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quarta-feira, 16 de julho de 2014

Escapulário do Carmo: A Proteção dos oprimidos.

Uma atualização da devoção ao Escapulário de Nossa Senhora do Carmo.
Por Frei Petrônio de Miranda, 0.Carm. Padre e Jornalista Carmelita.
Convento do Carmo, São Paulo.


Senhora de tantos nomes
Nós queremos vos louvar.
No sertão ou na cidade
Venha nos acompanhar.
Ó Maria dos migrantes
Dos sem teto a clamar
Com o Santo Escapulário
Vem longo nos ajudar!


Senhora do Deus Menino
Venha nos orientar.
Olhai para as favelas
As cracolândias a chorar.
Cobri-nos com o teu manto
O teu Filho vem mostrar.
Com o Santo Escapulário
Vem, ó Mãe nos resgatar!


A Mãe África sofrida
Para a América a sangrar.
Com os Mártires da terra
Contigo vamos cantar.
Olhai para os aidéticos
Vem ó Mãe os amparar.
Com o Santo Escapulário
Vem logo nos consolar!


Senhora dos Carmelitas
Dos profetas a clamar. 
Daí saúde aos enfermos
Aos anciãos vem amar.
Em cada menor nas ruas
Sem carinho e sem um lar
Com o Santo Escapulário
Vem, ó Mãe os amparar!


Em cada jovem drogado
Sem trabalho e sem valor.
Em cada presidiário
Onde a vida já parou.
Senhora Mãe do Carmelo
E do povo sofredor
Dai-nos o Escapulário
Venha em nosso favor!


Nessa história de devoção
Todos querem vos louvar.
São surfistas e artistas
Com o Escapulário a andar.
Ó Virgem de Teresinha
De Simão Stock a cantar.
Desse mel carmelitano
Eu também quero provar.
Ó Virgem dos Carmelitas
Contigo vou caminhar!

terça-feira, 15 de julho de 2014

CARMO DE MINAS-MG: A Quadrilha do Bispo. (1ª Parte)

A Mariologia Carmelitana (2ª Parte): A Consagração e o Escapulário.

Frei Christopher O’Donnell, O. Carm.

O Escapulário é uma forma significativa da devoção mariana. Mas deveríamos também aprofundar nossa apreciação do Escapulário dentro do contexto da valiosa reflexão teológica moderna dando-nos o significado da consagração.
No século XX a noção de consagração dos indivíduos e do mundo à Maria aparece em primeiro plano. A exigência feita por Maria em Fátima, de que o mundo fosse consagrado ao seu Imaculado Coração, não é a razão menos importante. Algumas pessoas na Igreja podem ver que os bispos, mesmo os papas, não consideraram este pedido com a seriedade suficiente. No entanto, devemos ser cuidadosos com todas as aparições: mesmo quando são oficialmente sancionadas de acordo com a lei da Igreja, as comunicações que chegam a nós nas aparições devem estar sempre sujeitas ao mais cuidadoso exame teológico. A razão para isto não está em ver os teólogos como juizes das afirmações de Maria, mas as comunicações da Virgem, quase invariavelmente aos pobres, aos simples ou às crianças, podem sofrer a distorção da linguagem humana – tanto em sua compreensão, quanto em sua tradução – e das limitações culturais do tempo e do lugar da aparição.
Respondendo esta crítica aos papas, podemos apontar para uma série de atos papais de consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria desde o tempo de Pio XII. João Paulo II convidou os bispos a se unirem a ele num ato de confiança em Maria, em 25 de março de 1984.
Muitos teólogos concordam que, em seu sentido pleno, a consagração é um importante e sublime ato de culto. Latria ou adoração, é um ato que se deve apenas a Deus. Além disso, a consagração radical é um ato de Deus em nós pela graça e pelos sacramentos. Nossos atos de consagração são apenas uma resposta ao que Deus já faz em nós basicamente desde o batismo. Mas existe também um entendimento de que pode haver uma consagração analógica à Maria, ou seja, uma consagração que não termina nela, mas que é uma consagração a Deus através dela. A consagração a Maria pode se vista como um reconhecimento de todas as implicações de sua maternidade.
Existem escritos teológicos sobre a possível distinção entre a consagração à Maria e a confiança em Maria. Alguns autores sustentam que os termos “consagração” e “confiança” são idênticos. Outros afirmam que existe uma relação entre eles e que o termo consagração deveria ser evitado por causa de sua ambigüidade – um ato, propriamente falando, que pertence a Deus, mas aplicado analogicamente à Maria.   Além disso, podemos notar o forte cristocentrismo no ato de confiança de 1984 feito por João Paulo II.   Talvez seja notável que num congresso convocado em Manila em 1988 para renovar a consagração das Filipinas, a cerimônia tenha sido realizada em duas partes: um ato de consagração a Deus e um ato de confiança em Maria.
Quando falamos de consagração mariana, devemos pensar em primeiro lugar na própria Maria como a pessoa que mais se consagrou a Deus: “Maria é, acima de tudo, o modelo e o protótipo da consagração da qual não apenas a Igreja, mas cada cristão, é convidado a partilhar”.   Como ela é a Mãe que intercede, é natural que nos confiemos a ela. Como ela é um exemplo, ela define nossa resposta a Deus, através do discipulado de seu Filho. Já que é nossa Mãe e uma presença permanente em nossas vidas, estamos certos ao nos comprometermos com o seu zelo.
Estas reflexões teológicas modernas sobre a consagração podem nos ajudar a enriquecer nossa apreciação do Escapulário como um símbolo que expressa nossa confiança em Maria. Elas também podem nos ajudar a descobrirmos a melhor maneira de apresentarmos a devoção ao Escapulário nos dias de hoje.

