Capela Sistina, sede do Conclave, sob os
afrescos de Michelangelo. Às 09:30 da manhã de domingo o Papa Francisco lança
um olhar improvisadamente e se fala às mulheres: “Vocês mães – falou – deem aos
vossos filhos o leite – mesmo agora. Se choram de fome, amamente-os,
tranquilas”. Algumas, de forma tímida, tiram para fora as mamadeiras. A reportagem é de Marco Ansaldo, publicada
pelo jornal La Repubblica, 12-01-2015. A tradução é de Ivan Pedro Lazzarotto.
Consciente ou não de abrir um novo – o
enésimo de sua parte – assunto para debate, Jorge Bergoglio celebrou a missa em
um local solene como a magnificência “Michelangeloniana” da Capela Sistina,
dando pela primeira vez as costas aos fiéis, como era feito nos rituais
antigos. Não havia sido colocado, de fato, um altar móvel que permitiria fazer
a missa olhando para o povo, como normalmente era feito depois do Concílio
Vaticano II.
Mas frente aos choramingos de 33
recém-nascidos (20 meninas e 13 meninos), filhos de dependentes do vaticano a
serem batizados, o Pontífice argentino encorajou as mães de não ignorar o choro
dos seus filhos.
Com uma simples frase pronunciada frente
a uma exigência humana, o aleitamento materno dos bebês, o Papa rompeu outro
tabu, fazendo assim justiça para os limites impostos recentemente em alguns
locais públicos. Locais não sagrados: como HOTÉIS, museus, aeronaves. O caso
que mais alarmou aconteceu a pouco mais de um mês, em Londres, quando uma mãe
na sala de chá do HOTEL 5 estrelas Claridgés iniciou a amamentar sua filha de
12 semanas e um funcionário a ordenou que se cobrisse com uma grande toalha de
mesa. O gesto causou indignação, fazendo com que outras mulheres organizassem
um aleitamento coletivo na frente do hotel. Mas em 2007 o protesto foi mais
incisivo na Espanha, por uma mãe que foi posta pra fora do Museu do Prado em
Madrid.
Não é a primeira vez que o Papa
Francisco afronta essa questão. Já havia feito logo após o episódio londrino,
durante sua visita à paróquia romana de São José, em Aurélio. “As crianças
choram, fazem barulho – disse às famílias no último ano – vão de um lado para
outro... e me irrita quando uma criança chora e as outras pessoas querem que
sejam levadas pra fora. Não! É a melhor oração! O choro de uma criança é a voz
de Deus!. Nunca, jamais os coloquem pra fora da igreja!”. No domingo,
Bergoglio, em um local mais augusto, aumentou a dose: “Demos graças ao Senhor
pelo dom do leite – continuou durante a homilia – e rezemos por essas mães –
infelizmente tantas – que não tem condições de dar de comer aos seus filhos.
Rezemos e procuremos ajudar estas mães”.
Durante o Angelus pediu para que os
fiéis rezem pela sua nova viagem. No final da tarde de hoje o Papa partirá para
sua sétima visita apostólica, volta à Ásia depois da última feita no último mês
de agosto à Coréia do Sul. Amanhã pela manhã chegará ao Sri Lanka, e então será
a vez das Filipinas. Sete dias de uma viagem complexa, em terras atingidas por
catástrofes e violência. A guerra civil ensanguentou o Sri Lanka entre 1983 e
2009, e o país teve a apenas dois dias novas eleições presidenciais com uma
mudança no vértice do Estado. O povo filipino pagou um preço altíssimo com
terremotos, tufões e conflitos armados como aquele ocorrido na Ilha de
Mindanao.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário