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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO. Nº 713º. A Igreja não é do Papa...

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO. Nº 713º. A Igreja não é do Papa...

Deus é gay?

Frei Betto, OP.

Jesus transitou, sem discriminação, entre o mundo dos ‘pecadores’ e dos ‘virtuosos’. Agora, o papa Francisco ousa se erguer contra o cinismo.

Nunca antes na história da Igreja um papa ousou, como Francisco, colocar a questão da sexualidade no centro do debate eclesial: homossexualidade, casais recasados, uso de preservativo etc. O Sínodo da Família, realizado no Vaticano, só dará sua palavra final sobre esses temas em outubro de 2015, quando voltará a se reunir.
Quem, como eu, transita há décadas na esfera eclesiástica sabe que é significativo o número de gays entre seminaristas, padres e bispos. Por que não gozarem, no seio da Igreja, do mesmo direito dos heterossexuais de se assumir como tal? Devem permanecer “no armário”, vitimizados pela Igreja e, supostamente, por Deus, por culpa que não têm?
É preciso reler o Evangelho pela ótica gay, como pela feminista, já que a presença de Jesus entre nós foi lida pelas óticas aramaica (Marcos); judaica (Mateus); pagã (Lucas); gnóstica (João); platônica (Agostinho) e aristotélica (Tomás de Aquino).
A unidade na diversidade é característica da Igreja. Basta lembrar que são quatro os evangelhos, não um só: quatro enfoques distintos sobre Jesus. Até a década de 1960, predominava no Ocidente uma única ótica teológica: a europeia, tida como “a teologia”. O surgimento da Teologia da Libertação, com a leitura da Palavra de Deus pela ótica dos pobres, causa ainda incômodo aos que consideram a ótica eurocentrada como universalmente ortodoxa.
Diante dos escândalos de pedofilia, dos 100 mil padres que abandonaram o sacerdócio por amor a mulheres, e da violência física e simbólica aos gays, Francisco ousa se erguer contra o cinismo dos que se arvoram em “atirar a primeira pedra.”
Como Jesus, a Igreja não pode discriminar ninguém em razão de tendência sexual, cor da pele ou condição social. O que está em jogo é a dignidade da pessoa humana, o direito de casais gays serem protegidos pela lei civil e educarem seus filhos na fé cristã, o combate e a criminalização da homofobia, um grave pecado. A Igreja não pode continuar cúmplice e, por isso, acaba de superar oficialmente a postura de considerar a homossexualidade um “desvio” e “intrinsecamente desordenada”.
A dificuldade de a Igreja Católica aceitar a plena cidadania LGTB se deve à sua tradição bimilenar judaico-cristã, que é heteronormativa. Por isso, os conservadores reagem como se o papa traísse a Igreja, a exemplo do que fizeram no passado, quando se recusaram a aceitar a separação entre Igreja e Estado; a autonomia das ciências; a liberdade de consciência; as relações sexuais, sem fins procriativos, dentro do matrimônio; a liturgia em língua vernácula.
Deus é gay? “Deus é amor”, diz a Primeira Carta do apóstolo João, e acrescenta “o amor é de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus.” E, se somos capazes de nos amar uns aos outros, “Deus permanece em nós.”
Por ser a presença de Deus entre nós, Jesus transitou, sem discriminação, entre o mundo dos “pecadores” e dos “virtuosos”. Não apedrejou a adúltera; não fugiu da prostituta que lhe enxugou os pés com os cabelos; não negou a Madalena, que tinha “sete demônios”, a graça de ser a primeira testemunha de sua ressurreição. Jesus também não se recusou a dialogar com os “virtuosos” — aceitou jantar na casa do fariseu; acolheu Nicodemos na calada da noite; dialogou sobre o amor samaritano com o doutor da lei; propôs ao rico que, “desde jovem” abraçava todos os mandamentos, a fazer opção pelos pobres.
Sobretudo, ensinou que não é escalando a montanha das virtudes morais que alcançamos o amor de Deus. É nos entregando a esse amor, gratuito e misericordioso, que logramos fidelidade à Palavra.
Fé, confiança e fidelidade são palavras irmãs. Têm a mesma raiz. E a vida ensina que João é fiel a Maria, e vice-versa, não porque temem o pecado do adultério, e sim porque vivem em relação amorosa tão intensa que nem cogitam a menor infidelidade.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

HISTÓRIA DE SAN GENNARO: Biografia.

