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sábado, 19 de julho de 2014

16º- Domingo do Tempo Comum - Ano A: Um olhar...

A liturgia do 16º Domingo do Tempo Comum convida-nos a descobrir o Deus paciente e cheio de misericórdia, a quem não interessa a marginalização do pecador, mas a sua integração na comunidade do “Reino”; e convida-nos, sobretudo, a interiorizar essa “lógica” de Deus, deixando que ela marque o olhar que lançamos sobre o mundo e sobre os homens.
A primeira leitura fala-nos de um Deus que, apesar da sua força e omnipotência, é indulgente e misericordioso para com os homens – mesmo quando eles praticam o mal. Agindo dessa forma, Deus convida os seus filhos a serem “humanos”, isto é, a terem um coração tão misericordioso e tão indulgente como o coração de Deus.
O Evangelho garante a presença irreversível no mundo do “Reino de Deus”. Esse “Reino” não é um clube exclusivo de “bons” e de “santos”: nele todos os homens – bons e maus – encontram a possibilidade de crescer, de amadurecer as suas escolhas, de serem tocados pela graça, até ao momento final da opção definitiva.
A segunda leitura sublinha, doutra forma, a bondade e a misericórdia de Deus. Afirma que o Espírito Santo – dom de Deus – vem em auxílio da nossa fragilidade, guiando-nos no caminho para a vida plena.

ATUALIZAÇÃO

A reflexão pode fazer-se a partir dos seguintes dados:
O Evangelho deste domingo garante-nos, antes de mais, que o “Reino” é uma realidade irreversível, que está em processo de crescimento no mundo. É verdade que é difícil perceber essa semente a crescer ou esse fermento a levedar a massa, quando vemos multiplicarem-se as violências, as injustiças, as prepotências, as escravidões… É difícil acreditar que o “Reino” está em processo de construção, quando o materialismo, a futilidade, o comodismo, a procura da facilidade, o efêmero sobressaem, de forma tão marcada, na vida de grande parte dos homens e das mulheres do nosso tempo… A Palavra de Deus convida-nos, contudo, a não perder a confiança e a esperança. Apesar das aparências, o dinamismo do “Reino” está presente, minando positivamente a história e a vida dos homens.
Na verdade, falar do “Reino” não significa falarmos de um “condomínio fechado”, ao qual só tem acesso um grupo privilegiado constituído pelos “bons”, pelos “puros”, pelos perfeitos”, e de onde está ausente o mal, o egoísmo e o pecado… Falar do “Reino” é falar de uma realidade em processo de construção, onde cada homem e cada mulher têm o direito de crescer ao seu ritmo, de fazer as suas escolhas, de acolher ou não o dom de Deus, até à opção final e definitiva. É falarmos de uma realidade onde o amor de Deus, vivo e atuante, vai introduzindo no coração do homem um dinamismo de conversão, de transformação, de renascimento, de vida nova.
Neste Evangelho temos também uma lição muito sugestiva sobre a atitude de Deus face ao mal e aos que fazem o mal. Na parábola do trigo e do joio, Jesus garante-nos que os esquemas de Deus não preveem a destruição do pecador, a segregação dos maus, a exclusão dos culpados. O Deus de Jesus Cristo é um Deus de amor e de misericórdia, sem pressa para castigar, que dá ao homem “todo o tempo do mundo” para crescer, para descobrir o dom de Deus e para fazer as suas escolhas. Não percamos nunca de vista a “paciência” de Deus para com os pecadores: talvez evitemos ter de carregar sentimentos de culpa que oprimem e amarguram a nossa breve caminhada nesta terra.
A “paciência de Deus” com o joio convida-nos também a rejeitarmos as atitudes de rigidez, de intolerância, de incompreensão, de vingança, nas nossas relações com os nossos irmãos. O “senhor” da parábola não aceita a intolerância, a impaciência, o radicalismo dos “servos” que pretendem “cortar o mal pela raiz” e arrancar o mal (correndo o risco de serem injustos, de se enganarem e de meterem mal e bem no mesmo saco). Às vezes, somos demasiados ligeiros em julgar e condenar, como se as coisas fossem claras e tudo fosse, sem discussão, claro ou escuro… A Palavra de Deus convida-nos a moderar a nossa dureza, a nossa intolerância, a nossa intransigência e a contemplar os irmãos (com as suas falhas, defeitos, diferenças, comportamentos religiosa ou socialmente incorretos) com os olhos benevolentes, compreensivos e pacientes de Deus.
Convém termos sempre presente o seguinte: não há o mal quimicamente puro de um lado e o bem quimicamente puro do outro… Mal e bem misturam-se no mundo, na vida e no coração de cada um de nós. Dividir as nações em boas (as que têm uma política que serve os nossos interesses) e más (as que têm uma política que lesa os nossos interesses), os grupos sociais em bons (os que defendem valores com os quais concordamos) e maus (os que defendem valores que não são os nossos), os indivíduos em bons (os amigos, aqueles que nos apoiam e que estão sempre de acordo conosco) e maus (aqueles que nos fazem frente, que nos dizem verdades que são difíceis de escutar, que não concordam conosco)… é uma atitude simplista, que nos leva frequentemente a assumir atitudes injustas, que geram exclusão, marginalização, sofrimento e morte. Mais uma vez: saibamos olhar para o mundo, para os grupos, para as pessoas sem preconceitos, com a mesma bondade, compreensão e tolerância que Deus manifesta face a cada homem e a cada mulher, independentemente das suas escolhas e do seu ritmo de caminhada.

