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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

ORDEM DO CARMO: CAPÍTULO GERAL- 2013. SASSONE - ITÁLIA

Frei Evaldo Xavier Gomes, O. Carm.

Primeiro dia


ABERTURA DIA 03/09/2013
O Capítulo Geral foi aberto com uma missa presidida pelo P. Geral, Fernando Millán, concelebrada pelos membros do Conselho Geral e padres capitulares. Após a missa todos, vestindo o hábito e capa branca, se dirigiram em procissão para a sala capitular. Ao longo do percurso se cantou a ladainha dos santos carmelitas e o veni creator. A procissão foi aberta pelo ícone de Nossa Senhora e dos padroeiros do Capítulo Geral. Fr. Joseph Chalmers foi eleito Presidente do Capítulo.

TARDE
1- Leitura da Carta do Papa Francisco para o Prior Geral da Ordem por ocasião da celebração do Capítulo Geral (texto em anexo). Em sua mensagem o Papa sugere três “fios condutores” para a realização do Capítulo Geral.

2- LEITURA DO RELATÓRIO DO PRIOR GERAL.
Nos últimos anos a Ordem cresceu muito em termos numéricos e no que diz respeito à sua diversidade geográfica. É necessário, entretanto pensar na nossa missão como carmelitas e qual é a especificidade do nosso carisma. Nossa identidade deve ser discernida e repensada. Quem somos? O que fazemos? Para que? estas perguntas são incomodas e colocam em questão o nosso modo de vida. Agimos verdadeiramente como carmelitas nas nossas igrejas e nossas missões?
Minha impressão é muito positiva. Não faltam o fervor, nem a generosidade, nem a disposição para enfrentar este momento histórico. Nossos carmelitas vivem o carisma com heroísmo. Apesar de tudo isso é necessário reconhecer problemas e carências. Além dos problemas pessoais, dolorosos, em algumas províncias existem sérios problemas de formação e se evita o risco de tomar as necessárias decisões. Recorre-se a um providencialismo que não resolve. Em outros casos, há excesso de rigidez que não contribui com a maturidade e o diálogo. São problemas inerentes à condição humana, mas que empobrecem nossas comunidades e nosso empenho pela evangelização.
O bonito trabalho silencioso de tantos carmelitas é muito maior do que os problemas e defeitos de poucos.


Formação
Nos últimos 50 anos a formação tem sido considerada um elemento prioritário na vida da Ordem. Infelizmente na prática tem sido muito mais um prioridade teórica do que real na nossa vida e em nossas províncias. O termo formação não se refere somente à formação acadêmica e intelectual, mas é uma forma de ser discípulo, de ser missionário. Muitas vezes encontramos na Ordem um clericalismo que deve ser condenado. Uma vez ordenado o frade crê que não necessita mais de formação e que não necessita de continuar o aprendizado e a crescer.
Sobretudo nos noviciados interprovinciais temos crescido na comunhão da Ordem. Foi um pedido da própria Ordem. Nas Américas temos três noviciados: língua inglese, espanhola e portuguesa. Na Europa, tivemos uma experiência em Aylesford e que continua agora em Salamanca. Na África nasce o mesmo movimento. Na Ásia, não foram realizadas estas inciativas, visto que o número de vocações é muito alto. Uma sugestão seria a de fazer um estudantado interprovincial. O Governo Geral está promovendo também cursos de formação permanente. Os centros internacionais em diversas partes do mundo, como o CISA tem dado uma grande contribuição para a formação. A formação é o grande desafio para o nosso futuro.


ESTRUTURA E ADMINISTRAÇÃO DA ORDEM
Neste âmbito gostaria de ressaltar a reativação da região Itália – Malta e a reunificação de algumas províncias da Europa: Alemanha e o processo de reunificação das Províncias de Castela e Arago-Valentina. Em muitas Ordens religiosas na Europa processos semelhantes estão ocorrendo. Este processo não é uma derrota, mas um sinal de vitalidade em que nos adaptamos aos novos tempos em que vivemos. É preciso sair do “provincialismo esclerótico”, para se abrir a novos horizontes. Em sentido contrário, gostaria de ressaltar as novas realidades administrativas da Ordem. O Comissariado Geral do Paraná e duas novas Delegações Gerais: Nossa Senhora do Carmo, no Quênia e Santa Teresa do Menino Jesus e Santo Alberto na Índia.
Se pensam a novas realidades: como a transformação do Congo em Província e a criação de um novo Comissariado Geral na Indonésia. Um desafio é o que fazer com pequenos grupos que não possuem o numero de membros requerido para se tornarem comissariados gerais, mas que não recebem mais o apoio necessário das Províncias de origem da Europa. Uma preocupação é a falta de pessoas para ocupar cargos de governo. O governo é também um serviço, um ministério e uma atividade pastoral.

