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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO, Nº 405. Jejum e Oração.

ORDEM DO CARMO: CAPÍTULO GERAL- 2013. SASSONE - ITÁLIA


Segundo dia ( 04/09/2013)

MANHÃ
Relatório do Cons. Geral para a Europa (P. John Keating O.Carm.)

            São 12 províncias, 2 comissariados gerais e 2 delegações gerais, com um total de 706 frades, correspondendo a 1/3 dos religiosos da Ordem. A Europa se encontra em uma encruzilhada, um momento de transição, não somente em termos econômicos, mas também no aspecto social e eclesial. O Carmo na Europa se encontra neste complexo contexto. Falta a “onda” de juventude que transforma a realidade. Na Europa somos uma Ordem envelhecida e vivemos momentos de crise de identidade e incertezas. Não se pode ignorar as mudanças dos últimos quarenta anos e fingir que tudo continua como no passado.

Existem pontos cruciais que devem ser enfrentados:

1– mobilidade/imobilidade – vivemos um sério problema de pessoal, “de mobilidade ou imobilidade” causados por empenhos fixos, elevada faixa etária, problemas de saúde física e mental. Na maioria das províncias falta pessoal para assumir e continuar as obras e missões. Por outro lado falta imaginação criativa, para a formação permanente e o serviço à Ordem.

2 – visão e gestão - Nas comunidades falta diálogo e são absorvidas pelo trabalho. Há pouco espaço para “ser carmelita”. É necessário descobrir novos caminhos. Temas como pessoal, abusos, economia e patrimônio, absorvem as energias dos nossos frades. Frequentemente estamos enjaulados em questões administrativas e temos pouca liberdade para caminhar no jardim do Carmelo. Qual é, por exemplo, o papel da Ordem na Espanha, na Alemanha e na Itália de hoje? Nossa missão nada mais é do que conduzir as pessoas a Cristo.

3 – Discernimento –

4 – Zona de Conforto -

 FORMAÇÃO NA ORDEM DO CARMO

            Desde o Cap. Geral de 2007 a Comissão Internacional para a Formação se reuniu anualmente. Para a formação permanente foi escolhido a metodologia da mistagogia.

Conclusões da Comissão:

- como podemos receber candidatos para vida comunitária, se não existe vida comunitária? A comunidade tem um papel fundamental na formação. É necessário ter comunidades para que os novos conheçam o que é a vida comunitária. É necessário aprender a orar, para poder ensinar ser exemplo. Não se pode fazer cursos para ensinar, se não se vive. A riqueza dos cursos vai muito além de meras lições. Na dimensão mistagogica nossas comunidades devem ser: lugar de encontro, de oração e de silêncio, poesia, fraternidade, aberto aos sofrimentos do mundo. Como carmelitas devemos ser uma fraternidade internacional.

RELATÓRIO DO CONSELHEIRO GERAL PARA A ÁFRICA
P. DÉSIRÉ UNEN ALIMANGE

            Nos últimos 15 anos o número de países passou de 2 (Zimbábue e Congo) para sete (Moçambique, Burkina Fasso, Quênia, Camarões e Tanzânia). Existem projetos de abertura em outros dois países, Uganda e Togo. No total são 242 frades em todo o continente. Temos também dois Mosteiros de Monjas no Quênia e de Congregações Carmelitas em diversos países (Donum Dei, Carmelitas de Santa Teresa do Menino Jesus, Carmelitas do Sagrado Coração, Irmãs da Virgem Maria do Monte Carmelo, Trabalhadoras de Nossa Senhora do Monte Carmelo- Zimbábue). A estes grupos de vida consagrada se acrescentam os diversos grupos de leigos carmelitas. A presença da Ordem está se consolidando no continente africano. São muitas as vocações, mas é preciso insistir na qualidade. O desafio da enculturação não pode ser ignorado. É necessário criar centros de formação no próprio continente.

RELATÓRIO DO CONSELHEIRO GERAL PARA AS AMÉRICAS
P. RAUL MARAVÍ CABRERA, O.CARM.

            A Ordem está presente em 13 países das Américas: Canadá, EUA, México, El Salvador, Rep. Dominicana, Porto Rico, Trinidad e Tobago, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Argentina e Brasil. Institucionalmente são 4 províncias, 1 comissariado geral, 8 comissariados provinciais, e 3 fundações sem status jurídico-canônico (Trinidad e Tobago, Colômbia, e Argentina).

AMÉRICA DO NORTE

BRASIL. As 2 províncias já possuem grande experiência de colaboração no campo da formação, ministérios e paroquias.

 RELATÓRIO DO CONSELHEIRO GERAL PARA ÁSIA-AUSTRÁLIA-OCEANIA
P. Albertus Herwanta O. Carm.

            A Ordem cresceu muito na Região. Em 2009 eram 544 frades e em 2012 o número subiu para 569. Estamos presentes nos seguintes países: Austrália, Timor Leste, Índia, Indonésia, Filipinas e Vietnam. Ressalta-se o ingresso do primeiro candidato chinês e do primeiro da Papua Nova Guiné. Na Índia começam a surgir vocações de outros Estados, além de Kerala. As monjas carmelitas também estão presentes na região e a esperança é que logo, logo seja aberto um novo mosteiro no Vietnam. Foram abertas duas novas missões: Papua Nova Guiné e Hong Kong. Em 2006 19 frades OCD da Índia, sacerdotes e professos pediram o ingresso na N. Ordem. Após alguns anos de experiência foram formalmente aceitos na Ordem em novembro de 2012. Nasceu assim a Delegação Geral de Santa Teresa e Santo Alberto de Jerusalém. A Província das Filipinas foi erigida em 2013. Seguindo um antigo projeto da Ordem, está sendo fundada uma casa em Singapura. Diversos grupos de leigos carmelitas são florescentes em toda a Região. Ainda existem muitos países onde seria importante a abertura de novas casas, como Mongólia, Japão e Coréia do Sul. Os maiores desafios da Região são: formação, dificuldades financeiras, missões e a contribuição para o governo geral.

COMISSÃO GERAL PARA JUSTIÇA, PAZ E INTEGRIDADE DA CRIAÇÃO

            A CGJP, foi constituída com o objetivo de ajudar a Ordem a ter maior consciência dos desafios de justiça e paz. Muitas províncias possuem promotores de Justiça e Paz. A CARMELO-NGO INTERNATIONAL, tem reconhecimento por parte da comunidade internacional e do governo dos Estados Unidos. Algumas Províncias possuem também ONGs Carmelitas muito atuantes. A CGJP promove o diálogo inter-religioso e elaborou um documento sobre o tema com foco na contribuição específica da Ordem do Carmo. Os desafios são: aumentar a comunhão com CGJP de outras famílias religiosas, promoção do diálogo inter-religioso, oferecer para a sociedade a contribuição da espiritualidade carmelitana. No âmbito interno da Ordem é preciso aumentar o intercambio entre as províncias no campo da promoção da Justiça e da Paz.

ORDEM DO CARMO: CAPÍTULO GERAL- 2013. SASSONE - ITÁLIA

Frei Evaldo Xavier Gomes, O. Carm.

Primeiro dia


ABERTURA DIA 03/09/2013
O Capítulo Geral foi aberto com uma missa presidida pelo P. Geral, Fernando Millán, concelebrada pelos membros do Conselho Geral e padres capitulares. Após a missa todos, vestindo o hábito e capa branca, se dirigiram em procissão para a sala capitular. Ao longo do percurso se cantou a ladainha dos santos carmelitas e o veni creator. A procissão foi aberta pelo ícone de Nossa Senhora e dos padroeiros do Capítulo Geral. Fr. Joseph Chalmers foi eleito Presidente do Capítulo.

TARDE
1- Leitura da Carta do Papa Francisco para o Prior Geral da Ordem por ocasião da celebração do Capítulo Geral (texto em anexo). Em sua mensagem o Papa sugere três “fios condutores” para a realização do Capítulo Geral.