Conclusão
Podemos ver que a revitalização de nossa herança mariana carmelitana envolve uma interação criativa entre suas riquezas e os desenvolvimentos modernos da mariologia na Igreja. Devemos ser criativos. Não é suficiente acrescentarmos algo da teologia moderna aqui e acolá nos textos clássicos. Nem tudo que vem sendo dito sobre Maria hoje será, necessariamente, incorporado à mariologia carmelitana. Nossa visão de Maria será sempre parcial. Muitas descobertas profundas sobre a Virgem serão desenvolvidas por outros. Mas devemos nos manter em diálogo com a atual orientação do Espírito sobre o mistério da pessoa e do papel de Maria. Ao fazermos isso, aprenderemos gradualmente, como Ordem, o que deveríamos incorporar à nossa tradição. Certamente assumiremos alguns temas que nossos sucessores não receberão – no sentido técnico de possuir e de encontrar plenamente a vida doadora.   Nunca haverá uma abordagem definitiva do carisma mariano carmelitano. Como uma realidade viva, continuamente inflamada e apoiada pelo Espírito, ela crescerá e se desenvolverá, apesar dos tempos de declínio e abandono. É um desafio para cada época aceitar a tradição que for transmitida, desenvolvê-la no coração da Igreja e, por sua vez, enriquecê-la pensando nas gerações futuras.
Temos uma maravilhosa herança mariana. Este dom à Ordem deve ser apropriado pessoalmente além de ser partilhado com as outras pessoas. É necessário sermos, de imediato, tradicionais e criativos, ao vivermos e partilharmos este carisma. O último capítulo lembra que devemos buscar integrar nossa tradição mariana com a consciência mariológica mais ampla da Igreja. Mas isto não pode ser apenas um estudo teórico.
No nível pessoal, devemos conhecer Maria como pessoa, apreciar sua presença em nossas vidas, conhecer seu cuidado para conosco. Sem oração ou reflexão, estas experiências nunca serão doadoras de vida para nós. O modo pelo qual a Ordem é convidada hoje à reflexão e à contemplação está na redescoberta da lectio divina. Este modo de rezar os textos espirituais sobre Maria também é válido para nossos textos clássicos, ao buscarmos responder a eles nas situações de nossas vidas. Também existe uma necessidade de cultivar uma vida devocional adequada à condição e ao temperamento de cada indivíduo. A qualquer hora as pessoas podem não se sentir chamadas a práticas tradicionais particulares. Um valioso exemplo foi dado por Paulo VI quando defendeu exercícios de piedade que se inspiram no Rosário.
Duas recentes apresentações de nossa tradição são bons exemplos destas tentativas de integrar estudos recentes, especialmente bíblicos, com a nossa tradição. Em 1986 uma Comissão Mariana da Ordem divulgou uma Comunicação Provisória.   Ela se concentrou nas imagens tradicionais de Maria usadas na Ordem e mostrou sua importância contemporânea. Ela também aprofundou a noção de consagração e do Escapulário hoje. A segunda contribuição foi a Carta de Fr. John Malley, Prior Geral, para o Ano Mariano em 1988.   Esta carta é uma apresentação bíblica de Maria com fortes evocações de nossa tradição. O novo elemento trazido por ela foi o foco explícito na relevância contemporânea resumida em três pontos:
-conhecer melhor Maria:
-amar mais Maria
-imitar fielmente Maria.
É interessante que estes dois documentos, assim como a carta de Fr. Falco Thuis de 1983 vista no capítulo 6, remetem e mencionam a Miguel de Santo Agostinho. Não seria audácia minha sugerir que estamos sendo convidados a olhar novamente para este personagem negligenciado de nossa tradição. Certamente, ele seria um valioso antídoto, além de um questionamento, para esta erupção de aparições, onde apenas algumas delas parecem ser genuínas. Nossos místicos carmelitanos sempre sustentaram uma visão unificada, Maria e Jesus, sem qualquer confusão, sem uma ênfase infundada apenas sobre Maria. Ela sempre guia Jesus que, por sua vez, encontra-se com ela.
Uma renovação será sempre um diálogo entre nossa herança passada e nosso mundo contemporâneo. Existe a necessidade de um estudo mais amplo de nossos autores carmelitanos. Apesar de podermos apenas acolher as publicações recentes dos textos marianos em várias línguas, muito ainda precisa ser feito. Outros textos devem ser estudados e traduzidos, e membros da Ordem, especialmente aqueles envolvidos na formação, precisam estudar as publicações existentes e futuras.
Temos de ser criativos quando buscamos maneiras de construirmos elos psicológicos e espirituais com a Virgem. Talvez seja cedo para fazer um julgamento justo ou firme, mas pode ser que no período depois do Vaticano II tenha havido uma poda excessiva das práticas e das devoções marianas. Nossa herança mariana precisa ser expressa na teologia, nos símbolos, na arte, na poesia, na devoção, nas práticas apropriadas, adequadas aos membros da Ordem, e na atividade pastoral. Apenas o escrito teológico não garantirá o dinamismo de uma vida mariana.
No nível comunitário, existe a necessidade de algumas expressões de nossa vida mariana. Celebrações litúrgicas em honra da Mãe do Carmelo são obviamente as mais importantes. Mas também existem outras possibilidades tais como os grupos de oração, especialmente para a lectio divina. O que devemos buscar é um desenvolvimento da consciência mariana de toda a comunidade, de modo que uma parte essencial de sua identidade e de seu trabalho deixem transparecer sua atitude e seu colorido mariano. Na prática, também seria bom escolher uma oração ou ação que resumirá e enfocará cada impulso mariano na comunidade.
Nas atividades pastorais certamente existem muitas possibilidades: celebração de festas, pregação, palestras, catecumenato de adultos, grupos de oração, círculos bíblicos, lectio divina, meios de comunicação e escritos, tanto populares quanto científicos. Nestes níveis de missão individual, comunitária e de nossa missão apostólica o que é importante não é quantidade, mas a qualidade de nossas expressões marianas.
No entanto, numa Ordem pluriforme, onde mesmo numa área geográfica pode existir uma necessidade de diferentes abordagens, podemos aprender continuamente com o que está acontecendo com a Ordem nos diferentes lugares. Novamente, num tempo de renovação, nem tudo que deveria ou poderia ser tentado terá sucesso. Existe a necessidade não apenas da criatividade, mas também da paciência e do maduro discernimento. Também existe a necessidade de rezarmos para o Espírito Santo, para que possamos ser instruídos como adotar e servir o dom mariano que recebemos. Tudo o que nos foi confiado como uma herança, deve ser guardado e animado, para entregarmos à Igreja.
Em toda esta tentativa de conhecer e amar a Bem-aventurada Mãe e torná-la mais conhecida e amada, podemos ter certeza de sua presença gentil e constante. Ela é aquela que sempre esteve com a Ordem em todas as suas vicissitudes. Seu dom ao Carmelo foi ser sua “Mãe e Ornamento” e uma “Presença Amorosa”.

Lectio Divina

            Para a lectio divina hoje vamos assumir aquele que é provavelmente o texto central da mariologia moderna: Lc 1,26-38 descrevendo a Anunciação. Vamos orar a Anunciação. Junto com ele poderíamos usar o texto que os carmelitas usam freqüentemente na liturgia: JO 19,25-27. Unidos eles podem abrir nossos corações para nossas tradições mais profundas e para o que o Espírito está dizendo às Igrejas.

16 DE JULHO-2014: Nossa Senhora do Carmo.

DEVOÇÃO A NOSSA SENHORA DO CARMO NO BRASIL

Dom Frei Wilmar Santin, O.Carm.

ORAÇÕES A NOSSA SENHORA DO CARMO

ORAÇÃO - I
            Senhora do Carmo, desde o início fostes protetora do carmelitas oferecendo a eles o Santo Escapulário como sinal de vossa amável proteção, por isso sois reconhecida como Rainha, Mãe e Irmã. Diante de vós, Senhora do Carmo, me apresento buscando a vossa proteção e fazendo o meu pedido: ....
            Nossa Senhora do Carmo, não me desampareis neste momento em que recorro à vossa amável proteção. Com confiança eu vos peço, intercedei por mim e ajudai-me a ser merecedor da graça que desejo alcançar de vosso Filho. Amém.

ORAÇÃO - II
            Santíssima Virgem Maria, esplendor e glória do Carmelo, olhais com especial ternura os que se revestem do vosso santo escapulário. Cobri-me com o manto de vossa maternal proteção.
            Fortalecei minha fraqueza com o vosso poder, iluminai a escuridão do meu espírito com a vossa sabedoria. Aumentai em mim a fé, a esperança e a caridade. Assisti-me na vida, consolai-me na morte com a vossa presença e apresentai-me à Santíssima Trindade, como vosso filho dedicado para que eu possa louvar-vos em toda a eternidade. Amém.

ORAÇÃO - III
            Senhora do Carmo, Mãe admirável, olha clemente para estes teus filhos prostrados na tua presença.
            Humildemente te pedimos que nos aceites no número de teus filhos. Infunde em nosso coração o amor ao bem, veste nossa alma com o escapulário da graça divina. Que nós seguindo o caminho que conduz à perfeição, possamos, sob a tua proteção e na presença de teu Filho, alcançar a felicidade eterna. Amém.