(OBS: No site olhar www.olharjornalistico.com.br você vai ver um link: A PALAVRA DE JESUS CRISTO do site dos dehonianos).

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Escapulário do Carmo: A Proteção dos oprimidos.

Uma atualização da devoção ao Escapulário de Nossa Senhora do Carmo.
Por Frei Petrônio de Miranda, 0.Carm. Padre e Jornalista Carmelita.
Convento do Carmo, São Paulo.


Senhora de tantos nomes
Nós queremos vos louvar.
No sertão ou na cidade
Venha nos acompanhar.
Ó Maria dos migrantes
Dos sem teto a clamar
Com o Santo Escapulário
Vem longo nos ajudar!


Senhora do Deus Menino
Venha nos orientar.
Olhai para as favelas
As cracolândias a chorar.
Cobri-nos com o teu manto
O teu Filho vem mostrar.
Com o Santo Escapulário
Vem, ó Mãe nos resgatar!


A Mãe África sofrida
Para a América a sangrar.
Com os Mártires da terra
Contigo vamos cantar.
Olhai para os aidéticos
Vem ó Mãe os amparar.
Com o Santo Escapulário
Vem logo nos consolar!


Senhora dos Carmelitas
Dos profetas a clamar. 
Daí saúde aos enfermos
Aos anciãos vem amar.
Em cada menor nas ruas
Sem carinho e sem um lar
Com o Santo Escapulário
Vem, ó Mãe os amparar!


Em cada jovem drogado
Sem trabalho e sem valor.
Em cada presidiário
Onde a vida já parou.
Senhora Mãe do Carmelo
E do povo sofredor
Dai-nos o Escapulário
Venha em nosso favor!


Nessa história de devoção
Todos querem vos louvar.
São surfistas e artistas
Com o Escapulário a andar.
Ó Virgem de Teresinha
De Simão Stock a cantar.
Desse mel carmelitano
Eu também quero provar.
Ó Virgem dos Carmelitas
Contigo vou caminhar!

terça-feira, 15 de julho de 2014

CARMO DE MINAS-MG: A Quadrilha do Bispo. (1ª Parte)

A Mariologia Carmelitana (2ª Parte): A Consagração e o Escapulário.

Frei Christopher O’Donnell, O. Carm.

O Escapulário é uma forma significativa da devoção mariana. Mas deveríamos também aprofundar nossa apreciação do Escapulário dentro do contexto da valiosa reflexão teológica moderna dando-nos o significado da consagração.
No século XX a noção de consagração dos indivíduos e do mundo à Maria aparece em primeiro plano. A exigência feita por Maria em Fátima, de que o mundo fosse consagrado ao seu Imaculado Coração, não é a razão menos importante. Algumas pessoas na Igreja podem ver que os bispos, mesmo os papas, não consideraram este pedido com a seriedade suficiente. No entanto, devemos ser cuidadosos com todas as aparições: mesmo quando são oficialmente sancionadas de acordo com a lei da Igreja, as comunicações que chegam a nós nas aparições devem estar sempre sujeitas ao mais cuidadoso exame teológico. A razão para isto não está em ver os teólogos como juizes das afirmações de Maria, mas as comunicações da Virgem, quase invariavelmente aos pobres, aos simples ou às crianças, podem sofrer a distorção da linguagem humana – tanto em sua compreensão, quanto em sua tradução – e das limitações culturais do tempo e do lugar da aparição.
Respondendo esta crítica aos papas, podemos apontar para uma série de atos papais de consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria desde o tempo de Pio XII. João Paulo II convidou os bispos a se unirem a ele num ato de confiança em Maria, em 25 de março de 1984.
Muitos teólogos concordam que, em seu sentido pleno, a consagração é um importante e sublime ato de culto. Latria ou adoração, é um ato que se deve apenas a Deus. Além disso, a consagração radical é um ato de Deus em nós pela graça e pelos sacramentos. Nossos atos de consagração são apenas uma resposta ao que Deus já faz em nós basicamente desde o batismo. Mas existe também um entendimento de que pode haver uma consagração analógica à Maria, ou seja, uma consagração que não termina nela, mas que é uma consagração a Deus através dela. A consagração a Maria pode se vista como um reconhecimento de todas as implicações de sua maternidade.
Existem escritos teológicos sobre a possível distinção entre a consagração à Maria e a confiança em Maria. Alguns autores sustentam que os termos “consagração” e “confiança” são idênticos. Outros afirmam que existe uma relação entre eles e que o termo consagração deveria ser evitado por causa de sua ambigüidade – um ato, propriamente falando, que pertence a Deus, mas aplicado analogicamente à Maria.   Além disso, podemos notar o forte cristocentrismo no ato de confiança de 1984 feito por João Paulo II.   Talvez seja notável que num congresso convocado em Manila em 1988 para renovar a consagração das Filipinas, a cerimônia tenha sido realizada em duas partes: um ato de consagração a Deus e um ato de confiança em Maria.
Quando falamos de consagração mariana, devemos pensar em primeiro lugar na própria Maria como a pessoa que mais se consagrou a Deus: “Maria é, acima de tudo, o modelo e o protótipo da consagração da qual não apenas a Igreja, mas cada cristão, é convidado a partilhar”.   Como ela é a Mãe que intercede, é natural que nos confiemos a ela. Como ela é um exemplo, ela define nossa resposta a Deus, através do discipulado de seu Filho. Já que é nossa Mãe e uma presença permanente em nossas vidas, estamos certos ao nos comprometermos com o seu zelo.
Estas reflexões teológicas modernas sobre a consagração podem nos ajudar a enriquecer nossa apreciação do Escapulário como um símbolo que expressa nossa confiança em Maria. Elas também podem nos ajudar a descobrirmos a melhor maneira de apresentarmos a devoção ao Escapulário nos dias de hoje.

