A leitura que a Igreja propõe neste
domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo. João 2, 13-25 que corresponde ao
Terceiro Domingo de Quaresma, Ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol
José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis
o texto
Os quatro evangelistas fazem-se eco do
gesto provocador de Jesus expulsando do templo “vendedores” de animais e
“cambistas” de dinheiro. Não pode suportar ver a casa do Seu Pai cheia de
pessoas que vivem do culto. A Deus não se compra com “sacrifícios”.
Mas João, o último evangelista,
acrescenta um diálogo com os judeus em que Jesus afirma de forma solene que,
após a destruição do templo, Ele “o levantará em três dias”. Ninguém pode
entender o que diz. Por isso, o evangelista acrescenta: “Jesus falava do templo
do Seu corpo”.
Não esqueçamos que João escreve o seu
evangelho quando o templo de Jerusalém leva vinte ou trinta anos destruído.
Muitos judeus sentem-se órfãos. O templo era o coração da sua religião. Como
poderão sobreviver sem a presença de Deus no meio do povo?
O evangelista recorda aos seguidores de
Jesus que eles não têm de sentir nostalgia do velho templo. Jesus, “destruído”
pelas autoridades religiosas, mas “ressuscitado” pelo Pai, é o “novo templo”.
Não é uma metáfora atrevida. É uma realidade que irá marcar para sempre a
relação dos cristãos com Deus.
Para quem vê em Jesus o novo templo onde
habita Deus, tudo é diferente. Para encontrar-se com Deus, não basta entrar
numa igreja. É necessário aproximar-se de Jesus, entrar no Seu projeto, seguir
os Seus passos, viver com o Seu espírito.
Neste novo templo que é Jesus, para
adorar a Deus não bastam o incenso, as aclamações nem as liturgias solenes. Os
verdadeiros adoradores são aqueles que vivem ante Deus “em espírito e em
verdade”. A verdadeira adoração consiste em viver com o “Espírito” de Jesus na
“Verdade” do Evangelho. Sem isto, o culto é “adoração vazia”.
As portas deste novo templo que é Jesus
estão abertas a todos. Ninguém está excluído. Podem entrar nele os pecadores,
os impuros e, inclusive, os pagãos. O Deus que habita em Jesus é de todos e
para todos. Neste templo não se faz discriminação alguma. Não há espaços
diferentes para homens e para mulheres. Em Cristo já “não há varão e mulher”.
Não há raças elegidas nem povos excluídos. Os únicos preferidos são os
necessitados de amor e vida. Necessitamos igrejas e templos para celebrar Jesus
como Senhor, mas Ele é o nosso verdadeiro templo.
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