ORAÇÃO - IV
            Mãe de Deus e advogada nossa, aceita o dom que nós te fazemos de nós mesmos. Em tuas mãos depositamos nossa capacidade de crer e de amar, de servir e de esperar. Confiamos a ti tudo o que somos, temos ou fazemos, nossa mente e nosso corpo, nossa saúde ou doença, nossa alegria ou dor. Faz-nos crescer, ó Senhora do Carmo, cada dia de novo, na fé, na esperança e na caridade. Acende em nossos corações o fogo do teu grande amor, afim de que nossa vida toda se torne um canto de louvor a Deus. e por onde nos conduzir a estrada da vida, saibamos acolher cada irmão com um sorriso, um gesto, um abraço, fazendo-o sentir a alegria de viver e servir. Orienta-nos, ó Mãe, no dia e na noite, na vida e na morte para a comunhão de todos em teu filho Jesus. Assim seja.

CONSAGRAÇÃO A NOSSA SENHORA DO CARMO
            Ó Maria, Rainha e Mãe do Carmelo, venho hoje consagrar-me inteiramente a vós. Tudo o que sou e tudo o que tenho, entrego em vossas mãos.
            Vós olhais com especial bondade os que estão revestidos do vosso escapulário. Suplico-vos que fortaleçais com o vosso poder a minha fraqueza. Iluminai a escuridão da minha mente com a vossa sabedoria para que eu possa render-vos todos os dias a minha homenagem.
            Que o santo escapulário atraia sobre mim o vosso olhar misericordioso. Traga-me a vossa especial proteção nas lutas diárias para que eu possa ser fiel a vós e ao vosso Divino Filho. Possa o santo escapulário afastar-me de tudo o que é pecaminoso e me lembre sempre o dever de imitar-vos e revestir-me com vossas virtudes.
            Desde já me esforçarei para viver em vossa presença, de oferecer tudo a Jesus por vossa mãos e fazer da minha vida um espelho de vossa humildade, paciência, mansidão e empenho.
            Mãe querida, apoiai-me com o vosso constante amor para que eu, vosso filho mais pecador, possa um dia trocar o vosso escapulário pela veste celestial e viver convosco e os santos do Carmelo, no reino do vosso Filho. Amém.

ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DO MONTE CARMELO PELAS ALMAS DO PURGATÓRIO
            Ó Virgem Santíssima e Imaculada, Ornamento e Esplendor do Carmelo, nós Vos suplicamos que Vos apiedeis e compadeçais das pobres almas que se encontram detidas no Purgatório, especialmente da alma de ................................... Prometestes a Vossa especial proteção aos que morrerem revestidos do Santo Escapulário do Carmo, e prometestes conduzi-los quanto antes à Vossa mansão celeste.
            Ouvi benigna as preces que Vos dirigimos por essas almas e fazei com que logo tornem dignas das promessas do Vosso Divino Filho. Mostrai-Vos Mãe para com elas e conduzi-as para junto de Vós e com todos os Santos do Carmelo habitem pelos séculos dos séculos. Assim seja.
(Indulgência de 300 dias cada vez, Plenária uma vez por mês)

LEMBRAI-VOS OU ORAÇÃO A N. SENHORA DO CARMO
            Lembrai-vos, ó Maria, Mãe de Deus e Senhora do Carmo, que prometestes não deixar morrer em pecado os que no último instante da vida se acharem revestidos do Escapulário do Carmo, livrando-os assim do fogo eterno do Inferno.
            Lembrai-vos ainda, ó Mãe de Misericórdia, que aos devotos do Vosso Escapulário, que na vida Vos honrarem com a oração, a penitência e a castidade, prometestes abreviar-lhes a pena do Purgatório, levando-os quanto antes para o Céu, especialmente no dia de sábado que Vos é consagrado.
            Cheio de filial confiança, quero trazer sempre sobre o meu coração o Vosso santo Escapulário, como sinal de que Vosso quero ser na vida, na morte e na eternidade. Assim seja. (copiado de um santinho avulso)

ORAÇÃO À VIRGEM DO CARMO
(Para ser rezada pelos associados da CONFRARIA DE NOSSA SENHORA, A VIRGEM DO CARMO)

            Virgem do Carmo, Maria Santíssima! Revestido do vosso santo Escapulário, suplico-Vos que ele seja para mim um sinal de vossa maternal proteção em todos os perigos e necessidades e o consolo nas minhas aflições. Fazei, ó Mãe querida, que levando com devoção vosso santo Escapulário mereça a suprema felicidade de morrer piedosamente com ele e salvar-me. Amém (3 Ave-Maria)

JACULATÓRIA

            Concedei-me vossas graças Virgem do Carmo, Maria, pois o Santo Escapulário levo, com fé, noite e dia. (copiado de um santinho avulso)

CARMO DE MINAS-2014: Monsenhor Cruz.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

CARMELITAS: Dedicação ou padroado mariano.

