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terça-feira, 11 de setembro de 2012

TEMA: NOSSA SENHORA, MESTRA DOS CARMELITAS.

Frei Martinho Cortez, O.Carm. Convento do Carmo, Unaí-MG.

1- Em que sentido Maria é mestra dos cristãos.
1.1.No sentido que ensina pelo exemplo, apresentado-se até historicamente como modelo para os cristãos nos pontos de pureza e virgindade, de escuta da Palavra, de fé comprovada pelo compromisso concreto, de fidelidade até às últimas conseqüências e de segunda maternidade junto à Cruz e na solidariedade participativa (Comunidades dos Discípulos).
1.2.No sentido que ensina também pela palavra.  Embora sejam poucas as suas palavras, passam aspectos da personalidade de Maria com clareza muito grande, expondo para os cristãos as mais variadas formas de a imitar: “Como se fará isso, visto que não tenho relações conjugais?” (liberdade de questionar e discutir — Lc 1, 34)... “Eu sou a serva do Senhor. Aconteça-me segundo a tua palavra!” (humildade e disponibilidade — Lc 1, 38)...  “Minha alma exalta o Senhor e meu espírito se encheu de júbilo por causa de Deus, meu Salvador” (etc.: fé, gratidão, humildade — e  Lc 1, 46-55)... “Eles não têm vinho” (amizade atenta e sentido prático — Jo 2, 3)... “Fazei tudo o que ele vos disser!” (confiança e autoridade — Jo 2, 5).
1.3.No sentido que, sendo mãe, por natureza também é mestra. Fato que nos é lembrado por um documento de João XXII: “Mater et Magistra”, que começa dizendo assim: “Mãe e Mestra de todos os povos” [...]. Sua finalidade é apresentar-lhes a plenitude de vida e a garantia de salvação, pelo fato de ser sua missão a função de gerar filhos, educa-los e servir-lhes de guia em todo o percurso da vida. Essa função de mãe e mestra inclui todas as preocupações com o bem integral da humanidade, pois tudo isso faz parte do mandato de Jesus... Assim como ocorre com a Igreja, aconteceu antes com a Virgem Maria.
1.4.No sentido que ensina pela prática de virtudes: a auto-estima (debate com Deus), capacidade de diálogo (idem), o cultivo da virgindade e pureza, a atitude de escuta, a virtude teologal da fé e virtude humana do espírito decidido, a sensibilidade e atenção para com o próximo (Caná), o altruísmo da intercessão (Caná), o respeito ao plano pessoal de Jesus, auto-estima e alegria de ser (Magnificat), a atitude de participação, solidariedade e alegria (Caná), a virtude da discrição (vida pública do Filho), o apoio solidário e moral (junto à Cruz), a humildade (antes de conceber e na vida pública), a força interior (Paixão e Morte).
2- Em que sentido Maria é mestra dos carmelitas.
Para ficar somente em alguns autores carmelitas:
1.1.O Beato Tito Brandsma, em seu livro “Beleza do Carmelo”, comentando S. João da Cruz, chama-o de “doutor mariano” e dá as razões do porque o chama assim. S. João da Cruz fala sobre Maria, apontando-a como ideal para todos os carmelitas. Define-a como mestra, indiretamente, quando a descreve como modelo de atenção às orientações do Espírito, de acolhida da graça de Deus, de pureza imaculada, de completa disponibilidade ao plano de Deus. Maria, pelo que se lê em S. João da Cruz, ensina os carmelitas a transformar seus olhos em olhos contemplativos, para poder enxergar a ação de Deus na história. O grande místico carmelita destaca a caridade fraterna de Maria na visita a Isabel; a presença amiga e construtiva no casamento de Caná; um amor maior do que a dor junto à cruz de Cristo; e a presença amiga, solidária e participativa no meio dos discípulos e apóstolos à espera do Espírito.
