Francisco Javier Sancho Fermín OCD
Nasceu Edith Stein no seio de uma família judaica, no dia
12 de outubro de 1891, na cidade prussiana de Breslau. É a mais nova de 11
irmãos, dos quais 4 morreram em idade prematura.
Não tinha ainda completado 2 anos quando o pai
morreu de insolação. A mãe, "mulher forte da Bíblia", como é chamada
por Edith, encarrega-se da família, translada-se para a cidade e leva para a
frente o negócio de madeiras iniciado pelo marido.
Aí Edith vai receber a primeira
formação escolar na Viktoria-Schule. Aos
14 anos abandona os estudos, movida por um certo enjôo intelectual e talvez de
fé. Por esta ocasião deixou toda prática religiosa, certamente influenciada
pelas idéias racionalistas pós-kantianas, que caracterizavam a linha de
pensamento da escola. Passaram-se quase dois anos até se decidir a recomeçar os
estudos para bacharelado em 1908.
Em 1911 entra para a Universidade.
Escolhe História, Filologia Alemã, Filosofia e Psicologia. Esta última é a que
mais atrai a sua atenção, mas por ser ainda uma ciência sem fundamentos
sólidos, ela resolve dedicar-se à filosofia.
Durante estes anos começa a tomar
parte em diversas associações estudantis orientadas para a reforma do sistema
educativo e a promoção dos direitos da mulher, etc.
Em 1913, atraída pela fenomenologia
de Husserl, dirige-se à Universidade de Göttingen. Aí conheceu Scheler, que
infiltra na vida de Edith a abertura para a Igreja Católica. Estoura a 1ª
Guerra Mundial e Edith se oferece como voluntária da Cruz Vermelha para atender
os doentes num hospital de "contagiosos". Terminados estes serviços
humanitários, volta para o seu trabalho intelectual. Conclui a sua tese doutoral
sobre o tema da Empatia (Einfühlung), que apresenta na Universidade de Friburgo
no dia 3 de agosto de 1916, alcançando a nota máxima. Nesta Universidade
permanece até 1918, como assistente de Husserl.
Por ser mulher, fracassa no seu
projeto de subir a uma cátedra. Dá algumas aulas particulares e faz
substituições na Escola "Viktoria", onde tinha sido aluna adiantada.
Parece que nestes anos a crise espiritual de busca toma conta dela. O momento
definitivo da sua conversão chega no verão de 1921, quando, por acaso, estando
na casa de campo dos seus amigos Conrad-Martius, cai nas suas mãos o
"Livro da Vida" de Santa Teresa. AÍ descobre a Verdade. É batizada no
dia 1° de janeiro de 1922 em Berzabém.
A conversão muda a orientação da sua
vida. Primeiro como professora de bacharelado e magistério no Colégio das
Dominicanas de Espira; neste tempo dedica-se ao estudo e tradução de Santo
Tomás. A sua vida é de intensa oração e de serviço aos mais pobres.
A partir de 1928 desdobra-se a sua
atividade no terreno do "feminismo". Chegam convites de numerosas
cidades dos países de língua alemã, para fazer conferências sobre o tema. Em
1930 foi convidada pela "Societé Thomiste" de Paris.
A sua última atividade, antes do
triunfo nazista, foi-lhe oferecida no Instituto de Pedagogia de Munster como
ocupante da nova cátedra de antropologia (1932-1933).
Com a proibição aos judeus de
exercerem cargos públicos abrem-se as portas para ela realizar a sua vocação.
Nada agora podia detê-la de entrar para o Carmelo. Os seus próprios confessores
já não puseram obstáculo. E é assim que, na véspera da Festa de Santa Teresa,
no dia 14 de outubro, se dá o seu ingresso no Carmelo. No dia 16 de abril
recebe o hábito com o nome de Teresa Benta da Cruz. Nome que denuncia a sua
vida espiritual. Teresa, porque em Teresa encontrou a mãe na fé e na vocação. Benta,
porque na espiritualidade de São Bento encontrou o verdadeiro sentir com a
Liturgia da Igreja. Da Cruz, porque lhe foi possível a entrada no Carmelo
debaixo deste sinal, que daí em diante será o sinal da configuração e
consumação da sua vida em Cristo.
No Carmelo prossegue na atividade
intelectual, levando ao fim a sua grande obra filosófica: "Ser finito e
Ser eterno".
Contudo, pela situação extrema de
ódio contra os judeus, é levada a transferir-se para o Carmelo de Echt na
Holanda, onde escreveu o sua última obra, "A Ciência da Cruz", em
homenagem ao IV Centenário do nascimento de São João da Cruz; não
conseguiu,porém, terminá-la, já que no dia 2 de agosto de 1942 foi arrancada
pela Gestapo da paz do Carmelo e levada ao campo de Auschwitz/Birkenau, onde,
junto com Rosa, sua irmã, foi martirizada na câmara de gás no dia 9 do mesmo
mês. O exemplo e heroicidade da sua vida foram apresentados à Igreja Universal
no dia 1º de maio de 1987 na cidade de Colônia, onde João Paulo II a proclamou
Bem-Aventurada e Mártir.
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