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quinta-feira, 19 de junho de 2014

Corpus Christi Desfigurado.

Frei Petrônio de Miranda, Padre e Jornalista Carmelita.
Convento do Carmo, Lapa, Rio de Janeiro. 19 de junho-2014.


O Corpo de Cristo nasceu no relento e passou frio.
Ele clama aos céus pela alma dos 271 Moradores
De Rua assassinados em 2012 e mais 113 neste ano.
O Corpo de Cristo foi esquecido pelos Apóstolos.
Ele sangra no corpo dos Meninos de Rua assassinados
Ele é abandonado nos abrigos de idosos e nas aldeias.
Na zona rural, nos hospitais, nos morros e nas favelas.


O Corpo de Cristo teve sede no alto da cruz.
Ele sofre com as vítimas da seca no Nordeste
E com o abandono dos favelados nas grandes metrópoles
O Corpo de Cristo foi coroado com espinhos.
Ele é ferido todos os dias pelos espinhos do consumo
Dos políticos corruptos e dos fanáticos religiosos.
Ele sofre diante da morte de mais de 500 índios desde 2003
E grita contra o preconceito racial, étnico e sexual.  


O Corpo de Cristo derramou lágrimas de sangue.
Ele chora com a morte das 38 mulheres assassinadas
Este ano na Paraíba, e as 92 mil entre anos 1980 e 2010.
O Corpo de Cristo sentiu dor e foi chicoteado.
Ele sofre diante do assassinato dos 336 homossexuais em 2012
E lamenta as 11 vítimas do preconceito neste ano em Pernambuco.


O Corpo de Cristo foi pregado na cruz e morto
Ele clama pelos 121 jornalistas assassinados no mundo
Em 2012 e os 36 trabalhadores rurais no Brasil em 2013.
O Corpo de Cristo foi ferido na cruz por uma espada de dor.
Ele se compadece com as dores das prostitutas e dos drogados.
O Corpo de Cristo carregou a cruz dos ladrões e assassinos
Ele alivia a cruz dos aidéticos, das viúvas e das mães solteiras
Ele chora a morte de 35 mil jovens negros no Brasil entre 2002 e 2010.


O Corpo de Cristo foi tirado da cruz e acolhido nos braços de sua mãe.
Ele abençoa os corpos solitários, depressivos e corrompidos.
O Corpo de Cristo foi sepultado, enfaixado e fechado no túmulo da morte.
Ele chora o aniquilamento dos índios, dos mendigos e dos presos.
O Corpo de Cristo passou três dias na escuridão e no esquecimento
Ele protege os esquecidos da mídia e as vítimas da liberdade de expressão
O Corpo de Cristo venceu a morte, ressuscitou e subiu aos céus... Céus?
Bem... Ele sofre, chora, rir e ressuscita todos os dias nos corpos desfigurados.

Corpus Christi despedaçado.

Por Frei Petrônio de Miranda, Padre e Jornalista Carmelita. Convento do Carmo, São Paulo. 06 de maio-2012. Atualização: Convento do Carmo, Lapa, Rio de Janeiro. 19 de junho-2014. Festa de Corpus Christi. Ouça o áudio. Clique aqui: http://mais.uol.com.br/view/77gsd7cnudte/poema-corpus-christi-despedacado-completo-04020D9A3570C8B91326?types=A& Veja o vídeo. Clique aqui:


Ó Jesus no ventre materno
Em Maria a gerar.
Olha para as mães grávidas
Sem família e sem um lar.
Junta todos os pedaços,
De sangue, suor e dor.
Ó meu Jesus Eucarístico,
Vem mostrar o teu amor!

Sacramento do amor
Pão da vida salutar.
Os sem teto chorando
Seu suor a derramar.
Ó meu Jesus Eucarístico,
Este povo a clamar
Junta todos os pedaços,
Vem logo os ajudar!

Com os Mártires da terra,
Nós queremos te adorar.
Ó meu Jesus Eucarístico,
Este sangue a derramar,
Estas vidas em pedaços,
Este povo a caminhar.
Com os jovens sofredores
Nós iremos te louvar!

Partilhar a Boa Nova
A todos saber amar.
Estas vidas em pedaços
Este povo a caminhar.
Ó meu Jesus Eucarístico,
Vem logo nos ajudar,
Abraça as mães solteiras,
E as viúvas a chorar!

Estas crianças sofridas,
Estes jovens a lutar.
Destrói do nosso país,
A droga a maltratar.
Ó meu Jesus Eucarístico,
Vem logo nos confortar,
Estas vidas em pedaços,
Sem terra e sem um lar!

Os presos do nosso país,
Vivendo sempre a chorar,
Suas vidas em pedaços,
Com as famílias a gritar.
Ó meu Jesus Eucarístico,
Este povo a suplicar.
Quebra toda corrente,
Que possa aprisionar!

A violência da mídia,
Entrando em nosso lar.
Até a nossa irmã Morte,
Sempre a nos visitar.
Ó meu Jesus Eucarístico,
Vem sempre nos acalmar,
Estas vidas em pedaços,
Precisam se libertar!

Este país que vale ouro,
A mentira a corroer.
A Aids levando vidas,
A corrupção a vencer.
Ó meu Jesus Eucarístico,
Vem logo nos socorrer
Estas vidas em pedaços,
Contigo vamos vencer!

Se depender de oração,
Este povo vai se salvar.
Com as novenas e rezas,
Todo o povo a suplicar.
Mas as vidas em pedaços
Quem poderá ajuntar?
Ó meu Jesus Eucarístico,
Venha nos conscientizar!

Neste ano decisivo,
Onde o voto tem valor,
Às vidas despedaçadas,
Sem socorro e sem amor,
Ó meu Jesus Eucarístico,
Vem logo nos levantar,
Livra-nos da corrupção,
E dos políticos a enganar!

Em cada cidade clamamos,
Meu Jesus libertador.
Olha por estas famílias,
Com carinho e com amor.
Ó meu Jesus Eucarístico,
Do álcool vem libertar,
A estas vidas em pedaços,
A tua paz vem nos dar!

