*POR CÔN. EDSON ORIOLO
Fonte: http://revistaparoquias1.hospedagemdesites.ws/?p=2931
A
todo instante ouve-se falar em globalização, mercados financeiros, internet,
mercados de créditos, efeito estufa, manipulações genéticas, organismos
geneticamente modificados, mídia, marketing, merchandising. São tantas as
inchações econômico-financeiras, metafísicas, morais e religiosas! Fazemos
história e evangelizamos em uma sociedade totalmente relativista,
individualista e consumista.
O
Papa Bento XVI afirmou: “ter fé clara, segundo o credo da Igreja, é ser
frequentemente etiquetado como fundamentalista, enquanto que o relativismo,
isto é, o fato de se deixar levar ‘aqui e ali por qualquer vento de doutrina’
aparece como o único comportamento à altura dos tempos atuais. Está se
construindo uma ditadura do relativismo” (Trecho da homilia do Cardeal Joseph
Ratzinger – Decano do Colégio Cardinalício – na Celebração Eucarística “Pro
Eligendo Romano Pontífice”-L’osservatore Romano, 23/04/2005, p.2).
Explicando
Desde
as primeiras edições da “Revista Paróquias & Casas Religiosas”, venho
escrevendo sobre a Pastoral do Dízimo, usando da filosofia do marketing como
instrumental. Tenho, porém, a grande preocupação de não cair em ideias
relativistas ou consumistas sobre o dízimo porque, querendo ou não, contradizem
a doutrina católica no tocante às verdades bíblicas, teológicas ou mesmo
pastorais.
Com
essas motivações, quero falar sobre a grande diferença que existe entre o
marketing como instrumental para a Pastoral do Dízimo e a Teologia da
Prosperidade que tem a mídia como instrumento de divulgação. Preservo, assim, a
fidelidade ao ensinamento do Magistério ordinário e extraordinário em relação
ao dízimo.
O
ensinamento da Igreja
A
Igreja Católica sempre necessitou de ajuda para se manter e para manter os seus
ministros. Por isso, segue algumas orientações acerca do que o “Direito
Canônico” prescreve e o que o “Catecismo da Igreja Católica” exorta:
1.
O “Código de Direito Canônico” pondera: “Os fiéis têm obrigação de socorrer às
necessidades da Igreja, a fim de que ela possa dispor do que é necessário para
o culto divino, para as obras de apostolado e de caridade e para o honesto
sustento dos ministros” (cân. 222 § 1).
2.O
“Catecismo da Igreja Católica” ensina que “o quinto mandamento (Ajudar a Igreja
em suas necessidades) recorda aos fiéis que devem ir ao encontro das
necessidades materiais da Igreja, cada um conforme as próprias possibilidades”
(n. 2043).
O
dízimo é uma das maneiras para suprir essas necessidades da Igreja. É um gesto
consciente de gratuidade e de amor.
O
que é a “Teologia da Prosperidade”?
Na
década de 40, nos EUA, nasceu a “Teologia da Prosperidade”, solidificada
depois, na década de 70, chegando ao Brasil nos anos 80. É conhecida também
como “Confissão Positiva”, “Palavra da Fé” ou “Movimento da Fé”. Trata-se de
uma prática religiosa que precisa ser muito bem compreendida pelos agentes da
Pastoral do Dízimo. Rege-se por uma
hermenêutica bíblica que prega um Deus fiel e que tudo o que se pedir a Ele
será concedido. Porém, Deus precisa ser ajudado financeiramente, necessita de
ofertas para poder banir a pobreza, a doença e levar a pessoa a desfrutar de
uma excelente situação na área financeira e na saúde, gozando de amplo
bem-estar.
Os
adeptos da “Teologia da Prosperidade” pensam que se pode reivindicar o que se
quiser de Deus, mediante contribuição. Basta lembrar alguns chavões:
1.
“Quem não é capaz de dar é porque não crê”;
2.
“Quanto mais você é capaz de doar mais você recebe”;
3.
“Quem oferta deve esperar riquezas espirituais e materiais”;
4.
“Quem doa ao que necessita, além de emprestar a Deus, também semeia, para
colher no dia de sua necessidade”.
Contribuindo
financeiramente, fazendo confissão da Palavra em voz alta e “no nome de Jesus”
para recebimento das bênçãos almejadas, por meio da confissão positiva, a
pessoa compreende que tem direito a tudo de bom e de melhor que a vida pode
oferecer: saúde perfeita, riqueza material, etc.
Construindo
o dízimo consciente
Nunca
é demais ter presente essa diferença quando se usa o marketing como
instrumental na Pastoral do Dízimo. A Igreja Católica e muitas Igrejas Cristãs
quando usam os recursos de marketing na prática do dízimo não o fazem
incentivando um “toma lá e dá cá”, mas procuram conscientizar os fiéis do
verdadeiro sentido do dízimo: “uma
retribuição que fazemos a Deus de parte do que gratuitamente dele recebemos, um
pouco de nós mesmos; e o fazemos por meio da Igreja, para que ela possa cumprir
a missão da qual Jesus a incumbiu”.
Não
se trata de uma exigência imposta a Deus para que esteja a nosso serviço. Pelo
contrário, é um gesto de doação da parte da pessoa, reconhecendo o seu amor,
misericórdia e bondade para conosco.
*Côn. Edson Oriolo é Mestre em Filosofia
Social, Especialista em Marketing e Pároco da Catedral Metropolitana de Pouso
Alegre/MG.
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