Total de visualizações de página
273693
Seguidores
quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
Ano Novo: Mensagem do Padre Provincial.
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
07:48
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
VÍDEO SELF-27: Evangelho do Dia. (28 de dezembro-2015).
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
01:27
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
SOMOS PROFETAS: Vídeo Clipe.
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
01:24
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
ACIDENTE: Morte em acidente grave na Dutra.
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
01:23
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
domingo, 27 de dezembro de 2015
2016: Mensagem do Frei Petrônio de Miranda, .
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
17:33
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
sábado, 26 de dezembro de 2015
25 DE DEZEMBRO: Uma Prece.
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
14:17
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
25 DE DEZEMBRO: Uma Prece.
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
14:13
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
APRENDENDO COM SEU TIÃO: 1ª Parte
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
13:37
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
sexta-feira, 25 de dezembro de 2015
AUTO DE NATAL: Convite.
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
02:17
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
NATAL DO SENHOR: Homilia do Frei Petrônio.
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
15:45
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Edith Stein e o segredo do Natal: Uma reflexão natalina da filósofa judia que se converteu ao cristianismo e morreu mártir
No recolhimento da
abadia beneditina de Beuron, em 1932, três anos antes de entrar no carmelo,
Edith Stein escreveu uma riquíssima meditação teológica sobre o Natal. O texto,
pronunciado numa conferência da Associação de Acadêmicos Católicos de Ludwigshafen,
na Renânia-Palatinado, Alemanha, foi publicado pela primeira vez em 1950, em Colônia.
Filósofa, judia, ateia, convertida, religiosa e mártir, essa
mulher especial começa a meditação não com uma citação erudita, como quem se
esforçasse por captar as atenções, e sim com uma reflexão que surpreende pela
simplicidade; pela simplicidade de quem tem o olhar inclusivo da fenomenologia.
Edith Stein destaca que o fascínio do Natal atinge a todos, mesmo os que
pertencem a outras religiões e os não crentes, para quem a antiga história do
Menino de Belém não diz nada.
Nas semanas anteriores ao dia de Natal, "uma cálida
corrente de amor inunda toda a terra", porque "todos preparam a festa
e tentam irradiar um raio de alegria". É sempre apreciável o gesto de
procurar e dar alegria, de preparar e de preparar-se para uma festa: são gestos
estruturalmente humanos. Para o cristão, porém, especialmente para os cristãos
católicos, a estrela que leva até a manjedoura é diferente. O coração de quem
vive com a Igreja, desde o repicar do Rorate Coeli até os cantos do Advento,
começa a bater em uníssono com a sagrada liturgia que emoldura um momento
único: o tempo de uma espera que é também ardente nostalgia. Uma
espera-nostalgia que cresce durante o Advento e encontra satisfação somente
quando os sinos da Missa do Galo anunciam que "o Verbo se fez carne".
Com este anúncio, vemo-nos sempre diante do fascínio do Menino na manjedoura,
que estende as mãos e parece já dizer, sorrindo, o que mais tarde os seus
lábios de Mestre repetirão até o último suspiro na cruz: "Segue-me".
Atenção: a Luz da estrela e o encanto do Menino na manjedoura
duram um piscar de olhos. "À luz descida do céu, opõe-se, ainda mais
escura, a noite do pecado". Diante do Menino, ao mesmo tempo, os espíritos
se dividem em "contra" e "a favor". Diante do
"segue-me", quem não é por Ele é contra Ele. Não por acaso, no dia
depois do Natal, enquanto ainda ecoam os sons festivos dos sinos da noite e das
festivas liturgias natalinas, a Igreja se desveste do branco de festa e se
reveste do vermelho do sangue, e, no quarto dia, já usa o roxo do luto para
recordar o primeiro mártir, Estêvão, e as crianças inocentes que foram mortas
por Herodes. O que isto significa? Onde foi parar o encanto do Menino na
manjedoura? Onde está o bem-aventurado silêncio da noite santa?
O mistério da noite de Natal, escreve Edith Stein, carrega uma verdade grave e séria que o encanto da manjedoura não deve encobrir aos nossos olhos: "O mistério da encarnação e o mistério do mal estão intimamente unidos". A alegria do Menino e das figuras luminosas que se ajoelham em torno da manjedoura, das crianças inocentes, dos pastores esperançosos, dos reis humildes, dos mártires, dos discípulos, dos homens de boa vontade que seguem o chamado do Senhor, essa alegria, enfim, caminha de mãos dadas com a constatação de que nem todos os homens são de boa vontade; de que a paz não alcança "os filhos das trevas"; de que, para esses, o Príncipe da Paz "traz a espada"; de que, para esses, Ele é a "pedra de tropeço" que os derruba. Aquele Menino divide e separa, porque, enquanto o contemplamos, Ele nos impõe uma escolha: "Segue- me". Ele a impõe a nós também, hoje, e nos coloca diante da decisão entre a luz e a escuridão. As mãos do Menino "dão e exigem ao mesmo tempo".
O mistério da noite de Natal, escreve Edith Stein, carrega uma verdade grave e séria que o encanto da manjedoura não deve encobrir aos nossos olhos: "O mistério da encarnação e o mistério do mal estão intimamente unidos". A alegria do Menino e das figuras luminosas que se ajoelham em torno da manjedoura, das crianças inocentes, dos pastores esperançosos, dos reis humildes, dos mártires, dos discípulos, dos homens de boa vontade que seguem o chamado do Senhor, essa alegria, enfim, caminha de mãos dadas com a constatação de que nem todos os homens são de boa vontade; de que a paz não alcança "os filhos das trevas"; de que, para esses, o Príncipe da Paz "traz a espada"; de que, para esses, Ele é a "pedra de tropeço" que os derruba. Aquele Menino divide e separa, porque, enquanto o contemplamos, Ele nos impõe uma escolha: "Segue- me". Ele a impõe a nós também, hoje, e nos coloca diante da decisão entre a luz e a escuridão. As mãos do Menino "dão e exigem ao mesmo tempo".