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO. Nº 613. Entrevista.

terça-feira, 17 de junho de 2014

“Jesus não quer príncipes, mas servidores”, diz Papa Francisco em entrevista

O Papa Francisco não acredita que seja um iluminado, mas cativou o mundo sem deixar ninguém indiferente, quer seja católico ou não. É o que demonstra na entrevista que deu a Henrique Cymerman e que no domingo foi veiculada pela Cuatro, a primeira para uma televisão espanhola. Fonte: http://bit.ly/1kYJMTE
Israel e Palestina, ponto de partida na qual Bergoglio aborda muitos assuntos, alguns fundamentais para a Igreja. Questões como a via soberanista na Catalunha. Além de grandes reflexões, também fala da Copa do Mundo.
A reportagem está publicada no sítio espanhol Religión Digital, 16-06-2014. A tradução é de André Langer.
O Papa, sobre seu encontro com os líderes da Palestina e Israel: “Não era um ato político”
“Não era um ato político, mas religioso. A oração também é um ato político com maiúscula. Alguém dizia que com a oração se faz pouco, mas sem a oração se faz menos. Na reunião presidimos todos, até o homem que tocava o violino”.
O Papa Francisco: “Não sei se sou revolucionário”
“Para mim, a grande revolução é ir às raízes, reconhecê-las e ver o que essas raízes querem dizer nos dias de hoje. Não sei se sou revolucionário, mas gosto de ir às nossas raízes da identidade cristã, judaica... e a partir daí dialogar com os desafios que vão se apresentando. Não há contradição entre ser revolucionário e ir às raízes. A maneira de fazer verdadeiras mudanças é a partir da própria identidade.”

Sobre a perseguição católica atual: “Há mais cristãos mártires do que naquela época”
“Estou convencido de que a perseguição contra os cristãos, hoje, é mais forte que nos primeiros séculos da Igreja. Hoje, há mais cristãos mártires do que naquela época.”
“Não vou saudar um povo e dizer-lhe que o quero bem dentro de uma lata de sardinhas”
“Sei que pode me acontecer alguma coisa, mas isso está nas mãos de Deus. Recordo que no Brasil haviam preparado um papamóvel fechado, com vidros, mas eu não posso saudar um povo e dizer-lhe que gosto muito dele dentro de uma lata de sardinhas, mesmo que seja de vidro. Para mim, isso é um muro. É verdade que algo pode me acontecer, mas sejamos realistas: na minha idade, não tenho muito a perder.”

O pontífice, sobre as riquezas da Igreja: “Não se pode entender o Evangelho sem a pobreza”
“Não se pode entender o Evangelho sem a pobreza. O Povo de Deus perdoa um pastor, um padre, que tenha tido um deslize afetivo. Perdoa-o. Que tenha tomado um pouquinho a mais de vinho. Perdoa-o. Mas nunca vai lhe perdoar que esteja atrás do dinheiro ou que maltrate as pessoas. Curioso como o povo tem o olfato do que Deus pede a um pastor. Jesus não quer que sejamos príncipes, mas servidores.”

Sobre as mudanças: “Estou apenas cumprindo o que os cardeais refletiram”
“Quero deixar claro que não tenho nenhuma iluminação, que não tenho nenhum projeto pessoal, porque nunca pensei que ficaria aqui. O que estou fazendo é cumprir o que os cardeais refletiram nas Congregações Gerais antes do conclave. Ali nos reunimos todos os dias para discutir os problemas da Igreja. Daí sai uma série de reflexões e conselhos para o próximo papa. Eu os estou cumprindo.”

“Às vezes, pela religião chegamos a contradições muito sérias”, declarou Francisco
“É uma contradição. É como se me dissessem: ‘Este homem é um bom filho, bate apenas três vezes por dia na mãe’. Em perspectiva histórica, os cristãos, às vezes, praticaram a violência em nome de Deus. Chegamos, às vezes, pela religião, a contradições muito sérias, muito graves.”
Após o abraço em frente ao Muro das Lamentações: “É possível a amizade entre as três religiões”
“Tomei uma decisão e Skorka sabia. Quis ir também com um bom amigo islâmico. Um homem que conhece muito bem o Islã. Como os amigos não se fazem com fotocópias cada um é diferente. Quero-os aos dois um montão e um não têm nada a ver com o outro. Disse: ‘Aqui estamos as três religiões e é possível a amizade para dar testemunho’. Conseguimos. Foi um grito de vitória porque tínhamos a esperança de poder fazer isso”.

“Há pessoas que negam o Holocausto”, disse sobre o antissemitismo
“Não saberia explicar porque existe, mas creio que está muito unido, em geral, à direita. O antissemitismo costuma aninhar-se melhor nas correntes políticas de direita que de esquerda, não? E continua até hoje. Há, inclusive, quem negue o holocausto, uma loucura.”

Assim recorda a Segunda Guerra Mundial
“Dá-me um pouco de urticária existencial quando vejo que todos atacam a Igreja e Pio XII... E as grandes potências? As grandes potências conheciam perfeitamente a rede ferroviária dos nazistas que levavam os judeus aos campos de concentração. Tinham fotos. Mas não bombardearam esses trilhos. Falemos de tudo um pouquinho. Creio que é preciso ser muito justo neste tema.”
             
Dos políticos: “Os políticos jovens falam dos mesmos problemas, mas com uma música diferente”
“Os políticos jovens talvez falem dos mesmos problemas, mas com uma música diferente, e gosto disso. Isso me dá esperança, porque a política é uma das formas mais elevadas do amor, da caridade, porque leva ao bem comum. Uma pessoa que, podendo fazê-lo, não se envolve com o bem comum, é egoísta; ou que usa a política para o bem próprio, é corrupção.”

O que acha do conflito com a Catalunha?
“Qualquer divisão me preocupa. Há independência por emancipação e há independência por secessão. A independência por secessão é um desmembramento e, às vezes, é muito óbvia. Há povos com culturas tão diversas que nem com cola pegam. Eu me pergunto se é tão claro em outros casos, em outros povos que até agora estiveram juntos. É preciso estudar caso a caso. Haverá casos que são justos e casos que não são justos, mas a secessão de um país sem um antecedente de unidade forçada é preciso tomá-lo com muitas pinças e analisá-lo caso a caso.”