Conclusão
Podemos ver que a revitalização de nossa herança mariana carmelitana envolve uma interação criativa entre suas riquezas e os desenvolvimentos modernos da mariologia na Igreja. Devemos ser criativos. Não é suficiente acrescentarmos algo da teologia moderna aqui e acolá nos textos clássicos. Nem tudo que vem sendo dito sobre Maria hoje será, necessariamente, incorporado à mariologia carmelitana. Nossa visão de Maria será sempre parcial. Muitas descobertas profundas sobre a Virgem serão desenvolvidas por outros. Mas devemos nos manter em diálogo com a atual orientação do Espírito sobre o mistério da pessoa e do papel de Maria. Ao fazermos isso, aprenderemos gradualmente, como Ordem, o que deveríamos incorporar à nossa tradição. Certamente assumiremos alguns temas que nossos sucessores não receberão – no sentido técnico de possuir e de encontrar plenamente a vida doadora.   Nunca haverá uma abordagem definitiva do carisma mariano carmelitano. Como uma realidade viva, continuamente inflamada e apoiada pelo Espírito, ela crescerá e se desenvolverá, apesar dos tempos de declínio e abandono. É um desafio para cada época aceitar a tradição que for transmitida, desenvolvê-la no coração da Igreja e, por sua vez, enriquecê-la pensando nas gerações futuras.
Temos uma maravilhosa herança mariana. Este dom à Ordem deve ser apropriado pessoalmente além de ser partilhado com as outras pessoas. É necessário sermos, de imediato, tradicionais e criativos, ao vivermos e partilharmos este carisma. O último capítulo lembra que devemos buscar integrar nossa tradição mariana com a consciência mariológica mais ampla da Igreja. Mas isto não pode ser apenas um estudo teórico.
No nível pessoal, devemos conhecer Maria como pessoa, apreciar sua presença em nossas vidas, conhecer seu cuidado para conosco. Sem oração ou reflexão, estas experiências nunca serão doadoras de vida para nós. O modo pelo qual a Ordem é convidada hoje à reflexão e à contemplação está na redescoberta da lectio divina. Este modo de rezar os textos espirituais sobre Maria também é válido para nossos textos clássicos, ao buscarmos responder a eles nas situações de nossas vidas. Também existe uma necessidade de cultivar uma vida devocional adequada à condição e ao temperamento de cada indivíduo. A qualquer hora as pessoas podem não se sentir chamadas a práticas tradicionais particulares. Um valioso exemplo foi dado por Paulo VI quando defendeu exercícios de piedade que se inspiram no Rosário.
Duas recentes apresentações de nossa tradição são bons exemplos destas tentativas de integrar estudos recentes, especialmente bíblicos, com a nossa tradição. Em 1986 uma Comissão Mariana da Ordem divulgou uma Comunicação Provisória.   Ela se concentrou nas imagens tradicionais de Maria usadas na Ordem e mostrou sua importância contemporânea. Ela também aprofundou a noção de consagração e do Escapulário hoje. A segunda contribuição foi a Carta de Fr. John Malley, Prior Geral, para o Ano Mariano em 1988.   Esta carta é uma apresentação bíblica de Maria com fortes evocações de nossa tradição. O novo elemento trazido por ela foi o foco explícito na relevância contemporânea resumida em três pontos:
-conhecer melhor Maria:
-amar mais Maria
-imitar fielmente Maria.
É interessante que estes dois documentos, assim como a carta de Fr. Falco Thuis de 1983 vista no capítulo 6, remetem e mencionam a Miguel de Santo Agostinho. Não seria audácia minha sugerir que estamos sendo convidados a olhar novamente para este personagem negligenciado de nossa tradição. Certamente, ele seria um valioso antídoto, além de um questionamento, para esta erupção de aparições, onde apenas algumas delas parecem ser genuínas. Nossos místicos carmelitanos sempre sustentaram uma visão unificada, Maria e Jesus, sem qualquer confusão, sem uma ênfase infundada apenas sobre Maria. Ela sempre guia Jesus que, por sua vez, encontra-se com ela.
Uma renovação será sempre um diálogo entre nossa herança passada e nosso mundo contemporâneo. Existe a necessidade de um estudo mais amplo de nossos autores carmelitanos. Apesar de podermos apenas acolher as publicações recentes dos textos marianos em várias línguas, muito ainda precisa ser feito. Outros textos devem ser estudados e traduzidos, e membros da Ordem, especialmente aqueles envolvidos na formação, precisam estudar as publicações existentes e futuras.
Temos de ser criativos quando buscamos maneiras de construirmos elos psicológicos e espirituais com a Virgem. Talvez seja cedo para fazer um julgamento justo ou firme, mas pode ser que no período depois do Vaticano II tenha havido uma poda excessiva das práticas e das devoções marianas. Nossa herança mariana precisa ser expressa na teologia, nos símbolos, na arte, na poesia, na devoção, nas práticas apropriadas, adequadas aos membros da Ordem, e na atividade pastoral. Apenas o escrito teológico não garantirá o dinamismo de uma vida mariana.
No nível comunitário, existe a necessidade de algumas expressões de nossa vida mariana. Celebrações litúrgicas em honra da Mãe do Carmelo são obviamente as mais importantes. Mas também existem outras possibilidades tais como os grupos de oração, especialmente para a lectio divina. O que devemos buscar é um desenvolvimento da consciência mariana de toda a comunidade, de modo que uma parte essencial de sua identidade e de seu trabalho deixem transparecer sua atitude e seu colorido mariano. Na prática, também seria bom escolher uma oração ou ação que resumirá e enfocará cada impulso mariano na comunidade.
Nas atividades pastorais certamente existem muitas possibilidades: celebração de festas, pregação, palestras, catecumenato de adultos, grupos de oração, círculos bíblicos, lectio divina, meios de comunicação e escritos, tanto populares quanto científicos. Nestes níveis de missão individual, comunitária e de nossa missão apostólica o que é importante não é quantidade, mas a qualidade de nossas expressões marianas.
No entanto, numa Ordem pluriforme, onde mesmo numa área geográfica pode existir uma necessidade de diferentes abordagens, podemos aprender continuamente com o que está acontecendo com a Ordem nos diferentes lugares. Novamente, num tempo de renovação, nem tudo que deveria ou poderia ser tentado terá sucesso. Existe a necessidade não apenas da criatividade, mas também da paciência e do maduro discernimento. Também existe a necessidade de rezarmos para o Espírito Santo, para que possamos ser instruídos como adotar e servir o dom mariano que recebemos. Tudo o que nos foi confiado como uma herança, deve ser guardado e animado, para entregarmos à Igreja.
Em toda esta tentativa de conhecer e amar a Bem-aventurada Mãe e torná-la mais conhecida e amada, podemos ter certeza de sua presença gentil e constante. Ela é aquela que sempre esteve com a Ordem em todas as suas vicissitudes. Seu dom ao Carmelo foi ser sua “Mãe e Ornamento” e uma “Presença Amorosa”.