Se colocarmos as nossas mãos nas do Menino Deus e
respondermos "sim" ao seu "Segue-me", o que recebemos?
"Oh, maravilhoso intercâmbio! O Criador da humanidade
nos dá, assumindo um corpo, a sua divindade!". Aqui reside a grandeza do
mistério da Encarnação: quem escolhe a luz, quem fica do lado do Menino,
"abre caminho para que a sua vida divina se derrame sobre nós" e traz
"de forma invisível o Reino de Deus dentro de si". O Natal é o começo
da aventura de deixar a graça "permear de vida divina toda a vida
humana". Por que Deus se fez homem? Deus se tornou um filho do homem para
que os homens se tornem filhos de Deus. Escreve Edith Stein: "Um de nós
tinha rasgado o vínculo da filiação divina; um de nós tinha que reatá-lo e
pagar pelo pecado. Mas nenhum descendente da antiga progênie, doente e
bastarda, tinha condições de fazê-lo. Era preciso enxertar-lhe um ramo novo,
saudável e nobre". Estas palavras de Edith Stein evocam, por analogia
óbvia, uma passagem do "Cur Deus Homo", de Santo Anselmo, que contém
a mesma lógica da redenção: "a restauração da natureza humana não teria
acontecido se o homem não tivesse pagado a Deus o que lhe devia pelo pecado.
Mas a dívida era tão grande que a satisfação, de obrigação apenas do homem, mas
possível somente a Deus, precisava ser dada por um homem-Deus" (CDH 2,6).
Edith Stein tinha aprendido, na escola dos professores do Carmelo,
Teresa de Ávila e João da Cruz em particular, que a graça se desenvolve em nós
como uma semente que nos transforma, deixando-nos participar da própria vida de
Deus. Por esta razão, a meditação seguinte insiste nos sinais fundamentais de
uma vida humana unida a Deus.
Fonte: Por Claudia Mancini, em Libertà e Persona
Fonte: Por Claudia Mancini, em Libertà e Persona
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
05:51
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores:
A Palavra do Frei Petrônio,
Edith Stein,
Homilia de Natal,
Natal segundo Edith Stein,
Olhar Jornalistico,
Santa Teresa Benedita da Cruz
VÍDEO SELF-25: Evangelho do Dia. (24 de dezembro-2015).
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
04:00
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
MARIA, MÃE: Vídeo Clipe.
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
05:17
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
segunda-feira, 21 de dezembro de 2015
VÍDEO SELF-22: Evangelho do Dia. (21 de dezembro-2015).
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
04:22
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
domingo, 20 de dezembro de 2015
VÍDEO SELF-21: Evangelho do Dia. (20 de dezembro-2015).
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
14:22
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
HOMILIAS DO FREI PETRÔNIO: 4º Domingo do Advento.
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
12:03
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
4º DOMINGO DO ADVENTO: A Festa das Grávidas.
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
08:00
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
O Papa Francisco reconcilia o Padre Cícero com a Igreja católica
Durante
o último fim de semana aconteceram mundo afora as celebrações de abertura da
Porta Santa nas diferentes dioceses e prelazias católicas, nas quais se poderão
ganhar as indulgências do Ano
Jubilar da Misericórdia. Momentos de emoção se repetiram em diferentes
lugares, mas poucos devem ter sido iguais aos da catedral de Nossa Senhora da
Penha de Crato, onde, coincidindo com esta celebração, o bispo
diocesano, dom
Fernando Panico, anunciou que o Papa Francisco reconciliou
com a Igreja católica o Padre Cícero Romão Batista, falecido em
1934 estando suspenso das ordens. A reportagem é de Luis Miguel Mondino e publicada por Religión Digital,
14-12-2015. A tradução é de André
Langer.
O anúncio do bispo se deu após a entrada no templo da catedral da imagem
do Padre Cícero,
o que provocou o alvoroço de todos os presentes, reação que se viu repetida
posteriormente, como mostram numerosas notícias em diferentes meios de
comunicação e nas redes sociais.
Em uma mensagem assinada pelo cardeal Parolin,
secretário de Estado do Vaticano,
e que recolhe o expresso desejo do Papa Francisco, enviada a dom Panico,
reconhece-se que “a memória do Padre Cícero Romão Batista mantém, no conjunto de boa parte do
catolicismo deste país, e, dessa forma, valoriza-a desde um ponto de vista
eminentemente pastoral e religioso, como um possível instrumento de
evangelização popular”.
Após tantos anos de distanciamento entre a Igreja católica e o santo do povo nordestino, o
texto mostra que “sempre é possível, com a distância do tempo e a evolução das
diferentes circunstâncias, reavaliar e apreciar as várias dimensões que
marcaram a ação do Padre Cícero como padre, e, deixando de lado
os pontos mais controversos, evidenciar aspectos positivos de sua vida e
figura, tal como é percebida atualmente pelos fiéis”.
A carta assinala que “é inegável que o Padre Cícero Romão Batista,
ao longo de sua existência, viveu uma fé simples, em sintonia com o seu povo e,
por isso mesmo, desde o início, foi compreendido e amado por este mesmo povo”,
chegando a afirmar que “é necessário, neste contexto, dirigir a nossa atenção
ao Senhor e agradecer-lhe por todo o bem que Ele suscitou por meio do Padre Cícero”.