Sobre a Copa do Mundo: “Espero poder ver algum jogo”

“Os brasileiros me pediram neutralidade e cumpro com minha palavra, porque o Brasil e a Argentina sempre são rivais. Espero poder ver algum jogo. Fiz um vídeo para a abertura porque se deve aproveitar um acontecimento lúdico para criar a cultura do encontro, da fraternidade.”.
O Pontífice gostaria de ser recordado como “um cara bom”
“Não pensei nisso, mas gosto quando alguém, recordando outra pessoa, diz: ‘Era um cara bom, fez o que pôde, não foi tão ruim’. Com isso me conformo.”

O perfil do diabo, o inimigo da sociedade, segundo Francisco.

Artigo de Agostino Paravicini Bagliani
Se a tradição cristã que atribui ao demônio um papel de absoluto perigo para a sociedade é antiquíssima, o modo com que o Papa Francisco fala do demônio é moderno. O demônio não é mais um inimigo genérico da sociedade.
A análise é do historiador italiano Agostino Paravicini Bagliani, professor da Università Vita-Salute San Raffaele, de Milão, ex-scriptor da Biblioteca Apostólica Vaticana e ex-professor da Escola Vaticana de Paleografia, Diplomática e Arquivística. O artigo foi publicado no jornal La Repubblica, 13-06-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.
Há poucos dias, no dia 1º de junho, no seu discurso no Stadio Olimpico, em Roma, o Papa Francisco disse que o diabo "não quer a família, eis por que ele tenta destruí-la". Alguns meses antes (1º de abril), durante a homilia matinal em Santa Marta, o papa se referira ao diabo para reafirmar a sua existência: "O diabo existe. O diabo existe. Mesmo no século XXI".
Já na sua primeira homilia na Capela Sistina, no dia seguinte à sua eleição (13 de março de 2013), diante dos cardeais que o elegeram, Francisco, falando de improviso, lembrou o diabo, afirmando que "quando não se confessa Jesus Cristo se confessa a mundanidade do demônio".
Essa frequentíssima referência ao demônio poderia, à primeira vista, surpreender, não fosse o caso de que todos os papas dessas últimas décadas falaram do demônio. Paulo VI escolheu até o dia 29 junho de 1972, festa de São Pedro, para defender com gravidade que "de alguma fissura parece que entrou a fumaça de Satanás no templo de Deus".
João Paulo II teria até celebrado duas vezes o rito de exorcismo na sua capela privada. Também para o Papa Wojtyla, a existência do demônio era real. Ele o disse no dia 24 maio de 1987, em Monte Sant'Angelo, no lugar em que nasceu o culto do Arcanjo Miguel: "O demônio ainda está vivo e operante no mundo". O mal não é apenas a consequência do pecado original, mas também "o efeito da ação infestadora e obscura de Satanás".
Bento XVI advertiu um dia (26 de agosto de 2012) os fiéis que acorreram a Castel Gandolfo para o Ângelus que a "culpa mais grave de Judas foi a falsidade, que é a marca do diabo".
Leão XIII (1878-1903) formulou até uma oração a São Miguel Arcanjo, para que protegesse os cristãos "nesta ardente batalha contra todas as potências das trevas e a sua malícia espiritual".
Em relação aos seus antecessores, o Papa Francisco, no entanto, usa um estilo diferente para falar do demônio, mais moderno, menos retórico, direto e simples. Poucas palavras bastam. "O diabo existe. O diabo existe. Mesmo no século XXI".
Se a linguagem do Papa Francisco é tão simples, a substância está em perfeita sintonia com a tradição. Para Francisco também, o demônio é uma realidade, aquela "realidade terrível, misteriosa e assustadora", de que falava Paulo VI.
Também para Francisco, o demônio é o principal inimigo da sociedade, a ponto de poder também destruir seus fundamentos, como por exemplo a família. Nesse sentido, a continuidade atravessa os séculos. Já para os primeiros escritores cristãos, o demônio é, por exemplo, o instigador dos sentidos, a tal ponto que se considerava que o demônio fazia com que se perdesse o controle da razão através do riso.

Para descrever os primeiros casos de heresias medievais, o monge Rodolfo Glaber, "o historiador do ano mil", atribui ao demônio um papel de protagonista, graças também ao seu poder de se transformar. A "loucura" do camponês Leutardo de Vertus, que "se livrou da mulher" e quis justificar o divórcio "alegando as prescrições do Evangelho" começou quando "um enorme enxame de abelhas" – metáfora do demônio – entrou no seu corpo.
O culto Vilgardo de Ravenna, que havia lido com paixão os autores clássicos, tornou-se "cada vez mais insensato" por causa de "certos diabos que assumiram o aspecto dos poetas Virgílio, Horácio e Juvenal". Nos grandes momentos de transformação da sociedade medieval, o demônio sempre aparece como o principal inimigo da sociedade.
Ao redor de 1430, quando, na Itália (Roma, Todi) e no norte dos Alpes, aparecem as primeiras caças às bruxas, à frente da suposta seita do "Sabbath" é posto o demônio, a quem bruxas e bruxos rendem homenagem realizando orgias e similares. O trágico fantasma do "Sabbath" das bruxas precisou do demônio para existir e assim funcionou por mais de três séculos na Europa cristã, católica e protestante.
Se a tradição cristã que atribui ao demônio um papel de absoluto perigo para a sociedade é antiquíssima, o modo com que o Papa Francisco fala do demônio é moderno. O demônio não é mais um inimigo genérico da sociedade.
Os temas são aqueles que falam às pessoas, à família, ao dinheiro. Além disso, o papa o faz usando palavras simples, claras e diretas. Com mais eficácia do que os seus antecessores, mas não se separando deles na substância.

sábado, 14 de junho de 2014

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO. Nº 610. Santíssima Trindade.

CONVENTO DO CARMO: Retiro com Frei Petrônio-03

CONVENTO DO CARMO: Retiro com Frei Petrônio-02

CONVENTO DO CARMO: Retiro com Frei Petrônio-01

Dom Hélder Câmara poderá virar santo

Zenit conversou com  D. Antônio Fernando Saburido (OSB), arcebispo metropolitano de Olinda e Recife, sobre o processo de beatificação e a vida de dom Hélder. A reportagem é de Lilian da Paz, publicada pelo portal Zenit, 06-06-2014.
No fim de maio, a arquidiocese de Olinda e Recife enviou à Congregação para Causa dos Santos, no Vaticano, o pedido de abertura para o processo de beatificação de dom Hélder Câmara. O anúncio foi feito por dom Antônio Fernando Saburino (OSB), arcebispo metropolitano da Igreja local, onde viveu e faleceu dom Hélder.
Na ocasião, dom Antônio apresentou a carta enviada ao Vaticano com o pedido de beatificação e canonização. O parecer dos bispos do Regional Nordeste 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil foi positivo e unânime. Uma vez aberto o processo, frei Jociel Gomes se torna vice-postulador da causa.

