Por volta do ano de 305, San Gennaro era
diácono da igreja da cidade de Miseno Sosio e depois foi Bispo em Benevento,
cidade da região de Campânia, próxima a Nápoles (Italia), quando sofreu
perseguição por parte do imperador romano Diocleciano. A tradição conta que o
Santo foi reconhecido e preso pelos soldados do governador de Campânia quando
se dirigia à prisão para visitar os cristãos detidos, sendo morto decapitado.
Como era costume nos martírios da época,
os cristãos recolheram um pouco do sangue de San Gennaro numa ampola de vidro
para ser colocada diante de seu túmulo, sendo, após isso, sepultado numa
estrada entre Pozzuoli e Nápoles.
Em 413 seu corpo foi transferido para as
catacumbas napolitanas na Colina Capodimonte. Mais tarde, foi novamente
removido para Benevento (Abadia de Montevergine) e por fim, no ano de 1492,
seus restos mortais foram transferidos para Nápoles, por ordem do Arcebispo
Alessandro Carafa.
Já no ano de 472 da Era Cristã, os
cristãos buscavam a ajuda de San Gennaro. Naquela feita, o estrago da erupção
do Vesúvio prometia ser catastrófico. Aturdidos com a perspectiva, os
napolitanos correram para o túmulo de San Gennaro e, de mãos juntas, rogaram
proteção ao mártir cristão. Milagrosamente, as lavas estacionaram às portas de
Nápoles, poupando-lhe o mesmo destino trágico de Pompéia.
Desde 1608, os restos mortais
encontram-se na Capela do Tesouro, em cumprimento da promessa feita pelos
napolitanos em 1527, por ocasião de uma peste que assolou a região, mas Nápoles
foi preservada pelo Santo. Também em duas outras ocasiões San Gennaro protegeu
a cidade : na cólera que assolou a região em 1884 e na erupção do Vesúvio em
1631.
Desde aquele ano, o culto a San Gennaro
só tem aumentado. Especialmente em maio e setembro, quando o napolitano ruma em
massa para o Duomo, a histórica catedral onde está guardado o frasco com o
sangue coagulado do santo.
A devoção a San Gennaro é conhecida no
mundo inteiro pela liquefação do sangue do bispo mártir, que ocorre três vezes
por ano: no sábado que precede o 1º domingo de maio; no dia 19 de setembro que
é a festa do Santo e em 16 de dezembro, aniversário da erupção do Vesúvio em
1631.
A ocorrência, que vem sendo verificada
desde 1389, consiste na passagem do sangue de San Gennaro do estado sólido para
o estado líquido, perdendo no peso e aumentando no volume.
Existem uns 5 mil processos, que
confirmam o fenômeno, inclusive a declaração de Montesquieu, que assistiu duas
destas liquefações em 1728.
Em 1902, o conteúdo das ampolas foi
submetido a exame electroscópio diante de testemunhas e o cientista Sperindeo
declarou que não há dúvida de que se trata de sangue humano que, uma vez
coalhado, não perde o estado sólido. São 600 anos de fé, superstição e
ceticismo, que acompanham o mistério dos milagres do sangue do padroeiro de
Nápoles e da Mooca, em São Paulo.
Acreditam os fieis que quando o sangue
do mártir não se liquefaz, sempre ocorre uma catástrofe, como aconteceu no caso
de várias epidemias em Nápoles, nas várias perigosas erupções do Vesúvio e no
começo da 2ª Guerra Mundial.
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