Frei Emanuel Boaga, 0.Carm,

O relacionamento mariano dos Carmelitas com Nossa Senhora, através do Padroado, está sustentado por elementos primordiais, próprios da mentalidade medieval do feudalismo e, mais particularmente, por influência das Cruzadas, que os guiava em sua busca de vida eremítica no Monte Carmelo. Este dinamismo os conduziu à escolha do ‘Padroado’, através da dedicação a Nossa Senhora da igrejinha construída em sua honra no Monte Carmelo. De fato, tal dedicação indica claramente a escolha feita pelos Carmelitas, de Maria a Mãe de Deus, como sua Patrona, tornando-se tal opção, uma orientação espiritual no sentido de serviço ou, melhor, de ‘obsequium’, levando-os a se colocarem inteiramente á disposição da Senhora e a se consagrarem para viver em ‘obsequium’, não só de Jesus, mas também de Maria.
Recentes estudos nos indicam, nas origens, a presença dos seguintes elementos que caracterizam a devoção mariana dos Carmelitas:
O forte cristocentrismo que informa toda a vida e devoção mariana dos primeiros Carmelitas;
A consciência do papel de Maria, a Mãe do Senhor (a Domina Loci) no Mistério de Cristo e da Igreja, e a reflexão sobre as ligações entre os mesmos eremitas e o Monte Carmelo, alimentadas por referências bíblicas e tradições locais;
A inspiração para a própria vida espiritual, buscada na referência à virgindade de Maria, em seu ser cheio de beleza, a indicar a ‘via pulcretudine’
A escolha de Maria, a Virgem e Mãe de Deus, a Senhora do lugar, como Patrona, através da dedicação a ela da primeira igreja no Monte Carmelo, com as conseqüências que tal opção comportava: o serviço ou vassalagem espiritual; a correspondente proteção-mediação, nas dimensões ascendente e descendente, conforme o Padroado medieval.
Com este húmus inicial foi desenvolvido, a seguir, através de um processo de idealização das origens marianas, uma relação carregada de atenção, de afeto, de ternura e de grande familiaridade com Maria. Os conceitos iniciais do Padroado vêm retomados e recebem explicitações várias, com acentuação de conteúdos específicos, formando-se assim um rico patrimônio de espiritualidade mariana.
Entre os vários gestos marianos do século XIII que exprimem este processo de idealização, encontra-se bem ao centro a atenção sobre dois aspectos: o uso do nome de Maria incluído na fórmula da profissão religiosa e a escolha do título mariano para a Ordem. A inserção do nome de Maria na fórmula da Profissão é um uso já registrado desde as Constituições de 1281.Entretanto, acredita-se que pode ser de época anterior. A finalidade desta inserção visa exprimir a dedicação a Maria, mas também o desejo de se tornar parte viva da reforma da Igreja. Era um uso comum nas Ordens que assumiam o compromisso direto com esta reforma. Tal costume nos  revela a dinâmica da experiência originária dos Carmelitas no contexto da Igreja de seu tempo e nas prospectivas seguintes.
Da mesma dedicação da igreja carmelitana a Maria, nasce, por acepção popular (1250) ou por motivação dos próprios Carmelitas, o título mariano da Ordem: Irmãos (quer dizer, religiosos) da Bem-aventurada Virgem Maria ou ‘fratres virgulati’. Este titulo está documentado pela primeira vez no ano 1252, na forma de ‘Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria Mãe de Deus do Monte Carmelo’. por concessão do Papa Inocêncio IV. Há referências anteriores em uma carta do mesmo Pontífice datada entre os anos de 1246 e 1247, enviada ao Bispo de Londres. No documento da fundação de Trapani (1250) já são chamados de ‘Fratres Sanctae Mariae de Monte Carmelo’.
A questão que ainda não foi completamente esclarecida diz respeito à origem deste título. Conforme uma tradição, surgida pela primeira vez em 1337, tal título nasce do uso feito pelo povo de assim chamar os Carmelitas que viviam no Wadi ain es-Siah para distingui-los dos eremitas do mosteiro grego vizinho que se denominava de Santa Margarida. É uma suposição que pode ser provável, não porém segura. É que realmente, o título mariano deve ter sido escolhido pelos mesmos eremitas e por motivos provenientes da espiritualidade de sua própria vida. Esta afirmação faz pensar em alguns testemunhos implícitos e freqüentes encontrados nos escritos do século XIV, ainda que o confronto das datas com o título oficial concedido pela bula em 1252, coincida com aquele do uso popular acima referido.
Este título mariano foi contestado por algumas outras Ordens. Os Carmelitas se defenderam. Originou-se então outra longa e trabalhosa controvérsia, que teve seu ponto culminante no ano 1374 quando o Carmelita João Horneby defende, com sucesso, tal titulo mariano contra o Dominicano João Stokes na Universidade de Cambridge (Inglaterra), saindo vitorioso da mesma e recebendo da Universidade uma declaração que confirmava o título da Ordem. Em 1379 o Papa Urbano VI deu a palavra definitiva sobre a questão, concedendo uma indulgência àqueles que chamassem os Carmelitas com o seu titulo mariano.
Foi uma polêmica muito útil que teve seu mérito: levou os Carmelitas ao aprofundamento das relações com Maria, considerada a própria Patrona. Disto temos profundas lembranças nos escritos da época e referências explícitas nos documentos legislativos e litúrgicos. A especificação mariana de Virgo Dei Genitrix, no título oficial da Ordem, como aparece nas bulas pontifícias, provêm claramente destas reflexões e da polêmica com aqueles que chamavam os Carmelitas de Irmãos de Santa Maria Egipciaca, a pecadora penitente. Muitas vezes foi retomada a luta contra o título mariano. Algumas formas de oração e alguns textos das Constituições as recordam. Esta questão do título e a importância dada a ele, não constitui um mero jogo de palavras, mas, para a mentalidade medieval, era questão essencial pois, vinculada à própria identidade. O nome era uma expressão desta, comunicando algo essencial ao ser. 
Há ainda um outro elemento que faz parte do conceito medieval de pertença à Virgem: a fundação da Ordem em sua honra. O primeiro a expressar tal convicção foi o prior geral Pedro de Millaud, em carta de 1282 ao rei da Inglaterra Eduardo I. A mesma opinião, alguns anos mais tarde, está exarada nas atas do Capítulo Geral de Montpellier. Daí para a frente, os autores da Ordem, em várias ocasiões, e talvez em resposta a polêmicas com outros religiosos, afirmam que o serviço a Maria é parte integrante da vida carmelitana. Para alguns destes autores foi fácil também afirmar a convicção de que o ‘Carmelo é todo de Maria’ bem como atribuir à mesma Virgem Maria a fundação da Ordem.
Ao lado de todas estas referências marianas podem ainda ser recordados alguns fatos: a dedicação a Nossa Senhora das Igrejas da Ordem, erigidas no curso dos séculos XIII-XIV; a intenção ou finalidade mariana presentes nas diversas fundações, como ocorreu, por exemplo, em Milão e em Tolossa; as prescrições litúrgicas em uso entre os séculos XIII-XIV. Faz parte deste conjunto de pensamentos a compreensão simbólica que os Carmelitas tinham do próprio hábito, como sinal exterior de uma realidade mariana viva (cfr. quadro sobre sentido da capa).  São características e sinais vitais do próprio caráter mariano para o homem medieval.

