Segunda-feira, 25 de março-2019. 3ª SEMANA DA QUARESMA. Evangelho do
dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
1) Oração
Ó Deus, na vossa incansável
misericórdia, purificai e protegei a vossa Igreja,
governando-a constantemente,
pois sem vosso auxílio ela não pode salvar-se.Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 4,
24-30)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo,
24Jesus acrescentou: Em verdade vos digo: nenhum profeta é bem
aceito na sua pátria. 25Em verdade vos digo: muitas viúvas havia em
Israel, no tempo de Elias, quando se fechou o céu por três anos e meio e houve
grande fome por toda a terra; 26mas a nenhuma delas foi mandado
Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na Sidônia. 27Igualmente havia
muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu; mas nenhum deles foi
limpo, senão o sírio Naamã. 28A estas palavras, encheram-se todos de
cólera na sinagoga. 29Levantaram-se e lançaram-no fora da cidade; e
conduziram-no até o alto do monte sobre o qual estava construída a sua cidade,
e queriam precipitá-lo dali abaixo. 30Ele, porém, passou por entre
eles e retirou-se. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
* O evangelho
de hoje (Lc 4,24-30) faz parte de um conjunto mais amplo (Lc 4,14-32). Jesus
tinha apresentado o seu programa na sinagoga de Nazaré por meio de um texto de
Isaías que falava dos pobres, presos, cegos e oprimidos (Is 61,1-2) e que
refletia a situação do povo da Galiléia no tempo de Jesus. Em nome de Deus,
Jesus tomou posição e definiu sua missão: anunciar a Boa Nova aos pobres, proclamar
a libertação aos presos e a recuperação da vista aos cegos, restituir a
liberdade aos oprimidos. Terminada a leitura, ele atualizou o texto e disse: “Hoje
se cumpriu esta escritura nos ouvidos de vocês!” (Lc 4,21).. Todos os presentes
ficaram admirados (Lc 4,16-22ª). Mas logo em seguida, houve uma reação de
descrédito. O povo na sinagoga ficou escandalizado e já não queria saber de
Jesus. Dizia: “Não é este o filho de José?” (Lc 4,22b) Por que ficaram
escandalizados? Qual o motivo daquela reação tão inesperada?
* É que Jesus
citou o texto de Isaías só até onde diz: "proclamar
um ano de graça da parte do Senhor", e cortou o final da frase que
dizia: “e proclamar um dia de vingança do
nosso Deus” (Is 61,2). O povo de Nazaré ficou bravo porque Jesus omitiu a
frase sobre a vingança. Eles queriam que a Boa Nova da libertação dos oprimidos
fosse uma ação de vingança da parte de Deus contra os opressores. Neste caso, a
vinda do Reino seria apenas uma virada da mesa e não uma mudança ou conversão
do sistema. Jesus não aceita este modo de pensar. A sua experiência de Deus
como Pai ajudou-o a entender melhor o sentido das profecias. Descartou a
vingança. O povo de Nazaré não aceitou esta proposta e começou a diminuir a
autoridade de Jesus: “Não é este o filho de José?”
* Lucas 4,24: Nenhum profeta é bem aceito em sua pátria. O povo de Nazaré ficou
com ciúme de Jesus por ele não ter feito nenhum milagre em Nazaré como tinha
feito em Cafarnaum. Jesus responde: “Nenhum profeta é bem recebido em sua
pátria!” No fundo, eles não aceitavam a nova imagem de Deus que Jesus lhes
comunicava através desta nova interpretação mais livre de Isaías. A mensagem do
Deus de Jesus ultrapassava os limites da raça dos judeus e se abria para
acolher os excluídos e toda a humanidade.
* Lucas 4,25-27: Duas histórias do Antigo Testamento. Para ajudar a comunidade a superar o escândalo
e entender o universalismo de Deus, Jesus usou duas histórias bem conhecidas do
AT: uma de Elias e outra de Eliseu. Por meio destas histórias ele criticava o
fechamento do povo de Nazaré. Elias foi enviado para a viúva estrangeira de
Sarepta (1 Rs 17,7-16). Eliseu foi enviado para atender ao estrangeiro da Síria
(2 Rs 5,14).