Um pouco da história de dom Hélder
Conhecido como “Dom da Paz”, Hélder Câmara nasceu no dia 7 de fevereiro de 1909, em Fortaleza, Ceará. Mas foi no Rio de Janeiro e em Pernambuco que ganhou destaque com o exercício frutuoso do ministério episcopal voltado para os pobres.
Aos 27 anos, já como sacerdote, foi para a arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, onde, em 1952, se tornou bispo auxiliar. Lá, fundou a Cruzada São Sebastião, em prol das famílias carentes que sonhavam com uma moradia digna, e o Banco Providência, voltado para a redução da desigualdade social e desenvolvimento humano nas comunidades mais pobres. Ainda no Rio, articulou a realização do 36º Congresso Eucarístico Internacional, em 1955.
Em 1964 recebeu a missão de dirigir a arquidiocese de Olinda e Recife como arcebispo metropolitano. Neste ínterim, criou a Comissão de Justiça e Paz, que defendeu presos políticos e perseguidos da ditadura militar, assim como protegeu os excluídos sociais.

Dom Hélder também ajudou na criação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, na qual exerceu o cargo de secretário geral, e o Conselho Episcopal Latino Americano (Celam), do qual foi vice-presidente.
Incansável, o Dom da Paz lutou contra a fome e a miséria no Brasil. Em 1990 lançou a campanha Ano 2000 sem Miséria.  Com uma vida toda dedicada aos pobres, dom Hélder chegou a ser indicado quatro vezes ao Prêmio Nobel da Paz.

Eis a entrevista.
Como e quando surgiu a iniciativa de dar entrada no processo de canonização de dom Hélder? Já existem relatos de milagres?

Desde minha chegada a Recife em 2009, como arcebispo, as pessoas me pedem para iniciar o processo visando a canonização de dom Hélder Pessoa Câmara. Por enquanto, não tenho conhecimento de milagres alcançados através da intercessão de dom Hélder. Isso somente será exigido bem mais adiante. Uma vez iniciado o processo, acredito que as pessoas vão começar a nos procurar para relatar fatos dessa natureza.

Quando haverá resposta do Vaticano sobre o início de processo de beatificação?
Não existe tempo determinado para a resposta da Congregação para a Causa dos Santos, a quem cabe autorizar o início do processo.

O senhor conheceu dom Hélder? Como era o relacionamento dele com o povo?
 Conheci sim, porém, como monge beneditino vivia no Mosteiro de São Bento de Olinda e não tinha muito contato com dom Hélder. Foi ele, porém, quem me ordenou presbítero. Sempre nutri grande admiração por sua pessoa, sobretudo, quando tive oportunidade de ler suas cartas circulares, escritas durante o Concílio Ecumênico Vaticano II - redigidas durante as vigílias diárias que costumava fazer no silêncio da madrugada para rezar e escrever.
O “Dom”, como o chamavam, era franzino e baixinho, porém um gigante quando fazia uso da palavra e tomava determinadas atitudes. Contraditoriamente, era um contemplativo, uma inteligência além da média, e de uma sensibilidade surpreendente para com as pessoas mais pobres e excluídas.

O que significou para dom Hélder o encontro com o Papa, em Recife, em 1980?
Eu estava presente no meio da multidão quando o Papa João Paulo II o abraçou carinhosamente e na homilia o saudou dizendo: “Irmão dos pobres e meu irmão”. Acredito que aquele abraço e saudação marcou muito sua pessoa.

Qual era a intenção de dom Hélder com a criação da CNBB e do Celam?
Certamente, a intenção de Dom Hélder ao criar a CNBB e CELAM foi promover o diálogo e a cooperação mútua entre os bispos do Brasil e de toda a América Latina. Essas importantes instituições vêm crescendo e se consolidando a cada dia.
Em 1970, Dom Hélder denunciou a prática da tortura a presos políticos no Brasil. No período da ditadura militar, quais foram as principais ações de dom Hélder?
Dom Hélder foi vítima da ditadura militar no brasil, sobretudo pelo apoio que sempre deu aos presos e perseguidos políticos. Pagou alto preço com a impossibilidade de falar através dos meios de comunicação social em todo o país e, sobretudo, com o brutal assassinato do jovem padre Antônio Henrique Pereira, seu assessor para a Pastoral da Juventude, falecido após três anos de ministério sacerdotal.

Qual era a concepção de dom Hélder a respeito da Teologia da Libertação?
Dom Hélder entendia que a prática do Evangelho liberta de todas as amarras. N’Ele encontrava forças para enfrentar os desafios seguindo a linha da “opção preferencial pelos pobres”.
Como é para o senhor, dom Antônio Fernando, estar à frente de uma arquidiocese que foi dirigida por um santo em potencial?
Para mim é grande honra e responsabilidade estar à frente desta querida arquidiocese de Olinda e Recife com uma história tão bonita e por onde passaram grandes bispos, como Dom Frei Vital Maria Gonçalves de Oliveira (1871 – 1878) - cujo processo de canonização já se encontra na fase romana -, Dom Hélder Pessoa Câmara (1964 – 1985) e tantos outros que aqui deixaram seu legado. Peço que rezem por mim para que seja sempre um bom pastor, tendo por modelo o Pastor dos pastores.

Dom Vital Wilderink: Sepultamento -08

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO. Nº 610. Santíssima Trindade.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Papa: Que essa Copa seja a festa da solidariedade entre os povos

Dom Vital Wilderink, eremita Carmelita da Ordem do Carmo: Breve histórico.

