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sábado, 6 de julho de 2013

Mal do Carmelita Terceiro.


Por Frei Pedro Caxito, 0. Carm (In Memoriam).

 
Um Carmelita Terceiro é um religioso que, ouvindo a voz de Deus, como São Paulo, no caminho de Damasco, procura amar e servir a Deus, de acordo com os mandamentos de sua lei, que são: - Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, por amor desse mesmo Deus, não fazendo aos outros o que não quer que lhe façam.

Um Carmelita Terceiro, pois, é um filho de Nossa Senhora do Carmo, cujo hábito tem a ventura de vestir, deve ter uma vida irrepreensível, não só em relação à  Ordem do Carmo, como também à sociedade que ele deve edificar seguindo os passos do Profeta Elias, nosso Pai Espiritual e dos santos e santas Carmelitas.

Ora, um Carmelita Terceiro que traz para o seio da sua Ordem as irregularidades do mundo versátil não só se torna um elemento de escândalo para a mesma Ordem Terceira, como ainda escandaliza a própria sociedade que o olha com mais atenção para lhe apontar as faltas. É um hábito, aliás, justo, do povo taxar de hipócritas os religiosos que pregam a moral e dela vivem divorciados.

Não cumprindo os votos que fez na investidura do seu hábito, o mal Carmelita Terceiro, necessariamente, comete um ato de injustiça para com a sua Ordem, que dele espera o exato cumprimento dos seus deveres, que não é mais do que um ato de justiça para com Deus, sob cuja lei ele prometeu viver livrimente, e para com a sociedade que ele tem o dever de edificar com a sua vida exemplar. Essa justiça é de tal modo inalienável, que violá-la importa nada menos do que perder o próprio homem a sua dignidade pessoal, a honestidade e todos os atributos que devem constituir a integridade do seu bom caráter.

A justiça é uma grande e nobre virtude e um dos mais belos ornatos da alma! Por ventura não é um ato de justiça amar a Deus que nos criou para sua honra e glória, como ele exige que o amemos? Ele nos deu a vida, nos dá a paz e nos promete a felicidade que o mundo não pode dar. Não é isso verdade?

Abramos a história e lancemos os olhos para a vida dos Santos. Eles, os santos carmelitas, nasceram como nós; viveram no mundo como nós, e muitos tivemos em sua mocidade as nossas imperfeições. Um dia, porém, ouviram eles a voz de Deus, como nós Terceiros já ouviu, e, fazendo um ato de justiça, passaram a viver para Deus, dando ao mundo, somente o que a sociedade precisa que o homem de bem lhe dê. Viver no mundo, aceitando tudo o que mundo tem de mal e leviano, é, indubitavelmente, a cega condição do homem que não segue o Evangelho e nós, da Ordem do Carmo, a sua regra e espiritualidade carmelitana. Viver, porém, no mundo, seguindo a lei de Deus e a nossa espiritualidade é a mais bela e mais heroica virtude de todos nós, carmelitas, de cuja lealdade Nossa Senhora do Carmo espera o cumprimento desse dever para que a sua justiça se faça completa, na promessa do Santo Escapulário.

Um mal Terceiro Carmelita, isto é, o que não cumpre os seus deveres para com a sua Ordem, na exata observância da sua regra, se tiver um momento de verdadeira meditação, um lampejo de justiça, ha de reconhecer que o Santo Escapulário, em vez de ser a sua salvação, será unicamente a sua condenação, porque em vida não soube honrá-lo. A má ovelha põe o rebanho a perder.

O mal Terceiro Carmelita também é um elemento perigoso a Ordem, porque, ou ele falta às missas, reuniões e a vivência espiritual na família e na sociedade a que é obrigado por um voto formal, de acordo com a Regra, e isso leva outros a fazerem o mesmo; ou ele não sendo obediente humilde e casto, de acordo com o seu estado, produz o escândalo, introduzindo na Ordem o espírito de rebeldia.

No tempo, em relação à eternidade, breves e alternados de alegria e acerbas dores são os dia do homem, nos quais procura ele sempre o desígnio de realizar uma ideia: a ideia da felicidade. Esta felicidade o que é?  A saúde? A fortuna? Os prazeres? De certo que não. Essas coisas são de tal modo instáveis que, se aproximando o temo da vida, tudo desaparece menos dores psíquicas que nos consomem, e as dores morais que nos acompanham se não fizermos boas escolhas dos nossos atos, praticando o bem e combatendo o mal, como um ato de justiça para com Deus, que nos deu a paz, única riqueza que acompanha o homem do berço ao túmulo. Essa paz, o mal Carmelita Terceiro não tem, porque ele não ama como deve a sua Ordem e porque desconhece a sua Regra cujo cumprimento o faria bom e feliz.

O mal Terceiro Carmelita serve mais ao mundo do que a Deus. Haverá serviço mais duro do que o mundo, com suas inquietações, temores, ciúmes, ódios, vinganças, perturbações, espantos, lágrimas, penas, orgulho abatido, vaidade não satisfeita, amor próprio ofendido, enfim, todo o desencadear das paixões que lhes são próprias? No entanto o serviço de Deus é suave e doce.

O Terceiro que não cumpre o seu dever, que não conhece e não obedece à Regra da sua Ordem, em um instante de recolhimento, diante da imagem de Nossa Senhora do Carmo, ha de sentir uma grande amargura, considerando a sua ingratidão, a sua falta de amor à Ordem que o acolheu, como o pai que recebe o filho pródigo.

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