* Lucas 4,28-30: Queriam mata-lo, mas ele prosseguia o seu caminho. A apelo de Jesus
não adiantou. Ao contrário! O uso destas duas passagens da Bíblia provocou mais
raiva ainda. A comunidade de Nazaré chegou ao ponto de querer matar Jesus. E
assim, no momento em que apresentou o seu projeto de acolher os excluídos,
Jesus mesmo foi excluído! Mas ele manteve a calma. A raiva dos outros não
conseguiu desviá-lo do seu caminho. Lucas mostra assim como é difícil superar a
mentalidade do privilégio e do fechamento. Mostrava ainda que a polêmica
abertura para os pagãos já vinha desde Jesus. Jesus teve as mesmas dificuldades
que as comunidades estavam tendo no tempo de Lucas.
4) Para um confronto pessoal
1. Será que o programa de Jesus está sendo o meu
programa, o nosso programa? Minha atitude é a de Jesus ou do povo de Nazaré?
2. Quais os excluídos que deveríamos acolher melhor na
nossa comunidade?
5) Oração final
Minha alma
desfalece e suspira pelos átrios do SENHOR. Meu coração e
minha carne exultam no Deus vivo. (Sl 83, 3)
Terça-feira, 26 de março-2019. 3ª SEMANA DA QUARESMA. Evangelho do dia-
Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
1) Oração
Ó
Deus, que a vossa graça não nos abandone, mas nos faça dedicados ao vosso
serviço e aumente sempre em nos os vossos dons. Por
nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus
18, 21-35)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele
tempo, 21Pedro se aproximou dele e disse: Senhor, quantas vezes devo
perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? 22Respondeu
Jesus: Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23Por
isso, o Reino dos céus é comparado a um rei que quis ajustar contas com seus
servos. 24Quando começou a ajustá-las, trouxeram-lhe um que lhe
devia dez mil talentos. 25Como ele não tinha com que pagar, seu
senhor ordenou que fosse vendido, ele, sua mulher, seus filhos e todos os seus
bens para pagar a dívida. 26Este servo, então, prostrou-se por terra
diante dele e suplicava-lhe: Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo! 27Cheio
de compaixão, o senhor o deixou ir embora e perdoou-lhe a dívida. 28Mas
este servo, tendo saído, encontrou um dos seus companheiros, que lhe devia cem
dinheiros, e, lançando-lhe a mão, o sufocava, dizendo: Paga o que me deves. 29O
outro caiu-lhe aos pés e pediu-lhe: Dá-me um prazo e eu te pagarei! 30Mas,
sem nada querer ouvir, este homem o fez lançar na prisão, até que tivesse pago
sua dívida. 31Vendo isto, os outros servos, profundamente tristes,
vieram contar a seu senhor o que se tinha passado. 32Então o senhor
o chamou e lhe disse: Servo mau, eu te perdoei toda sua dívida, porque me
suplicaste; 33Não devias também tu compadecer-te de teu companheiro
de serviço, como eu tive piedade de ti? 34E o senhor, encolerizado,
entregou-o aos algozes, até que pagasse toda a sua dívida. 35Assim
vos tratará meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão, de todo
seu coração. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
* O Evangelho
de hoje fala da necessidade do perdão. Não é fácil perdoar. Pois certas mágoas
continuam machucando o coração. Há pessoas que dizem: "Eu perdôo, mas não
esqueço!" Rancor, tensões, brigas, opiniões diferentes, ofensas,
provocações dificultam o perdão e a reconciliação. Vamos meditar as palavras de
Jesus que falam da reconciliação (Mt 18,21-22) e que trazem a parábola do
perdão sem limites (Mt 18,23-35).
* Mateus 18,21-22: Perdoar setenta vezes sete!. Jesus tinha falado sobre a
importância do perdão e sobre a necessidade de saber acolher os irmãos e as
irmãs para ajudá-los a se reconciliar com a comunidade (Mt 18,15-20). Diante
destas palavras de Jesus, Pedro pergunta: “Quantas vezes devo perdoar ao irmão
que pecar contra mim? Até sete vezes?” O número sete indica uma perfeição. No caso, era sinônimo de sempre.
