Nas profundezas do
desespero, quando palavras e gestos já não ajudam, chorem com os que sofrem,
porque as lágrimas são as sementes da esperança, disse o Papa
Francisco.
Quando alguém está sofrendo, "é necessário compartilhar de seu desespero. A fim de enxugar as lágrimas do rosto de quem sofre, devemos nos unir ao seu choro. Esta é a única maneira de as nossas palavras poderem realmente oferecer um pouco de esperança", disse ele, no dia 4 de janeiro, durante sua última audiência pública semanal.
"E se não for possível oferecer estas palavras, de lágrimas, de tristeza, é melhor o silêncio, o carinho, um gesto, sem palavras", disse ele. A reportagem é de Carol Glatz, publicada por Catholic News Service, 04-01-2017. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
Em sua primeira audiência pública do ano, o Papa continuou
sua série de catequeses sobre a esperança cristã, refletindo a respeito da
tristeza inconsolável de Raquel e
do luto por seus filhos, que "já não existem", como disse o profeta Jeremias.
O fato de Raquel se recusar a ser consolada "expressa a profundidade
de sua dor e a amargura do seu choro", disse o Papa aos que estavam reunidos na Sala Paulo VI do Vaticano.
"Diante da tragédia da perda de seus filhos, uma mãe não suporta palavras ou gestos de consolo, que são sempre insuficientes, sempre incapazes de aliviar a dor de uma ferida que não pode e não quer ser curada", disse ele. A dor, disse o Papa, é proporcional ao amor em seu coração.
"Diante da tragédia da perda de seus filhos, uma mãe não suporta palavras ou gestos de consolo, que são sempre insuficientes, sempre incapazes de aliviar a dor de uma ferida que não pode e não quer ser curada", disse ele. A dor, disse o Papa, é proporcional ao amor em seu coração.
Raquel e seu choro, segundo
ele, representam cada mãe e cada pessoa ao longo da história que chora uma
"perda irreparável".
A recusa de Raquel também "nos ensina o quanto
é necessário ter sensibilidade" e a delicadeza com a qual se deve abordar
uma pessoa com dor, disse o Papa.
Jeremias mostra como Deus
respondeu a Raquel de uma forma amorosa e gentil, com palavras "genuínas,
não falsas".
O Papa declarou que Deus responde com uma promessa
de que suas lágrimas não são em vão e que seus filhos devem retornar do exílio
e então haverá nova vida e esperança.
"Lágrimas geraram esperança. Não é fácil de
entender, mas é verdade", disse ele.
"Muitas vezes, em nossa vida, as lágrimas
multiplicam a esperança, são sementes de esperança", afirmou Francisco, enfatizando que as
lágrimas de Maria ao pé da cruz geraram nova vida e esperança para aqueles que,
por meio de sua fé, tornaram-se seus filhos no corpo de Cristo: a Igreja.
Este "Cordeiro de Deus" inocente morreu
por toda a humanidade, o que é sempre importante lembrar, especialmente ao se
confrontar com a questão de por que os filhos sofrem neste mundo, disse ele.
O Papa declarou que quando as pessoas perguntam-lhe
o porquê de tanto sofrimento, ele não tem resposta. "Eu só digo: 'Olhe
para a cruz. Deus nos deu a seu filho, que aqui sofreu, e talvez lá você
encontre uma resposta."
Nenhuma palavra ou resposta cabível vêm à mente,
disse ele, só se pode olhar para o amor que Deus demonstrou ao oferecer seu
filho, que ofereceu a sua vida. Isto pode levar a algum caminho de consolo.
A palavra de Deus é a palavra definitiva de
consolação "porque nasce das lágrimas".
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