Lectio Divina

            Para a lectio divina hoje vamos assumir aquele que é provavelmente o texto central da mariologia moderna: Lc 1,26-38 descrevendo a Anunciação. Vamos orar a Anunciação. Junto com ele poderíamos usar o texto que os carmelitas usam freqüentemente na liturgia: JO 19,25-27. Unidos eles podem abrir nossos corações para nossas tradições mais profundas e para o que o Espírito está dizendo às Igrejas.

16 DE JULHO-2014: Nossa Senhora do Carmo.

DEVOÇÃO A NOSSA SENHORA DO CARMO NO BRASIL

Dom Frei Wilmar Santin, O.Carm.

ORAÇÕES A NOSSA SENHORA DO CARMO

ORAÇÃO - I
            Senhora do Carmo, desde o início fostes protetora do carmelitas oferecendo a eles o Santo Escapulário como sinal de vossa amável proteção, por isso sois reconhecida como Rainha, Mãe e Irmã. Diante de vós, Senhora do Carmo, me apresento buscando a vossa proteção e fazendo o meu pedido: ....
            Nossa Senhora do Carmo, não me desampareis neste momento em que recorro à vossa amável proteção. Com confiança eu vos peço, intercedei por mim e ajudai-me a ser merecedor da graça que desejo alcançar de vosso Filho. Amém.

ORAÇÃO - II
            Santíssima Virgem Maria, esplendor e glória do Carmelo, olhais com especial ternura os que se revestem do vosso santo escapulário. Cobri-me com o manto de vossa maternal proteção.
            Fortalecei minha fraqueza com o vosso poder, iluminai a escuridão do meu espírito com a vossa sabedoria. Aumentai em mim a fé, a esperança e a caridade. Assisti-me na vida, consolai-me na morte com a vossa presença e apresentai-me à Santíssima Trindade, como vosso filho dedicado para que eu possa louvar-vos em toda a eternidade. Amém.