Jesus vai mais longe do que a proposta de Pedro. Ele elimina todo e qualquer
possível limite para o perdão: "Não te digo até sete, mas até setenta
vezes sete!” Ou seja, setenta vezes sempre! Pois não há proporção entre o perdão que
recebemos de Deus e o perdão que nós devemos oferecer ao irmão, como ensinará a
parábola do perdão sem limites.
* A expressão setenta vezes sete era uma alusão clara
às palavras de Lamec que dizia: “Por uma ferida, eu matei um homem, e por uma
cicatriz matei um jovem. Se a vingança de Caim valia por sete, a de Lamec
valerá por setenta vezes sete" (Gn 4,23-24). Jesus quer reverter a espiral
da violência que entrou no mundo pela desobediência de Adão e Eva, pelo
assassinato de Abel por Caim e pela vingança de Lamec. Quando a violência
desenfreada toma conta da vida, tudo desanda e a vida se desintegra. Surge o
Dilúvio e aparece a Torre de Babel da dominação universal (Gn 2,1 a 11,32).
* Mateus 18,23-35: A parábola do perdão sem limite. A dívida de dez mil talentos valia em torno de
164 toneladas de ouro. A dívida de cem denários valia 30 gramas de ouro. Não
existe meio de comparação entre os dois! Mesmo que o devedor junto com mulher e
filhos fossem trabalhar a vida inteira, jamais seriam capazes de juntar 164
toneladas de ouro. Diante do amor de Deus que perdoa gratuitamente nossa dívida
de 164 toneladas de ouro, é nada mais do que justo que também nós perdoemos ao
irmão a insignificante dívida de 30 gramas de ouro, setenta vezes sempre! O
único limite para a gratuidade do perdão de Deus é a nossa incapacidade de
perdoar o irmão! (Mt 18,34; 6,15).
* A comunidade como espaço alternativo de
solidariedade e de fraternidade. A sociedade do Império Romano era dura e
sem coração, sem espaço para os pequenos. Estes buscavam um abrigo para o
coração e não o encontravam. As sinagogas também eram exigentes e não ofereciam
um lugar para eles. E nas comunidades cristãs, o rigor de alguns na observância
da Lei levava para dentro da convivência os mesmos critérios da sinagoga. Além
disso, lá para o fim do primeiro século, nas comunidades cristãs começavam a
aparecer as mesmas divisões que existiam na sociedade entre rico e pobre (Tg
2,1-9). Em vez da comunidade ser um espaço de acolhimento, ela corria o risco
de tornar-se um lugar de condenação e de conflitos. Mateus quer iluminar as
comunidades, para que sejam um espaço alternativo de solidariedade e de
fraternidade. Devem ser uma Boa Notícia para os pobres.
4) Para um confronto pessoal
1. Por que será que é tão difícil perdoar?
2. Na nossa comunidade existe espaço para a
reconciliação? De que maneira?
5) Oração final
Mostra-me,
SENHOR, os teus caminhos, ensina-me tuas veredas. Faz-me
caminhar na tua verdade e instrui-me, porque és o Deus que me salva,
e em ti sempre esperei. (Sl 24, 4-5)
Quarta-feira, 26 de março-2019. 3ª SEMANA DA QUARESMA. Evangelho do dia-
Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
1) Oração
Ó Deus de bondade, concedei que, formados pela
observância da Quaresma
e nutridos por vossa palavra, saibamos mortificar-nos
para vos servir com fervor, sempre unânimes na oração.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus
5, 17-19)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele
tempo, 17Disse Jesus aos seus discípulos não julgueis que vim abolir
a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à
perfeição. 18Pois em verdade vos digo: passará o céu e a terra,
antes que desapareça um jota, um traço da lei. 19Aquele que violar
um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim aos homens, será
declarado o menor no Reino dos céus. Mas aquele que os guardar e os ensinar
será declarado grande no Reino dos céus. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
* O Evangelho
de hoje (Mt 5,17-19) ensina como observar a lei de Deus de tal maneira que a
sua prática mostre em que consiste o pleno cumprimento da lei (Mt 5,17-19).
