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domingo, 23 de setembro de 2012

Rádio, TV e jornais católicos na Amazônia (I Parte)

Uma entrevista com padre Enrico Uggé, sacerdote do PIME-I
Por padre Piero Gheddo
ROMA, segunda-feira, 17 de setembro de 2012. Padre Enrico Uggé, sacerdote do PIME desde 1970 (veio do seminário diocesano de Lodi), está em Parintins desde Março de 1972 e tem trabalhado principalmente entre os índios Sateré-Mawé, estudando língua e cultura, evangelizando e fundando a escola técnica São Pedro na área reservada para essa tribo. É um promotor acérrimo dos modernos meios de comunicação para difundir o Evangelho e formar os cristãos. Eu o entrevistei no dia 10 de setembro de 2012 em Milão. Aqui está a entrevista.
Pe. Gheddo: Como é que nasceu este compromisso?
Padre Enrico Uggé: Quando em 1990 mons. Risatti me chamou das aldeias dos índios e me confiou a Rádio Alvorada, me apaixonei rapidamente por este desafio. Para os índios nas florestas e ao longo dos rios a rádio era quase o único meio para manter o contato com o resto do mundo. Levei a sério o compromisso e agradecendo a Deus houve um progresso rápido. Às ondas médias da Rádio adicionamos as curtas. Temos um raio de escuta de 400 km e com as ondas curtas também nos captam as rádio-amadores da Finlândia.
Na Amazônia há a rede católica "Rádio Notícia da Amazônia" que com 20 rádios cobre de Manaus ao Macapá, e dá notícias amazônicas, que para aquela imensa região são importantes; estamos também unidos com a Onda, a rede das 800 rádios católicas brasileiras, e podemos republicar programas e noticiários da R.C.R (Centro Rede Católica das Rádios). No Brasil a Igreja procura potenciar os seus instrumentos de comunicação e nós em Parintins estamos bem aparelhados e investimos na qualificação dos nossos jornalistas.
Em Belém um outro missionário do PIME Pe. Claudio Pighin tem uma importante e respeitada escola de comunicações.
Pe. Gheddo: A vossa rádio é generalista? E quantas horas trasmitem por dia?
Padre Enrico Uggé: A nossa vai das 5h da manhã ás 10h da tarde, o nosso lema é “informar- formar-divertir”. Eu sou o diretor da programação, a minha tarefa é seguir e orientar os programas, dando muita importância às notícias bem feitas, controladas, interessantes.
A Amazônia ainda é uma área isolada, as pessoas querem ouvir as novidades. Depois vem a formação porque somos uma rádio católica, mas não cheia de terços e orações. Cada domingo transmitirmos a Missa, depois as orações, as catequeses, as conferências religiosas. Nas manhãs de domingo tenho uma breve gravação que explica o Evangelho do dia, muito escutada principalmente pelos catequistas que devem ir às aldeias sem sacerdotes e reunir as pessoas, orar e explicar o Evangelho. Não é tanto uma explicação doutrinal, mas um discurso para animar as aldeias e os catequistas na Palavra de Deus, na beleza da fé. A nossa rádio é uma das mais importantes entre as católicas no Brasil porque está constituída por profissionais e bem orientada na fidelidade à Igreja e na leitura cristã dos acontecimentos.
Pe. Gheddo: Como foi que da rádio se passou para o jornal?
Padre Enrico Uggé: Em maio de 1994 eu comecei o semanário Novo Horizonte para ter pessoas que estudassem, escrevessem, preparassem por escrito os nossos programas e fizessem o jornal que no geral tem 12 páginas semanais. Nos primeiros tempos da Prelazia com Mons. Cerqua tinha um jornal, mas depois parou. Hoje existem escolas em todos os lugares, os brasileiros lêem mais do que no passado e sentiu-se a necessidade de uma ferramenta que preservasse as notícias e os textos importantes e que fosse lido. Rádio e jornal estão no mesmo nível e se ajudam mutuamente.