          
Dom Vital Wilderink, membro da Ordem do Carmo-Carmelitas, nascido em Denventer-Holanda, nome de batismo João Geraldo. Após três anos de seminário menor na Holanda, veio para o Brasil em janeiro de 1949, residiu em Itu-SP, onde completou os estudos do seminário menor. 
No ano de 1951, em Mogi das Cruzes, ingressou para o noviciado, no fim do qual fez sua primeira profissão religiosa. Fez os estudos de Filosofia em São Paulo. Foi enviado para o curso de Teologia em Roma no Colégio Internacional dos Carmelitas. Terminado o curso de Teologia, foi ordenado sacerdote, junto com Frei Carlos Mesters seu amigo e companheiro desde o seminário menor, no dia sete de julho de 1957 em Roma por um bispo carmelita irlandês, missionário na África.
Permaneceu em Roma para continuar seus estudos de Teologia, na Universidade Santo Thomás de Aquino, em que se doutorou na área de espiritualidade. A fim de redigir sua tese de doutorado fez prolongadas pesquisas na França.
Lecionou no Colégio Internacional dos Carmelitas em Roma nos anos 63 e 64. Em janeiro de 1967, apesar do desejo do superior Geral, de que ele permanecesse em Roma, como professor preferiu voltar para o Brasil.
        Retornando para o Brasil em 1967, estabeleceu-se em Minas Gerais, onde por algum tempo foi professor no Instituto de Teologia de Belo Horizonte. Neste mesmo ano trabalhou como operário em uma pedreira e numa fábrica de tecidos, para conhecer melhor o mundo do trabalho dos pobres.
         No ano de 1968, foi nomeado diretor do departamento de formação da CRB nacional. Exerceu essa função por dois anos, durante esse período participou como representante da CRB, da segunda Conferencia Episcopal Latino América, em Medellín. Em 1970 a pedido de quatro congregações, foi para diocese de Itabira-MG- para acompanhar às irmãs em um novo estilo de vida inserida no meio de povo, no continuo esforço de responder as diretrizes da conferência e tornou-se coordenador pastoral da mesma diocese até 1974.
Neste ano retirou-se em ano sabático, para Colômbia, fazendo um curso no Instituto de Pastoral do CELAM, até outubro do mesmo.
Retornando ao Brasil, foi transferido para Angra dos Reis, a pedido de Dom Valdir, por quem foi nomeado vigário episcopal da região litorânea da diocese de Volta Redonda, onde era previsto, devido a sua extensão, a criação de uma nova diocese.
Em 1977 frei Vital começou a assumir, em fins de semana, as celebrações desta paróquia de Lídice e da comunidade da Estação, devido a transferência do seu confrade frei Paulo. Neste tempo fez um prolongado retiro no Alto do Rio das Pedras, onde foi acolhido pela família dos Moreira.
          Neste mesmo ano num encontro casual com Dom Raimundo, aconteceu a partilha de um sonho comum, viver uma vida de estilo mais contemplativo. Marcaram um encontro em Angra dos Reis, para verem a possibilidade de realizarem junto esse sonho. Foram ver um pequeno terreno num bosque. Era o dia 18 de novembro de 1977, no entanto no dia seguinte um telefonema de Brasília convocando o frei Vital, a comparecer na Anunciatura Apostólica desfez todo o seu projeto. Fora nomeado pelo Papa Paulo VI bispo auxiliar da diocese de Volta Redonda, com a tarefa de preparar a nova diocese Sul Litoral. Sendo sagrado bispo por Dom Valdir, no dia 13 de agosto de 1978, na Igreja do Conforto de Volta Redonda. Sendo seu lema: Testemunhar o Evangelho da Graça de Deus. Foram dois anos 78 e79 de trabalho com o povo desta região em conjunto com irmãs de varias congregações, chamadas por ele mesmo, para marcar presença na pastoral. Em abril de 1980 foi criada a nova diocese, pelo Papa João Paulo II, tendo Itaguaí como sede. E nomeou dom Vital com seu primeiro bispo.
Como seu carisma de unidade e no desejo de ter uma igreja feita por todos, Igreja Povo de Deus, convocou o Sínodo diocesano, que teve duração de cinco anos.
Incentivou a pastoral catequética na diocese e a pastoral social, tendo especial atenção a duas pastorais operaria e CPT da qual participou da reunião de fundação em Goiânia e fundador da mesma no Estado do Rio de Janeiro.
      A vida consagrada sempre mereceu seu especial carinho, tanto a nível local e nacional. Ordenou os primeiros padres brasileiros da diocese. Com sua sensibilidade e opção preferencial pelos pobres, criou o projeto de acolhida a meninos e meninas de rua, construindo uma casa, a qual os meninos chamaram Nossa Casa. A diocese tinha um rosto multiforme, onde todos se sentiam acolhidos, expressão de uma preocupação sua, que o fazia dizer: "Na diocese o meu primeiro desejo é que as pessoas que vêm prestar um serviço sintam-se primeiramente acolhidas no seu ser e não pelo que podem fazer. Isso vem depois."
Por doze anos participou da CNBB, atuou especialmente como responsável na dimensão Bíblico-Catequética e fez parte da comissão catequética do CELAM.
Participou da quarta Conferencia Episcopal Latino Americana de Santo Domingos e de dois Sínodos em Roma.
Os vinte anos passados no exercício do ministério episcopal não apagaram o sonho de uma vida de estilo mais contemplativo. Os laços criados com a família Moreira, durante o retiro que realizou em 1977 no Alto do Rio das Pedras, tornou possível a concretização desse sonho, quando seu Zé Moreira em ocasião das bodas de ouro de casamento, escreveu uma cartinha a Dom Vital, convidando-o a celebrar a missa para o casal e que também lhe reservavam uma supressa. A supressa consistia numa na doação de um pequeno terreno, onde construiu uma casa e uma capela, para viver sua vida num estilo mais contemplativo.
Com a permissão do Papa João Paulo II renunciou o governo da diocese e desde 1998 vive como eremita no Alto do Rio das Pedras, em Lídece-RJ. Não demorou muito para as pessoas amigas e conhecidas começarem a subir o Alto, para fazer retiros e desfrutar da sabedoria da pessoa de dom Vital na orientação espiritual.

Ele que soube deixar Deus ter a primazia em sua vida, possa continuar na sua simplicidade, ternura, acolhida e solidariedade criativa, conduzir-nos para que Deus seja na nossa vida e na realidade de hoje o osso Único Essencial. 