ORAÇÃO - III
            Senhora do Carmo, Mãe admirável, olha clemente para estes teus filhos prostrados na tua presença.
            Humildemente te pedimos que nos aceites no número de teus filhos. Infunde em nosso coração o amor ao bem, veste nossa alma com o escapulário da graça divina. Que nós seguindo o caminho que conduz à perfeição, possamos, sob a tua proteção e na presença de teu Filho, alcançar a felicidade eterna. Amém.

ORAÇÃO - IV
            Mãe de Deus e advogada nossa, aceita o dom que nós te fazemos de nós mesmos. Em tuas mãos depositamos nossa capacidade de crer e de amar, de servir e de esperar. Confiamos a ti tudo o que somos, temos ou fazemos, nossa mente e nosso corpo, nossa saúde ou doença, nossa alegria ou dor. Faz-nos crescer, ó Senhora do Carmo, cada dia de novo, na fé, na esperança e na caridade. Acende em nossos corações o fogo do teu grande amor, afim de que nossa vida toda se torne um canto de louvor a Deus. e por onde nos conduzir a estrada da vida, saibamos acolher cada irmão com um sorriso, um gesto, um abraço, fazendo-o sentir a alegria de viver e servir. Orienta-nos, ó Mãe, no dia e na noite, na vida e na morte para a comunhão de todos em teu filho Jesus. Assim seja.

CONSAGRAÇÃO A NOSSA SENHORA DO CARMO
            Ó Maria, Rainha e Mãe do Carmelo, venho hoje consagrar-me inteiramente a vós. Tudo o que sou e tudo o que tenho, entrego em vossas mãos.
            Vós olhais com especial bondade os que estão revestidos do vosso escapulário. Suplico-vos que fortaleçais com o vosso poder a minha fraqueza. Iluminai a escuridão da minha mente com a vossa sabedoria para que eu possa render-vos todos os dias a minha homenagem.
            Que o santo escapulário atraia sobre mim o vosso olhar misericordioso. Traga-me a vossa especial proteção nas lutas diárias para que eu possa ser fiel a vós e ao vosso Divino Filho. Possa o santo escapulário afastar-me de tudo o que é pecaminoso e me lembre sempre o dever de imitar-vos e revestir-me com vossas virtudes.
            Desde já me esforçarei para viver em vossa presença, de oferecer tudo a Jesus por vossa mãos e fazer da minha vida um espelho de vossa humildade, paciência, mansidão e empenho.
            Mãe querida, apoiai-me com o vosso constante amor para que eu, vosso filho mais pecador, possa um dia trocar o vosso escapulário pela veste celestial e viver convosco e os santos do Carmelo, no reino do vosso Filho. Amém.

ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DO MONTE CARMELO PELAS ALMAS DO PURGATÓRIO
            Ó Virgem Santíssima e Imaculada, Ornamento e Esplendor do Carmelo, nós Vos suplicamos que Vos apiedeis e compadeçais das pobres almas que se encontram detidas no Purgatório, especialmente da alma de ................................... Prometestes a Vossa especial proteção aos que morrerem revestidos do Santo Escapulário do Carmo, e prometestes conduzi-los quanto antes à Vossa mansão celeste.
            Ouvi benigna as preces que Vos dirigimos por essas almas e fazei com que logo tornem dignas das promessas do Vosso Divino Filho. Mostrai-Vos Mãe para com elas e conduzi-as para junto de Vós e com todos os Santos do Carmelo habitem pelos séculos dos séculos. Assim seja.
(Indulgência de 300 dias cada vez, Plenária uma vez por mês)

LEMBRAI-VOS OU ORAÇÃO A N. SENHORA DO CARMO
            Lembrai-vos, ó Maria, Mãe de Deus e Senhora do Carmo, que prometestes não deixar morrer em pecado os que no último instante da vida se acharem revestidos do Escapulário do Carmo, livrando-os assim do fogo eterno do Inferno.
            Lembrai-vos ainda, ó Mãe de Misericórdia, que aos devotos do Vosso Escapulário, que na vida Vos honrarem com a oração, a penitência e a castidade, prometestes abreviar-lhes a pena do Purgatório, levando-os quanto antes para o Céu, especialmente no dia de sábado que Vos é consagrado.
            Cheio de filial confiança, quero trazer sempre sobre o meu coração o Vosso santo Escapulário, como sinal de que Vosso quero ser na vida, na morte e na eternidade. Assim seja. (copiado de um santinho avulso)

ORAÇÃO À VIRGEM DO CARMO
(Para ser rezada pelos associados da CONFRARIA DE NOSSA SENHORA, A VIRGEM DO CARMO)

            Virgem do Carmo, Maria Santíssima! Revestido do vosso santo Escapulário, suplico-Vos que ele seja para mim um sinal de vossa maternal proteção em todos os perigos e necessidades e o consolo nas minhas aflições. Fazei, ó Mãe querida, que levando com devoção vosso santo Escapulário mereça a suprema felicidade de morrer piedosamente com ele e salvar-me. Amém (3 Ave-Maria)

JACULATÓRIA

            Concedei-me vossas graças Virgem do Carmo, Maria, pois o Santo Escapulário levo, com fé, noite e dia. (copiado de um santinho avulso)

CARMO DE MINAS-2014: Monsenhor Cruz.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

CARMELITAS: Dedicação ou padroado mariano.