2- LEITURA DO RELATÓRIO DO PRIOR GERAL.
Nos últimos anos a Ordem cresceu muito em termos numéricos e no que diz respeito à sua diversidade geográfica. É necessário, entretanto pensar na nossa missão como carmelitas e qual é a especificidade do nosso carisma. Nossa identidade deve ser discernida e repensada. Quem somos? O que fazemos? Para que? estas perguntas são incomodas e colocam em questão o nosso modo de vida. Agimos verdadeiramente como carmelitas nas nossas igrejas e nossas missões?
Minha impressão é muito positiva. Não faltam o fervor, nem a generosidade, nem a disposição para enfrentar este momento histórico. Nossos carmelitas vivem o carisma com heroísmo. Apesar de tudo isso é necessário reconhecer problemas e carências. Além dos problemas pessoais, dolorosos, em algumas províncias existem sérios problemas de formação e se evita o risco de tomar as necessárias decisões. Recorre-se a um providencialismo que não resolve. Em outros casos, há excesso de rigidez que não contribui com a maturidade e o diálogo. São problemas inerentes à condição humana, mas que empobrecem nossas comunidades e nosso empenho pela evangelização.
O bonito trabalho silencioso de tantos carmelitas é muito maior do que os problemas e defeitos de poucos.


Formação
Nos últimos 50 anos a formação tem sido considerada um elemento prioritário na vida da Ordem. Infelizmente na prática tem sido muito mais um prioridade teórica do que real na nossa vida e em nossas províncias. O termo formação não se refere somente à formação acadêmica e intelectual, mas é uma forma de ser discípulo, de ser missionário. Muitas vezes encontramos na Ordem um clericalismo que deve ser condenado. Uma vez ordenado o frade crê que não necessita mais de formação e que não necessita de continuar o aprendizado e a crescer.
Sobretudo nos noviciados interprovinciais temos crescido na comunhão da Ordem. Foi um pedido da própria Ordem. Nas Américas temos três noviciados: língua inglese, espanhola e portuguesa. Na Europa, tivemos uma experiência em Aylesford e que continua agora em Salamanca. Na África nasce o mesmo movimento. Na Ásia, não foram realizadas estas inciativas, visto que o número de vocações é muito alto. Uma sugestão seria a de fazer um estudantado interprovincial. O Governo Geral está promovendo também cursos de formação permanente. Os centros internacionais em diversas partes do mundo, como o CISA tem dado uma grande contribuição para a formação. A formação é o grande desafio para o nosso futuro.


ESTRUTURA E ADMINISTRAÇÃO DA ORDEM
Neste âmbito gostaria de ressaltar a reativação da região Itália – Malta e a reunificação de algumas províncias da Europa: Alemanha e o processo de reunificação das Províncias de Castela e Arago-Valentina. Em muitas Ordens religiosas na Europa processos semelhantes estão ocorrendo. Este processo não é uma derrota, mas um sinal de vitalidade em que nos adaptamos aos novos tempos em que vivemos. É preciso sair do “provincialismo esclerótico”, para se abrir a novos horizontes. Em sentido contrário, gostaria de ressaltar as novas realidades administrativas da Ordem. O Comissariado Geral do Paraná e duas novas Delegações Gerais: Nossa Senhora do Carmo, no Quênia e Santa Teresa do Menino Jesus e Santo Alberto na Índia.
Se pensam a novas realidades: como a transformação do Congo em Província e a criação de um novo Comissariado Geral na Indonésia. Um desafio é o que fazer com pequenos grupos que não possuem o numero de membros requerido para se tornarem comissariados gerais, mas que não recebem mais o apoio necessário das Províncias de origem da Europa. Uma preocupação é a falta de pessoas para ocupar cargos de governo. O governo é também um serviço, um ministério e uma atividade pastoral.

FAMÍLIA CARMELITANA
Em maio de 2012 foi realizado o encontro da Família Carmelitana. Em minhas viagens pude comprovar a vitalidade da Família Carmelitana e sua riqueza. Muitas vezes os leigos se lamentam que falta entusiasmo por parte dos frades para com os grupos carmelitas. São lamentações que nos questionam.
Nos últimos anos alguns mosteiros de monjas foram fechados. O fechamento de um mosteiro é sempre um processo doloroso. Mas estamos realizando três novas fundações, que são possibilidades de futuro.
Temos uma excelente colaboração com as a irmãs carmelitas de vida ativa. Em maio de 2012 tivemos um encontro do Conselho Geral com todas as superioras Gerais.
Temos dois problemas a serem resolvidos: a incardinação dos membros masculinos no ramo masculino de algumas comunidades da família carmelitana. O segundo problema são os grupos eremitas. O Conselho Geral precedente recebeu na Ordem grupos de eremitas nos EUA e na Itália. Apesar disso o Governo Geral recebeu uma Carta da Congregação dizendo que não se pode passar diretamente da Vida Eremítica à incorporação na Ordem. Atualmente a questão esta sendo solucionada com a afiliação destes grupos à Ordem, que é uma solução paliativa.
Uma preocupação tem sido com relação ao futuro do Instituto Carmelitano. Nos últimos anos se transformou quase em uma realidade virtual.
As edições Carmelitanas são o nosso bilhete e visita. Uma dificuldade tem sido a publicação da Bibliografia Anual. Mais de 10 teses de doutorado sobre temas carmelitanos foram defendidas nos últimos anos.
Necessidade quase urgente de se criar uma nova geração de peritos na Ordem. A queda do nível intelectual prejudica toda a Ordem e a nossa pastoral. Não podemos perder de vista o horizonte de uma vida acadêmica rica.

ECONOMIA
A crise financiaria mundial é um grande desafio. Províncias que eram consideradas ricas, já não possuem hoje a mesma disponibilidade de recursos. Acrescenta-se o fato de que o envelhecimento dos frades nestas realidades é um problema adicional. O balanço da Cúria se manteve estável nos últimos anos. Os edifícios da Cúria estão em bom estado de conservação. O Papa Francisco fez um forte chamado à simplicidade de vida.

ESCOLA E JUVENTUDE
Em 2007 foi feita uma proposta para o Capítulo Geral de fazer um encontro das Escolas e juventudes da Ordem. O Conselho Geral decidiu que seriam melhor ampliar a proposta. Assim foram realizados diversos encontros para fazer com que houvesse maior troca de informações e conhecimento entre as escolas carmelitanas. Foi criada uma comissão permanente para as escolas e a juventude carmelitana. Neste ano de 2013 fizemos uma jornada de três dias por ocasião da JMJ do Rio de Janeiro.

BEATIFICAÇÕES E CANONIZAÇÕES
Evidentemente não são prêmios, mas existe um pouco de orgulho de família que nos enobrece. Nestes seis anos tivemos três beatificações e uma canonização (São Nuno de Santa Maria).

BISPOS CARMELITAS
Ao longo desde sexênio foram ordenados dois novos bispos Carmelitas: D. João Costa, D. Wilmar Santin. D. Felipe Ianoni é agora auxiliar da Diocese de Roma. Hoje temos 13 bispos carmelitas, dos quais 6 são eméritos.

RELAÇÃO COM NOSSOS IRMÃOS CARMELITAS DESCALÇOS
Nos últimos anos tivemos diversos encontros entre os respectivos Conselhos Gerais. Todos os anos são feitas duas reuniões anuais, cada uma em uma das Cúrias Gerais. Foram feitos também encontros mais amplos o primeiro no Monte Carmelo em 2010 e o segundo em Aylesford em maio de 2013.
Os Descalços estão tentando restaurar as ruinas do primeiro mosteiro carmelita, o Wadih em Siah, que se encontra abandonado e em estado de degradação. Existem diversos impedimentos de ordem administrativa e política. A Nossa Ordem está participando deste esforço com um membro na Comissão encarregada e com a oferta de apoio financeiro.

CONCLUSÃO
Nos próximos anos teremos algumas comemorações que se tornaram um ponto de referência para todos que vivemos nossa identidade e missão. Celebraremos alguns centenários importantes: em 2014 os 800 da morte de Santo Alberto de Jerusalém, 400 anos da morte do P. Gerônimo Graciano, figura importante da reforma teresiana e que faleceu como membro da O. N., os 500 anos do nascimento de Santa Teresa d´Ávila; e em 2016 os 450 anos do nascimento de Santa Maria Madalena de Pazzi. Todos contribuíram vivamente para o aprofundamento da nossa identidade e da missão do Carmo, respondendo aos desafios do próprio tempo. Não são centenários arqueológicos, mas servirão para que reencontremos estas figuras importantes da Ordem.
Que Maria nossa Mãe e Irmã e os Santos da Ordem, nos auxiliem, com seu exemplo e intercessão para que levemos a todos uma palavra de esperança e de salvação!