A PALAVRA... Nº 606. Terror em São Paulo.

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO- 600: Divulgação.

domingo, 8 de junho de 2014

Alocução do Papa no Encontro de oração pela paz com Presidentes de Israel e Palestina.

Vaticano, 08 de junho de 2014. Domingo de Pentecostes.

Senhores Presidentes,
Com grande alegria vos saúdo e desejo oferecer, a vós e às ilustres Delegações que vos acompanham, a mesma recepção calorosa que me reservastes na minha peregrinação há pouco concluída à Terra Santa. Agradeço-vos do fundo do coração por terdes aceite o meu convite para vir aqui a fim de, juntos, implorarmos de Deus o dom da paz. Espero que este encontro seja o início de um caminho novo à procura do que une para superar aquilo que divide. E agradeço a Vossa Santidade, venerado Irmão Bartolomeu, por estar aqui comigo a acolher estes hóspedes ilustres. A sua participação é um grande dom, um apoio precioso, e é testemunho do caminho que estamos a fazer, como cristãos, rumo à plena unidade.
A vossa presença, Senhores Presidentes, é um grande sinal de fraternidade, que realizais como filhos de Abraão, e expressão concreta de confiança em Deus, Senhor da história, que hoje nos contempla como irmãos um do outro e deseja conduzir-nos pelos seus caminhos. Este nosso encontro de imploração da paz para a Terra Santa, o Médio Oriente e o mundo inteiro é acompanhado pela oração de muitíssimas pessoas, pertencentes a diferentes culturas, pátrias, línguas e religiões: pessoas que rezaram por este encontro e agora estão unidas connosco na mesma imploração. É um encontro que responde ao ardente desejo de quantos anelam pela paz e sonham um mundo onde os homens e as mulheres possam viver como irmãos e não como adversários ou como inimigos.
Senhores Presidentes, o mundo é uma herança que recebemos dos nossos antepassados, mas é também um empréstimo dos nossos filhos: filhos que estão cansados e desfalecidos pelos conflitos e desejosos de alcançar a aurora da paz; filhos que nos pedem para derrubar os muros da inimizade e percorrer a estrada do diálogo e da paz a fim de que triunfem o amor e a amizade. Muitos, demasiados destes filhos caíram vítimas inocentes da guerra e da violência, plantas arrancadas em pleno vigor. É nosso dever fazer com que o seu sacrifício não seja em vão. A sua memória infunda em nós a coragem da paz, a força de perseverar no diálogo a todo o custo, a paciência de tecer dia após dia a trama cada vez mais robusta de uma convivência respeitosa e pacífica, para a glória de Deus e o bem de todos. Para fazer a paz é preciso coragem, muita mais do que para fazer a guerra. É preciso coragem para dizer sim ao encontro e não à briga; sim ao diálogo e não à violência; sim às negociações e não às hostilidades; sim ao respeito dos pactos e não às provocações; sim à sinceridade e não à duplicidade. Para tudo isto, é preciso coragem, grande força de ânimo.
A história ensina-nos que as nossas meras forças não bastam. Já mais de uma vez estivemos perto da paz, mas o maligno, com diversos meios, conseguiu impedi-la. Por isso estamos aqui, porque sabemos e acreditamos que necessitamos da ajuda de Deus. Não renunciamos às nossas responsabilidades, mas invocamos a Deus como acto de suprema responsabilidade perante as nossas consciências e diante dos nossos povos. Ouvimos uma chamada e devemos responder: a chamada a romper a espiral do ódio e da violência, a rompê-la com uma única palavra: «irmão». Mas, para dizer esta palavra, devemos todos levantar os olhos ao Céu e reconhecer-nos filhos de um único Pai. A Ele, no Espírito de Jesus Cristo, me dirijo, pedindo a intercessão da Virgem Maria, filha da Terra Santa e Mãe nossa:
Senhor Deus de Paz, escutai a nossa súplica! Tentámos tantas vezes e durante tantos anos resolver os nossos conflitos com as nossas forças e também com as nossas armas; tantos momentos de hostilidade e escuridão; tanto sangue derramado; tantas vidas despedaçadas; tantas esperanças sepultadas... Mas os nossos esforços foram em vão. Agora, Senhor, ajudai-nos Vós! Dai-nos Vós a paz, ensinai-nos Vós a paz, guiai-nos Vós para a paz. Abri os nossos olhos e os nossos corações e dai-nos a coragem de dizer: «nunca mais a guerra»; «com a guerra, tudo fica destruído»! Infundi em nós a coragem de realizar gestos concretos para construir a paz. Senhor, Deus de Abraão e dos Profetas, Deus Amor que nos criastes e chamais a viver como irmãos, dai-nos a força para sermos cada dia artesãos da paz; dai-nos a capacidade de olhar com benevolência todos os irmãos que encontramos no nosso caminho. Tornai-nos disponíveis para ouvir o grito dos nossos cidadãos que nos pedem para transformar as nossas armas em instrumentos de paz, os nossos medos em confiança e as nossas tensões em perdão. Mantende acesa em nós a chama da esperança para efectuar, com paciente perseverança, opções de diálogo e reconciliação, para que vença finalmente a paz. E que do coração de todo o homem sejam banidas estas palavras: divisão, ódio, guerra! Senhor, desarmai a língua e as mãos, renovai os corações e as mentes, para que a palavra que nos faz encontrar seja sempre «irmão», e o estilo da nossa vida se torne: shalom, paz, salam! Amém.

PENTECOSTES: Vai Espírito Santo (4ª Versão).

sábado, 7 de junho de 2014

VAI ESPÍRITO SANTO...

*Frei Petrônio de Miranda, Padre e Jornalista Carmelita.

Vai Espírito Santo!
Converte os políticos corruptos do Brasil
E renovas o nosso país sob o domínio do mal. 
Abre os nossos olhos nas próximas eleições,
E concede-nos uma sociedade politizada.
Acaba com a violência em nossas cidades,
E fortifica-nos na luta pela justiça e pela paz.

 Vai Espírito Santo!
Derruba as paredes da indiferença religiosa,
E mostra-nos o caminho do ecumenismo. 
Destrói os muros da separação política e econômica,
E ensina-nos a valorizar a amizade e respeitar o próximo.
Arranca o espírito de competição, destruição e poder,
E enche o nosso coração de alegria e compromisso social.