Frei Emanuel Boaga, 0.Carm,

O relacionamento mariano dos Carmelitas com Nossa Senhora, através do Padroado, está sustentado por elementos primordiais, próprios da mentalidade medieval do feudalismo e, mais particularmente, por influência das Cruzadas, que os guiava em sua busca de vida eremítica no Monte Carmelo. Este dinamismo os conduziu à escolha do ‘Padroado’, através da dedicação a Nossa Senhora da igrejinha construída em sua honra no Monte Carmelo. De fato, tal dedicação indica claramente a escolha feita pelos Carmelitas, de Maria a Mãe de Deus, como sua Patrona, tornando-se tal opção, uma orientação espiritual no sentido de serviço ou, melhor, de ‘obsequium’, levando-os a se colocarem inteiramente á disposição da Senhora e a se consagrarem para viver em ‘obsequium’, não só de Jesus, mas também de Maria.
Recentes estudos nos indicam, nas origens, a presença dos seguintes elementos que caracterizam a devoção mariana dos Carmelitas:
O forte cristocentrismo que informa toda a vida e devoção mariana dos primeiros Carmelitas;
A consciência do papel de Maria, a Mãe do Senhor (a Domina Loci) no Mistério de Cristo e da Igreja, e a reflexão sobre as ligações entre os mesmos eremitas e o Monte Carmelo, alimentadas por referências bíblicas e tradições locais;
A inspiração para a própria vida espiritual, buscada na referência à virgindade de Maria, em seu ser cheio de beleza, a indicar a ‘via pulcretudine’
A escolha de Maria, a Virgem e Mãe de Deus, a Senhora do lugar, como Patrona, através da dedicação a ela da primeira igreja no Monte Carmelo, com as conseqüências que tal opção comportava: o serviço ou vassalagem espiritual; a correspondente proteção-mediação, nas dimensões ascendente e descendente, conforme o Padroado medieval.
Com este húmus inicial foi desenvolvido, a seguir, através de um processo de idealização das origens marianas, uma relação carregada de atenção, de afeto, de ternura e de grande familiaridade com Maria. Os conceitos iniciais do Padroado vêm retomados e recebem explicitações várias, com acentuação de conteúdos específicos, formando-se assim um rico patrimônio de espiritualidade mariana.
Entre os vários gestos marianos do século XIII que exprimem este processo de idealização, encontra-se bem ao centro a atenção sobre dois aspectos: o uso do nome de Maria incluído na fórmula da profissão religiosa e a escolha do título mariano para a Ordem. A inserção do nome de Maria na fórmula da Profissão é um uso já registrado desde as Constituições de 1281.Entretanto, acredita-se que pode ser de época anterior. A finalidade desta inserção visa exprimir a dedicação a Maria, mas também o desejo de se tornar parte viva da reforma da Igreja. Era um uso comum nas Ordens que assumiam o compromisso direto com esta reforma. Tal costume nos  revela a dinâmica da experiência originária dos Carmelitas no contexto da Igreja de seu tempo e nas prospectivas seguintes.
Da mesma dedicação da igreja carmelitana a Maria, nasce, por acepção popular (1250) ou por motivação dos próprios Carmelitas, o título mariano da Ordem: Irmãos (quer dizer, religiosos) da Bem-aventurada Virgem Maria ou ‘fratres virgulati’. Este titulo está documentado pela primeira vez no ano 1252, na forma de ‘Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria Mãe de Deus do Monte Carmelo’. por concessão do Papa Inocêncio IV. Há referências anteriores em uma carta do mesmo Pontífice datada entre os anos de 1246 e 1247, enviada ao Bispo de Londres. No documento da fundação de Trapani (1250) já são chamados de ‘Fratres Sanctae Mariae de Monte Carmelo’.
A questão que ainda não foi completamente esclarecida diz respeito à origem deste título. Conforme uma tradição, surgida pela primeira vez em 1337, tal título nasce do uso feito pelo povo de assim chamar os Carmelitas que viviam no Wadi ain es-Siah para distingui-los dos eremitas do mosteiro grego vizinho que se denominava de Santa Margarida. É uma suposição que pode ser provável, não porém segura. É que realmente, o título mariano deve ter sido escolhido pelos mesmos eremitas e por motivos provenientes da espiritualidade de sua própria vida. Esta afirmação faz pensar em alguns testemunhos implícitos e freqüentes encontrados nos escritos do século XIV, ainda que o confronto das datas com o título oficial concedido pela bula em 1252, coincida com aquele do uso popular acima referido.
Este título mariano foi contestado por algumas outras Ordens. Os Carmelitas se defenderam. Originou-se então outra longa e trabalhosa controvérsia, que teve seu ponto culminante no ano 1374 quando o Carmelita João Horneby defende, com sucesso, tal titulo mariano contra o Dominicano João Stokes na Universidade de Cambridge (Inglaterra), saindo vitorioso da mesma e recebendo da Universidade uma declaração que confirmava o título da Ordem. Em 1379 o Papa Urbano VI deu a palavra definitiva sobre a questão, concedendo uma indulgência àqueles que chamassem os Carmelitas com o seu titulo mariano.
Foi uma polêmica muito útil que teve seu mérito: levou os Carmelitas ao aprofundamento das relações com Maria, considerada a própria Patrona. Disto temos profundas lembranças nos escritos da época e referências explícitas nos documentos legislativos e litúrgicos. A especificação mariana de Virgo Dei Genitrix, no título oficial da Ordem, como aparece nas bulas pontifícias, provêm claramente destas reflexões e da polêmica com aqueles que chamavam os Carmelitas de Irmãos de Santa Maria Egipciaca, a pecadora penitente. Muitas vezes foi retomada a luta contra o título mariano. Algumas formas de oração e alguns textos das Constituições as recordam. Esta questão do título e a importância dada a ele, não constitui um mero jogo de palavras, mas, para a mentalidade medieval, era questão essencial pois, vinculada à própria identidade. O nome era uma expressão desta, comunicando algo essencial ao ser. 
Há ainda um outro elemento que faz parte do conceito medieval de pertença à Virgem: a fundação da Ordem em sua honra. O primeiro a expressar tal convicção foi o prior geral Pedro de Millaud, em carta de 1282 ao rei da Inglaterra Eduardo I. A mesma opinião, alguns anos mais tarde, está exarada nas atas do Capítulo Geral de Montpellier. Daí para a frente, os autores da Ordem, em várias ocasiões, e talvez em resposta a polêmicas com outros religiosos, afirmam que o serviço a Maria é parte integrante da vida carmelitana. Para alguns destes autores foi fácil também afirmar a convicção de que o ‘Carmelo é todo de Maria’ bem como atribuir à mesma Virgem Maria a fundação da Ordem.
Ao lado de todas estas referências marianas podem ainda ser recordados alguns fatos: a dedicação a Nossa Senhora das Igrejas da Ordem, erigidas no curso dos séculos XIII-XIV; a intenção ou finalidade mariana presentes nas diversas fundações, como ocorreu, por exemplo, em Milão e em Tolossa; as prescrições litúrgicas em uso entre os séculos XIII-XIV. Faz parte deste conjunto de pensamentos a compreensão simbólica que os Carmelitas tinham do próprio hábito, como sinal exterior de uma realidade mariana viva (cfr. quadro sobre sentido da capa).  São características e sinais vitais do próprio caráter mariano para o homem medieval.

