Frei Pedro Caxito, 0. Carm. In Memoriam
Não
pareça estranha a denominação escolhida para lição moral desta Santa. Ver-se-ha
que exprime comuníssima conduta de quem quer que se aliste, bem intencionado,
num sodalício religioso.
Convidado
ou não, todo aquele que ingressa numa Ordem Terceira, só o faz por um ato livre
de sua vontade no pleno gozo de plena liberdade. Além disso, é lhe dado um ano
de noviciado, durante o qual verificará quais as obrigações inerentes a esse
passo, e si lhe é possível cumpri-las integralmente.
Assim
sendo, segue-se naturalmente que prevarica quem, após essas provas, se conduz
em desacordo com o sim que deu ao respectivo Padre-Comissário que o recebeu e o
investiu do hábito de terceiro.
Não
se alegue que, sobrevindo uma impossibilidade material qualquer, esta ou aquela
dispensa é concedida, de um ou vários deveres.
Essa
dispensa prova o contrário. Esse caso, ocorrendo por circunstâncias imperiosas
e acatáveis, e imprevistamente surdindo, reclama o aplicar-se uma exceção que
não derroga a regra geral, antes a confirma, como todas as exceções.
E
tenha-se bem em vista que tais dispensas são, de ordinário em troca de
condições que constituem a comutação, isto é, a comutação que representa o
suprimento por onde uma ordem estabelecida nada sofre na sua integridade.
Isto
posto, evidencia-se a importância da coerência na Ordem Terceira, e que virtude
seja. Coerência é harmonia entre o dito e o ato. Si os atos não se harmonizam
com o que se disse, solenemente e aos pés de um altar, que se estava resolvido
a fazer, incorre-se numa prevaricação.
Nada
existe, justificando ou contestando a pretensão de terceiro que se arrogue o
direito de aceitar uns, e rejeitar outros, dos deveres que assumiu ao
professar; e ao mesmo tempo pretendendo ter os mesmos direitos, e todos, os que
são concedidos ao terceiros, cuja conduta seja de inteira coerência com a sua
qualidade de terciário.
A
única hipótese que o explicaria, não justificando nem contestando, contudo,
fora ausência de humildade.
Ora,
esta, nem ao católico, de nome apenas, é lícito valer-se dela, porquanto, a tal
respeito, já nos desenganou o Divino Mestre, quando nos avisou de que não
entrará no reino dos céus quem não se fizer pequenino, qual a criança que, na
hora daquele grave ensinamento, ao nosso Redentor, serviu de pretexto àquela
lição de indispensável humildade. E esse episódio não nos vem à mente, sem que
logo nos acuda o, não menos grave, que o nosso amado Salvador ilustrou no
tocante ao escândalo. É que escândalo causa, irmão ou irmã-terceira, no meio
dos seus pares, destoando deles no cumprimento de deveres que a todos compete total
e igualmente praticar.
E
quanto maior a sua posição social e a sua cultura, tanto mais séria a
responsabilidade de que terá de prestar contas a Deus, desse escândalo.
Encarados
os deveres para com uma Ordem Terceira, à luz deste raciocínio, que supomos
inatacável, estamos certos de que se reputará virtude digna de apreço a
coerência na Ordem Terceira, e nunca se considerará impertinência ou demasia
uma determinação ou advertência de seus superiores relativa ao bom frutuoso e
exemplar desempenho desses deveres.
Nenhum comentário:
Postar um comentário