo templo onde habita Deus, tudo é diferente. Para encontrar-se com Deus, não basta entrar numa igreja. É necessário aproximar-se de Jesus, entrar no Seu projeto, seguir os Seus passos, viver com o Seu espírito.
Neste novo templo que é Jesus, para adorar a Deus não bastam o incenso, as aclamações nem as liturgias solenes. Os verdadeiros adoradores são aqueles que vivem ante Deus “em espírito e em verdade”. A verdadeira adoração consiste em viver com o “Espírito” de Jesus na “Verdade” do Evangelho. Sem isto, o culto é “adoração vazia”.
As portas deste novo templo que é Jesus estão abertas a todos. Ninguém está excluído. Podem entrar nele os pecadores, os impuros e, inclusive, os pagãos. O Deus que habita em Jesus é de todos e para todos. Neste templo não se faz discriminação alguma. Não há espaços diferentes para homens e para mulheres. Em Cristo já “não há varão e mulher”. Não há raças elegidas nem povos excluídos. Os únicos preferidos são os necessitados de amor e vida. Necessitamos igrejas e templos para celebrar Jesus como Senhor, mas Ele é o nosso verdadeiro templo.

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO. Nº 821: Jesus chutou o pau na barraca.

75 ANOS DO SODALÍCIO DE JUIZ DE FORA: Vinheta da Festa.

A lista do Ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa.

Se você votou em um deles, você também está na lista. O quê! Isso mesmo! Se você votou em um nesta lista, você é o responsável indireto pela corrupção.      

Vice-governador
João Leão (PP-BA) – vice-governador da Bahia
Senadores
Renan Calheiros (PMDB-AL) – presidente do Senado e do Congresso Nacional
Antonio Anastasia (PSDB-MG)
Benedito de Lira (PP-AL)
Ciro Nogueira (PP-PI) – senador pelo Piauí e presidente nacional do PP
Edison Lobão (PMDB-MA) – senador pelo Maranhão e ex-ministro de Minas e Energia
Fernando Collor (PTB-AL) – senador por Alagoas e ex-presidente da República
Gladison Cameli (PP-AC)
Gleisi Hoffmann (PT-PR) – senadora pelo Paraná e ex-ministra da Casa Civil
Humberto Costa (PT-PE) – senador por Pernambuco e ex-ministro da Saúde
Lindberg Farias (PT-RJ) – senador pelo Rio de Janeiro e ex-candidato ao governo do Estado
Romero Jucá (PMDB-RR) – senador por Roraima e ex-líder do governo no Senado
Valdir Raupp (PMDB-RO)

Deputados
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – presidente da Câmara e ex-líder do PMDB na Câmara
Afonso Hamm (PP-RS)
Aguinaldo Ribeiro (PP-PB)
Aníbal Gomes (PMDB-CE)
Arthur Lira (PP-AL)
Dilceu Sperafico (PP-PR)
Eduardo da Fonte (PP-PE)
Jerônimo Goergen (PP-RS)
José Mentor (PT-SP)
José Otávio Germano (PP-RS)
Lázaro Botelho (PP-TO)
Luís Carlos Heinze (PP-RS)
Luiz Fernando Faria (PP-MG)
Missionário José Olimpio (PP-SP)
Nelson Meurer (PP-PR)
Renato Molling (PP-RS)
Roberto Balestra (PP-GO)
Roberto Britto (PP-BA)
Sandes Júnior (PP-GO)
Simão Sessim (PP-RJ)
Vander Loubet (PT-MS)
Waldir Maranhão PP-MA)
Políticos sem mandato

Mário Negromonte (PP-BA) – ex-ministro das Cidades, atual conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia
Roseana Sarney (PMDB-MA) – ex-governadora do Maranhão e ex-senadora
Aline Corrêa (PP-SP)
Carlos Magno (PP-RO)
Cândido Vaccareza (PT-SP)
João Pizzolatti – (PP-SC)
José Linhares (PP-CE)
Luiz Argôlo (ex-PP, atual SD-BA)
Pedro Corrêa (PP-PE)
Pedro Henry (PP-MT)
Roberto Teixeira (PP-PE)
Vilson Covatti (PP-RS)