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terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Coerência na Ordem Terceira

Frei Pedro Caxito, 0. Carm. In Memoriam

Não pareça estranha a denominação escolhida para lição moral desta Santa. Ver-se-ha que exprime comuníssima conduta de quem quer que se aliste, bem intencionado, num sodalício religioso.
Convidado ou não, todo aquele que ingressa numa Ordem Terceira, só o faz por um ato livre de sua vontade no pleno gozo de plena liberdade. Além disso, é lhe dado um ano de noviciado, durante o qual verificará quais as obrigações inerentes a esse passo, e si lhe é possível cumpri-las integralmente.
Assim sendo, segue-se naturalmente que prevarica quem, após essas provas, se conduz em desacordo com o sim que deu ao respectivo Padre-Comissário que o recebeu e o investiu do hábito de terceiro.
Não se alegue que, sobrevindo uma impossibilidade material qualquer, esta ou aquela dispensa é concedida, de um ou vários deveres.
Essa dispensa prova o contrário. Esse caso, ocorrendo por circunstâncias imperiosas e acatáveis, e imprevistamente surdindo, reclama o aplicar-se uma exceção que não derroga a regra geral, antes a confirma, como todas as exceções.
E tenha-se bem em vista que tais dispensas são, de ordinário em troca de condições que constituem a comutação, isto é, a comutação que representa o suprimento por onde uma ordem estabelecida nada sofre na sua integridade.
Isto posto, evidencia-se a importância da coerência na Ordem Terceira, e que virtude seja. Coerência é harmonia entre o dito e o ato. Si os atos não se harmonizam com o que se disse, solenemente e aos pés de um altar, que se estava resolvido a fazer, incorre-se numa prevaricação.
Nada existe, justificando ou contestando a pretensão de terceiro que se arrogue o direito de aceitar uns, e rejeitar outros, dos deveres que assumiu ao professar; e ao mesmo tempo pretendendo ter os mesmos direitos, e todos, os que são concedidos ao terceiros, cuja conduta seja de inteira coerência com a sua qualidade de terciário.
A única hipótese que o explicaria, não justificando nem contestando, contudo, fora ausência de humildade.
Ora, esta, nem ao católico, de nome apenas, é lícito valer-se dela, porquanto, a tal respeito, já nos desenganou o Divino Mestre, quando nos avisou de que não entrará no reino dos céus quem não se fizer pequenino, qual a criança que, na hora daquele grave ensinamento, ao nosso Redentor, serviu de pretexto àquela lição de indispensável humildade. E esse episódio não nos vem à mente, sem que logo nos acuda o, não menos grave, que o nosso amado Salvador ilustrou no tocante ao escândalo. É que escândalo causa, irmão ou irmã-terceira, no meio dos seus pares, destoando deles no cumprimento de deveres que a todos compete total e igualmente praticar.
E quanto maior a sua posição social e a sua cultura, tanto mais séria a responsabilidade de que terá de prestar contas a Deus, desse escândalo.
Encarados os deveres para com uma Ordem Terceira, à luz deste raciocínio, que supomos inatacável, estamos certos de que se reputará virtude digna de apreço a coerência na Ordem Terceira, e nunca se considerará impertinência ou demasia uma determinação ou advertência de seus superiores relativa ao bom frutuoso e exemplar desempenho desses deveres.

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