 Vai Espírito Santo!
Liberta os jovens do tráfico de drogas,
E fortifica-nos na defesa da vida.
Conforta os aidéticos e deprimidos, 
E livra-nos da angústia da discriminação.
Desce nas penitenciárias e converte os presos,
Libertando-os do roubo e do mundo do crime.

 Vai Espírito Santo!
Entra no Palácio da Alvorada,
E lembra à Presidenta Dilma do seu passado.
Visita o Congresso Nacional e a Câmera dos Deputados,
E leva o grito de fome e dor do povo brasileiro.
Ilumina o Supremo Tribunal Federal, 
E concede aos nossos juízes os 7 dons.

 Vai Espírito Santo!
Passeia pelos corredores do Poder Legislativo,
E ensina os vereadores a ficar do lado do povo.
Clareia os corredores do Poder Executivo,
E mostra o verdadeiro sentido do poder.
Olha para a Ordem dos Advogados do Brasil,
E ensina-os a advogar com justiça e equidade.       

 Vai Espírito Santo!
Ampara o menor de rua, o órfão e a viúva,
E enxuga as lágrimas de suor e dor.
Acompanha os sem terra e sem casa,
E transforma as suas utopias em realidade.
Visita às comunidades quilombolas e as aldeias,
E fortalece-os na luta pela dignidade.

 Vai Espírito Santo!
Liberta-nos da intolerância, da raiva e da vingança,
E dá-nos um coração novo sem ódio e rancor. 
Destrói a nossa indiferença pelo sagrado,
E ensina-nos a respeitar Deus em nosso próximo.
Toca em nosso coração de pedra,
E torna-nos mais humanos e solidários.

Vai Espírito Santo!
Desce nas favelas, nos cortiços e nos morros,
E protege os corações despedaçados e ensanguentados.   
Vem com o teu fogo abrasador aquecendo-nos contra o mal,
E converte os difamadores, arrogantes e sanguinários.
Inspira-nos confiança na classe política e na justiça,
E não nos deixe desanimar diante dos fatos e acontecimentos. 


Vai Espírito Santo!
Destrói em nossa vida todo pensamento de perseguição,
E mostra-nos a leveza da tua presença confiante e serena.
Olha para os trabalhadores rurais
E conforta-os em sua labuta diária.
Concede força aos profissionais da comunicação,
E concedei-lhes a esperança do novo dia.

Vai Espírito Santo.... Vai... !!!
*O Frei Petrônio de Miranda, da Ordem do Carmo, reside no Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. E-mail: missaodomgabriel@bol.com.br. Facebook: www.facebook.com/olharjornalistico ou, www.facebook.com/freipetronio2 Twitter: www.twitter.com/freipetronio. Site: www.olharjornalistico.com.br

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO. Nº 603. Vai Espírito Santo!

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO. Nº 602. O Dom de Fortaleza.

Pentecostes. O perdão para recriar o mundo

O Pentecostes é uma festa pascal; ela é o desenvolvimento do mistério da Páscoa. Não é uma festa independente do Espírito Santo; é a festa do Senhor ressuscitado que dá aos discípulos o seu Espírito, que é o Espírito de Deus Pai. É por isso que esta festa se situa, ao mesmo tempo, na noite da Páscoa no evangelho de São João, e 50 dias depois da Páscoa no livro dos Atos dos Apóstolos, inclusive na cruz da Sexta-Feira Santa em todos os evangelistas.
A reflexão é de Raymond Gravel, padre da Diocese de Joliette, Canadá, e publicada no sítio Réflexions de Raymond Gravel, comentando as leituras do Domingo de Pentecostes – Ciclo A do Ano Litúrgico (08 de junho de 2014). A tradução é de André Langer.
Referências bíblicas:
Primeira leitura: At 2,1-11
Segunda leitura: 1 Cor 12,3b-7.12-13
Evangelho: Jo 20,19-23

Eis o texto.
O Pentecostes é uma festa pascal; ela é o desenvolvimento do mistério da Páscoa. Não é uma festa independente do Espírito Santo; é a festa do Senhor ressuscitado que dá aos discípulos o seu Espírito, que é o Espírito de Deus Pai. É por isso que esta festa se situa, ao mesmo tempo, na noite da Páscoa no evangelho de São João, e 50 dias depois da Páscoa no livro dos Atos dos Apóstolos, inclusive na cruz da Sexta-Feira Santa em todos os evangelistas, em particular em João: “Tudo está realizado. E inclinando a cabeça, entregou o espírito” (Jo 19,30).
No mistério pascal, todos os elementos desse mistério – a Morte, a Ressurreição, a Ascensão e o Pentecostes – são tão importantes que os primeiros cristãos fizeram deles acontecimentos distintos separados no tempo: três dias para a Ressurreição, 40 dias para a Ascensão e 50 dias para o Pentecostes. Mas, na realidade, trata-se de um mesmo e único acontecimento teológico que nos fala simultaneamente de Deus, do homem, de Cristo e da Igreja. Não há, portanto, contradições entre os escritos e seus autores; encontramos simplesmente maneiras diferentes de descrever a riqueza do mistério cristão.
Desde o início do tempo pascal, nós lemos os relatos da Páscoa e da Ascensão. Hoje, celebramos o Pentecostes, a festa do Espírito de Cristo, o Espírito de Deus, a festa da Igreja. O que nos dizem os textos bíblicos que a Igreja nos propõe hoje?

1. Atos dos Apóstolos 2,1-11
Neste texto de Lucas, sobre o dom do Espírito Santo dado aos apóstolos reunidos, o autor não procura descrever um acontecimento material e histórico que aconteceu num dado momento da história da Igreja nascente. O fato de que Lucas tenha escolhido compor seu relato por meio de uma série de alusões ao Antigo Testamento, pode desviar a nossa atenção para uma leitura de tipo histórico, que procurasse determinar como as coisas se passaram. Devemos, ao contrário, compreender as mensagens que Lucas quer dar à sua comunidade sobre o papel e a força do Espírito:
1) O Pentecostes judaico celebrava o dom da Lei ao Povo de Israel, o povo da antiga Aliança. O Pentecostes cristão celebra o dom do Espírito ao novo Povo de Deus, a Igreja, o povo da nova Aliança.
2) Assim como Moisés subiu ao Sinai para dar ao povo a Lei de Deus, Cristo subiu ao céu para derramar o Espírito de Deus, o Espírito da nova Aliança.