Por volta do ano de 305, San Gennaro era diácono da igreja da cidade de Miseno Sosio e depois foi Bispo em Benevento, cidade da região de Campânia, próxima a Nápoles (Italia), quando sofreu perseguição por parte do imperador romano Diocleciano. A tradição conta que o Santo foi reconhecido e preso pelos soldados do governador de Campânia quando se dirigia à prisão para visitar os cristãos detidos, sendo morto decapitado.
Como era costume nos martírios da época, os cristãos recolheram um pouco do sangue de San Gennaro numa ampola de vidro para ser colocada diante de seu túmulo, sendo, após isso, sepultado numa estrada entre Pozzuoli e Nápoles.
 Em 413 seu corpo foi transferido para as catacumbas napolitanas na Colina Capodimonte. Mais tarde, foi novamente removido para Benevento (Abadia de Montevergine) e por fim, no ano de 1492, seus restos mortais foram transferidos para Nápoles, por ordem do Arcebispo Alessandro Carafa.
Já no ano de 472 da Era Cristã, os cristãos buscavam a ajuda de San Gennaro. Naquela feita, o estrago da erupção do Vesúvio prometia ser catastrófico. Aturdidos com a perspectiva, os napolitanos correram para o túmulo de San Gennaro e, de mãos juntas, rogaram proteção ao mártir cristão. Milagrosamente, as lavas estacionaram às portas de Nápoles, poupando-lhe o mesmo destino trágico de Pompéia.
Desde 1608, os restos mortais encontram-se na Capela do Tesouro, em cumprimento da promessa feita pelos napolitanos em 1527, por ocasião de uma peste que assolou a região, mas Nápoles foi preservada pelo Santo. Também em duas outras ocasiões San Gennaro protegeu a cidade : na cólera que assolou a região em 1884 e na erupção do Vesúvio em 1631.
Desde aquele ano, o culto a San Gennaro só tem aumentado. Especialmente em maio e setembro, quando o napolitano ruma em massa para o Duomo, a histórica catedral onde está guardado o frasco com o sangue coagulado do santo.
A devoção a San Gennaro é conhecida no mundo inteiro pela liquefação do sangue do bispo mártir, que ocorre três vezes por ano: no sábado que precede o 1º domingo de maio; no dia 19 de setembro que é a festa do Santo e em 16 de dezembro, aniversário da erupção do Vesúvio em 1631.
A ocorrência, que vem sendo verificada desde 1389, consiste na passagem do sangue de San Gennaro do estado sólido para o estado líquido, perdendo no peso e aumentando no volume.
Existem uns 5 mil processos, que confirmam o fenômeno, inclusive a declaração de Montesquieu, que assistiu duas destas liquefações em 1728.
Em 1902, o conteúdo das ampolas foi submetido a exame electroscópio diante de testemunhas e o cientista Sperindeo declarou que não há dúvida de que se trata de sangue humano que, uma vez coalhado, não perde o estado sólido. São 600 anos de fé, superstição e ceticismo, que acompanham o mistério dos milagres do sangue do padroeiro de Nápoles e da Mooca, em São Paulo.
Acreditam os fieis que quando o sangue do mártir não se liquefaz, sempre ocorre uma catástrofe, como aconteceu no caso de várias epidemias em Nápoles, nas várias perigosas erupções do Vesúvio e no começo da 2ª Guerra Mundial.

A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO, Nº 711º. O Carmelo em Roma.

A PALAVRA DO FREI SÍLVIO FERRARI, Nº 02: São Paulo, Apóstolo.