Mateus escreve para ajudar as comunidades de judeus convertidos a superar as
críticas dos irmãos de raça que as acusavam dizendo: “Vocês são infiéis à Lei
de Moisés”. O próprio Jesus tinha sido acusado de infidelidade à lei de Deus.
Mateus traz a resposta esclarecedora de Jesus aos que o acusavam. Assim ele
traz uma luz para ajudar as comunidades a resolver seu problema.
* Usando
imagens do quotidiano, com palavras simples e diretas, Jesus tinha dito que a
missão da comunidade, a sua razão de ser, é ser sal e ser luz! A respeito de
cada uma das duas imagens ele tinha dado alguns conselhos. Em seguida, vem os
três breves versículos do Evangelho de hoje:
* Mateus 5,17-18: Nenhuma vírgula da lei vai cair. Havia várias tendências nas
comunidades dos primeiros cristãos. Uns achavam que já não era necessário
observar as leis do Antigo Testamento, pois é pela fé em Jesus que somos salvos
e não pela observância da Lei (Rm 3,21-26). Outros aceitavam Jesus como Messias,
mas não aceitavam a liberdade de Espírito com que algumas comunidades viviam a
presença de Jesus ressuscitado. Achavam que eles, sendo judeus, deviam
continuar observando as leis do AT (At 15,1.5). Havia ainda cristãos que viviam
tão plenamente na liberdade do Espírito, que já não olhavam mais nem para a
vida de Jesus de Nazaré nem para o AT e chegavam a dizer: “Anátema Jesus!”
(1Cor 12,3). Diante destas tensões, Mateus procura um equilíbrio para além dos
extremos. A comunidade deve ser o espaço, onde este equilíbrio possa ser
alcançado e vivido. A resposta dada por Jesus aos que o criticavam continuava
bem atual para as comunidades: “Não vim abolir a lei, mas dar-lhe pleno
cumprimento!”. As comunidades não podiam ser contra a Lei, nem podiam fechar-se
dentro da observância da lei. Como Jesus, deviam dar um passo e mostrar, na
prática, qual o objetivo que a lei quer alcançar na vida das pessoas, a saber,
a prática perfeita do amor.
* Mateus 5,17-18: Nenhuma vírgula da lei vai cair. E aos que queriam desfazer-se de
toda a lei, Mateus lembra a outra palavra de Jesus: “Portanto, quem desobedecer
a um só desses mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazer o
mesmo, será considerado o menor no Reino do Céu. Por outro lado, quem os
praticar e ensinar, será considerado grande no Reino do Céu”. A grande
preocupação do Evangelho de Mateus é mostrar que o AT, Jesus de Nazaré e a vida
no Espírito não podem ser separados. Os três fazem parte do mesmo e único
projeto de Deus e nos comunicam a certeza central da fé: o Deus de Abraão e
Sara está presente no meio das comunidades pela fé em Jesus de Nazaré que nos
manda o seu Espírito.
4) Para um confronto pessoal
1. Como vejo e vivo a lei de Deus: como horizonte de
liberdade crescente ou como imposição que delimita minha liberdade?
2. E o que podemos fazer hoje para os irmãos e irmãs
que consideram toda esta discussão como ultrapassada e sem atualidade? O que
podemos aprender deles?
5) Oração final
Glorifica o
SENHOR, Jerusalém, louva teu Deus, ó Sião! Porque
reforçou as trancas das tuas portas, no teu meio abençoou teus filhos. (Sl 147, 12-14)
Quinta-feira, 28 de março-2019. 3ª SEMANA DA QUARESMA. Evangelho do dia-
Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
1) Oração
À medida que se aproxima a festa da salvação, nós vos
pedimos, ó Deus,
que nos preparemos com maior empenho para celebrar o
mistério da Páscoa.
Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas
11, 14-23)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo
Mateus - Naquele tempo, 14Jesus estava expulsando um
demônio que era mudo. Quando o demônio saiu, o mudo começou a falar, e as
multidões ficaram admiradas. 15Alguns, porém, disseram: “É
pelo poder de Beelzebu, o chefe dos demônios, que ele expulsa os demônios”. 16Outros, para tentar Jesus, pediam-lhe um sinal
do céu. 17Mas, conhecendo seus
pensamentos, ele disse-lhes: “Todo reino dividido internamente será destruído;
cairá uma casa sobre a outra. 18Ora, se até Satanás está
dividido internamente, como poderá manter-se o seu reino? Pois dizeis que é
pelo poder de Beelzebu que eu expulso os demônios. 19Se é pelo poder de Beelzebu que eu expulso os
demônios, pelo poder de quem então vossos discípulos os expulsam? Por isso,
eles mesmos serão vossos juízes. 20Mas, se é pelo dedo de Deus
que eu expulso os demônios, é porque o Reino de Deus já chegou até vós. 21Quando um homem forte e bem armado guarda o
próprio terreno, seus bens estão seguros. 22Mas, quando
chega um mais forte do que ele e o vence, arranca-lhe a armadura em que
confiava e distribui os despojos. 23Quem não
está comigo é contra mim; e quem não recolhe comigo, espalha. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
* O evangelho
de hoje é de Lucas (Lc 11,14-23). O texto paralelo de Marcos (Mc 3,22-27) já
foi meditado no dia 28 de janeiro deste ano.
* Lucas 11,14-16: As diferentes reações diante da expulsão de um demônio. Jesus tinha
expulsado um demônio que era mudo. A expulsão provocou duas reações diferentes.
De um lado, a multidão do povo que ficou admirado e maravilhado. O povo aceita
Jesus e acredita nele. Do outro lado, os que não aceitam Jesus e não acreditam
nele. Destes últimos, alguns diziam que Jesus expulsava os demônios em nome de
Beelzebu, o príncipe dos demônios, e outros queriam dele um sinal do céu.
Marcos informa que se tratava de escribas vindos de Jerusalém (Mc 3,22), que
não concordavam com a liberdade de Jesus. Queriam defender a Tradição contra as
novidades de Jesus.
* Lucas 11,17-22: A resposta de Jesus tem três partes:
1ª parte: comparação
do reino dividido (vv. 17-18ª) Jesus denuncia o absurdo da calúnia escribas.
Dizer que ele expulsa os demônios com a ajuda do príncipe dos demônios é negar
a evidência. É o mesmo que dizer que a água é seca, e que o sol é escuridão. Os
doutores de Jerusalém o caluniavam, porque não sabiam explicar os benefícios
que Jesus realizava para o povo. Estavam com medo de perder a liderança.
Sentiam-se ameaçados na sua autoridade junto ao povo.
2ª parte: por quem
expulsam vossos filhos? (vv.18b-20) Jesus provoca os acusadores e pergunta: “Se eu expulso
em nome de Belzebu, em nome de quem os discípulos de vocês expulsam os
demônios? Que eles respondam e se expliquem! Se eu expulso o demônio pelo dedo
de Deus, é porque chegou o Reino de Deus!”.
3ª parte: chegando o
mais forte ele vence o forte (vv.21-22) Jesus
compara o demônio com um homem forte. Ninguém, a não ser uma pessoa mais forte,
poderá roubar a casa de um homem forte. Jesus é este mais forte que chegou. Por
isso, ele consegue entrar na casa e amarrar o homem forte. Consegue expulsar os
demônios. Jesus amarrou o homem forte e agora rouba a casa dele, isto é, liberta
as pessoas que estavam no poder do mal. O profeta Isaías já tinha usado a mesma
comparação para descrever a vinda do messias (Is 49,24-25). Por isso Lucas diz
que a expulsão do demônio é um sinal evidente de que chegou o Reino de Deus.
* Lucas 11,23: Quem não está comigo é contra mim. Jesus termina sua resposta com esta frase:
“Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa”.