Familiaridade de vida

O sucessivo desenvolvimento da característica mariana conduz as primeiras gerações carmelitanas a verem também na Virgem Maria a forma ideal da encarnação de seu ‘propositum vitae’. Nasce assim a exemplaridade da virgindade de Maria, não apenas vista como isenção do pecado (condição para o encontro com Deus), mas assumida como disposição radical para a união e escuta da Palavra. O ulterior aprofundamento da natureza da devoção mariana, realizado por alguns autores espirituais, conduz a uma familiaridade de vida com Maria a fim de seguir melhor a Cristo.
O primeiro a dar forma orgânica aos elementos marianos da Ordem foi João Baconthorp no principio do século XIV. A sua doutrina pode ser sintetizada em dois pontos:
Tudo o que o carmelita faz, deve fazê-lo para honra e glória de Maria porque, consoante a vontade divina, esta é a razão da existência de sua Ordem. Maria é de fato a "domina loci" (isto é, a Senhora do lugar, ou seja, do Carmelo).
 a vida do carmelita exige que ele imite Maria na prática de todas as virtudes porque a conformidade é a melhor glorificação, e tender à mesma é manifestação de amor que, por sua vez, aumenta sempre mais o amor.
A ideia da exemplaridade de Maria, expressada forte e amplamente por Baconthorp, é sucessivamente retomada por muitos autores até ser desenvolvida como um viver em conformidade com Maria, especialmente em relação à virgindade. Esta relação é a base para a consideração de Maria como irmã, e, portanto não somente tomada como um modelo a imitar. Ela é doce presença na vida do Carmelita (cf. afirmação do livro Formação dos primeiros monges).
A reflexão mariológica chegou a ponto de afirmar que, não somente o Carmelo é todo de Maria, mas que, a própria Maria pertencia ao Carmelo. Tal idéia vem consignada no título ‘Virgo Carmelitana’ como se Nossa Senhora fosse membro efetivo da Ordem. Esta gentil expressão, freqüente não apenas nos Fioretti do Monte Carmelo de Nicolau Calciuri (+1466) e nos escritos de Arnoldo Bostio (+ 1499), está também presente na iconografia. Nas rubricas litúrgicas passou a substituir-se o termo santa pela palavra Virgem, referindo-se a Nossa Senhora.
Junto ao tema da virgindade de Maria, deu-se também ênfase à sua pureza. Os Carmelitas consideravam a Imaculada, a ‘tota pulchra’, a ‘Virgo Virginum’ como exemplo para sua disponibilidade a Deus e vida de união com Ele. O culto à Virgem Puríssima é forte ajuda à dimensão contemplativa. É uma continuação do precedente à Virgem da Anunciação, já difundido no século XIII. A pureza de Maria atrai Deus a seu coração, na Anunciação. Os Carmelitas, se não a podem imitar neste privilégio singular, podem porém imitá-la em sua união com Deus por meio da oração e na fé para escuta da Palavra do Senhor. Maria, modelo de perfeição no caminho espiritual,  é assim tomada por S. Teresa de Jesus e S. João da Cruz. Já Santa Maria Madalena de Pazzi (+1607) utiliza a palavra ‘puridade’ [total pureza do ser] para indicar com ela a ‘fonte da santidade de cada ser’. Explica da seguinte forma esta idéia: na pureza da Virgem Maria brilha a beleza que Deus concedeu a ela. Nesta pureza o ser humano encontra uma mensagem: ela é reflexo da disponibilidade a Deus, da conformidade com sua vontade; é testemunho, fecundidade  e profecia.