O Papa Francisco, como reconhece o bispo de Crato,
apresenta o Padre Cícero como “exemplo de padre em uma
Igreja em saída”. Para os tempos atuais e a nova Evangelização a data de 13 de
dezembro ficará marcada na história de Juazeiro
do Norte, a cidade que cresceu sob o influxo do Padre Cícero e que agora, como assinalava o
vigário de pastoral da Diocese
de Crato, Pe.
Vileci Vidal, “é terra de romaria reconhecida pelo Papa Francisco”.
O que aconteceu com o Padre Cícero coloca
de manifesto a importância da Igreja Povo, de tantos devotos que continuamente
pediam em suas orações a reconciliação do Padre Cícero por parte da Igreja. Foi mais
de um século de confrontos entre os defensores e os acusadores do padre mais
famoso do Nordeste brasileiro. Este momento constitui um novo passo em um
caminho que muitos em Juazeiro
do Norte esperam
que desemboque na canonização doPadre Cícero,
que a Igreja católica reconheça oficialmente o que
para muitos nordestinos é um fato, a santidade do Padim Ciço.
Vale como exemplo o que me dizia a mulher que me acolheu em sua casa em Juazeiro do Norte no últimoIntereclesial das
Comunidades Eclesiais de Base, realizado no ano passado: “sonho
em ver um dia a Igreja doPadre Cícero construída”. Hoje, dona Vanda,
assim como muitos brasileiros nordestinos, deve estar feliz, pois vê que seu
sonho está um pouco mais próximo. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
05:49
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores:
A Palavra do Frei Petrônio,
Excomunhão do Padre Cícero,
O Papa Francisco,
Padim Cícero do Juazeiro,
Padre Cícero,
Palavra do Frei Petrônio
sábado, 19 de dezembro de 2015
4º DOMINGO DO ADVENTO: Luzia, Maria e Isabel.
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
20:18
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
“Nunca fui condenado pela Congregação para a Doutrina da Fé”. Entrevista com Gustavo Gutiérrez
Muitas coisas foram escritas sobre Gustavo Gutiérrez, nem sempre verdadeiras,
como ele mesmo constata nesta entrevista, fruto de uma conversa em que ele
mostra o significado da Teologia da Libertação, da qual sempre foi
considerado o fundador, em sua vida.
Ele não pretende cair no absolutismo e reconhece como
esta teologia foi se refazendo, abrindo-se a novas temáticas e realidades e
como deve enfrentar desafios. Em suas palavras deixa entrever sua liberdade de
pensamento, fruto de seu profundo conhecimento e trabalho teológico, estando
consciente de que nem todo mundo vai estar de acordo com sua proposta, o que,
por outro lado, não representa para ele nenhuma dor de cabeça. A entrevista é
de Luis Miguel Modino e publicada por Religión Digital,
14-12-2015. A tradução é de André Langer.
Eis a entrevista.
Como a Teologia da
Libertação marcou a sua vida?
Ela nasceu da minha vida, naturalmente, e eu mesmo
quis ser fiel e também crítico, pois a teologia sempre precisa ser refeita e
não se trata de aplicá-la como Palavra de Deus. Creio que me proporcionou
argumentos, pistas, me deu horizontes, mas nunca a considerei como a última
palavra, e me deu também contato com pessoas de uma base enriquecedora.
Você pensa que os
pobres continuam a ser uma categoria teológica na reflexão atual?
Não os pobres, e sim a situação de marginalização
que vivem, que é contrária à vontade de Deus, e isso o faz teológico. Alguns se
empenham em dizer que a Teologia da Libertação é coisa do passado. Sabe, a
primeira vez que disseram isso foi um mês após a publicação do livro. E no ano
seguinte diziam, já morreu. Ou seja, isso não me atinge.
No recente Congresso Continental de Teologia realizado
em Belo Horizonte, o contato e o interesse dos jovens para conversar com Gustavo
Gutiérrez foi uma coisa muito comentada entre os presentes. É esse um
sinal de esperança em relação a essa vigência da Teologia da Libertação?
Claro. No entanto, eu penso que as teologias não
nasceram para serem eternas. Se é isso o que querem dizer, eu concordo, mas
morrer quer dizer que já contribuiu e que a religião mudou e que veremos outras
coisas. Eu, até os 40 anos, não falei de Teologia da Libertação, mas isso
não quer dizer que não fosse um cristão que buscava ser cristão e um padre que
buscava ser padre. Pude ser cristão antes da Teologia da Libertação e
posso sê-lo depois dela, minha vida não está aí.
A Teologia da Libertação me fez mudar, me
diz muito. Eu penso que se mantém por tudo o que disse antes, e não apenas
isso, mas que avança, não é mais a mesma, pois vai entrando em outros temas, já
que nem todos os temas que atualmente são trabalhados na Teologia da
Libertação estiveram presentes no começo. É um processo, pois a teologia
sempre deve ser tomada com muita flexibilidade. São coisas importantes, mas a
teologia não é sinônimo de doutrina cristã, simplesmente é uma maneira de
tratar sobre ela.
Nessa Teologia da
Libertação, qual é a autoridade teológica dos pobres?
Digamos que é um desafio. Eu não falaria de
autoridade, pois é uma palavra estranha, como se alguém manda algo. O
importante é descobrir a importância de que estejam presentes, que nos fazem
ver que não podemos nos contentar com o que existe e que temos que sentir que
continuamos sendo desafiados, e digo isso como pessoa de Igreja, não como algo
relativo à minha individualidade.
Por onde deve
caminhar e quais são os desafios que a Teologia da Libertação precisa enfrentar
hoje?