Em outra ocasião, também a propósito de uma expulsão de demônio, os discípulos
impediram um homem de usar o nome de Jesus para expulsar um demônio, pois ele
não era do grupo dele. Jesus respondeu: “Não impeçam! Quem não é contra vocês é
a vosso favor!” (Lc 9,50). Parecem duas frases contraditórias, mas não são. A
frase do evangelho de hoje é dita contra os inimigos que tem preconceito contra
Jesus: “Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo,
dispersa”. Preconceito e não aceitação tornam o diálogo impossível e rompe a
união. A outra frase é dita para os discípulos que pensavam ter o monopólio de
Jesus: “Quem não é contra vocês é a vosso favor!” Muita gente que não é cristão
pratica o amor, a bondade, a justiça, muitas vezes até melhor do que os
cristãos. Não podemos excluí-los. São irmãos e parceiros na construção do
Reino. Nós cristãos não ´somos donos de Jesus. É o contrário: Jesus é o nosso
dono!
4) Para um confronto pessoal
1) “Quem não está comigo, está contra mim. E quem não
recolhe comigo, dispersa” Como isto acontece na minha vida?
2) “Não impeçam! Quem não é contra vocês é a vosso
favor!” Como isto acontece na minha vida?
5) Oração final
Vinde,
exultemos no SENHOR, aclamemos o Rochedo que nos salva,
vamos a ele
com ações de graças, vamos aclamá-lo com hinos de alegria. (Sl 94, 1-2)
Sexta-feira, 29 de março-2019. 3ª SEMANA DA QUARESMA. Evangelho do dia-
Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
1) Oração
Infundi, ó Deus, vossa graça em nossos corações, para
que, fugindo aos excessos humanos, possamos, com vosso auxílio, abraçar os
vossos preceitos.
Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos
12, 28b-34)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele
tempo, 28Achegou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e,
vendo que lhes respondera bem, indagou dele: Qual é o primeiro de todos os
mandamentos? 29Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os
mandamentos é este: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor; 30amarás
ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu
espírito e de todas as tuas forças. 31Eis aqui o segundo: Amarás o
teu próximo como a ti mesmo. Outro mandamento maior do que estes não existe. 32Disse-lhe
o escriba: Perfeitamente, Mestre, disseste bem que Deus é um só e que não há
outro além dele. 33E amá-lo de todo o coração, de todo o pensamento,
de toda a alma e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, excede a
todos os holocaustos e sacrifícios. 34Vendo Jesus que ele falara
sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do Reino de Deus. E já ninguém ousava
fazer-lhe perguntas. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
*
No Evangelho de hoje (Mc 12,28b-34), os escribas ou doutores da Lei
querem saber de Jesus qual o maior mandamento. Hoje também muita gente quer
saber o que é o mais importante na religião. Uns dizem que é ser batizado.
Outros, que é rezar. Outros dizem: ir à Missa ou participar do culto no
domingo. Outros ainda: amar o próximo e lutar por um mundo mais justo! Outros
estão preocupados só com as aparências ou com os cargos na igreja.
*
Marcos 12,28: A pergunta do doutor da Lei. Pouco antes da pergunta do escriba, a
discussão tinha sido com os saduceus em torno da fé na ressurreição (Mc
12,23-27). O doutor, que tinha assistido ao debate, gostou da resposta de
Jesus, percebeu a grande inteligência dele e quis aproveitar da ocasião para
fazer uma pergunta de esclarecimento: “Qual é o maior de todos os mandamentos?”
Naquele tempo, os judeus tinham uma grande quantidade de normas para
regulamentar na prática a observância dos Dez Mandamentos da Lei de Deus.
Alguns diziam: “Todas estas normas têm o mesmo valor, pois todas vêm de Deus.
Não compete a nós introduzir distinções nas coisas de Deus”. Outros diziam:
“Algumas leis são mais importantes que as outras e, por isso, obrigam mais!” O
doutor quer saber qual a opinião de Jesus.
