Terça-feira, 25 de março-2019. 3ª SEMANA DA QUARESMA. Evangelho do dia-
Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
1) Oração
Ó
Deus, que a vossa graça não nos abandone, mas nos faça dedicados ao vosso
serviço e aumente sempre em nos os vossos dons. Por
nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus
18, 21-35)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele
tempo, 21Pedro se aproximou dele e disse: Senhor, quantas vezes devo
perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? 22Respondeu
Jesus: Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23Por
isso, o Reino dos céus é comparado a um rei que quis ajustar contas com seus
servos. 24Quando começou a ajustá-las, trouxeram-lhe um que lhe
devia dez mil talentos. 25Como ele não tinha com que pagar, seu
senhor ordenou que fosse vendido, ele, sua mulher, seus filhos e todos os seus
bens para pagar a dívida. 26Este servo, então, prostrou-se por terra
diante dele e suplicava-lhe: Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo! 27Cheio
de compaixão, o senhor o deixou ir embora e perdoou-lhe a dívida. 28Mas
este servo, tendo saído, encontrou um dos seus companheiros, que lhe devia cem
dinheiros, e, lançando-lhe a mão, o sufocava, dizendo: Paga o que me deves. 29O
outro caiu-lhe aos pés e pediu-lhe: Dá-me um prazo e eu te pagarei! 30Mas,
sem nada querer ouvir, este homem o fez lançar na prisão, até que tivesse pago
sua dívida. 31Vendo isto, os outros servos, profundamente tristes,
vieram contar a seu senhor o que se tinha passado. 32Então o senhor
o chamou e lhe disse: Servo mau, eu te perdoei toda sua dívida, porque me
suplicaste; 33Não devias também tu compadecer-te de teu companheiro
de serviço, como eu tive piedade de ti? 34E o senhor, encolerizado,
entregou-o aos algozes, até que pagasse toda a sua dívida. 35Assim
vos tratará meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão, de todo
seu coração. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
* O Evangelho
de hoje fala da necessidade do perdão. Não é fácil perdoar. Pois certas mágoas
continuam machucando o coração. Há pessoas que dizem: "Eu perdôo, mas não
esqueço!" Rancor, tensões, brigas, opiniões diferentes, ofensas,
provocações dificultam o perdão e a reconciliação. Vamos meditar as palavras de
Jesus que falam da reconciliação (Mt 18,21-22) e que trazem a parábola do
perdão sem limites (Mt 18,23-35).
* Mateus 18,21-22: Perdoar setenta vezes sete!. Jesus tinha falado sobre a
importância do perdão e sobre a necessidade de saber acolher os irmãos e as
irmãs para ajudá-los a se reconciliar com a comunidade (Mt 18,15-20). Diante
destas palavras de Jesus, Pedro pergunta: “Quantas vezes devo perdoar ao irmão
que pecar contra mim? Até sete vezes?” O número sete indica uma perfeição. No caso, era sinônimo de sempre.
Jesus vai mais longe do que a proposta de Pedro. Ele elimina todo e qualquer
possível limite para o perdão: "Não te digo até sete, mas até setenta
vezes sete!” Ou seja, setenta vezes sempre! Pois não há proporção entre o perdão que recebemos
de Deus e o perdão que nós devemos oferecer ao irmão, como ensinará a parábola
do perdão sem limites.
* A expressão setenta vezes sete era uma alusão clara
às palavras de Lamec que dizia: “Por uma ferida, eu matei um homem, e por uma
cicatriz matei um jovem. Se a vingança de Caim valia por sete, a de Lamec
valerá por setenta vezes sete" (Gn 4,23-24). Jesus quer reverter a espiral
da violência que entrou no mundo pela desobediência de Adão e Eva, pelo
assassinato de Abel por Caim e pela vingança de Lamec. Quando a violência
desenfreada toma conta da vida, tudo desanda e a vida se desintegra. Surge o
Dilúvio e aparece a Torre de Babel da dominação universal (Gn 2,1 a 11,32).
* Mateus 18,23-35: A parábola do perdão sem limite. A dívida de dez mil talentos valia em torno de
164 toneladas de ouro. A dívida de cem denários valia 30 gramas de ouro. Não
existe meio de comparação entre os dois! Mesmo que o devedor junto com mulher e
filhos fossem trabalhar a vida inteira, jamais seriam capazes de juntar 164
toneladas de ouro. Diante do amor de Deus que perdoa gratuitamente nossa dívida
de 164 toneladas de ouro, é nada mais do que justo que também nós perdoemos ao
irmão a insignificante dívida de 30 gramas de ouro, setenta vezes sempre! O
único limite para a gratuidade do perdão de Deus é a nossa incapacidade de
perdoar o irmão! (Mt 18,34; 6,15).
* A comunidade como espaço alternativo de
solidariedade e de fraternidade. A sociedade do Império Romano era dura e
sem coração, sem espaço para os pequenos. Estes buscavam um abrigo para o
coração e não o encontravam. As sinagogas também eram exigentes e não ofereciam
um lugar para eles. E nas comunidades cristãs, o rigor de alguns na observância
da Lei levava para dentro da convivência os mesmos critérios da sinagoga. Além
disso, lá para o fim do primeiro século, nas comunidades cristãs começavam a
aparecer as mesmas divisões que existiam na sociedade entre rico e pobre (Tg
2,1-9). Em vez da comunidade ser um espaço de acolhimento, ela corria o risco
de tornar-se um lugar de condenação e de conflitos. Mateus quer iluminar as
comunidades, para que sejam um espaço alternativo de solidariedade e de
fraternidade. Devem ser uma Boa Notícia para os pobres.
4) Para um confronto pessoal
1. Por que será que é tão difícil perdoar?
2. Na nossa comunidade existe espaço para a
reconciliação? De que maneira?
5) Oração final
Mostra-me,
SENHOR, os teus caminhos, ensina-me tuas veredas. Faz-me
caminhar na tua verdade e instrui-me, porque és o Deus que me salva,
e em ti sempre esperei. (Sl 24, 4-5)
Nenhum comentário:
Postar um comentário