Esta é uma questão mais ampla e em que neste
momento estou trabalhando. Tudo o que faz referência ao mundo da modernidade e
da pós-modernidade, embora não leve tão a sério a pós-modernidade, continua
mantendo um desafio, o da ciência, o da liberdade... como coisas que estão aí.
Um segundo desafio é o da própria pobreza, pois a
forma como vemos a pobreza hoje em dia, inclusive na Teologia da
Libertação, não é exatamente a mesma que há 40 anos. As ciências sociais e
outras ciências foram esclarecendo coisas e fazendo ver outras, que mostram que
o processo continua.
Outro desafio é o da teologia da religião, que
também é chamado de diálogo inter-religioso. Mas o diálogo é fácil, basta ser
educado. O problema teológico é a teologia, o que significa esta pluralidade de
religiões que existe há muito tempo, mas que é um tema, teologicamente, novo.
Até que ponto se
pode dizer que o Papa Francisco simpatiza com a Teologia da Libertação?
Sou incapaz de colocar o Papa, um pastor como ele,
entre as grades de uma teologia. O que digo quando me fazem essa pergunta é que
ele é o frescor do Evangelho. Se ele gosta de uma teologia ou de outra, não
tenho problema com isso.
Você teve
problemas com a Congregação para a Doutrina da Fé e agora o prefeito
dessa Congregação é alguém que se diz seu amigo, o cardeal Müller.
Vou esclarecer isto. Tive problemas, mas eram
problemas que vinham do Peru, e que quando a coisa chegou lá não
encontraram matéria. A prova é que não tive processo, o que tive foi um
diálogo. A diferença, que eu não conhecia, mas que então aprendi, está em que o
processo se dá quando há suspeitas de que há coisa que vão contra a ortodoxia,
e o diálogo, que foi o que eu tive, que há afirmações que não se compreendem
bem, o que é muito subjetivo, pois sempre haverá alguém que não entende bem
alguma afirmação.
Quando me dizem que fui condenado, rio um pouco,
pois nunca fui condenado pela Congregação para a Doutrina da Fé.
Todos os livros que escrevi seguem sendo publicados. Foi apenas um diálogo no
qual não encontraram nada. Há uma carta da Congregação para a Doutrina
da Fé na qual se diz que o diálogo com o Pe. Gustavo Gutiérrez terminou
de maneira satisfatória.
E com o cardeal
Müller?
Geraldo Müller é um amigo, muito bom amigo.
Esteve no Peru e, junto com outros professores alemães, trabalhamos
sobre a Teologia da Libertação. Depois ele decidiu fazer algo prático de
ajuda aos pobres no Peru e foi ensinar teologia no seminário de Cuzco,
onde a população é indígena. Foi durante 15 anos seguidos e conhece muito bem aTeologia
da Libertação, como provam os dois livros que escrevemos juntos, o segundo com
o prólogo do Papa Francisco. Repito que é muito bom amigo e bom conhecedor
da Teologia da Libertação, com a qual simpatizou quando era muito
discutida entre os setores da mídia, pois na Congregação a Doutrina da Fé nunca
houve problemas.
Certa vez, fez uma conferência na Universidade
Católica de Lima, muito aplaudida e cujo texto está publicado, na qual
explicava como ele mudou com relação à Teologia da Libertação. Além de
amigo, foi defensor, sobretudo quando havia reticências que não tinham nenhuma
consistência, mas quando se fala mal, todos repetem. Na mídia, nem todos,
complicam muito, porque falam de condenação constantemente, e ela nunca
existiu.
Se tivesse sido condenado, me teriam proibido de
continuar escrevendo e nunca houve um livro, de todos os livros que escrevi, de
que se tenha dito que não pode ser vendido, que não está autorizado. Não estar
de acordo não é uma condenação, e se alguém não está de acordo, bom, o que
vamos fazer! Sempre houve isso dentro da mensagem cristã. Eu também não
concordo com muitas teologias muito boas, das quais não gosto, e mesmo que eu
não seja ninguém, isso acontece com qualquer um.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
04:52
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores:
A Palavra do Frei Petrônio,
Gustavo Gutiérrez e o Papa Francisco,
O Papa dos Pobres,
Olhar Jornalistico,
Papa Francisco e os pobres,
Teologia da Libertação
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
SOMOS PROFETAS: Vídeo Clipe.
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
17:30
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
quarta-feira, 16 de dezembro de 2015
SOMOS PROFETAS: Vídeo Clipe.
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
19:26
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
VÍDEO SELF-19: Evangelho do Dia. (16 de dezembro-2015).
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
07:35
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
VÍDEO SELF-19: Evangelho do Dia. (16 de dezembro-2015).
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
07:32
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
terça-feira, 15 de dezembro de 2015
Irmão, quem és tu? Novo documento vaticano ilumina a vida dos irmãos religiosos
No final da década de 1980, eu
brevemente flertei com a ideia de uma vocação religiosa. Em certa etapa de
minha vida, pensei que poderia querer me tornar um irmão religioso, em grande
parte porque eu não tinha certeza quanto ao sacerdócio.
Conforme
qualquer diretor de formação que se preza diria a você, essa foi uma maneira
terrivelmente imatura de pensar uma vocação. Não se deve comprometer-se com uma
forma de vida simplesmente por causa daquilo que ela não é; é preciso haver
algum atrativo positivo, pois, caso contrário, a vocação não irá se sustentar. A
reportagem é de John L. Allen Jr.,
publicada por Crux,
14-12-2015 . A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Conforme ficou
constatado mais tarde, encontrar a minha esposa tirou de vez essa tal ideia de
minha cabeça, de forma que jamais tive de ponderar qual poderia ser o elemento
atrativo para uma vida de irmão religioso. Que pena, porque isso significa que
eu nunca realmente ultrapassei o muro do silêncio que, geralmente, circunda
aquela que é possivelmente a vocação menos conhecida, e menos apreciada, na
Igreja Católica.