Depois nasceu a televisão católica em Parintins. Estamos conectados com os dois canais católicos de TV brasileiros, Canção Nova (dos carismáticos) e Rede Vida (da CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e também com Nossa Senhora de Nazaré, a televisão de Belém que nos abriu espaços para fazer nossos programas. Nos tornamos quase que uma sucursal da TV de Belém que nos dá mais espaço para se tornar a TV de Parintins que já tem 120 mil habitantes, e isso é importante porque a rainha da comunicação é a televisão. É uma TV muito vista principalmente das 11h à 1h que faz muito calor e na Amazônia as pessoas estão tranquilas em casa vendo TV.
A nossa importância é a nível regional. Nós fazemos o telejornal. A TV requer mais do jornal e da rádio, é necessário ter pessoas preparadas para falar na TV e não é fácil. Nos assistem muito porque há notícias locais. No final temos três minutos para o comentário sobre a notícia mais importante. Estou convencido da importância de uma TV como a nossa (como da rádio, das outras coisas). Na igreja aparecem 20%, mas e todos os outros? A maioria vê a televisão católica e esta é a verdadeira evangelização. Até hoje somos o único telejornal local de Parintins.
Pe. Gheddo: Vocês também envolvem quem vos segue na rádio, televisão e jornal?
Padre Enrico Uggé: Trabalhamos com paixão, não só eu, mas os redatores e colaboradores, tentamos transmitir a fé e a visão de fé da vida. Temos iniciativas para envolver as pessoas, por exemplo, fizemos o Natal das crianças, organizamos torneios de futebol e de futebol de salão também para tirar das ruas muitos jovens. Rádio, TV e telejornal são da Fundação Evangelii Nuntiandi, juridicamente separada da diocese, pois se fechasse não cairia tudo encima da diocese. Mas, existem também alguns programas religiosos durante a semana, para a família, os esposos, os noivos, os enfermos, preparados por colaboradores também religiosos fora da redação. Todos os dias temos meia hora para as crianças que estão nas aldeias, nos rios, isoladas, que não vêem mais nada para eles. É um programa emocionante que ensina algo para as crianças. Há uma professora que fala, narra uma história, ou também fala de Jesus e da Mamãe do Céu ou também explica os bons modos, depois as crianças escrevem, vêem ao nosso encontro, nos enviam as suas tarefas. Nós valorizamos os momentos importantes da comunidade, acompanhamos a vida das pessoas e isso é o segredo para nos fazer escutar.
Pe. Gheddo: Vocês também têm publicidade paga?
Padre Enrico Uggé: Fazemos que todos falem um pouco. Para sustentar-nos, alugamos alguma meia hora a algum ente ou grupo que tem interesse em falar, por exemplo, a prefeitura, os entes estatais que trabalham em Parintins e informam das coisas que fazem. Há um regulamente para quem fala, não ofender ou acusar ninguém, dizer a verdade, etc. Dizemos ao prefeito: olha, se você disser que asfaltou as estradas e não é verdadeiro, nós o diremos aos ouvintes. Não alugamos a partidos políticos, mas entes públicos e também privados, depois damos tempos gratuitos para as escolas, hospitais, associações de voluntariado, campanhas para a vacinação. Os políticos podem falar por algum tempo, mas primeiro gravam para ter um controle e se termina no tempo estabelecido. Por lei temos que manter por alguns meses grandes fitas de gravação de tudo o que transmitimos, depois podem ser reutilizadas. Isto porque alguém poderia reclamar de uma transmissão e seja necessário reouvi-la. Também a parte técnica de rádio e televisão é difícil. Estamos bem isolados, a cidade mais próxima é Manaus a 500 Km pelo rio. (Tradução do Italiano por Thácio Lincon Siqueira)
Fonte: www.zenit.org.
 