3) Assim como para Moisés o barulho do trovão e o fogo das luzes acompanham o dom da Lei de Deus, aqui o barulho, o vento e o fogo acompanham a vinda do Espírito Santo.
4) No Sinai, de acordo com tradições judaicas, Deus propôs os mandamentos nas diversas línguas do mundo, mas apenas Israel os aceitou. No livro dos Atos dos Apóstolos, Deus repara esse fracasso: todas as nações compreendem a linguagem do Espírito: “Cheios de espanto e de admiração, diziam: ‘Esses homens que estão falando não são todos galileus? Como é que nós os escutamos na nossa própria língua?’” (At 2,7-8)
5) No Antigo Testamento, as 12 tribos de Israel estão reunidas para ouvir Moisés. Aqui, os 12 povos são chamados para ouvir os 12 apóstolos investidos pelo Espírito do Cristo, proclamar as maravilhas de Deus: “todos nós os escutamos anunciarem as maravilhas de Deus na nossa própria língua!” (At 2,11b)
Em suma, este relato de Lucas é o inverso de Babel, é a abertura à universalidade e o sopro do Espírito da nova Aliança que abole as fronteiras; não há mais exclusão nem rejeição.

2. 1 Cor 12,3b-7.12-13
Os coríntios acreditavam que o dom do Espírito Santo estava reservado a uma elite. Eles só reconheciam sua presença no sensacional, nos cristãos que tinham o dom de falar em línguas e, particularmente, naqueles que eram eloquentes na animação das assembleias. Paulo quer, aqui, restabelecer a realidade do Espírito Santo:
1) Todo fiel que proclamar que “Jesus é o Senhor” (1 Cor 12,3), é habitado pelo Espírito Santo. Portanto, o mais humilde e o menor dos batizados também recebeu o Espírito Santo.
2) O Espírito, o Senhor e Deus são inseparáveis. Sem mesmo chamá-lo pelo nome, Paulo nos fala da Trindade que se dispensa em carismas: dons da graça, mas o Espírito é o mesmo (v. 4), dons dos serviços na Igreja, mas o Senhor é o mesmo (v. 5) e dons das atividades, mas é o mesmo Deus que as realiza (v. 6). O Espírito põe, portanto, todos os fiéis a agir, cada um segundo seus carismas, em vista do bem de todos (v. 7).
3) Esta unidade na diversidade Paulo a exprime através de uma fábula, conhecida na sua época, sobre o corpo e seus membros, para significar que todos os cristãos, em sua diversidade, pertencem ao mesmo corpo, o Corpo do Cristo ressuscitado. Esta pertença transcende as clivagens étnicas: “De fato, todos nós, judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos batizados num único Espírito, para formarmos um único corpo, e todos nós bebemos de um único Espírito” (1 Cor 12,13).

3. João 20,19-23
Para João, é na noite da Páscoa que o Espírito Santo é dado aos discípulos reunidos. Que mensagens podemos tirar dessa passagem bíblica?
1) O medo: os discípulos têm medo, eles são fracos, eles se sentem abandonados. As portas estão trancadas. Apesar disso, Jesus se apresenta a eles (v. 19). É, portanto, na humanidade dos discípulos que Cristo se faz presente.
2) A Paz: duas vezes Cristo oferece a sua paz (vv. 19.21). Mas, por que esta insistência? O sentido bíblico da palavra paz não é a ausência de guerra ou de conflitos; é a plenitude de vida que lembra a presença do Ressuscitado (cf. TOB, Lc 1,79 nota J). É, portanto, a sua Vida de Ressuscitado que Cristo dá aos seus discípulos. É uma promessa de Ressurreição também para eles.

3) A Alegria: João sublinha que o Ressuscitado da Páscoa é o Crucificado da Sexta-Feira Santa: “mostrou-lhes as mãos e o lado” (Jo 20,20a). O evangelista não quer dizer que se trata do cadáver de Jesus reanimado; o Ressuscitado se apresenta como aquele que fica para sempre marcado por sua humanidade, aquele que, pela cruz, testemunhou o Amor infinito de Deus. Do seu lado aberto nasceu a Igreja, ápice do sangue da Vida nova e da água viva do Espírito. Esta é a Alegria pascal experimentada pelos discípulos reunidos na noite da Páscoa.
4) O perdão: o sopro do Cristo sobre os seus discípulos nos remete ao sopro de Deus no Gênesis, sopro que dá a vida ao ser humano. Aqui, o sopro de Cristo significa a Vida nova dada aos discípulos, pelo dom do Espírito Santo, para que advenha um mundo novo. Entretanto, uma coisa é essencial para que nasça esse mundo novo: é o perdão. Deus deve, em primeiro lugar, apagar a nossa história passada, derramando sobre nós o sopro do perdão dos pecados: “A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos” (Jo 20,23). Cabe a nós, portanto, fazer nascer esse mundo novo e é com toda a liberdade que nós podemos fazê-lo ou recusá-lo. Que responsabilidade!
Para terminar, é uma missão que nos é confiada: nós temos a responsabilidade de fazer nascer o mundo novo desejado pelo Cristo da Páscoa. Esta missão é confiada a todos os cristãos em geral e, em particular, aos padres no ministério do perdão. É, portanto, pela nossa abertura ao outro, pela nossa acolhida da sua diferença que nós testemunhamos o Cristo ressuscitado e que nós trabalhamos para fazer nascer esse mundo novo. O Espírito que nos habita não é um Espírito de medo que recusaria a novidade; é um Espírito que nos torna capazes de inventar, criar, decifrar, abrir novos caminhos, a fim de permitir às mulheres e aos homens de hoje encontrar e reconhecer o Cristo sempre vivo através dos seus discípulos. O perdão é fundamental para a recriação do mundo, e o Espírito nos dá a possibilidade de dá-lo ao outro e de recebê-lo do outro, a fim de que nasça esse mundo novo desejado pelo Cristo da Páscoa.
Bom Pentecostes!