Tudo isso me
ocorre agora porque, nesta segunda-feira (14 de dezembro), a Congregação para
os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica – mais
conhecida como “Congregação para os Religiosos” – apresentou um novo documento
intitulado “Identidade
e Missão do Irmão Religioso na Igreja”.
Como a maioria
dos textos vaticanos, este documento vinha há anos sendo produzido e,
honestamente, ele não trouxe grandes novidades em termos de notícia. É mais uma
meditação espiritual, entre outras coisas refletindo sobre a comunhão da
Trindade como o modelo e inspiração para a fraternidade vivida pelos irmãos uns
com os outros e com o mundo.
Negligenciar o
documento seria vergonhoso, no entanto, porque se há algum grupo dentro do
catolicismo que merece o seu lugar ao sol, este com razão é o dos irmãos
religiosos.
No mundo todo,
existem cerca de 55 mil irmãos na Igreja Católica, um número muito menor do que
o de padres (415 mil) e freiras (705 mil), ainda que seja um número comparável
ao de diáconos permanentes (42 mil). Nos EUA, há cerca de 4.300 mil irmãos religiosos, bem
abaixo dos mais de 12 mil em 1965 (2 mil dos atuais irmão já estão
aposentados).
O Ir. Paul Bednarczyk,
da Congregação de Santa Cruz, presidente da National Religious Vocation
Conference, chama os irmãos de “um dos segredos mais bem guardados da Igreja”.
O abade beneditino Jerome Kodell chamou
os irmãos de “o grupo mais invisível na Igreja”, alertando que o modo de vida
deles está em perigo de desaparecer da consciência pública”.
Em verdade, a
maioria dos católicos comuns nos bancos das igrejas só tem um vago conhecimento
de que os irmãos religiosos existem. Quando os católicos falam sobre vocações,
eles em geral o fazem em termos de “padres e freiras”, deixando de fora os
irmãos (e diáconos, a propósito) fora de cogitação.
O discurso
oficial católico restringe, às vezes, aos irmãos as oportunidades abertas de
liderança, com certeza contribuindo para um clima de negligência.
Por exemplo, em
2002, o Vaticano disse aos capuchinhos nos EUA que eles não poderiam eleger
um irmão como o seu Superior Provincial; em 2009, Roma vetou um esforço da
congregação Maryknoll em
eleger um irmão como o seu Superior americano. Isso aconteceu porque,
tecnicamente, os irmãos são leigos, muito embora a maioria dos católicos não os
considere como tais, e as regras católicas impedem os leigos de serem
superiores.
(O novo documento
do Vaticano reconhece este problema, mas não o resolve. O arcebispo espanhol José Rodríguez Carballo,
secretário da Congregação para os Religiosos, disse na segunda-feira em
coletiva de imprensa que será pedido ao Papa Francisco que crie uma comissão ad hoc de
estudos para ponderar a participação dos irmãos no comando local, regional e
geral da Igreja.)
Mas, então, o
que mesmo é um irmão?
Eis o que você
irá mais ou menos encontrar caso procurar pelo termo “irmão” na enciclopédia
católica: “Leigos que assumem votos de pobreza, castidade e obediência.
Pertencem a comunidades formadas de irmãos apenas, ou de irmãos e padres. Os
irmãos religiosos se dedicam ao carisma particular de sua comunidade, expressa
em serviço e oração”.
Essa definição é
válida, porém não chega até o cerne do tema. O novo documento emitido esta
semana aborda-o extensivamente. Porém três breves aspectos apenas são válidos
de nota aqui em termos dos motivos por que uma Igreja sem irmãos religiosos
seria uma Igreja significativamente empobrecida.
Em primeiro
lugar, conforme lhe dirão muitos dos sacerdotes que pertencem às ordens
religiosas, o sacerdócio é um aspecto fundamentalmente importante mas, até
certo ponto, secundário em suas vidas. Eles consideram como sendo a coisa mais
básica o ser um irmão em suas comunidades, por exemplo, as comunidades
beneditinas ou franciscanas. Eles dirão que o cerne da identidade deles se dá
na qualidade de beneditinos ou franciscanos, e que o sacerdócio é a maneira
específica pela qual manifestam tais identidades.
Seja um irmão,
um diácono, ou um sacerdote, o que é fundamental para todos os religiosos é que
eles vivam a sua vocação como parte de uma família dedicada aos votos que
assumem e à missão específica de suas comunidades. Os irmãos fazem isso de uma
maneira única, porque não existe sobreposição clerical alguma acima dos seus
compromissos nucleares.
Em outras
palavras, se os irmãos se forem, um elemento-chave do entendimento católico da
vida religiosa se vai com eles.
Em segundo
lugar, os irmãos são únicos entre os religiosos, posto que eles não fazem parte
da hierarquia da Igreja. Pelo menos em teoria, isso lhes dá mais liberdade para
falar e agir, especialmente no compromisso com os ministérios aos mais
necessitados.
Ao longo dos
séculos, os irmãos religiosos estiveram nas linhas de frente das formas de
serviço mais exigentes da Igreja – alimentando os famintos, confortando os
doentes, educando os jovens, cuidando dos pobres, e assim por diante. Ainda
iremos encontrar irmãos fazendo estas coisas hoje, geralmente com um espírito
de total compromisso que os sacerdotes, em parte por causa das outras
exigências que possuem, não têm condições de fazer.