No final do século XV Arnold Bostio elaborou uma primeira síntese da devoção mariana da Ordem. Retomou os elementos da tradição precedente (infelizmente dando-lhes conotação  histórica, o que hoje não resiste à crítica), acrescentando contudo elementos de ordem espiritual.  Lembra que, além da oração e da imitação para uma autêntica vida mariana, faz-se necessário o contato permanente com a ‘Mãe terníssima’. Por isso, o amor da Mãe deve ser sempre e em toda parte a inspiração de todas as ações do Carmelita que, consagrado deste modo, existencialmente, a Maria, oferece-se inteiramente a Deus.
As ideias de Bostio foram reproduzidas e se difundiram, graças a outros autores. Dentre eles encontramos no séc. XVII Frei Marcos da Natividade (+1696), que inseriu, na sua célebre obra dos Diretórios para Noviços, a doutrina de Bostio, explanando melhor a pertença do Carmelita e de todos os seus interesses à Virgem Maria e como oferecê-los, por suas mãos, a Deus.
O ápice de todo o desenvolvimento mariano da Ordem, no passado, é constituído pelos ensinamentos de Frei Miguel de S. Agostinho e da sua discípula Maria Petyt, que viveram no século XVII. De modo especial, no seu célebre tratado sobre a ‘Vida Marieforme’, Miguel de S. Agostinho explica o seu pensamento focalizando-o em três centros de interesse:
- O progresso de uma clara e breve doutrina ascético-mística, apoiada em bases teológicas (maternidade divina e espiritual, mediação, realeza), para conduzir à conformidade de vida com Maria mediante uma constante recordação sua (como a prática da presença de Deus), e um esforço sincero para reproduzir suas virtudes.
- A contribuição nova (embora já proposta por algum autor precedente) sobre a participação na vida afetiva de Cristo para com Maria. Isto é apresentado explicando o texto GaI 4, 6. Traduzindo na prática: o amor a Nossa Senhora não é apenas uma imitação do amor de Jesus a ela, mas também a sua continuação através da nossa participação na vida afetiva de Jesus para com Maria (cfr. Tratado, cc. 13,14,15).
- A descrição da união mística com Maria e com Deus, tendo presente os exemplos admiráveis de Maria Petyt, a sua discípula. Esta união mística é também lembrada por outros autores Carmelitanos, como a venerável Serafina de Deus (+1699), Maria de S. Pedro (+1848), Teresinha do Menino Jesus, e, antes de P. Miguel de S. Agostinho, Balduino Leersius (+1483), Teresa de Jesus, e Madalena de Pazzi.
O         caráter mariano, no decurso dos séculos, é explicitado concretamente em elementos litúrgicos e devocionais: oficio em honra de Nossa Senhora, antífonas marianas, festas marianas, orações, devoções particulares, etc, e, finalmente, com o escapulário, que assume também o papel de mediação popular da consagração a Maria e da sua proteção. Esta mediação popular (conforme uma primeira análise das pregações e dos estatutos de confrarias, etc.) consubstancia-se em três fortes realidades: a oração mariana, a prática sacramental e o exercício das obras de misericórdia.
Em época recente a imitação das virtudes de Maria tem sido assumida como a melhor forma de devoção mariana (cf. Teresa do Menino Jesus). Busca-se para esta devoção um fundamento bíblico (cf. Elisabeth da Trindade); olha-se para Maria como aquela que indica o caminho para a santidade (cf. Edit Stein) e é feito a cada Carmelita o convite para ser como Maria ‘Theotócos’, ou seja, estar com ela em gestação, para levar Cristo ao mundo (Tito Brandsma).

Os vários desenvolvimentos desta intensa reflexão mariana são reforçados pelos apelativos com que é denominada Nossa Senhora: Patrona, Senhora do lugar, Virgem Puríssima, Irmã, Mãe (OCD: mais Rainha) e Honra do Carmelo, Flor do Carmelo, Nossa Senhora do Escapulário e tantos outros carinhosos títulos e canções que lhe são dedicados, ao longo do caminho carmelitano.