Familiaridade de vida

O sucessivo desenvolvimento da característica mariana conduz as primeiras gerações carmelitanas a verem também na Virgem Maria a forma ideal da encarnação de seu ‘propositum vitae’. Nasce assim a exemplaridade da virgindade de Maria, não apenas vista como isenção do pecado (condição para o encontro com Deus), mas assumida como disposição radical para a união e escuta da Palavra. O ulterior aprofundamento da natureza da devoção mariana, realizado por alguns autores espirituais, conduz a uma familiaridade de vida com Maria a fim de seguir melhor a Cristo.
O primeiro a dar forma orgânica aos elementos marianos da Ordem foi João Baconthorp no principio do século XIV. A sua doutrina pode ser sintetizada em dois pontos:
Tudo o que o carmelita faz, deve fazê-lo para honra e glória de Maria porque, consoante a vontade divina, esta é a razão da existência de sua Ordem. Maria é de fato a "domina loci" (isto é, a Senhora do lugar, ou seja, do Carmelo).
 a vida do carmelita exige que ele imite Maria na prática de todas as virtudes porque a conformidade é a melhor glorificação, e tender à mesma é manifestação de amor que, por sua vez, aumenta sempre mais o amor.
A ideia da exemplaridade de Maria, expressada forte e amplamente por Baconthorp, é sucessivamente retomada por muitos autores até ser desenvolvida como um viver em conformidade com Maria, especialmente em relação à virgindade. Esta relação é a base para a consideração de Maria como irmã, e, portanto não somente tomada como um modelo a imitar. Ela é doce presença na vida do Carmelita (cf. afirmação do livro Formação dos primeiros monges).
A reflexão mariológica chegou a ponto de afirmar que, não somente o Carmelo é todo de Maria, mas que, a própria Maria pertencia ao Carmelo. Tal idéia vem consignada no título ‘Virgo Carmelitana’ como se Nossa Senhora fosse membro efetivo da Ordem. Esta gentil expressão, freqüente não apenas nos Fioretti do Monte Carmelo de Nicolau Calciuri (+1466) e nos escritos de Arnoldo Bostio (+ 1499), está também presente na iconografia. Nas rubricas litúrgicas passou a substituir-se o termo santa pela palavra Virgem, referindo-se a Nossa Senhora.
Junto ao tema da virgindade de Maria, deu-se também ênfase à sua pureza. Os Carmelitas consideravam a Imaculada, a ‘tota pulchra’, a ‘Virgo Virginum’ como exemplo para sua disponibilidade a Deus e vida de união com Ele. O culto à Virgem Puríssima é forte ajuda à dimensão contemplativa. É uma continuação do precedente à Virgem da Anunciação, já difundido no século XIII. A pureza de Maria atrai Deus a seu coração, na Anunciação. Os Carmelitas, se não a podem imitar neste privilégio singular, podem porém imitá-la em sua união com Deus por meio da oração e na fé para escuta da Palavra do Senhor. Maria, modelo de perfeição no caminho espiritual,  é assim tomada por S. Teresa de Jesus e S. João da Cruz. Já Santa Maria Madalena de Pazzi (+1607) utiliza a palavra ‘puridade’ [total pureza do ser] para indicar com ela a ‘fonte da santidade de cada ser’. Explica da seguinte forma esta idéia: na pureza da Virgem Maria brilha a beleza que Deus concedeu a ela. Nesta pureza o ser humano encontra uma mensagem: ela é reflexo da disponibilidade a Deus, da conformidade com sua vontade; é testemunho, fecundidade  e profecia.
No final do século XV Arnold Bostio elaborou uma primeira síntese da devoção mariana da Ordem. Retomou os elementos da tradição precedente (infelizmente dando-lhes conotação  histórica, o que hoje não resiste à crítica), acrescentando contudo elementos de ordem espiritual.  Lembra que, além da oração e da imitação para uma autêntica vida mariana, faz-se necessário o contato permanente com a ‘Mãe terníssima’. Por isso, o amor da Mãe deve ser sempre e em toda parte a inspiração de todas as ações do Carmelita que, consagrado deste modo, existencialmente, a Maria, oferece-se inteiramente a Deus.
As ideias de Bostio foram reproduzidas e se difundiram, graças a outros autores. Dentre eles encontramos no séc. XVII Frei Marcos da Natividade (+1696), que inseriu, na sua célebre obra dos Diretórios para Noviços, a doutrina de Bostio, explanando melhor a pertença do Carmelita e de todos os seus interesses à Virgem Maria e como oferecê-los, por suas mãos, a Deus.
O ápice de todo o desenvolvimento mariano da Ordem, no passado, é constituído pelos ensinamentos de Frei Miguel de S. Agostinho e da sua discípula Maria Petyt, que viveram no século XVII. De modo especial, no seu célebre tratado sobre a ‘Vida Marieforme’, Miguel de S. Agostinho explica o seu pensamento focalizando-o em três centros de interesse:
- O progresso de uma clara e breve doutrina ascético-mística, apoiada em bases teológicas (maternidade divina e espiritual, mediação, realeza), para conduzir à conformidade de vida com Maria mediante uma constante recordação sua (como a prática da presença de Deus), e um esforço sincero para reproduzir suas virtudes.
- A contribuição nova (embora já proposta por algum autor precedente) sobre a participação na vida afetiva de Cristo para com Maria. Isto é apresentado explicando o texto GaI 4, 6. Traduzindo na prática: o amor a Nossa Senhora não é apenas uma imitação do amor de Jesus a ela, mas também a sua continuação através da nossa participação na vida afetiva de Jesus para com Maria (cfr. Tratado, cc. 13,14,15).
- A descrição da união mística com Maria e com Deus, tendo presente os exemplos admiráveis de Maria Petyt, a sua discípula. Esta união mística é também lembrada por outros autores Carmelitanos, como a venerável Serafina de Deus (+1699), Maria de S. Pedro (+1848), Teresinha do Menino Jesus, e, antes de P. Miguel de S. Agostinho, Balduino Leersius (+1483), Teresa de Jesus, e Madalena de Pazzi.
O         caráter mariano, no decurso dos séculos, é explicitado concretamente em elementos litúrgicos e devocionais: oficio em honra de Nossa Senhora, antífonas marianas, festas marianas, orações, devoções particulares, etc, e, finalmente, com o escapulário, que assume também o papel de mediação popular da consagração a Maria e da sua proteção. Esta mediação popular (conforme uma primeira análise das pregações e dos estatutos de confrarias, etc.) consubstancia-se em três fortes realidades: a oração mariana, a prática sacramental e o exercício das obras de misericórdia.
Em época recente a imitação das virtudes de Maria tem sido assumida como a melhor forma de devoção mariana (cf. Teresa do Menino Jesus). Busca-se para esta devoção um fundamento bíblico (cf. Elisabeth da Trindade); olha-se para Maria como aquela que indica o caminho para a santidade (cf. Edit Stein) e é feito a cada Carmelita o convite para ser como Maria ‘Theotócos’, ou seja, estar com ela em gestação, para levar Cristo ao mundo (Tito Brandsma).

Os vários desenvolvimentos desta intensa reflexão mariana são reforçados pelos apelativos com que é denominada Nossa Senhora: Patrona, Senhora do lugar, Virgem Puríssima, Irmã, Mãe (OCD: mais Rainha) e Honra do Carmelo, Flor do Carmelo, Nossa Senhora do Escapulário e tantos outros carinhosos títulos e canções que lhe são dedicados, ao longo do caminho carmelitano.

sábado, 12 de julho de 2014

Sodalício de Nossa Senhora do Carmo de Mogi Mirim-SP

Histórico:
Origem do Sodalício
            A devoção a Nossa Senhora do Carmo em Mogi Mirim remonta aos anos de 1844, aproximadamente. Foi quando um grupo de devotos guiados pelo Padre Roque de Souza Freire solicitaram da Câmara Municipal um terreno para aí se construir a Igreja do Carmo e instalar a sua Associação.
            No ano de 1923, tempo de Paroquiato do saudoso Cônego Oscar Sampaio, a Ordem do Carmo foi agregada à Ordem Carmelitana para gozar dos bens espirituais e se organizar de acordo com as leis eclesiais e assim continua florescente até os dias de hoje. A 22 de julho de 1923, consta o nome do Revmo. Pároco Cônego Oscar S. Peixoto como o primeiro Irmão a receber o Santo Escapulário.
            Mais tarde, a 16 de agosto de 1948, consta o nome de Monsenhor José Nardin.
Características do Sodalício:
A Ordem Terceira do Carmo de Mogi Mirim é que zela piedosamente pela Igreja do Carmo na sua parte a mais importante, a sua vida espiritual e também na sua conservação material, permanecendo como preciosa relíquia do seu passado com mais de cento e sessenta anos, desde a sua fundação.
A Ordem Terceira do Carmo realiza no prolongamento de sua espiritualidade cristã, desde o ano de 1956 também, um trabalho de assistência a 120 crianças, ajudando-as de modo substancial na manutenção do Educandário Nossa Senhora do Carmo, entidade filantrópica fundada por Monsenhor José Nardin, cujo funcionamento está em dependências da Igreja do Carmo.
Nota: Por muitos anos a nossa Ordem Terceira do Carmo teve por graça de Deus e bondade de Nossa Senhora, como assistentes espirituais nossos queridos e saudosos:
- Monsenhor José Nardin  e
   -  Frei Nuno Alves Corrêa


Sem padre não há eucaristia, apaga-se a luz do sacrário. (Ano Vocacional)

Dom Orlando Brandes. Arcebispo de Londrina
Folha de Londrina, 12 de julho de 2014