Relacionado com
o que estamos falando, os irmãos muitas vezes são capazes de ministrar a
pessoas de uma maneira diferente: como sendo uma delas, sem quaisquer desvios
de autoridade ou poder. Muitos irmãos relatam que as pessoas com quem eles
trabalham lhes dizem: “Eu nunca diria isso a um padre, mas me sinto à vontade
em dizer para você...”.
(Carballo indiretamente
se referiu a este tema ao apresentar o documento na segunda-feira, dizendo que
os irmãos testemunham o caráter essencialmente leigo da vida religiosa na
Igreja.)
Em terceiro
lugar, os irmãos são uma prova do valor da comunidade numa era
hiperindividualista. Sem a pompa do sacerdócio, eles dão mostras de que doar a
própria vida a uma comunidade religiosa, por si só, é parte fundamental da
espiritualidade católica autêntica.
O Rev. John Pavlik,
padre capuchinho e diretor executivo da Conferência dos Superiores Maiores, diz
que os irmãos são um lembrete de que os católicos não devem ser “operadores
independentes”, mas que fazem parte de uma família.
Conforme disse
nesta segunda-feira o Cardeal João Braz de Aviz, prefeito da Congregação para os
Religiosos, em seu cerne a vocação de um irmão é simplesmente a vocação cristã.
Nos EUA, os irmãos
católicos vêm se reunindo em um “think tank” (grupo de reflexão) há três anos
para fomentar ideias destinadas ajudar em suas vocações. Até o momento eles
tiveram oito sessões; com razão, estes religiosos desejam que a publicação do
novo documento gere um novo impulso. Há planos para um simpósio nacional na
Universidade de Notre Dame, onde irmãos seriam convidados a interagir com as
lideranças da Igreja, clérigos e leigos, e a debater o documento.
O Irmão Robert Berger,
professor de Estudos Religiosos da Manhattan College, diz que, certa vez, os
irmãos foram vistos como homens extraordinários fazendo coisas ordinárias,
comuns, posto que havia muitos irmãos por aí e os católicos normalmente
colocavam as suas formas de viver sobre um pedestal.
Hoje, segundo
ele, a situação está ao contrário; os irmãos são vistos como “homens comuns
fazendo um ministério extraordinário”.
Esperamos que o
documento desta segunda-feira ajude a garantir que estes “homens comuns”
finalmente recebam o reconhecimento que merecem.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
17:26
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores:
A Palavra do Frei Petrônio,
a vocação do irmão,
Identidade e Missão do Irmão Religioso na Igreja,
Olhar Jornalistico,
Ser Frater,
Ser irmão religioso
Padre Cícero: o santo dos nordestinos pobres. Entrevista especial com Antônio Mendes da Costa Braga
Antônio Braga é autor
do livro Padre Cícero.
Sociologia de um padre, antropologia de um santo (Bauru: Edusc, 2008). A obra é fruto
da pesquisa que ele realizou para a elaboração de sua tese de doutorado em
Antropologia Social, defendida em 2007 na Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS).
Na entrevista
que segue, concedida por e-mail para a IHU
On-Line, ele fala sobre o Padre
Cícero que
“descobriu” em seu trabalho. Para ele, “uma boa questão é procurarmos entender
por que alguém como Padre
Cícero foi capaz
de atrair tantas pessoas pertencentes aos segmentos mais pobres e
marginalizados da sociedade em torno de si, ou de que forma ele se converteu
num santo para essas pessoas”.
Antônio Braga atribui parte da força de liderança de Padre Cícero à atuação de seus devotos, ou
romeiros, como são chamados. E explica: “Eram os próprios romeiros que
legitimavam a autoridade religiosa e moral do Padre
Cícero. Eram eles os sustentáculos da autoridade política,
social e econômica do sacerdote. Se estabeleceu entre Padre Cícero e seus romeiros um vínculo, uma
relação de dom e contra-dom que nem a morte do Padrinho Cícero foi capaz de romper”.
Antônio Mendes da Costa Braga possui graduação em Ciências Sociais e mestrado em
Sociologia, pela Universidade de São Paulo (USP), e doutorado em Antropologia
Social, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Confira a entrevista.
IHU On-Line - Em sua tese de
doutorado, que virou o livro Padre Cícero: sociologia de um Padre, antropologia
de um santo, qual é o padre Cícero que você descreve?
Antônio Braga - Podemos considerar que o livro aborda o Padre Cícero Romão
Batista sob duas
perspectivas, relacionadas com o título que dei à obra. Na primeira, que
corresponde ao primeiro momento do livro, eu procuro compreender quem foi o
padre Cícero Romão Batista no contexto cultural, histórico,
social e religioso em que se tornou um padre e, depois, uma grande liderança,
principalmente religiosa. Procuro fazer ali o que pode ser denominado de
análise de trajetória. Procurei demonstrar que Padre Cícero foi, em grande medida, um típico
sacerdote formado no século XIX. Diria até que ele foi um caso bem-sucedido de
sacerdócio no contexto eclesiástico católico daquele século, e mais ainda no
Ceará da segunda metade do século XIX. Era um Ceará que vinha sofrendo uma
profunda reforma eclesiástica, a chamada romanização do catolicismo brasileiro.
E Padre Cícero foi, no meu entender, e em certa
medida, um sacerdote romanizado, um padre que tinha muitas das qualidades que
os lÍderes do processo de romanização – membros do episcopado – esperavam de um
sacerdote que estava posicionado nas linhas de frente desse empreendimento
eclesiástico.
Um sacerdote romanizado em
litígio com o poder eclesiástico
É paradoxal
que esse Padre
Cícero, que aponto como um caso bem-sucedido de sacerdote
romanizado, tenha morrido com suas ordens sacerdotais suspensas e em litígio com
o poder eclesiástico local. De sacerdote virtuoso ele passou a ser um problema
para esse poder, especificamente no Nordeste brasileiro. Então fica a pergunta:
como isso é possível?