*
Marcos 12,29-31: A resposta de Jesus. Jesus responde citando um trecho da Bíblia
para dizer que o mandamento maior é “amar a Deus com todo o coração, com toda a
alma, com todo o entendimento e com toda a força!” (Dt 6,4-5). No tempo de
Jesus, os judeus piedosos recitavam esta frase três vezes ao dia: de manhã, ao
meio dia e à noite. Era tão conhecida entre eles como entre nós, hoje, o
Pai-Nosso. E Jesus acrescenta, citando novamente a Bíblia: “O segundo é este:
‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’ (Lv 19,18). Não existe outro mandamento
maior do que estes dois”. Resposta breve e muito profunda! É o resumo de tudo
que Jesus ensinou sobre Deus e sobre a vida (Mt 7,12).
*
Marcos 12,32-33: A resposta do doutor da lei. O doutor
concordou com Jesus e concluiu: “Sim, amar a Deus e amar ao próximo é muito
mais importante do que todos os holocaustos e todos os sacrifícios”. Ou seja, o
mandamento do amor é mais importante que os mandamentos relacionados com o
culto e os sacrifícios do Templo. Esta afirmação já vinha desde os profetas do
Antigo Testamento (Os 6,6; Sl 40,6-8; Sl 51,16-17). Hoje diríamos que a prática
do amor é mais importante que novenas, promessas, missas, rezas e procissões.
*
Marcos 12,34: O resumo do Reino. Jesus confirma a conclusão do doutor e diz:
“Você não está longe do Reino!” De fato, o Reino de Deus consiste em unir os
dois amores: amor a Deus e amor ao próximo. Pois se Deus é Pai/Mãe, nós todos
somos irmãos e irmãs, e temos que mostrar isto na prática, vivendo em
comunidade. "Destes dois mandamento dependem toda a lei e os profetas!"
(Mt 22,40) Os discípulos e as discípulas, que coloquem na memória, na
inteligência, no coração, nas mãos e nos pés esta lei maior, pois não se chega
a Deus a não ser através da doação total ao próximo!
*
Jesus tinha dito ao doutor da Lei: "Você não está longe do
Reino!" (Mc 12,34). O doutor já estava perto, mas para poder entrar no
Reino teria que dar mais um passo. No AT o critério do amor ao próximo era ““Amar
o próximo como a sim mesmo”. No NT, Jesus alargou o sentido do amor:
“Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado! (Jo
15,12-13). Agora o critério será “Amar
o próximo como Jesus nos amou!”. É o caminho certo para se chegar a uma
convivência mais justa e mais fraterna.
4) Para um confronto pessoal
1. Para você, o que é o mais importante na
religião?
2. Nós, hoje, estamos mais perto ou
mais longe do Reino de Deus do que o doutor que foi elogiado por Jesus? O que
você acha?
5) Oração final
Entre os
deuses nenhum é como tu, Senhor, e nada há que se iguale a tuas obras. Pois tu és grande e fazes maravilhas; só tu és Deus.
(Sl 85, 8.10)
Sábado, 30 de março-2019. 3ª SEMANA DA QUARESMA. Evangelho do dia-
Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
1) Oração
Ó Deus, alegrando-nos cada
ano com a celebração da Quaresma, possamos participar com fervor dos
sacramentos pascais e colher com alegria todos os seus frutos. Por
nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas
18, 9-14)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo,
9Jesus lhes disse ainda esta parábola a respeito de alguns que se
vangloriavam como se fossem justos, e desprezavam os outros: 10Subiram
dois homens ao templo para orar. Um era fariseu; o outro, publicano. 11O
fariseu, em pé, orava no seu interior desta forma: Graças te dou, ó Deus, que
não sou como os demais homens: ladrões, injustos e adúlteros; nem como o
publicano que está ali. 12Jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo
de todos os meus lucros. 13O publicano, porém, mantendo-se à
distância, não ousava sequer levantar os olhos ao céu, mas batia no peito,
dizendo: Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador! 14Digo-vos:
este voltou para casa justificado, e não o outro. Pois todo o que se exaltar
será humilhado, e quem se humilhar será exaltado. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Lc 18,9-14
*
No Evangelho de hoje, Jesus conta a parábola do fariseu e do publicano
para ensinar como rezar. Jesus tinha outra maneira de ver as coisas da vida.