FAMÍLIA CARMELITANA
Em maio de 2012 foi realizado o encontro da Família Carmelitana. Em minhas viagens pude comprovar a vitalidade da Família Carmelitana e sua riqueza. Muitas vezes os leigos se lamentam que falta entusiasmo por parte dos frades para com os grupos carmelitas. São lamentações que nos questionam.
Nos últimos anos alguns mosteiros de monjas foram fechados. O fechamento de um mosteiro é sempre um processo doloroso. Mas estamos realizando três novas fundações, que são possibilidades de futuro.
Temos uma excelente colaboração com as a irmãs carmelitas de vida ativa. Em maio de 2012 tivemos um encontro do Conselho Geral com todas as superioras Gerais.
Temos dois problemas a serem resolvidos: a incardinação dos membros masculinos no ramo masculino de algumas comunidades da família carmelitana. O segundo problema são os grupos eremitas. O Conselho Geral precedente recebeu na Ordem grupos de eremitas nos EUA e na Itália. Apesar disso o Governo Geral recebeu uma Carta da Congregação dizendo que não se pode passar diretamente da Vida Eremítica à incorporação na Ordem. Atualmente a questão esta sendo solucionada com a afiliação destes grupos à Ordem, que é uma solução paliativa.
Uma preocupação tem sido com relação ao futuro do Instituto Carmelitano. Nos últimos anos se transformou quase em uma realidade virtual.
As edições Carmelitanas são o nosso bilhete e visita. Uma dificuldade tem sido a publicação da Bibliografia Anual. Mais de 10 teses de doutorado sobre temas carmelitanos foram defendidas nos últimos anos.
Necessidade quase urgente de se criar uma nova geração de peritos na Ordem. A queda do nível intelectual prejudica toda a Ordem e a nossa pastoral. Não podemos perder de vista o horizonte de uma vida acadêmica rica.

ECONOMIA
A crise financiaria mundial é um grande desafio. Províncias que eram consideradas ricas, já não possuem hoje a mesma disponibilidade de recursos. Acrescenta-se o fato de que o envelhecimento dos frades nestas realidades é um problema adicional. O balanço da Cúria se manteve estável nos últimos anos. Os edifícios da Cúria estão em bom estado de conservação. O Papa Francisco fez um forte chamado à simplicidade de vida.

ESCOLA E JUVENTUDE
Em 2007 foi feita uma proposta para o Capítulo Geral de fazer um encontro das Escolas e juventudes da Ordem. O Conselho Geral decidiu que seriam melhor ampliar a proposta. Assim foram realizados diversos encontros para fazer com que houvesse maior troca de informações e conhecimento entre as escolas carmelitanas. Foi criada uma comissão permanente para as escolas e a juventude carmelitana. Neste ano de 2013 fizemos uma jornada de três dias por ocasião da JMJ do Rio de Janeiro.

BEATIFICAÇÕES E CANONIZAÇÕES
Evidentemente não são prêmios, mas existe um pouco de orgulho de família que nos enobrece. Nestes seis anos tivemos três beatificações e uma canonização (São Nuno de Santa Maria).

BISPOS CARMELITAS
Ao longo desde sexênio foram ordenados dois novos bispos Carmelitas: D. João Costa, D. Wilmar Santin. D. Felipe Ianoni é agora auxiliar da Diocese de Roma. Hoje temos 13 bispos carmelitas, dos quais 6 são eméritos.

RELAÇÃO COM NOSSOS IRMÃOS CARMELITAS DESCALÇOS
Nos últimos anos tivemos diversos encontros entre os respectivos Conselhos Gerais. Todos os anos são feitas duas reuniões anuais, cada uma em uma das Cúrias Gerais. Foram feitos também encontros mais amplos o primeiro no Monte Carmelo em 2010 e o segundo em Aylesford em maio de 2013.
Os Descalços estão tentando restaurar as ruinas do primeiro mosteiro carmelita, o Wadih em Siah, que se encontra abandonado e em estado de degradação. Existem diversos impedimentos de ordem administrativa e política. A Nossa Ordem está participando deste esforço com um membro na Comissão encarregada e com a oferta de apoio financeiro.

CONCLUSÃO
Nos próximos anos teremos algumas comemorações que se tornaram um ponto de referência para todos que vivemos nossa identidade e missão. Celebraremos alguns centenários importantes: em 2014 os 800 da morte de Santo Alberto de Jerusalém, 400 anos da morte do P. Gerônimo Graciano, figura importante da reforma teresiana e que faleceu como membro da O. N., os 500 anos do nascimento de Santa Teresa d´Ávila; e em 2016 os 450 anos do nascimento de Santa Maria Madalena de Pazzi. Todos contribuíram vivamente para o aprofundamento da nossa identidade e da missão do Carmo, respondendo aos desafios do próprio tempo. Não são centenários arqueológicos, mas servirão para que reencontremos estas figuras importantes da Ordem.
Que Maria nossa Mãe e Irmã e os Santos da Ordem, nos auxiliem, com seu exemplo e intercessão para que levemos a todos uma palavra de esperança e de salvação!

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