Defendo, como Ralph Della Cava e alguns outros autores, que a vida de Padre Cícero mudou a partir de um milagre ocorrido
em Juazeiro do Norte, no Ceará, em 1889. Foi o chamado Milagre da Hóstia,
protagonizado por uma jovem beata, negra e pobre, chamada Maria de Araujo.
Padre Cícero fora o coprotagonista desse milagre, que teve profundas
consequências para sua vida, a da beata e do próprio Juazeiro. E é a partir
deste evento – porque eu o vejo como paradigmático para sua vida - que procuro
apresentar, ou melhor, compreender Padre Cícero, analisando o processo que o
tornou um dos maiores santos de devoção popular no Brasil. Daí por que falo
numa antropologia de um santo. E o caso de Padre Cícero traz muitos privilégios
enquanto objeto de estudo. O principal é que ele se tornou um santo para seus
devotos não necessariamente através ou a partir dos altares. O processo através
do qual ele vai se convertendo em santo para muitos de seus devotos ocorreu
principalmente durante sua vida, logo após o milagre. Temos aí a oportunidade
de compreender como vai se dando o processo através do qual um indivíduo vai se
tornando uma importante liderança, notadamente religiosa, a ponto de, já em
vida, ganhar status de santo para muitos. No entanto, é também importante
frisar que para os devotos do Padre
Cícero –
denominados romeiros – ele é, antes de tudo, o “Padrinho Cícero”.
Eles não costumam falar em Santo Cícero.
IHU On-Line - Como entender
tamanha devoção popular no Brasil por Padre Cícero?
Antônio Braga – Posso apontar alguns aspectos que dão ao caso do Padre Cícero tamanha força e – em certa medida –
especificidade. Um deles é o fato de que os seus devotos são como que
coprotagonistas de sua história de santidade. São sujeitos e agentes. Sem seus
romeiros, Padre
Cícero não teria
se tornado santo. E sem eles a devoção não teria se mantido nem se desenvolvido
após sua morte, em 1934. E essa é uma devoção que passa de mãe para filho, de
pai para filho, de avó e avô para netos. E nessa história tem sempre um avô,
bisavó, e assim por diante, que conheceu o Padre
Cícero em vida,
que era romeiro do Padrinho Cícero enquanto ele ainda era vivo.
Então, os devotos estão falando e vivenciando uma devoção que também tem
relação com suas próprias histórias, com a história de todo um vasto grupo de
indivíduos que se encontram em torno da força identitária de serem afilhados do
Padrinho Cícero. Agora, como todo o santo que se preze, ele é santo porque –
para seus devotos – também faz milagres e intervém junto a Deus. Em suma, como
todo santo de devoção popular, ele é uma força atuante, presente na vida
daquele que crê e que – em sua perspectiva – se faz presente quando chamado a
ajudar.
IHU On-Line - Quais são os
principais debates provocados pela figura dele dentro da Igreja Católica e no
meio acadêmico brasileiro?
Antônio Braga - No meio acadêmico, Padre
Cícero e o
fenômeno religioso do Juazeiro já foram objeto de um número respeitável de
estudos, muitos de grande qualidade. Agora, dentro da Igreja Católica, em um
catolicismo mais oficial e eclesiástico, ele suscita muitas polêmicas. Se bem
que é possível perceber que estamos diante de um claro processo de superação de
muitas delas. E afirmo isto porque percebo que cada vez mais a devoção ao Padre Cícero é aceita por agentes de um catolicismo
mais oficial, por um número cada vez maior de padres e bispos. Talvez de um
santo popular outsider, cuja devoção se dava de forma um tanto quanto marginal
em relação a um catolicismo mais oficial, o santo Padre Cícero esteja pouco a
pouco se aproximando dos cânones através do qual a Igreja Católica reconhece
oficialmente seus santos. Pensar num processo de canonização do Padre Cícero tornou-se algo possível.
A questão da obediência
De certa
forma, todos os debates em torno do Padre
Cícero, dentro da Igreja, tem alguma relação com o problema da
obediência. Todos os debates internos e que dizem respeito ao Padre Cícero – Ele era ou não um sacerdote
virtuoso? Era ou não um homem santo? Era ou não demasiadamente um homem da
política? – tendem e tenderão a serem relativizados quando esta questão da
obediência for mais bem compreendida e equacionada. Agora, se tudo isto está
acontecendo, é mérito, em uma grande medida, dos devotos do Padre Cícero,
de seus romeiros. Foram eles e ainda são, mesmo com todas as objeções e
desconfianças em relação a esta sua fé, que mantiveram e mantêm a devoção ao Padre Cícero como um dos maiores e mais relevante
casos de devoção popular no Brasil.
IHU On-Line - Quais as
características dos romeiros de Padrinho Cícero?
Antônio Braga - Se fôssemos definir a maioria dos romeiros do Padre Cícero em três palavras seria: nordestinos,
pobres, perseverantes. Padre
Cícero é, dentre
outras coisas, um santo dos nordestinos pobres. É impressionante como são
muitos, até milhares, o número de nordestinos pertencentes às camadas sociais
mais pobres do Nordeste que se identificam com o Padrinho Cícero.
Uma boa questão é procurarmos entender por que alguém como Padre Cícero foi capaz de atrair tantas pessoas
pertencentes aos segmentos mais pobres e marginalizados da sociedade em torno
de si, ou de que forma ele se converteu num santo para essas pessoas.
IHU On-Line - Que elementos
fizeram de Pe. Cícero um fenômeno social, político e religioso?