ORDEM DO CARMO: Capítulo Geral-02.

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO, Nº 404. Bíblia e Vida.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Carta do Papa Francisco aos Carmelitas por ocasião do Capítulo Geral 2013

Para Rev.do Padre
Fernando Millán Romeral
Prior Geral da Ordem dos Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo.
Dirijo-me a vós, queridos Irmãos da Ordem da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, como você comemora seu Capítulo Geral. Neste momento de graça e de renovação que convida você a discernir a missão da gloriosa Ordem dos Carmelitas, eu gostaria de oferecer-lhe uma palavra de encorajamento e esperança. O antigo carisma do Carmelo ao longo destes últimos oito séculos tem sido um presente para toda a Igreja. Sua origem primavera contemplativa da terra de epifania do amor permanente de Deus manifestado no Verbo feito carne. Ao ponderar a sua missão no Carmelo hoje , gostaria de pedir que você considere três coisas que podem orientá-lo em seu caminho peregrino : amor como fidelidade , como a oração e como missão.

Fidelidade
A Igreja tem a missão de levar Cristo ao mundo e é por isso, como Mãe e Mestra , ela convida cada um de nós a aproximar-se dele. Na liturgia carmelita para a festa de Nossa Senhora do Monte Carmelo, contemplamos Nossa Senhora ao lado da cruz. Este é também o lugar onde se encontra a Igreja", perto da Cruz de Cristo."  É também o lugar para cada fiel membro da Ordem Carmelita. Sua regra começa com a exortação aos irmãos para "viver uma vida de fidelidade a Jesus Cristo ", para segui-lo e servi-lo com um coração puro e indivisível. Esta estreita relação com Cristo acontece na solidão, em assembleia fraterna e na missão. "A escolha fundamental de uma vida que é concreta e radicalmente dedicada a seguir Cristo". (Ratio Institutionis Vitae Carmelitanae 8) fazer de suas vidas uma peregrinação de transformação amorosa. O Concílio Vaticano II recorda a importância da contemplação sobre a jornada da vida: "É da essência da Igreja que ela seja humana e divina , visível e invisível equipada, ansioso para atuar e ainda com a intenção de contemplação, presente no mundo como peregrinos . " ( Sacrosanctum Concilium 2) os primeiros eremitas do Monte Carmelo reteve a memória daquele lugar sagrado , e mesmo se exilado e distanciou -lo constantemente manteve o olhar fixo sobre a glória de Deus. Refletindo sobre as suas origens e história e contemplar a grande linhagem de quem viveu o carisma carmelita através dos séculos você vai descobrir sua vocação de novo presente a serem profetas da esperança. É precisamente com esta esperança que você vai renascer. Muitas vezes o que é novo é apenas algo muito antigo visto sob uma nova luz.
Dentro de sua regra é o coração da missão carmelita então e agora. Quando você se aproxima o centenário oito da morte de Alberto, Patriarca de Jerusalém , em 1214, você vai lembrar que ele formulou "um modo de vida", um espaço que lhe permite viver uma espiritualidade que é orientada para Cristo. Ele descreve os dois elementos externos e internos, a ecologia física do espaço ea armadura espiritual necessária para cumprir sua vocação e missão.
Em um mundo que muitas vezes não entende Cristo, e de fato o rejeita, você está convidado a se aproximar e unir -se mais intimamente com ele. É um apelo contínuo para seguir a Cristo e ser conformado com ele. Isso é de importância vital em nosso mundo tão desorientado, "pela primeira vez a chama da fé morre , todas as outras luzes começam a escurecer . " (Lumen Fidei 4) Cristo está presente na sua fraternidade, seu culto comum e no ministério confiado a você : renovar a fidelidade de toda a sua vida !
Oração
O Santo Padre Bento XVI, antes de seu Capítulo Geral de 2007 lembrou que " peregrinação interior da fé em Deus começa em oração ", e em Castel Gandolfo em agosto de 2010 , disse -lhe o seguinte: " Vocês são aqueles que nos ensinam como orar " .Você fala de si mesmos como contemplativos no meio do povo . Se é verdade que somos chamados a viver nas alturas do Carmelo, em seguida, também é verdade que você é chamado para testemunhar no meio do povo. A oração é que "estrada real " que leva ao profundo mistério do Deus Uno e Trino , mas também é o caminho estreito de Deus no meio do povo como peregrinos no mundo em direção à Terra Prometida.
Uma das mais belas formas de entrar em oração é por meio da Palavra de Deus. Lectio divina traz para você em conversa direta com o Senhor e ele abre para você o tesouro de sabedoria. A amizade íntima com Aquele que nos ama, nos permite ver com os olhos de Deus , para falar com a sua Palavra em nossos corações, para valorizar a beleza dessa experiência e compartilhá-lo com aqueles que estão com fome para a eternidade.
Voltando à simplicidade de uma vida centrada no Evangelho é o desafio de uma Igreja renovada : uma comunidade de fé que encontra sempre novas formas de evangelização num mundo em constante mudança . Os santos do Carmelo foram os grandes pregadores e professores de oração. Isto é o que é necessário, mais uma vez a partir de Carmelo, no século XXI. Constantemente ao longo do comprimento de sua história, grandes nomes do Carmelo tentaram chamá-lo de volta às suas raízes contemplativas de oração, as raízes sempre fecundo em oração. Aqui está o coração do seu testemunho: a dimensão "contemplativa " da Ordem, para ser vivida , cultivada e transmitida. Eu gostaria que cada um de vocês a se perguntar: como é a minha vida contemplativa? Quanto tempo durante o meu dia que dedico à oração e à contemplação? O carmelita sem essa vida contemplativa é um corpo morto! Hoje, talvez mais do que no passado, é tão fácil deixar-se distrair com os cuidados e preocupações deste mundo e sucumbir aos falsos ídolos. Nosso mundo está fraturado, de muitas formas: em vez da contemplativa une e poderosamente constrói o chamado à unidade. Agora mais do que nunca é o momento para você descobrir novamente esse caminho interior para amar, através da oração e oferecer ao povo hoje em sua pregação e missão do testemunho de sua contemplação, nem soluções fáceis, mas que a sabedoria que vem de ponderar "dia e noite a Lei do Senhor". A Palavra sempre traz um perto da cruz gloriosa de Cristo. United na contemplação e na austeridade da vida não é um aspecto secundário de sua vida e testemunho. Há uma tentação muito forte mesmo para que você caia em uma espiritualidade mundana. O espírito do mundo é o inimigo da vida de oração : nunca se esqueça disso! Exorto-vos a uma vida mais austera e de penitência, de acordo com a sua tradição autêntica, uma vida distante de todo o mundanismo, distante dos critérios do mundo.

Missão
Meus queridos irmãos carmelitas, a sua é a mesma missão de Jesus. Todo o planejamento e diálogo Capítulo será de pouco uso, se você não começar a sua renovação aqui. Sua família carmelita está vendo um maravilhoso "primavera " em todo o mundo , que a fruta , um dom de Deus, e do envolvimento missionário do passado. Hoje, a missão traz seus desafios pesados ​​como a mensagem do Evangelho não é sempre aceitos ou até mesmo violentamente rejeitado. Nunca devemos esquecer, mesmo se jogado em águas turvas e desconhecidos, que aquele que dá a missão também dará a coragem. Então, comemorar seu capítulo com a esperança que nunca morre, com um forte espírito de generosidade recuperar a sua vida contemplativa ea simplicidade e austeridade do Evangelho.
Dirigindo-se peregrinos na Praça de São Pedro disse: "Cada indivíduo cristão e de cada comunidade é missionária na medida em que eles trazem para os outros e viver o Evangelho e testemunhar do amor de Deus para todos, especialmente aqueles que experimentam dificuldades. Seja missionários do amor e da ternura de Deus! Seja missionários da misericórdia de Deus , que sempre nos perdoa , sempre nos espera e nos ama muito caro " (Homilia 19 maio 2013 ) . O testemunho do Carmelo, no passado faz parte de uma tradição espiritual profunda, que cresceu e se tornou uma das grandes escolas de oração. Ele evocou a coragem de homens e mulheres que enfrentam o perigo e até mesmo a morte. Nós são muito conscientes de dois grandes mártires contemporânea em Santa Teresa Benedita da Cruz e do Beato Tito Brandsma. Peço-lhe então: hoje entre vós, você ainda tem a resistência, a coragem desses santos?
Queridos irmãos do Carmo, o testemunho do seu amor e sua esperança irradiando sua profunda amizade com o Deus vivo, pode chegar como uma " brisa suave " renovar e re-despertar a sua missão eclesial no mundo de hoje . Para isso vocês foram chamados. Sua Profissão Rite coloca em seus lábios estas palavras: "Eu me entrego a Deus que pela Sua graça e com a ajuda da Virgem Maria I pode atingir perfeita caridade no serviço de Deus e da Igreja".
Nossa Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe e Rainha do Carmelo , acompanhar seus passos e fazer frutificar a sua jornada diária em direção à montanha de Deus. Invoco sobre todos os membros da Família Carmelita, e mais especialmente você capitulares , as abundantes bênçãos do Espírito Santo e tudo o que eu cordialmente concedo a Bênção Apostólica.
Franciscus
Fonte: http://ocarm.org Tradução: Google

A profecia do silêncio.

Enzo Bianchi

Precisamos do silêncio também do ponto de vista espiritual. Não se trata simplesmente de abster-se de falar ou da ausência de ruídos, mas sim do silêncio interior, aquela dimensão que nos restitui a nós mesmos, nos coloca no plano do ser, diante do essencial.
A opinião é do monge e teólogo italiano Enzo Bianchi, prior e fundador da Comunidade de Bose, em artigo publicado no jornal Avvenire, dos bispos italianos, 29-08-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
Se na nossa sociedade "o homem tornou-se um apêndice do ruído" (Max Picard), faz cada vez mais urgente a exigência de que cada um reencontre a sua própria humanidade através da redescoberta do silêncio e da aprendizagem da antiquíssima arte de "ouvir o silêncio". Empreendimento certamente nada simples, se ainda Heráclito definia os seus próprios semelhantes como "incapazes de ouvir e de falar": desde então, talvez, temos a impressão de ter dado passos à frente na capacidade de falar, mas certamente quanto à escuta parecemos ter voltado séculos. Temos a necessidade de uma pedagogia da escuta que só pode ter início a partir do silêncio. Sim, "ouvir o silêncio" pode parecer um oxímoro, mas é a chave que abre o mundo da escuta autêntica e da compreensão do que se sente.
A tradição espiritual, não só cristã, sempre reconheceu a essencialidade do silêncio para uma vida interior autêntica. "A oração – disse Savonarola , que entendia bem de discursos apaixonados – tem como pai o silêncio e como mãe a solidão". Só o silêncio, de fato, torna possível a escuta, isto é, a acolhida em si não apenas da palavra pronunciada, mas também da presença daquele que fala. O silêncio é linguagem de amor, de profundidade, de presença ao outro. Além disso, na experiência amorosa, o silêncio é muitas vezes linguagem mais eloquente, intensa e comunicativa do que as palavras.
Infelizmente, hoje, o silêncio é raro, talvez seja a realidade mais ausente nos nossos dias: somos bombardeados por mensagens sonoras e visuais, os ruídos nos roubam da nossa interioridade, e as próprias palavras são empobrecidas pelo fato de serem gritadas, reduzidas a slogans ou invectivas.
Ora, "quando diminui o prestígio da linguagem, aumenta o do silêncio" (Susan Sontag). Devemos confessar: precisamos do silêncio! Ele nos é necessário de um ponto de vista puramente antropológico, porque o homem, que é um ser de relação, comunica de modo equilibrado e equilibrado apenas graças à harmônica relação entre palavra e silêncio.
Mas precisamos do silêncio também do ponto de vista espiritual. Para a fé judaica e cristã, o silêncio é uma dimensão teológica: no monte Horeb, o profeta Elias percebeu que estava na presença de Deus não no estrondo do vento, trovões e terremoto, mas somente quando ele ouviu "a voz de um silêncio sutil" (1Rs 19, 12). Inácio de Antioquia diria que Cristo é "a Palavra que procede do silêncio".
Não se trata simplesmente de abster-se de falar ou da ausência de ruídos, mas sim do silêncio interior, aquela dimensão que nos restitui a nós mesmos, nos coloca no plano do ser, diante do essencial. "No silêncio, é inerente um maravilhoso poder de observação, de esclarecimento, de concentração sobre as coisas essenciais" (Dietrich Bonhoeffer).
O silêncio é guardião da interioridade, já que nos conduz de uma dimensão primária e "negativa" de sobriedade, disciplina no falar ou mesmo de abstenção de palavras, a um nível mais profundo, de intensa vida espiritual: isto é, de silenciar os pensamentos, as imagens, as rebeliões, os julgamentos, as murmurações que nascem no coração. É o difícil silêncio interior, aquele que encontra o seu próprio âmbito vital no coração, lugar da luta espiritual. Mas justamente esse silêncio profundo gera a atenção, a acolhida, a empatia com relação ao outro.
O silêncio escava no nosso profundo um espaço para ali fazer habitar a alteridade, para fazer ressoar a palavra e, ao mesmo tempo, nos dispõe à escuta inteligente, ao falar comedido, ao discernimento daquilo que arde no coração do outro e que está escondido no silêncio do qual nascem as suas palavras. O silêncio, então, esse silêncio, suscita em nós a caridade, o amor pelo irmão.
"O silencioso torna-se fonte de graça para quem ouve", afirmara São Basílio. Para o cristão, a referência à escuta obediente da Palavra de Deus, à acolhida do Verbo feito carne é evidente e extremamente eloquente.
Não por acaso é esse silêncio que chega a nós a partir de uma longa história espiritual: é o silêncio buscado e praticado pelos hesicastos para obter a unificação do coração, o silêncio da tradição monástica voltado à acolhida em si da palavra de Deus, o silêncio da oração de adoração da presença de Deus. Mas também é o silêncio caro aos místicos de todas as tradições religiosas e, antes ainda, é o silêncio do qual a linguagem poética está embebida, o silêncio que constitui a própria matéria da música, o silêncio essencial a todo ato comunicativo.
O silêncio, evento de profundidade e de unificação, torna o corpo eloquente, levando-nos a habitar o nosso corpo, a alimentar a nossa vida interior, guiando-nos para aquele habitare secum tão precioso para a tradição monástica como para a filosófica. O corpo habitado pelo silêncio torna-se revelação da pessoa inteira.
Tentemos, então, encontrar no ritmo da nossa vida um tempo para ouvir o silêncio: conseguiremos captar os esforços realizados para criá-lo e cuidá-lo, discernir os sons imperceptíveis da presença de outras criaturas ao nosso lado, compreender o não dito que habita a grande quantidade de palavras, ter inteligência do que acontece – ou seja, literalmente, a "ler dentro" dos eventos – e, finalmente, também ouvir melhor a nós mesmos e aos outros quando eles falam ao nosso coração e à nossa mente, e não só aos nossos ouvidos.

EVANGELHO COM FREI PETRONIO: 04 de setembro-2013.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO, Nº 402-B. Bíblia e Carmelitas.

CARMELITAS: Capítulo Geral-2013.

Oração e reflexão em preparação ao Capítulo Geral da Ordem do Carmo.
Tema: “Uma palavra de esperança e de salvação” (Const. 24): viver o carisma e a missão do Carmelo, hoje.

Algumas citações e reflexões enquanto você se preparação
1- “É necessário um sério e constante discernimento para escutar o que o Espírito diz à comunidade (cf. Ap 2,7) e para reconhecer o que vem do Senhor e o que Lhe é contrário (cf. Vita Consecrata, 73). Sem o discernimento, acompanhado da oração e da reflexão, a vida consagrada corre o perigo de acomodar-se aos critérios deste mundo: o individualismo, o consumismo, o materialismo – critérios que fazem diminuir a fraternidade e fazem perder o fascínio pela vida religiosa. Sede mestres do discernimento para que vossas irmãs e vossos irmãos assumam este habitus  e vossas comunidades sejam um sinal eloquente para o mundo de hoje” (Papa Bento XVI dirigindo-se à assembleia da União dos Superiores Gerais 2011. Citado no discurso do Prior Geral na Congregação Geral de Niágara, 2011).
2- “Assim vemos que a velha árvore, transplantada a um novo terreno, manteve seu crescimento. Esse crescimento foi influenciado, sem dúvida, pelas novas condições, porém sobreviveu às tormentas e invernos de seu novo ambiente. Por sua própria vitalidade interna e pelo cuidado do Jardineiro Celestial, assentou suas raízes na nova terra. Algumas vezes as tormentas arrancaram algum ramo aqui e ali, e sua vida se viu ameaçada; porém o velho tronco não pôde ser destruído. Nascem novos brotos e seus ramos se estendem, inclusive, mais largamente que antes. E agora se alça, antes de tudo, entre as árvores mais nobres no jardim da Igreja” (Titus Brandsma, A beleza do Carmelo, pág. 58).
3- “A Lectio Divina é uma fonte genuína da espiritualidade cristã, e nossa Regra nos convida à sua prática. Pratiquemo-la cada dia para adquirir um suave e mui vivo amor para aprender a supereminente ciência de Jesus Cristo. Assim cumpriremos o mandato do apóstolo Paulo que nos recorda a Regra: ‘A espada do Espírito, que é a palavra de Deus, habite com toda sua riqueza em vossa boca e em vossos corações, e tudo o que fordes fazer, fazei-o no nome do Senhor’ (Const. 82)”.
4- “Assim, digo agora que... todas as que trazemos este hábito sagrado Carmo, somos chamadas à oração e contemplação” (5 M 1,2)... “e nem é direito que alguma se queixe; antes, se vir que sua ordem está decaindo em algum ponto, que procure ser uma pedra apta a fazer o edifício erguer-se outra vez, pois para isso o Senhor dará ajuda” (F 4,7). “Eu vos peço, pelo amor de Nosso Senhor, que vos recordeis quão cedo tudo acaba e da graça que nos concedeu Nosso Senhor ao nos trazer a esta Ordem, bem como dos grandes desgostos que terá quem nela introduzir o relaxamento. Tende sempre diante dos olhos a estirpe de que descendemos: os santos Profetas. Quantos santos há no céu que trouxeram este hábito. Assumamos uma santa presunção, com o favor de Deus: a de sermos iguais a Ele. Pouco durará a batalha, irmãs minhas, e o fim é eterno”. (F 29,33). (Teresa de Jesus)
5- “Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, porque o remendo novo repuxa o pano velho e o rasgão fica maior ainda. Também não se põe vinho novo em odres velhos, senão os odres se arrebentam, o vinho se derrama e os odres se perdem. Mas vinho novo se põe em odres novos, e assim os dois se conservam” (Mt 9,16-17).
6- “Nos últimos decênios tem-se visto o avanço de uma ‘desertificação’ espiritual. Qual fosse o valor de uma vida, de um mundo sem Deus, no tempo do Concílio já se podia perceber a partir de algumas páginas trágicas da história, mas agora, infelizmente, o vemos ao nosso redor todos os dias. É o vazio que se espalhou. No entanto, é precisamente a partir da experiência deste deserto, deste vazio, que podemos redescobrir a alegria de crer, a sua importância vital para nós homens e mulheres. No deserto é possível redescobrir o valor daquilo que é essencial para a vida; assim sendo, no mundo de hoje, há inúmeros sinais da sede de Deus, do sentido último da vida, ainda que muitas vezes expressos implícita ou negativamente. E no deserto existe, sobretudo, necessidade de pessoas de fé que, com suas próprias vidas, indiquem o caminho para a Terra Prometida, mantendo assim viva a esperança. A fé vivida abre o coração à Graça de Deus que liberta do pessimismo. Hoje, mais do que nunca, evangelizar significa testemunhar uma vida nova, transformada por Deus, indicando assim o caminho” (Papa Bento XVI. Homilia da Missa de abertura ao Ano da Fé).

INTRODUÇÃO

A finalidade da vida Carmelita
No coração da tradição carmelitana achamos a dupla finalidade da vida carmelita, tal como foi enunciada por Felipe Ribot: “oferecer a Deus um coração santo e purificado de toda mancha atual de pecado (...) e saborear no coração e experimentar na alma o poder da presença divina e a doçura da glória celeste, não somente depois da morte, mas já nesta vida mortal” (Livro dos Primeiros Monges I,2). Se, de fato, consideramos que esta afirmação é verdadeira para nós, então, talvez, nos veremos retornar, uma e outra vez mais, com novas expressões, a esta ideia, até que nos demos conta que realmente dá sentido a nossas vidas. Ela nos convida a pensar, ao mesmo tempo, em santidade e justiça (“para que vivamos em santidade e justiça todos os dias da nossa vida” - Lc 1,75) e a afirmar que não queremos que estes dons sejam só para nós, mas para todo o povo com o qual compartilhamos a vida, o ministério, a comunidade, alegrias e tristezas.
Três questões
Surge uma série de questões muito claras, que nos preocupam, quando temos uma visão geral dos acontecimentos e quando ouvimos as declarações dos dirigentes da Ordem (o Prior Geral e seu Conselho, assim como o Conselho das Províncias 2009 e a Congregação Geral 2011):
1- que devemos renovar, com satisfação e entusiasmo, nossa fé, nossas tradições e o que nós, como carmelitas, temos que oferecer à Igreja e ao mundo;
2- que necessitamos promover, o que será para alguns, mas não para todos,  uma  nova forma de trabalhar com os leigos, com os membros da grande Família Carmelita, e com os integrantes de outras organizações comprometidas na Igreja;
3- que deveríamos centrar-nos em algum tipo de ministério particular no trabalho com as pessoas: alguns sugerem que a área da oração e o acompanhamento espiritual poderia ser a resposta; outros, que temos que unir nosso dom da contemplação com a tarefa de transformar a sociedade, transformando em primeiro lugar a pessoa. Tudo isso continuará acontecendo em santuários, paróquias, centros educativos, nossa ONG, e muitos outros.
As respostas a estas três interrogantes poderiam ter importantes implicações para a missão e as missões da Ordem, agora e no futuro.
Nosso Carisma

Vemos que hoje, como resultado de muito estudo e discussão, nosso carisma foi definido com clareza nas constituições do ano de 1995 e na RIVC. Nosso carisma é a “contemplação”, pelo qual vivemos em obséquio de Jesus Cristo em oração, fraternidade e serviço, seguindo os exemplos de Elias e Maria.  Sabemos qual é nosso carisma! É necessário vivê-lo, a nível pessoal e comunitário, como um serviço à Igreja e ao mundo.

Contexto

 Cada um de nós tem sua própria forma de descrever e julgar o ambiente onde vive e no qual nosso Capítulo Geral vai se desenrolar. O contexto de nosso Capítulo Geral está marcado por uma série de fatores: por uma parte, e de forma positiva, nossa ordem se estendeu em muitos lugares do mundo; guardamos a riqueza que supõe um melhor conhecimento do nosso carisma e tradição; percebemos o novo despertar dos leigos que querem fazer parte de nossa família, etc.; porém, por outra parte, em outros lugares de nosso mundo, há severos cortes no rendimento das pessoas; elevado número de desempregados, especialmente entre os jovens; a desconfiança nas instituições e nos seus líderes; o abismo crescente entre ricos e pobres; a severa ameaça de nosso ecossistema, tanto no habitat humano como no do resto das espécies, devido à cobiça e a falta de sensibilidade; a confiança e crença em todo tipo de “deuses” que põe à margem o Deus cristão; aquelas esperanças do Concílio Vaticano II que ainda necessitam ser efetivadas. Neste contexto, como carmelitas, somos chamados a oferecer e chegar a ser uma palavra de esperança e salvação, vivendo nosso carisma e missão...
“Para poder nos converter em uma palavra de Deus, é necessário entrar em um processo de transformação interior e consentir que Deus esteja presente e aja em nossa vida. Isso é obra de Deus, porém Ele não o fará sem nosso consentimento. Este processo pode ser doloroso, pois, através dele, nos vemos tal como somos e tal como gostaríamos de ser. O grande perigo é nos distanciarmos e fugirmos para não vermos e aceitarmos o que se está produzindo em nós. Este processo de transformação inclui a destruição do falso eu que está dentro de nós, a fim de que possa nascer a verdadeira vida (Joseph Chalmers. O Deus de nossa contemplação, 2004, 39)

Perguntas para reflexão a serem retomadas no final de cada meditação:
1- O que mais me chamou atenção? O que vejo no mundo que me cerca? Será que tenho algo a oferecer?
2-Sinto-me movido a fazer algo? A ser sacerdote? Religioso? A viver em comunidade dando testemunho? A servir os pobres? A trabalhar com pessoas influentes e poderosas? A ensinar e pregar? A trabalhar na direção espiritual?
3-Com que recursos vou trabalhar? Com meu próprio talento, minha formação, minha comunidade? Com outras pessoas? Com minha oração e fé?
4-Que poderei precisar que não tenho? Outros com quem trabalhar conjuntamente? Mais informação, mais preparação? Maior união na hora de tomar decisões? Mais recursos econômicos?
PRIMEIRA MEDITAÇÃO
TEMA: A contemplação no coração do nosso carisma: o amor de Deus nos transforma. “Não ardia o nosso coração quando nos falava pelo caminho” (Lc 24,32).
Os discípulos, no caminho de Emaús, percorreram o itinerário da tristeza e do vazio à alegria de reconhecer o Senhor na partilha da Palavra e na fração do pão. Os discípulos, que descobrem Jesus através da contemplação, se convertem em artesãos da comunidade e arautos de sua ressurreição.
Oração ao Espírito Santo
Espírito Santo, ajudai-nos a servir a Deus, nosso Pai, com um espírito novo e não com uma lei caduca (Rm 7,6). Pedimos-vos, quando lermos vossa Palavra, Que se descortine o véu que envolve nossos corações, e assim, descubramos nela o rosto do filho amado do Pai, Jesus Cristo (2 Cor 3,4). Por Cristo Jesus, Nosso Senhor. Amém.
Tomando consciência da realidade que nos cerca
Façamos uma breve pausa para a reflexão pessoal ou comunitária sobre nossa experiência acerca do que está acontecendo agora no mundo, prestando especial atenção à ausência ou presença de Deus. Ao lançarmos o olhar sobre o mundo, descobriremos que estamos preparados para voltarmo-nos cada vez mais a Deus e nos confrontarmos com sua Palavra.    
1ª. Leitura: Lc 24,13-35: E eles o reconheceram na fração do pão.
Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos iam para um povoado, chamado Emaús, a uns dez quilômetros de Jerusalém.    Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido. Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. Os seus olhos, porém, estavam como vendados, incapazes de reconhecê-lo. Então Jesus perguntou: “O que andais conversando pelo caminho?” Eles pararam, com o rosto triste, e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: “És tu o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes dias?” Ele perguntou: “Que foi?” Eles responderam: “O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e diante de todo o povo. Os sumos sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Nós esperávamos que fosse ele quem libertaria Israel; mas, com tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos assustaram. Elas foram de madrugada ao túmulo e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que ele está vivo. Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém viu”. Então ele lhes disse: “Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! Não era necessário que o Cristo sofresse tudo isso para entrar na sua glória?” E, começando por Moisés e passando por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, as passagens que se referiam a ele.
Quando chegaram perto do povoado para onde iam, ele fez de conta que ia adiante. Eles, porém, insistiram: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Ele entrou para ficar com eles. Depois que se sentou à mesa com eles, tomou o pão, pronunciou a bênção, partiu-o e deu a eles. Neste momento, seus olhos se abriram, e eles o reconheceram. Ele, porém, desapareceu da vista deles. Então um disse ao outro: “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém, onde encontraram reunidos os Onze e os outros discípulos. E estes confirmaram: “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!” Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como o tinham reconhecido ao partir o pão.

2ª. Leitura: Vivendo na presença e no amor de Deus.

“A contemplação constitui a viagem interior do carmelita proveniente da livre iniciativa de Deus que o toca e o transforma em ordem à unidade de amor com ele, elevando-o até poder gozar gratuitamente de ser amado por Deus e viver na sua presença amorosa. Esta é uma experiência transformante do amor de Deus que transborda. Este amor esvazia-nos dos nossos modos humanos limitados e imperfeitos de pensar, amar e agir, e transforma-os em ‘modos divinos’ e habilita-nos ‘não só depois da morte, mas também nesta vida mortal, a saborear no coração e experimentar na alma o poder da presença divina e a doçura da glória celeste’”  (RIVC, #23).

3ª. Leitura: Fidelidade a nosso carisma e valentia em nossas decisões.

 “A perda de sentido radical da vida, o pluralismo das visões de mundo e de homem, o sentimento de insatisfação existencial, por uma parte, como por outra, a exigência de infundir esperança na luta pela transformação e construção de um mundo melhor e mais fraterno, fazem que surja, na humanidade, o grito e a demanda por transcendência e contemplação. Este grito e esta demanda interpelam, diretamente, nossa fidelidade ao carisma e nos estimulam a opções corajosas. Seremos fieis ao nosso carisma na medida em que saibamos nos confrontar com as diversas situações e culturas, com sentido profético e atitude de fé, para descobrir o Deus que vive e fala na história. Qualquer opção nossa em favor dos nossos irmãos deve proceder desta atitude contemplativa e sempre em referência à mesma. ”(Falco J. Thuis, Prior Geral, Fascinados pelo mistério de Deus. Roma 1983).

Perguntas para reflexão pessoal ou comunitária:
1- Qual o papel da contemplação na tua vida?
2- Como a Ordem do Carmo te tem ajudado a fazer crescer o dom da contemplação em tua vida?
3- Que pensas sobre a ideia de que a contemplação é o melhor dom que a nossa Ordem pode oferecer à Igreja?
4- Os discípulos experimentaram o desmoronamento de tudo aquilo em que eles tinham colocado as suas esperanças, para encontrar, através da Palavra de Deus, uma nova vida que se abriu diante deles. Se esta imagem reflete o que está acontecendo em nosso mundo, ou em nossa Ordem, então, sendo fiéis à Palavra de Deus, pergunto, que tipo de mundo percebes que está nascendo diante de nós?
Oremos, dando graças a Deus:
- Pelo dom de conhecer a Deus, em Jesus Cristo, e por meio do Espírito, Bendito sejais, Senhor, para sempre.
- Pelo dom da saúde e o cumprimento de nossas realizações pessoais, Bendito sejais, Senhor, para sempre.
-Pelo dom das pessoas que nos alimentam e trabalham conosco, pelo dom dos que esperam de nós uma palavra de esperança e salvação, Bendito sejais, Senhor, para sempre.
Orações aspirativas (podemos guardá-las no coração e repeti-las com frequência)
1- “Sois Vós, ó Senhor, o meu Deus, desde a aurora, ansioso vos busco” (Sl 62,1).
2- “Assim como a corça suspira por águas correntes, assim suspira minha alma por Vós, ó meu Deus”.  (Sl 41)
3-“Não estava ardendo o nosso coração quando Ele nos falava pelo caminho” (Lc 24,12)
2ª. MEDITAÇÃO
TEMA: Uma nova relação com aqueles com quem compartilhamos a caminhada: “Pois se eu, o vosso Mestre e Senhor, lavei vosso pés,  vós também deveis lavar os pés uns dos outros” (Jo 13,13)
Se nos sentimos superiores aos outros, devemos nos perguntar se temos um estilo de vida evangélica. Se nos é difícil trabalhar com os outros, impondo nossas ideias e modo de realizar as coisas, temos que nos perguntar se temos um estilo de vida evangélico. Se descobrimos que nos aproveitamos dos talentos dos demais, desconfiando se ajudam a construir a comunidade, temos que nos perguntar se temos um estilo de vida evangélico.
Invocação ao Espírito Santo
Espírito Santo, vós que viestes em ajuda de nossa debilidade, quando não temos palavras para rezar, assisti-nos nos momentos de maior obscuridade e renovai nossos corações, enchendo-os de esperança, na certeza de que todos somos irmãos e filhos do mesmo Pai. Por Jesus Cristo, Nosso Senhor, Amém.

Tomando consciência da realidade que nos cerca
Façamos um breve momento de silêncio para a reflexão pessoal ou comunitária acerca da existência pessoal, alegrias e desafios vividos no trabalho com os outros. Ao lançarmos o olhar sobre o mundo, descobriremos que estamos preparados para voltarmo-nos cada vez mais a Deus e nos confrontarmos com sua Palavra.
1ª. Leitura (Jo 13,1-17): Dei-vos o exemplo, para que façais assim como eu fiz para vós.
Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que tinha chegado a sua hora, hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. Foi durante a ceia. O diabo já tinha seduzido Judas Iscariotes para entregar Jesus. Sabendo que o Pai tinha posto tudo em suas mãos e que de junto de Deus saíra e para Deus voltava, Jesus levantou-se da ceia, tirou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a à cintura.    Derramou água numa bacia, pôs-se a lavar os pés dos discípulos e enxugava-os com a toalha que trazia à cintura. Chegou assim a Simão Pedro. Este disse: “Senhor, tu vais lavar-me os pés? Jesus respondeu: “Agora não entendes o que estou fazendo; mais tarde compreenderás”. Pedro disse: “Tu não me lavarás os pés nunca!” Mas Jesus respondeu: “Se eu não te lavar, não terás parte comigo”. Simão Pedro disse: “Senhor, então lava-me não só os pés, mas também as mãos e a cabeça”. Jesus respondeu: “Quem tomou banho não precisa lavar senão os pés, pois está inteiramente limpo. Vós também estais limpos, mas não todos”. Ele já sabia quem o iria entregar. Por isso disse: “Não estais todos limpos”. Depois de lavar os pés dos discípulos, Jesus vestiu o manto e voltou ao seu lugar. Disse aos discípulos: “Entendeis o que eu vos fiz?    Vós me chamais de Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque sou. Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais assim como eu fiz para vós. Em verdade, em verdade, vos digo: o servo não é maior do que seu senhor, e o enviado não é maior do que aquele que o enviou.    Já que sabeis disso, sereis felizes se o puserdes em prática.
2ª. Leitura: Lumen Gentium 30
Declaradas as diversas funções da Hierarquia, o sagrado Concílio volta de bom grado a sua atenção para o estado daqueles fiéis cristãos que se chamam leigos. Com efeito, se é verdade que todas as coisas que se disseram a respeito do Povo de Deus se dirigem igualmente aos leigos, aos religiosos e aos clérigos, algumas, contudo, pertencem de modo particular aos leigos, homens e mulheres, em razão do seu estado e missão; e os seus fundamentos, devido às circunstâncias especiais do nosso tempo, devem ser mais cuidadosamente expostos. Os sagrados pastores conhecem, com efeito, perfeitamente quanto os leigos contribuem para o bem de toda a Igreja. Pois eles próprios sabem que não foram instituídos por Cristo para se encarregarem por si sós de toda a missão salvadora da Igreja para com o mundo, mas que o seu cargo sublime consiste em pastorear de tal modo os fiéis e de tal modo reconhecer os seus serviços e carismas, que todos, cada um segundo o seu modo próprio, cooperem na obra comum. Pois é necessário que todos, “praticando a verdade na caridade”, cresçamos de todas as maneiras para aquele que é a cabeça, Cristo; pelo influxo do qual o corpo inteiro, bem ajustado e coeso por toda a espécie de junturas que o alimentam, com a ação proporcionada a cada membro, realiza o seu crescimento em ordem à própria edificação na caridade (Ef 4, 15-16).
3ª. Leitura: Constituições
“O convento, lugar de convenire, onde vive a comunidade, é também para o Carmelo lugar de acolhimento, a fim de compartilhar com as pessoas aquela comunhão de corações, aquela reconciliação fraterna e aquela experiência de Deus, que se vive na comunidade” (Const. 23).
“Este modo de estar “no meio do povo” é, enfim, sinal e testemunho profético de relações novas, amigáveis e fraternas entre os homens e as mulheres, em toda parte. É profecia de justiça e paz na sociedade e entre os povos, realizada como elemento constitutivo da Boa Nova, no empenho efetivo em colaborar na transformação de  sistemas e estruturas de pecado em sistemas e estruturas de graça. É também opção de solidariedade para com os minores da história, para dizer-lhes, a partir de dentro, mais pela vida do que pela boca, uma palavra de esperança e salvação. Uma opção que é consequência lógica da nossa profissão de pobreza numa fraternidade mendicante e na linha do obséquio de Jesus Cristo, vivido também no obséquio dos pobres e daqueles nos quais se espelha de preferência o rosto do Senhor” (Const. 24).

Perguntas para reflexão pessoal ou comunitária:
1- Em que situação concreta fostes capaz de reconhecer os dons e ministérios dos leigos em teu trabalho e em tua vida?
2-O que tornou difícil ou desafiante ao compartilhar teu trabalho e ministério com outros membros da Igreja, inclusive os leigos?
3-O que Jesus estava ensinando aos seus discípulos ao lavar-lhes os pés? Como podemos interpretar esse gesto hoje?
4-Qual a tua reação frente ao surgimento do conceito de “Família Carmelitana”, nos últimos tempos? Quais seriam as vantagens de se falar mais em “Família Carmelita” que “Ordem Carmelita”?
Momento Penitencial
- Senhor Jesus, o primeiro mandamento é o do amor. Perdoai minha falta de amor e ajudai-me a amar aos demais como me amais. Senhor, tende piedade de nós!
- Senhor Jesus, Vós nos entregastes uns aos outros para fortalecer vosso Corpo Místico e fazer que vosso Reino se faça presente aqui na terra. Perdoai-me por não me alegrar com o dom dos demais e ajudai-me a alegrar-me, cada vez mais, com tudo aquilo que podemos fazer juntos. Cristo, tende piedade de nós!
- Senhor Jesus Cristo, que lavastes os pés de vossos discípulos e lhes ensinastes vosso exemplo, perdoai o orgulho que me atrapalha e ajudai-me a ser servidor de todos.  Senhor, tende piedade de nós!
Senhor Jesus, juntos pedimos vosso perdão e misericórdia: Deus todo poderoso tenha compaixão de nós, perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida eterna. Amém.
 Orações aspirativas:
* “O servo não é maior que seu Senhor...” (Jo 15,20)
* “Senhor, a quem iremos? Só vós tendes palavras de vida eterna.” (Jo 6,68)
* “Quando o Filho do Homem vier, encontrará fé sobre a terra?” (Lc 18,8)
* “Em Cristo, um só corpo e um só espírito.” (Oração Eucarística II)
3ª. MEDITAÇÃO
TEMA: Chamados a ser portadores da Palavra: um enfoque particular para nosso apostolado
“Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio”. (Lc1,44)
Nós, carmelitas, nunca nos definimos por desempenharmos só tipo de apostolado.  Apesar disso, é certo que nossa Ordem priorizou alguns deles: o ministério paroquial, santuários, colégios e centros de espiritualidade. Podemos levar a Palavra de Deus aos outros independentemente qual seja o tipo de apostolado? Ou, contrariamente, alguns apostolados nos permitiriam realizar melhor esta tarefa que outros?
Invocação ao Espírito Santo
Senhor e Pai nosso, fonte do amor e da alegria,Vós nunca vos reservastes a graça do vosso Espírito,
mas a derramais sobre vossos filhos, com a generosidade abundante de vossa graça divina. Vos pedimos que, enviando-nos o Espírito de vosso Filho, derramai sobre nossos corações a plenitude de vosso amor, para que amando somente a vós, possamos também amar com ternura o nosso próximo.
Por Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém
Tomando consciência da realidade que nos cerca
Façamos um breve momento de silêncio para a reflexão pessoal ou comunitária acerca do que está passando atualmente no que se refere às novas exigências do apostolado na sociedade em geral, na Igreja, em nossa Ordem, no mundo que nos rodeia. Ao lançarmos o olhar sobre o mundo, descobriremos que estamos preparados para voltarmo-nos cada vez mais a Deus e nos confrontarmos com sua Palavra.
1ª Leitura: Lc 1, 39-46
Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio. Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!”  E Maria disse: “Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador”...
2ª Leitura: Carta dos jovens ao Prior Geral depois da Peregrinação da Esperança, 2010.
“Em Roma, foi maravilhoso conhecer tantos jovens de diferentes países de toda Europa. Reconhecemos que não estávamos sós. Muitas pessoas enfrentam situações semelhantes às nossas. Apesar disso, convivendo uns com os outros, nos fizemos conscientes de que fazemos parte de algo maior, uma comunidade de fé.  Esta comunidade nos dá força e coragem para viver nossa fé.  A fé tem muitas expressões e abarca diversos aspectos de nossa vida; é importante darmo-nos conta de que a fé pode, inclusive, expressar-se quando, simplesmente, estamos nos divertindo. Através da música, da oração e da criatividade, descobrimos que a fé é uma linguagem que transcende todas as fronteiras, sejam geográficas, culturais ou econômicas. É importante que aprendamos a transmitir esta mensagem através da forma em que vivemos”.
“Há tantas dificuldades que enfrentam os jovens, hoje em dia. Às vezes, parece que nossas vozes não são escutadas dentro da Igreja. Em Roma, tu nos escutaste. Queremos continuar o diálogo começado. Revelaste-nos os tesouros da tradição carmelita e perguntamos como podemos partilhar esta riqueza com os jovens de hoje. Inculcaste em nós um sentimento de orgulho por fazermos parte da família do Carmelo. Num tempo em que muitos jovens se sentem isolados em sua fé, geralmente em ambientes hostis ou cada vez mais secularizados, sabemos que a tradição carmelita tem muito a dizer-lhes, porém, como podemos comunicar isto. É importante que sejamos exemplos; nossa fé deve ser autêntica. Reconhecemos que, como Ângelo Paoli, temos a obrigação de mostrar solidariedade para com os pobres e os marginalizados. É difícil discernir o modo melhor de avançarmos, pedimos que, por favor, nos ajudes.” (Jovens da Europa, Roma 2010)

3ª Leitura: Como Santa Teresinha descobriu a sua vocação
Como meus desejos me faziam sofrer um verdadeiro martírio na oração, abri as epístolas de são Paulo a fim de procurar alguma resposta. Meus olhos caíram sobre os capítulos 12 e 13 da primeira epístola aos Coríntios... No primeiro, li que nem todos podem ser apóstolos, profetas, doutores etc... que a igreja é composta de diferentes membros e que o olho não poderia ser, ao mesmo tempo, a mão.  A resposta estava clara, mas não satisfazia aos meus desejos, não me propiciava paz... Como Madalena se inclinando sempre junto ao túmulo vazio acabou por encontrar o que desejava, também me abaixei até as profundezas do meu nada e elevei-me tão alto que consegui atingir minha meta... Sem desanimar, prossegui com minha leitura e esta frase aliviou-me: "Aspirai, também, aos carismas mais elevados. Mas vou mostrar-vos ainda uma via sobre todas sublime". E o apóstolo explica como todos os mais perfeitos dons não valem nada sem o Amor... Que a caridade é a via excelente para levar seguramente a Deus. Enfim, tinha encontrado repouso... Considerando o corpo místico da Igreja, não me reconheci em nenhum dos membros descritos por são Paulo, melhor, queria reconhecer-me em todos... A Caridade deu-me a chave da minha vocação. Compreendi que se a Igreja tem um corpo, composto de diversos membros, o mais necessário, o mais nobre de todos não lhe falta. Compreendi que a Igreja tem um coração e que esse coração arde de amor. Compreendi que só o Amor leva os membros da Igreja a agir, que se o Amor viesse a extinguir-se os apóstolos não anunciariam mais o Evangelho, os mártires negar-se-iam a derramar o sangue... Compreendi que o Amor abrangia todas as vocações, que o Amor era tudo, que abrangia todos os tempos e todos os lugares; numa palavra, que ele é Eterno!... Então, na minha alegria delirante, exclamei: ó Jesus, meu Amor, enfim, encontrei minha vocação, é o Amor!... Sim, achei meu lugar na Igreja e esse lugar, meu Deus, fostes vós quem o destes a mim... No Coração da Igreja, minha Mãe, serei o Amor, serei tudo; portanto, desta forma, meu sonho será realizado!

4ª Leitura: Sobre o apostolado específico dos Carmelitas
Gostaria de resumir meus pensamentos com as palavras do Papa Bento XVI, que citei esta manhã: “Os carmelitas são aqueles que nos ensinam a rezar...” Estas palavras expressam, basicamente, qual é a nossa tarefa na Igreja, e alem disso, são palavras que nos vem do Papa. Esta é a nossa missão específica na Igreja: com a ajuda do Espírito Santo e a graça de Deus, e com a intercessão do profeta Elias e Maria, a Mater e Decor Carmeli, ajudar os outros em sua busca de Deus e ensinar-lhes a rezar; e, porque rezamos, nos tornamos pessoas qualificadas que vivem uma relação pessoal com Cristo. No transcurso de 800 anos, fomos adquirindo uma grande experiência, a qual, se nos esmeramos, pode nos ajudar nesta missão tão importante para a Igreja. Deixemo-nos ser conduzidos à terra do Carmelo, e assim, inspirados por sua fecundidade e sua beleza, poderemos também conduzir outros até lá (Michael Plattig, O.Carm. Exemplos práticos do significado da espiritualidade carmelita na Igreja, em Congregação Geral, Niagara Falls 2011).
Uma palavra de esperança e salvação:
“Por fim, a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus, habite com toda a sua riqueza na vossa boca e no vosso coração. E tudo o que tiverdes de fazer, fazei-o na Palavra do Senhor” (Regra 19)

Perguntas para reflexão:
1- Na tua opinião, a que  nós, carmelitas, estamos chamados a ser hoje?
2- Que semelhança pode haver entre o que ocorreu com Santa Teresinha e o que acontece conosco como indivíduos e como Ordem, hoje?
3- No Carmelo, onde tu percebes “o dom de sermos contemplativos na ação”?
4- Ao teu ver, o que os jovens estão buscando hoje, e como interpretas?
5- Atualmente, o que podemos fazer para melhor responder às necessidades dos jovens?

Momento de Intercessão:
- Pela Igreja e seus dirigente...  Senhor escuta nossa oração.
- Pela preparação ao Capítulo Geral...
- Pelas pessoas com quem vivemos e a quem buscamos servir...
- Pelos que estão sofrendo...
- Pelos que se dedicam ao serviço dos demais...
- Para que haja justiça e concórdia no mundo e na Igreja...

Orações aspirativas:
*“O que vimos e ouvimos, vo-lo anunciamos, para que também vós estejais em comunhão conosco” (1Jo 1,13)
* “Se o Senhor não construir a nossa casa em vão trabalharão os que a constroem” (Sl 127,1)
* “Que em seus dias floresça a justiça e a paz habite eternamente” ( Sl 72,7).

Oração Final:
Senhor da vida e Deus da salvação, que nos chamastes a participara da missão de vosso Filho, faz-nos que, dedicados a seu serviço e seguindo seu exemplo, possamos levar a bom termo tudo aquilo que estiver ao nosso alcance.
Concedei-nos que, dando a conhecer seu Amor no mundo, muitos  sejam atraídos a Vós. Por Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém.
Perguntas em vista do Capítulo Geral
1.  Qual o estado da Ordem/Família Carmelita no momento em que vivemos?
2. Como o Capítulo Geral pode ajudar a Ordem a animá-la a fim de que ela siga adiante?
3.  Que propostas gostaria de apresentar ao Capítulo?
4.  Que perguntas são importantes serem feitas?
Fonte: http://ocarm.org