Ele via algo de positivo no publicano, de quem todo mundo dizia: “Ele nem sabe
rezar!” Jesus vivia tão unido ao Pai pela oração, que tudo se tornava expressão
de oração para ele.
*
A maneira de apresentar a parábola é muito didática. Lucas dá uma breve
introdução que serve como chave de leitura. Em seguida, Jesus conta a parábola
e, no fim, o próprio Jesus faz a aplicação da parábola na vida.
*
Lucas 18,9: A introdução. A parábola é apresentada com a seguinte frase: "Jesus contou ainda esta parábola para
alguns que, convencidos de serem justos, desprezavam os outros!" A
frase é de Lucas. Ela se refere, ao tempo de Jesus. Mas ela também se refere ao
tempo do próprio Lucas e ao nosso tempo. Sempre há pessoas e grupos de pessoas
que se consideram justos e fiéis e que desprezam os outros como ignorantes e
infiéis.
*
Lucas 18,10-13: A parábola. Dois homens sobem ao templo
para rezar: um fariseu e um publicano. Na opinião do povo daquela época, os
publicanos não prestavam para nada e não podiam dirigir-se a Deus, pois eram
pessoas impuras. Na parábola, o fariseu agradece a Deus por ser melhor do que
os outros. A sua oração nada mais é do que um elogio de si mesmo, uma auto-exaltação
das suas boas qualidades e um desprezo pelos outros e pelo próprio publicano. O
publicano nem sequer levanta os olhos, bate no peito e apenas diz: "Meu
Deus, tem dó de mim que sou um pecador!" Ele se coloca no seu
lugar diante de Deus.
*
Lucas 18,14: A aplicação. Se Jesus tivesse deixado ao povo opinar para dizer
quem dos dois voltou justificado para
casa, todos teriam respondido: "É o fariseu!" Pois esta era a opinião
comum naquela época. Jesus pensa diferente. Para ele, quem voltou justificado
para casa, isto é, em boas relações com Deus, não é o fariseu, mas sim o
publicano. Jesus virou tudo pelo avesso. As autoridades religiosas da época não
devem ter gostado da aplicação que ele fez desta parábola.
* Jesus Orante. É sobretudo Lucas que nos informa
sobre a vida de oração de Jesus. Ele apresenta Jesus em constante oração. Eis
uma lista de textos do evangelho de Lucas, nos quais Jesus aparece em oração:
Lc 2,46-50; 3,21: 4,1-12; 4,16; 5,16; 6,12; 9,16.18.28; 10,21; 11,1; 22,32;
22,7-14; 22,40-46; 23,34; 23,46; 24,30. Lendo o evangelho de Lucas você poderá
encontrar outros textos que falam da oração de Jesus. Jesus vivia em contato permanente com o Pai. A respiração da vida
dele era fazer a vontade do Pai (Jo 5,19). Jesus rezava muito e insistia, para
que o povo e seus discípulos fizessem o mesmo, pois é no contato com Deus que a
verdade aparece e que a pessoa se encontra consigo mesma em toda a sua
realidade e humildade. Em Jesus, a oração estava intimamente ligada aos fatos
concretos da vida e às decisões que ele devia tomar. Para poder ser fiel ao
projeto do Pai, ele buscava estar a sós com Ele para escutá-lo. Jesus rezava os
Salmos. Como todo judeu piedoso, conhecia-os de memória. Jesus chegou a fazer o
seu próprio salmo. É o Pai Nosso. Sua
vida era uma oração permanente: "Eu a cada momento faço o que o Pai me
mostra para fazer!" (Jo 5,19.30). A ele se aplica o que diz o Salmo:
"Eu sou oração!" (Sl 109,4).
4) Para um confronto pessoal
1. Olhando no espelho desta parábola,
eu sou como o fariseu ou como o publicano?
2. Tem pessoas que dizem que não sabem
rezar, mas elas conversam com Deus o tempo todo. Você conhece pessoas assim?
5) Oração final
Ó Deus, tem
piedade de mim, conforme a tua misericórdia; no teu grande amor cancela o meu
pecado. Lava-me de toda a minha culpa, e purifica-me de meu pecado. (Sl 50, 3-4)
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