1.2.Santa Maria Madalena de Pazzi apresenta Maria aos carmelitas como instrumento de elevação espiritual capaz de atingir, na graça de Deus, o máximo de humano. Nesse intuito devemos estar diante dela como alguém que quer aprender o cultivo e a prática de virtudes como “a leveza do corpo, a alegria do coração, a liberdade da vontade, a transparência na inteligência, a lembrança dos benefícios na memória, a verdade nas intenções, a simplicidade nas ações, a veracidade nas palavras e a mortificação dos sentimentos”.
2.3.O nosso historiador Emanuele Boaga afirma que os carmelitas vêem hoje bem caracterizados na pessoa da Virgem Maria os elementos que definem o carisma da Ordem: a oração de contemplação, a comunhão fraterna e a diaconia profética. Boaga diz, também, que os corações enamorados por Maria dos carmelitas foram através dos séculos criando expressões carinhosas e chamamentos filiais para Maria; uma delas é exatamente a de “Mestra da Ordem”, que leva uma carmelita da Divina Providência a escrever: “Que tua presença materna, braços sempre abertos, coração vigilante, olhar-ternura, mãos dadivosas, nos ensine a medida do amor, a delicadeza no serviço, o calor da acolhida”.
3- Como os cristãos e os carmelitas podem aprender a Mestra!
No seu itinerário de formação carmelita, a nossa Ordem estabelece que somos chamados ao seguimento de Jesus e à fraternidade contemplativa no meio do povo. Para sermos tais, essencial na caminhada carmelita  é que se olhe atentamente para as figuras modelares do profeta Elias e da Mãe de Cristo, ao largo do caminho e na companhia deles.
3.1.Na imitação de Maria, os carmelitas podem confiar, que serão com certeza guiados por ela ao largo do caminho, pois não é à-toa que ela é nossa padroeira, modelo de consagração ao Senhor, presença maternal solícita e permanente. Maria é a mística estrela que nos protege, cobre-nos de luz como seu manto e guia pelas estradas da vida. Unida a deus em Cristo, ela nos ajuda a descobrir a beleza da vocação carmelita, a ter coragem para subir o monte perfeição, que é Jesus.
3.2.Colocando-nos em caminho, na companhia da Mestra e modelo de vida, a Ordem expões suas razões: Maria é a mulher nova que nos ajuda a nos tornarmos homens e mulheres novos; é a peregrina da fé, que nos anima a certeza de que Deus é vida e amor; é a pessoa sempre disposta a escutar e acolher a Palavra, garimpando em suas profundezas. Maria aponta para o mistério de seu Filho e nos ensina a sermos dóceis ao Espírito, a dizer “sim” ao plano do Pai, a aprimorar o espírito de serviço e  a nos capacitarmos para ser geradores de Deus, seja qual for a situação. Maria ensina a aperfeiçoar a vida cristã pela ascese e purificação, que nos permitem contemplar a Deus; a guardar tudo no coração como maneira de buscar e reconhecer os sinais da presença do Senhor no dia a dia. Maria nos ensina a sermos aprendizes  da Palavra, a dar atenção ao próximo e indicar-lhe Jesus como o único capaz de oferecer o vinho novo da salvação. Maria ensina a estar junto à cruz de Cristo, que é na verdade o cultivo da fidelidade até às últimas conseqüências. Por fim, acolhida pelos discípulos como sua mãe, torna-se para todos modelo de oração.

Conclusão.
Maria, mãe de Jesus, mãe e esplendor do Carmelo, nunca pertenceu ao mundo dos pregadores ambulantes, como seu Filho, nem escreveu livros como os evangelistas e apóstolos, mas se projeta em nossa vida como MESTRA. Com efeito, semelhante àqueles homens e àquelas mulheres que viveram a sabedoria e a arte de viver, ela ensina brilhantemente a todos os alunos de boa vontade que, em todos os caminhos da vida e da história, certamente alguém poderá descobrir, aprender e proclamar que em todos eles o Senhor fez grandes coisas”. Assim seja! 

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