A Arquidiocese de Londrina está vivendo seu “Ano Vocacional”. O padre é tão necessário para a sociedade como o médico, o prefeito, o professor. Isso porque o ser humano tem uma abertura natural para Deus. A alma humana é imortal e o ser humano é espiritual. O sacerdote é especialista de Deus, o perito nas coisas espirituais, o mestre dos valores humanos, o médico da alma, o representante de Jesus. Todas as religiões têm seus sacerdotes, pastores, religiosos, gurus, diretores espirituais, guias da alma, conselheiros.
Vemos assim que é um ato de justiça e de respeito pela pessoa humana a questão vocacional, pois toda vocação é para a missão. O padre não é padre para si, mas para os outros. Quanto bem o padre faz para a família, as crianças, os jovens, os idosos. Ele é um benfeitor da humanidade.
Por outro lado, Jesus mesmo deixou a sua Igreja nas mãos dos doze Apóstolos que Ele mesmo educou e preparou. O padre é quem leva em frente a encarnação de Jesus. Ele é um “outro Cristo”. É amado, chamado, consagrado e enviado pelo próprio Jesus com a missão de ser o servidor do povo, o promotor da dignidade humana, o portador dos meios de salvação. É homem de Deus para o povo, é o portador da graça.
Precisamos de padres. Isso exige que todos sejamos envolvidos na revitalização vocacional. Sim, vamos rezar pelas vocações, mas precisamos envolver as famílias, os jovens, as crianças, as lideranças, as pastorais, e movimentos, os párocos, o presbitério, os religiosos e religiosas, os diáconos para deslanchar uma revolução vocacional até conseguirmos criar uma “cultura vocacional”. Isso está exigindo de nós um salto vocacional, um entusiasmo e uma mística vocacional até que se organize um marketing vocacional permanente.
Em nossa Igreja Particular esperamos chegar a uma capilaridade vocacional, uma vocacionalização das pastorais, onde todos formaremos um “mutirão vocacional”. Isso tem um preço: atrair a infância missionária, os coroinhas, as crianças da Primeira Eucaristia, os catequizandos, os grupos de jovens, as universidades, as escolas e os profissionais.
Urge tocar nos ombros dos jovens e motivá-los no seguimento de Jesus. É preciso apontar, falar, questionar, atrair, conquistar os vocacionados. Vocação tem tudo a ver com atração. Os pais e os padres são os primeiros promotores vocacionais. Promover vocações é uma urgência para toda a Igreja e uma “prioridade presbiteral inadiável”. Um presbitério alegre e unido é propaganda para vocações sadias, servidoras e santas.
Sem padre não há eucaristia, apaga-se a luz do sacrário, o altar vira uma mesa qualquer. Sem padre não há absolvição dos pecados e o povo de Deus é prejudicado tanto na pastoral como na vida espiritual e existencial. Jesus teve compaixão do povo porque eram ovelhas sem pastor. A Pastoral Vocacional é um gesto de amor pela glória de Deus e de compaixão com o povo. 

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Maria, o que ela representa para você?

Frei Tito Figueiroa, 0. Carm.(Província Carmelitana Pernambucana)

Quando falamos em Maria, pensamos logo na Mãe de Jesus. Sua figura está ligada a diversos títulos e lugares. Maria é conhecida como Penha, de Lourdes, de Fátima, do Socorro, da Boa Morte... Entre tantos títulos, os brasileiros têm especial predileção pelo de “Aparecida”. Outro também muito apreciado é o do “Carmo”. E é este que interessa no momento.
É costume antigo celebrar a Festa de Nossa Senhora do Carmo no dia 16 de julho. Com tal festividade, os devotos querem externar, cada ano, sua fidelidade a Maria, sob este título.
O amor do povo para com Nossa Senhora do Carmo é fruto do trabalho dos carmelitas que, chegados ao Brasil em 1580, levaram a todas as regiões por onde passaram a devoção para com a Mãe de Jesus, simbolizada de modo todo especial pelo Escapulário.
Igrejas, associações, cidades, rios, montanhas, homens e mulheres trazem o nome de Carmo ou Carmelo, sinal eloqüente da influência desta devoção. Neste sentido, merece destaque o fervor com que Recife homenageia a Padroeira Senhora do Carmo. É o que procura demonstrar uma pesquisa feita na capital pernambucana.

UMA PESQUISA SOBRE A DEVOÇÃO
               Dia 16 de Julho de 1985, no Recife. Desde as 5 horas o povo ocorre ao Carmo e enche as dependências da Basílica. A chuvinha fina e o tempo de chumbo cede, pouco a pouco, lugar a um sol radioso. As missas, as filas diante dos confessionários, a procura por escapulários se sucedem, se ampliam, à medida que as horas avançam. Pelas 8 horas, um grupo de universitários e noviços carmelitas, por nós preparados e treinados, ingressa na Basílica repleta e se espalha em pontos estratégicos, munidos de pranchetas, questionários impressos e lápis, para abordar os fiéis – adultos e jovens, homens e mulheres – e entrevista 250 deles, escolhidos dentre a multidão por técnicas aleatórias de abordagem em pesquisa social. Vão indagar a respeito das motivações que fizeram os devotos sair de casa em dia feriado, enfrentar os incômodos de uma igreja entupida de gente, participar de uma missa, confessar-se, conjugar, ou mesmo, permanecer lá dentro até a hora da Missa Solene Concelebrada, às 10 horas. Os entrevistadores ainda se distribuirão por todo o percurso da procissão, à tardinha, com a idêntica finalidade de abordar 300 pessoas presentes ao cortejo sacro.

O SENTIDO
      Vamos comentar as respostas à pergunta: “O que representa Nossa Senhora do Carmo para você?”. Elas totalizam quase 550 opiniões, colhidas de homens e mulheres, adultos e jovens, pobres e classe média, das mais diversas profissões, gente da Região Metropolitana do Recife – a maioria – mas também do interior de Pernambuco e Estados vizinhos, presentes na igreja ou na procissão. Tal quantidade revela uma boa amostra de como o povo do Recife a adjacências encara sua Padroeira, o valor que vêem nela, o sentido que tem, para eles, esta devoção.
No grupo da Basílica, 56 pessoas responderam: “Ela é a Mãe de todos os homens”; 47 disseram: “Ela é muita coisa para mim; tudo”; 32 acham-na uma “Santa Milagrosa”; 26 vêem nela apenas a “Padroeira do Recife”; 23 (sobretudo os homens) consideram-na principalmente como a “Mãe de Cristo”; e 19 (sobretudo mulheres) vêem nela uma especial “Protetora”. Há também outras escolhas em menor número, como a popular “Uma Santa”; há os que vêem na senhora um “Símbolo de Fé, Paz, Esperança, Pureza, Felicidade”; outros consideram sobretudo seu poder de intercessão junto a Deus, vendo nela a “Intercessora”. Igualmente, houve o caso de meia dúzia de pessoas que não reconheciam nenhum atributo especial na Senhora do Carmo: “É uma Santa às outras”!
No grupo da procissão, temos esta seqüência de escolhas: “Ela é tudo para mim” vem em primeiro lugar, com 60; “Mãe Nossa” vem em segundo, com 42; “Santa Milagrosa, Poderosa” e “Símbolo de Fé, Paz, União, Amor”, com 40; 35 pessoas a vêem sobretudo como “Proteção”, “Apoio”, enquanto 20 nela enxergam a “Padroeira do Recife”; 19, a “Mãe de Cristo”; e 15 a têm antes de tudo como sua “Esperança”. Notamos quase as mesmas expressões entre os dois grupos de entrevistas, dando-se notável coincidência na linguagem com que o povo transmite seus símbolos religiosos.