Antônio Braga - Boa parte desses elementos estão dispersos nas várias
décadas através das quais Padre Cícero, ainda em vida, foi construindo um
determinado tipo de relacionamento com os romeiros. Um relacionamento
sustentado numa perspectiva religiosa, mas que abrangia também relações do tipo
social, econômica e política. Padre
Cícero, por exemplo, exercia uma autoridade religiosa sobre os
romeiros. Mas também era um provedor nos casos de necessidades materiais e
políticas. Em contrapartida, eram os próprios romeiros que legitimavam a
autoridade religiosa e moral do Padre
Cícero. Eram eles os sustentáculos da autoridade política,
social e econômica do sacerdote. Se estabeleceu entre Padre Cícero e seus romeiros um vínculo, uma
relação de dom e contra-dom que nem a morte doPadrinho Cícero foi capaz de romper.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
17:15
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores:
A Excomunhão do Padre Cícero,
A Palavra do Frei Petrônio,
A reabilitação do Padre Cícero Romão Batista,
Antônio Braga,
Olhar Jornalistico
Como o povo aproximou padre Cícero da Igreja
“Valei-me padre Cícero!” Na boca do sertanejo nordestino, a expressão é mais comum do que a prece a qualquer santo oficial da Igreja Católica. Mesmo perseguida e relegada a uma categoria inferior de devoção por muitos anos, a fé no “padim Ciço” segue inabalável no cotidiano dessa gente. Assim, o ‘santo’ que a Igreja não reconhece ser santo vai se tornando cada vez mais ‘santo’. A reportagem e a entrevista é de Emilio Sant’Anna e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 29-06-2008.
Chamado em
2002 para participar de uma comissão de pesquisadores com o objetivo de
resgatar a imagem do padre, o antropólogo Antônio Mendes da Costa Braga passou três anos em contato com o
cotidiano dos romeiros que todos os anos migram para Juazeiro do Norte, no
sertão cearense, para entender o que move a fé daquele povo.
Para eles, a
idéia do que é ser santo não é a mesma da Igreja. Isso somado à própria
trajetória do padre Cícero Romão Batista e sua santificação extra-oficial pelos
devotos geraram anos de marginalização da fé desses romeiros. A pesquisa de Braga virou
sua tese de doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
agora transformada no livro Padre Cícero Sociologia de um Padre,
Antropologia de um Santo (Edusc,
364 págs, R$ 41).
Nessa
entrevista, Braga mostra como as posições tão diferentes
entre a fé popular e o reconhecimento da Igreja tendem a se igualar e como o
dia em que padre Cícero será considerado oficialmente santo pode estar próximo.
Eis a entrevista.
Hoje, o litígio entre a devoção ao padre Cícero e a Igreja é menor
do que já foi?
Claramente, por parte do poder eclesiástico, há um
processo de absolvição dessa devoção, a começar pela releitura da figura do
padre e da relação da Igreja com essa fé. Mudou substancialmente. É um processo
de aproximação.
Essa aproximação pode acabar na canonização do padre Cícero?
Não sei se existe esse objetivo claro. Mas, com o passar
do tempo, isso se torna uma possibilidade cada vez mais real. Como antropólogo,
percebo que por se tratar de uma das maiores devoções católicas no Brasil,
mesmo não sendo um santo oficial, há cada vez mais uma presença da Igreja
dentro das romarias, o que não acontecia anos atrás, quando a romaria existia
de forma marginal. Antigamente, os bispos do Crato não participavam de nada que
era ligado à devoção ao padre.
Há outro exemplo de participação da Igreja numa celebração que não
é por ela oficializada?
O caso mais
famoso é o do padre Pio, na Itália. A Igreja
via com certa desconfiança a devoção ao padre Pio e hoje ele foi canonizado. Então,
existem precedentes na história da devoção popular que aos poucos foi se
mostrando importante e criando credibilidade.
A Igreja pode desprezar uma devoção como essa?
Se você pensar hoje no contexto brasileiro, não pode se
dar ao luxo de desprezar o fiel e essa devoção. Especialmente num momento de
reconfiguração do campo religioso brasileiro com o aumento do número de pessoas
que não são praticantes de religião e sobretudo o aumento dos evangélicos.
Até que ponto o poder dessa manifestação de fé é capaz de mudar a
posição da Igreja?
No livro, eu trabalho a questão do que é ser santo. Do
ponto de vista da Igreja oficial há uma valorização de uma certa hagiografia -
conjunto de valores, como a história do indivíduo, que justificam sua santidade
-, já na devoção popular o ser santo passa pela relação do devoto com o santo.
No caso do padre Cícero, essa relação existe há mais de 70 anos e cresce cada
vez mais.
A visão do romeiro é completamente diferente da Igreja?
O romeiro não
tem dúvidas de que o padre Cícero é santo. Você entende isso no momento
em que entende a relação dele com o santo. O santo é aquele que está presente
no seu cotidiano, aquele com quem ele pode se relacionar de forma direta. É uma
relação pessoal. A força da santidade do padre Cícero está no fato de que ele se faz
presente no dia-a-dia do fiel. É diferente da discussão no plano eclesiástico,
onde toda a discussão é uma questão de pretérito, de entender o contexto em que
ele viveu e como se comportou.
A devoção em padre Cícero deve continuar crescendo?
Acho que tende a se tornar cada vez mais pública. Ainda
hoje, existe um certo constrangimento em admitir a devoção, principalmente pela
classe média. A tendência é a redução desse estigma. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Postado por
Artigos do Frei Petrônio de Miranda
às
17:08
0
comentários


Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores:
A Palavra do Frei Petrônio,
A reabilitação do Padre Cícero Romão Batista,
Olhar Jornalístico,
Padre Cícero
Assinar:
Postagens (Atom)