Rádio, TV e jornais católicos na Amazônia (II Parte).

Uma entrevista com padre Enrico Uggé, sacerdote do PIME- II.
Por padre Piero Gheddo
ROMA, terça-feira, 18 de setembro de 2012. Apresentamos a segunda parte da entrevista com padre Enrico Uggé. O sacerdote do PIME desde 1970 (proveniente do seminário diocesano de Lodi) está em Paritins. Desde março de 1972 trabalhou especialmente entre os índios Sateré-Mawé, estudando a língua e a cultura, evangelizando e fundando a escola técnica São Pedro no território dentro da área reservada para esta tribo. É um promotor acérrimo dos modernos meios de comunicação para difundir o Evangelho e formar os cristãos.
Padre Gheddo: Você é o diretor e animador?
Padre Enrico Uggé: Diretor é uma mulher, uma grande figura, Raimunda Ribeiro, 45 anos de vida na rádio e não se casou para dedicar-se totalmente à rádio. Quando nasceu a Rádio Alvorada, o bispo mons. Arcangelo Cerqua a tinha enviado para o Rio de Janeiro para fazer estudos. Apaixonou-se pelo seu trabalho. É bem orientada na fé. Eu faço o papel do sacerdote, animador e orientador dos programas. Ela enfrenta e resolve todos os problemas, jurídicos, de relações com as autoridades e com o público. Para as leis que existem a doutora Ribeiro é a ideal. É necessário sempre seguir as regras porque somos muito controlados, por exemplo para os direitos de autor das canções que transmitimos, sempre, no final do mês pagamos os direitos. E também o trabalho administrativo. Esta senhora é providencial mas tem um trabalho muito difícil. Agora tem a ajuda de duas colaboradoras que há dez anos trabalham na rádio e na televisão.
Padre Gheddo: todos os que trabalham na empresa são católicos?
Padre Enrico Uggé: No geral sim, mas já tivemos um batista e também alguns não-crentes. No último sábado do mês os funcionários fazem comigo um pequeno retiro espiritual das 8h às 11h, rezamos, lemos a Palavra de Deus e refletimos em algum tema; em seguida, temos as reuniões dos programadores, o espaço para o bispo que a cada semana dá a sua mensagem pastoral na Rádio e na TV, também o entrevistamos quando tem algo a dizer para as pessoas. Depois há programas alegres, música e cantos, esporte e diversão.
Padre Gheddo: como é que se organizam economicamente?
Padre Enrico Uggé: estamos nas mãos da Providência, conseguimos não fechar no vermelho, mas não sei como fazemos. Houve um tempo em que era mais fácil, hoje se torna sempre mais difícil por causa da burocracia e também pelas ajudas que recebemos da Itália. O 25% dos custos são suportados pela ajuda italiana, o resto é produzido pela mesma rádio. As ofertas diminuem porque quando se pede para os leprosos, os órfãos e as adoções chegam, mas quando se fala de rádio e de jornal, na Itália se arrecada pouco ou nada. No entanto o rádio tem uma importância grandíssima para a evangelização e para a formação cristã de todos. Como Igreja, não chegamos mais a todos, enquanto o rádio não apenas chega a todos, mas chega quando estão sentados e podem refletir.
Também para a formação das crianças, o rádio é importante. Fizemos por dois anos, mas custa muito, o Natal das crianças, os nossos Reis Magos distribuiram 15 000 presentes para as crianças pobres. Um mês antes do Natal enviei 800 estudantes da escola superior a visitarem as famílias da periferia mais pobre de Parintins, às crianças de 10 anos pra baixo foi dado um cartãozinho carimbado e assinado valendo o seu presente de Natal. Descobrimos que existem crianças pobres que nunca receberam um presente!
Padre Gheddo: Como é que aconteceu esta festa das crianças e quem eram os Reis Magos?
Padre Enrico Uggé: Também no Brasil é moda o Papai Noel que não se sabe quem seja ou o que represente. Nós falamos dos Reis Magos que levaram os seus dons para Jesus e que agora pelo Natal os darão às crianças mais pobres. Propus aos policiais da cidade que fossem à cavalo no dia de Natal vestidos de Reis Magos. Três aceitaram com entusiasmo. Na tarde anterior fizemos um grande espetáculo de cantos, músicas, danças, cenas de teatro e vieram muitas pessoas. Na tarde do dia seguinte, que era um domingo, reunimos cerca de 15 mil crianças pobres e paupérrimas com as suas mães no grande estádio de Parintins. Falei dos Reis Magos que levam os presentes a Jesus Criança e depois disse que estavam chegando e eis que chegam os três policiais a cavalo que realmente pareciam três Reis Magos e detrás deles a escolta de guardas e furgões e camionetes emprestadas para trazer os sacos dos presentinhos, enquanto a banda musical da polícia tocava uma marchinha. Nâo posso te dizer a felicidade, os aplausos, os gritos, os pulos de alegria daquelas crianças e criancinhas!
Padre Gheddo: Quais presentes vocês distribuiram?
Padre Enrico Uggé: Presentes pobres obtidos em parte no comércio e lojas de Manaus, em parte comprados com as ajudas que me chegam de benfeitores de paróquias na Itália, onde tenho um irmão sacerdote, Don Abel, pároco na diocese de Lodi. Para a distribuição dos presentes ainda vieram os 800 jovens e mulheres que tinham feito o questionário nas periferias, as crianças com as mães divididas em setores de mil. Por criança que não pôde vir veio a mãe ou outro familiar que com o cartãozinho do convite retirava o presentinho. Cada criança recebeu de um Rei Mago ou de um estudante do superior o seu saquinho colorido com uma boneca, um boneco, brinquedos e outras coisas que as crianças gostam. Todos muito felizes e as pessoas perguntando: como fazem para distribuir 15 000 presentinhos?".
Padre Gheddo: como fizeram para ter 15 000 crianças?
Padre Enrico Uggé: Com o poder da rádio, jornal e televisão. São meios que chegam a todos e deveriam explicar bem o que é o Natal, os Reis Magos, o dom que levam às crianças e depois convocá-los... foi necessário um pouco de tempo. Este natal para as crianças foi realizado durante dois anos, não consecutivos, e graças a Deus teve grande sucesso. Agora paramos um pouco, principalmente porque custa muito para as nossas pequenas finanças. Nós Igreja devemos entender ainda o valor destes modernos meios de comunicação que influem também na cultura popular.
(Fim) (Tradução do Italiano por Thácio Siqueira).

Terceiros Carmelitas entram no Noviciado Carmelitano em São Paulo.


EVANGELHO DOMINICAL: Programa Nº 160.