O SINCRETISMO RELIGIOSO
A gente constatou, igualmente, como a maioria utilizou as palavras correntes do uso religioso católico, erudito ou popular. Inclusive a expressão saborosa “Minha Madrinha” saiu uma vez. No entanto, uma parcela dos respondentes na Basílica e na procissão criaram maneiras próprias de dizer o que a Senhora representa para eles, não copiadas das expressões oficializadas ou convencionadas: “Patrimônio espiritual profundo”, “Criatura que nos protege”, “Tudo depois de Cristo”, “Criatura apoio”, “Imagem de fé, amor, carinho”, “A mulher mais compreensiva (dita por um homem...), “Figura que participa dos problemas do povo”, “Perpetua as promessas de salvação”, “Coisa importante”, “Esperança em dias melhores”, “Santa das Santas”, “Santa elegante” (expressão certamente influenciada pelos cultos afro-brasileiros do Recife), “Coisa boa”, “Sentido da vida depois de Deus”, “Símbolo da Paz”, “Alegria, apoio”, “Meu segundo Jesus”, “Verdade bíblica”, “O bom que existe em cada um”, “Tudo que não tive”, “Luz”, “Um braço forte”, “Veículo de aproximação para Deus”, “Exemplo de vida e fé”, “Importância indefinida” (queria dizer, talvez, “indefinível”), “Primeira entre as mulheres”, “Esperança do pobre num mundo melhor”.
Muitas frases primorosas encontramos aí, algumas de forte e profundo conteúdo teológico. Não negamos a presença, também, de respostas que denotam a mentalidade sincrética religiosa de boa parte do nosso povo e até o processo de deificação dos santos católicos, como nas expressões: “Ela é um Deus para mim” e “Um segundo Deus para mim”. O brilho, porém, de respostas tais como “Figura que participa dos problemas do povo”, “Esperança do pobre num mundo melhor”, “Perpetua as promessas de salvação” e outras, nos põe em contato com outra realidade: o novo que está surgindo sob a forma de uma compreensão renovada da vivência da fé cristã e dos símbolos religiosos católicos, numa parcela do povo de Deus, fruto provável de uma pregação mais comprometida da fé e do testemunho cristãos, e já em vias de assimilação por parte deste povo.

A REPRESENTAÇÃO DE MÃE
A nosso ver, podemos classificar o conjunto das quase 550 respostas em quatro categorias principais. Assim, pela ordem das freqüências, temos em primeiro lugar as representações da Senhora do Carmo como a MÃE do Cristo e nossa, Protetora, Apoio, que faz milagres, usa o seu Poder e intercede em favor dos filhos, é considerada tudo para eles. São todas expressões ligadas à Proteção. Poderíamos dizer que os entrevistados buscaram em Nossa Senhora do Carmo sobretudo Proteção, Carinho de Mãe. Não devemos, contudo, nos entusiasmar com o termo “Tudo para mim”: pode tratar-se, muitas vezes, de algo dito sob o calor das manifestações festivas da devoção, ou para “se livrar” logo de um pesquisador importuno!
Em segundo lugar, temos as representações da Senhora do Carmo como símbolo de valores religiosos universais: fé, amor, esperança, paz e outros. São universais, porque, porque todas as religiões os perseguem, os buscam.
Vem, em terceiro, o reconhecimento popular do padroado de Nossa Senhora do Carmo sobre a cidade do Recife. E, por último, isso que chamávamos de “o novo” que vem surgindo nas representações da Senhora do Carmo nas cabeças de parcela dos devotos: as expressões que traem um compreensão nova dos símbolos religiosos católicos, ligados aos enfoques da Teologia da Libertação sobre as Verdades da Fé Cristã.

AS CARÊNCIAS DO POVO
A procura de proteção brota de uma situação de carência reconhecida pelo fiel. Esta carência deveria ser preenchida através do processo de maturação humana, no qual a pessoa pode vir a cuidar de si como o pai-e-mãe de si própria. Neste caso, a figura da mãe não cria mais relação de dependência como na infância; porém, eu desenvolvo um relacionamento afetivo o qual me deixa, no entanto, autônomo, senhor de mim mesmo, frente a ela. No nosso povo devoto, as carências podem não ser apenas afetivas – e não o são, de fato – mas, econômicas, de saúde, por solidão, de justiça e outras, que a entrevista detectou numa pergunta especial sobre isto. Por isso, a busca da proteção da Mãe do Céu fez-se premente em vista desta gama de situações que a maioria não consegue resolver por si nem em conjunto, pois lhes falta o sentido de organização comunitária para reivindicar, exigir seus direitos.

Para a parcela da quarta categoria, Maria, sem deixar de ser Mãe, é no entanto esta força dinâmica que puxa a organização do povo para a frente, dá-lhe esperança na luta. E, envolvida com os valores religiosos universais, a Senhora do Carmo entra a fazer parte, simbolicamente, desta enorme corrente ecumênica que aspira por uma Humanidade melhor, por uma Vida em plenitude, que valha mais à pena se vivida.

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO. Nº 634. Os Carmelitas em Limeira.

14º Domingo do Tempo Comum. Ano- A: Homilia do Frei Petrônio.

sábado, 5 de julho de 2014

14º Domingo do Tempo Comum: Três chamadas de Jesus

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 11, 25-30 que corresponde a 14º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. Fonte: http://www.periodistadigital.com/religion/

Eis o texto
O Evangelho de Mateus recolheu três chamadas de Jesus que têm de escutar com atenção seus seguidores, pois elas podem transformar o ambiente de desalento, cansaço e tédio que às vezes respiramos em alguns setores das nossas comunidades.
1-“Venham a mim todos vocês que estão cansados de carregar o peso do seu fardo, e eu lhes darei descanso.”
Esta é a primeira chamada. Está dirigida a todos os que vivem sua religião como uma carga pesada. Não são poucos os cristãos que vivem agoniados pelo peso de sua consciência. Não são grandes pecadores.
Simplesmente eles foram educados para ter sempre em conta seu pecado, e não conhecem a alegria do perdão permanente de Deus. Se eles se encontram com Jesus, se sentirão aliviados.
Há também cristãos cansados de viver sua religião como uma tradição gasta. Se eles se encontram com Jesus, aprenderão a viver à vontade com Deus. Descobrirão uma alegria interior que hoje não conhecem. Seguirão Jesus, não por obrigação, senão por atração.
2-“Carreguem a minha carga porque a minha carga é suave e o meu fardo é leve.”
É a segunda chamada. Jesus não agonia ninguém. Pelo contrário, libera o melhor que há em nós, pois ele nos propõe viver uma vida mais humana, digna e sã. Não é fácil encontrar um modo mais apaixonante de viver.
Jesus nos liberta dos medos e pressões, não os coloca em cada um: ele não faz crescer nossas servidões, mas nossa liberdade; acorda em nós a confiança e nunca a tristeza; nos leva ao amor e não às leis e preceitos. Convida-nos a viver fazendo o bem.
3-“Aprendam de mim, porque sou manso e humilde de coração e vocês encontrarão descanso para suas vidas.”
Esta é a terceira chamada. Devemos aprender de Jesus e viver como ele. Jesus não complica nossa vida. Ele a deixa mais clara e simples, mais humilde e mais sã. Oferece descanso. Para seus seguidores ele propõe aquilo que ele mesmo tem vivido. Convida a segui-lo pelo mesmo caminho percorrido por ele. Por isso é possível compreender nossas dificuldades e nossos esforços, pode perdoar nossos tropeços e erros, animando-nos sempre a levantar-nos. 
Devemos centrar nossos esforços em promover um contato mais vital com Jesus em tantas pessoas necessitadas de alento, descanso e paz. Às vezes fico triste quando vejo que é justamente seu modo de entender e viver a religião o que leva quase inevitavelmente muitas pessoas a não conhecer a experiência de confiar em Jesus. Penso assim em tantas pessoas que, dentro e fora da Igreja, vivem “perdidas”.

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

terça-feira, 1 de julho de 2014

O cansaço do superpapa: 12 mil encontros pessoais e nenhum dia de férias

Ele acorda às 4h45 e só tem meia hora de sesta. É por isso que, de vez em quando, ele colapsa e cancela compromissos. A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada no jornal La Stampa, 30-06-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Aos padres que o convidavam a tirar umas férias, o cardeal Alfredo Ildefonso Schuster, de Milão, respondia, sorrindo, que, para repousar, haveria tempo de sobra no além.
Francisco, o papa jesuíta com uma agenda que cansaria qualquer pessoa de 40 anos, parece se inspirar no mesmo modelo, mesmo que os seus 77 anos o obriguem a cancelar alguns compromissos, como aconteceu na sexta-feira passada para a visita ao Hospital Gemelli.
"É ele quem decide a sua agenda", explica o padre Federico Lombardi, "e ele tem um ritmo de vida muito intenso, porque se sente chamado ao serviço do Senhor com todas as suas forças. Nem mesmo quando era arcebispo de Buenos Aires ele tirava férias."
Mesmo no dia da semana tradicionalmente dedicado ao repouso dos papas, a terça-feira, durante o qual os seus antecessores não tinham audiências nem compromissos particulares, Bergoglio não diminui a velocidade. Em vez de usar essa manhã livre para descansar, ele a utiliza para os encontros que ficaram pendentes.
"Francisco segue o estilo de vida ativo de Santo Inácio, que, nas constituições da ordem, definia os jesuítas  como 'operários na vinha do Senhor', por isso – observa ainda Lombardi – ele se dedica com total dedicação à sua missão, mesmo para além das próprias forças."
Nos últimos 100 anos, as agendas dos papas viram a multiplicação dos compromissos, dos eventos públicos e dos discursos a se pronunciar. Um olhar nas estatísticas pode ajudar a entender.
O compromisso mais significativo do pontificado de Francisco, a missa cotidiana com homilia celebrada de manhã em Santa Marta, na presença de cerca de 60 fiéis, é uma novidade absoluta. Mesmo os antecessores rezavam missa todos os dias na capela privada do apartamento pontifício, mas não pregavam e não tinham à sua frente nem a câmera de TV nem os microfones da Rádio Vaticano. Se estivessem indispostos ou febris, se se atrasavam, ninguém ou quase ninguém se daria conta disso.
De março de 2013 até hoje, Francisco celebrou em Santa Marta 229 missas, como mesmo número de homilias proferidas de improviso, e se entreteve saudando pessoalmente cada um dos fiéis presentes: a estimativa – por baixo – é de ao menos 12 mil pessoas cumprimentadas apenas durante esse compromisso matinal.
As grandes celebrações litúrgicas que o papa presidiu em Roma ou nas viagens foram 95. As homilias que ele proferiu nessas ocasiões foram 73.
De março de 2013 até hoje, Francisco escreveu uma encíclica (Lumen fidei) e uma exortação apostólica (Evangelii gaudium), três cartas apostólicas e quatro "motu proprio", 45 cartas oficiais. Pronunciou ou enviou 55 mensagens (dentre elas, várias mensagens de vídeo).
Desde que foi eleito papa, Bergoglio fez 231 discursos, aos quais devem ser acrescentados as intervenções antes do  ngelus, que foram 73. Mesmo que, como se saiba, para a preparação dos textos, o pontífice se vale dos colaboradores, o que é preparado segue as suas indicações e, portanto, o compromete em termos de tempo.
Outra inovação diz respeito às audiências das quartas-feiras. Francisco até hoje teve 54 delas. As estimativas da Prefeitura da Casa Pontifícia falam de mais de seis milhões de participantes, entre  ngelus e audiências gerais. O papa expandiu em muito o tempo dedicado ao encontro com os fiéis presentes na Praça de São Pedro. Ele circula por todas as partes no papamóvel para saudar a todos e para se aproximar também daqueles que estão mais longe.
Esses encontros, por causa da grande participação, sempre foram realizados na praça, mesmo no inverno. As horas passadas ao ar livre somente nessas ocasiões, com qualquer tempo, foram nada menos do que 150. E, às vezes, o papa participou delas mesmo estando indisposto.
É impossível o cálculo das pessoas recebidas individualmente em audiência, assim como o cálculo dos doentes que Bergoglio encontrou. Além disso, expandiu-se notavelmente a carga de correspondência privada. Francisco lê pessoalmente cerca de 50 cartas por dia, entre as 4.000 que lhe chegam todas as semanas, e dá indicações para as respostas. Em alguns casos, ele responde pessoalmente por telefone.
Depois, há as viagens. Duas ao exterior (ao Brasil e à Terra Santa) e quatro na Itália. Finalmente, é preciso mencionar as cinco visitas às paróquias romanas: aqui também Francisco inaugurou um novo estilo, fazendo-as no sábado à tarde e ficando por várias horas à disposição dos fiéis.
Quando está no Vaticano, o papa acorda às 4h45 e se veste sozinho. Em primeiro lugar, lê os "cifrados" provenientes das nunciaturas de todo o mundo. Depois, por mais de uma hora, reza e medita as Escrituras do dia, preparando a homilia de Santa Marta. Em seguida, sempre sozinho, às 7h, desce para celebrar a missa. Depois da celebração e da saudação a cada um dos presentes, toma café da manhã. A seguir, começa a manhã de trabalho com as audiências e os encontros. Às 13h, o almoço, seguido de uma sesta de meia hora. À tarde, depois de um momento de oração, retomam-se os encontros, quando há a abertura da correspondência e os telefonemas. No fim do dia, antes da janta às 20h, geralmente há uma hora de adoração na capela.
"Algumas vezes, não se pode fazer tudo – confidenciou Francisco a um grupo de seminaristas –, porque eu me deixo levar por exigências não prudentes: trabalho demais ou acreditar que, se eu não fizer isso hoje, não o farei amanhã... Assim, cai a adoração, cai a sesta..."
O ideal, acrescentava Bergoglio, "é acabar o dia cansados. Não ter a necessidade de tomar os comprimidos: acabar cansado. Mas com um bom cansaço, não com um cansaço imprudente, porque isso faz mal para a saúde e, em longo prazo, se paga. Isso é o ideal, mas eu nem sempre o faço – admitia – porque eu também sou pecador e nem sempre são tão ordenado."
Assim se define Francisco, não um super-homem, mas um "pecador", que conclui o dia cheio de cansaço, forçado, de vez em quando, a cancelar alguns compromissos.

LIMEIRA/SP: Retiro com Frei Petrônio- 03