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terça-feira, 28 de abril de 2015

As “saídas” do convento, graças a internet e as redes sociais

O jogo de perguntas e respostas com Luciana Littizzetto deixou o sinal. No facebook. Depois o vídeo, que circulou as redes, das irmãs de clausura, na Catedral de Nápoles, com permissão especial para abraçar o Papa Francisco e a piada feita no programa Che tempo che fa (“Não se entende porque todas estavam na volta do Papa, se porque nunca haviam visto um Papa ou porque nunca haviam visto um homem”), a resposta mordaz convidando Littizzetto a “atualizar o seu imaginário manzoniano” chegou pelas redes sociais. A reportagem é de Andrea Valdambrini, publicada no jornal Il Fatto Quotidiano, 27-04-2015. A tradução é de Ivan Pedro Lazzarotto.
Mas o clamor improvisado pela mídia deixou suas marcas: “Devido aos últimos acontecimentos o número de contatos aumentou consideravelmente e o Facebook nos impôs a conversão do nosso perfil na página”, é o que se lê em um post das religiosas datado de 25 de março. O título da página é: Comunidade do Monastério das Irmãs Clarissas de Nápoles. Quem administra a página é a Madre Superiora, Irmã Rosa.
Como, “as irmãs de clausura estão no facebook?” se questionava surpresa Littizzetto alguns dias após o primeiro confronto virtual. Clausura feminina e acesso a internet são antes de mais nada uma contradição. O primeiro, na Itália, foi o blog das irmãs de São João de Trani, em 2010. Sua chegada foi acolhida quase como uma curiosidade, com a Madre Superiora declarando que considerava “uma forma de aproximar os jovens como sendo um antídoto ao uso de drogas e a depressão”.
Desde então surgiram novos sítios onde se postam orações, vídeos de cerimônias ou testemunhos de fé. Não poderiam faltar as Irmãs de clausura, blog “nascido para promover as vocações religiosas para a vida monástica... fazendo-se conhecer a vida nos monastérios”. Em resumo, a internet como instrumento de comunicação religiosa. Mas quais são as modalidades de acesso à rede nos monastérios dedicados a vida contemplativa? “O local dedicado é comunitário, mesmo se agora o uso cada vez mais difuso dos smartphones esteja mudando as coisas”, explica a teóloga e estudiosa de assuntos bíblicos Marinella Perroni.
Há aproximados 30 anos, Perroni, que ensina Novo Testamento no Ateneu de S. Anselmo de Roma, tem cursos para religiosas que vivem em clausura, o que permite de ter um ponto de vista privilegiado mesmo sobre a evolução tecnológica que se desenvolve dentro dos muros dos conventos. “Nenhuma irmã pode passar horas e horas na frente de um monitor. Os tempos de acesso aos computadores da comunidade são estabelecidos pela Madre Superiora. Na maioria das vezes, a internet é utilizada para fazer pesquisas voltadas sobre temas de interesse acadêmico ou ligadas as atividades de trabalho desenvolvidas no monastério”.
Quando se fala de internet, deve-se considerar também o problema da violência e da pornografia: se pode imaginar que uma religiosa tenha acesso a todos os conteúdos ou a rede é bloqueada por ordem da superiora? “Assumimos que estamos falando de pessoas adultas e responsáveis”, continua Perroni. “Depois é preciso saber que as religiosas tem uma jornada bem regrada e pouco tempo livre para navegar. Por fim, vale a pena lembrar que a internet interessa principalmente aos jovens, que são uma minoria sobre o total”.
Os números seriam pequenos, mas o certo é que a internet agrada as religiosas. Talvez mais do que para a parte masculina da Igreja. “Em uma pesquisa realizada pela Universidade de Perugia com a Universidade Católica de Milão e os Webmasters Católicos monitoramos o uso e a presença nas redes sociais por parte de sacerdotes e freiras”, afirma Rita Marchetti, estudiosa de mídias e autora do livro A igreja na internet (Carocci).
“A pesquisa surpreendeu porque as religiosas, sendo quantitativamente em menor número nas redes sociais mais difundidas na Itália com relação aos seus colegas masculinos, são as que mais usam para ampliar a própria rede de relações”. Assim como usam para se fazer ouvir quando necessário. Depois do post sarcástico das irmãs de Nápoles, Littizzetto teve que admitir: “Me esfolaram viva”. Mas como se não podem sair do convento?
Ah sim, graças a Deus agora existe o Facebook.

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