Frei Evaldo Xavier Gomes, O. Carm.
Primeiro dia
ABERTURA DIA 03/09/2013
O Capítulo Geral
foi aberto com uma missa presidida pelo P. Geral, Fernando Millán, concelebrada
pelos membros do Conselho Geral e padres capitulares. Após a missa todos,
vestindo o hábito e capa branca, se dirigiram em procissão para a sala
capitular. Ao longo do percurso se cantou a ladainha dos santos carmelitas e o veni creator. A procissão foi aberta
pelo ícone de Nossa Senhora e dos padroeiros do Capítulo Geral. Fr. Joseph Chalmers foi eleito
Presidente do Capítulo.
TARDE
1- Leitura da Carta do Papa Francisco
para o Prior Geral da Ordem por ocasião da celebração do Capítulo Geral (texto
em anexo). Em sua mensagem o Papa sugere três “fios condutores” para a realização
do Capítulo Geral.
2- LEITURA DO RELATÓRIO DO PRIOR GERAL.
Nos últimos anos a Ordem cresceu muito
em termos numéricos e no que diz respeito à sua diversidade geográfica. É
necessário, entretanto pensar na nossa missão como carmelitas e qual é a especificidade
do nosso carisma. Nossa identidade deve ser discernida e repensada. Quem somos?
O que fazemos? Para que? estas perguntas são incomodas e colocam em questão o
nosso modo de vida. Agimos verdadeiramente como carmelitas nas nossas igrejas e
nossas missões?
Minha impressão
é muito positiva. Não faltam o fervor, nem a generosidade, nem a disposição
para enfrentar este momento histórico. Nossos carmelitas vivem o carisma com
heroísmo. Apesar de tudo isso é necessário reconhecer problemas e carências.
Além dos problemas pessoais, dolorosos, em algumas províncias existem sérios
problemas de formação e se evita o risco de tomar as necessárias decisões. Recorre-se
a um providencialismo que não resolve. Em outros casos, há excesso de rigidez
que não contribui com a maturidade e o diálogo. São problemas inerentes à
condição humana, mas que empobrecem nossas comunidades e nosso empenho pela
evangelização.
O bonito trabalho silencioso de tantos
carmelitas é muito maior do que os problemas e defeitos de poucos.
Formação
Nos últimos 50
anos a formação tem sido considerada um elemento prioritário na vida da Ordem.
Infelizmente na prática tem sido muito mais um prioridade teórica do que real
na nossa vida e em nossas províncias. O termo formação não se refere somente à
formação acadêmica e intelectual, mas é uma forma de ser discípulo, de ser
missionário. Muitas vezes encontramos na Ordem um clericalismo que deve ser
condenado. Uma vez ordenado o frade crê que não necessita mais de formação e
que não necessita de continuar o aprendizado e a crescer.
Sobretudo
nos noviciados interprovinciais temos crescido na comunhão da Ordem. Foi um
pedido da própria Ordem. Nas Américas temos três noviciados: língua inglese,
espanhola e portuguesa. Na Europa, tivemos uma experiência em Aylesford e que
continua agora em Salamanca. Na África nasce o mesmo movimento. Na Ásia, não
foram realizadas estas inciativas, visto que o número de vocações é muito alto.
Uma sugestão seria a de fazer um estudantado interprovincial. O Governo Geral
está promovendo também cursos de formação permanente. Os centros internacionais
em diversas partes do mundo, como o CISA tem dado uma grande contribuição para
a formação. A formação é o grande desafio para o nosso futuro.
ESTRUTURA E ADMINISTRAÇÃO DA ORDEM
Neste
âmbito gostaria de ressaltar a reativação da região Itália – Malta e a
reunificação de algumas províncias da Europa: Alemanha e o processo de
reunificação das Províncias de Castela e Arago-Valentina. Em muitas Ordens
religiosas na Europa processos semelhantes estão ocorrendo. Este processo não é
uma derrota, mas um sinal de vitalidade em que nos adaptamos aos novos tempos
em que vivemos. É preciso sair do “provincialismo esclerótico”, para se abrir a
novos horizontes. Em sentido contrário, gostaria de ressaltar as novas
realidades administrativas da Ordem. O Comissariado Geral do Paraná e duas
novas Delegações Gerais: Nossa Senhora do Carmo, no Quênia e Santa Teresa do
Menino Jesus e Santo Alberto na Índia.
Se pensam a novas realidades: como a transformação
do Congo em Província e a criação de um novo Comissariado Geral na Indonésia. Um
desafio é o que fazer com pequenos grupos que não possuem o numero de membros
requerido para se tornarem comissariados gerais, mas que não recebem mais o
apoio necessário das Províncias de origem da Europa. Uma preocupação é a falta
de pessoas para ocupar cargos de governo. O governo é também um serviço, um
ministério e uma atividade pastoral.
FAMÍLIA CARMELITANA
Em maio de 2012
foi realizado o encontro da Família Carmelitana. Em minhas viagens pude
comprovar a vitalidade da Família Carmelitana e sua riqueza. Muitas vezes os
leigos se lamentam que falta entusiasmo por parte dos frades para com os grupos
carmelitas. São lamentações que nos questionam.
Nos últimos anos alguns mosteiros de
monjas foram fechados. O fechamento de um mosteiro é sempre um processo
doloroso. Mas estamos realizando três novas fundações, que são possibilidades
de futuro.
Temos uma
excelente colaboração com as a irmãs carmelitas de vida ativa. Em maio de 2012
tivemos um encontro do Conselho Geral com todas as superioras Gerais.
Temos dois problemas a serem resolvidos:
a incardinação dos membros masculinos no ramo masculino de algumas comunidades
da família carmelitana. O segundo problema são os grupos eremitas. O Conselho
Geral precedente recebeu na Ordem grupos de eremitas nos EUA e na Itália.
Apesar disso o Governo Geral recebeu uma Carta da Congregação dizendo que não
se pode passar diretamente da Vida Eremítica à incorporação na Ordem. Atualmente
a questão esta sendo solucionada com a afiliação destes grupos à Ordem, que é
uma solução paliativa.
Uma
preocupação tem sido com relação ao futuro do Instituto Carmelitano. Nos
últimos anos se transformou quase em uma realidade virtual.
As
edições Carmelitanas são o nosso bilhete e visita. Uma dificuldade tem sido a
publicação da Bibliografia Anual. Mais de 10 teses de doutorado sobre temas
carmelitanos foram defendidas nos últimos anos.
Necessidade quase urgente de se criar
uma nova geração de peritos na Ordem. A queda do nível intelectual prejudica
toda a Ordem e a nossa pastoral. Não podemos perder de vista o horizonte de uma
vida acadêmica rica.
ECONOMIA
A
crise financiaria mundial é um grande desafio. Províncias que eram consideradas
ricas, já não possuem hoje a mesma disponibilidade de recursos. Acrescenta-se o
fato de que o envelhecimento dos frades nestas realidades é um problema
adicional. O balanço da Cúria se manteve estável nos últimos anos. Os edifícios
da Cúria estão em bom estado de conservação. O Papa Francisco fez um forte chamado
à simplicidade de vida.
ESCOLA E JUVENTUDE
Em
2007 foi feita uma proposta para o Capítulo Geral de fazer um encontro das
Escolas e juventudes da Ordem. O Conselho Geral decidiu que seriam melhor
ampliar a proposta. Assim foram realizados diversos encontros para fazer com
que houvesse maior troca de informações e conhecimento entre as escolas
carmelitanas. Foi criada uma comissão permanente para as escolas e a juventude
carmelitana. Neste ano de 2013 fizemos uma jornada de três dias por ocasião da
JMJ do Rio de Janeiro.
BEATIFICAÇÕES E CANONIZAÇÕES
Evidentemente
não são prêmios, mas existe um pouco de orgulho de família que nos enobrece.
Nestes seis anos tivemos três beatificações e uma canonização (São Nuno de
Santa Maria).
BISPOS CARMELITAS
Ao
longo desde sexênio foram ordenados dois novos bispos Carmelitas: D. João
Costa, D. Wilmar Santin. D. Felipe
Ianoni é agora auxiliar da Diocese de Roma. Hoje temos 13 bispos carmelitas,
dos quais 6 são eméritos.
RELAÇÃO COM NOSSOS IRMÃOS CARMELITAS DESCALÇOS
Nos
últimos anos tivemos diversos encontros entre os respectivos Conselhos Gerais.
Todos os anos são feitas duas reuniões anuais, cada uma em uma das Cúrias
Gerais. Foram feitos também encontros mais amplos o primeiro no Monte Carmelo
em 2010 e o segundo em Aylesford em maio de 2013.
Os
Descalços estão tentando restaurar as ruinas do primeiro mosteiro carmelita, o
Wadih em Siah, que se encontra abandonado e em estado de degradação. Existem
diversos impedimentos de ordem administrativa e política. A Nossa Ordem está
participando deste esforço com um membro na Comissão encarregada e com a oferta
de apoio financeiro.
CONCLUSÃO
Nos
próximos anos teremos algumas comemorações que se tornaram um ponto de referência
para todos que vivemos nossa identidade e missão. Celebraremos alguns
centenários importantes: em 2014 os 800 da morte de Santo Alberto de Jerusalém,
400 anos da morte do P. Gerônimo Graciano, figura importante da reforma
teresiana e que faleceu como membro da O. N., os 500 anos do nascimento de
Santa Teresa d´Ávila; e em 2016 os 450 anos do nascimento de Santa Maria
Madalena de Pazzi. Todos contribuíram vivamente para o aprofundamento da nossa
identidade e da missão do Carmo, respondendo aos desafios do próprio tempo. Não
são centenários arqueológicos, mas servirão para que reencontremos estas
figuras importantes da Ordem.
Que
Maria nossa Mãe e Irmã e os Santos da Ordem, nos auxiliem, com seu exemplo e
intercessão para que levemos a todos uma palavra de esperança e de salvação!
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