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domingo, 23 de setembro de 2012

Rádio, TV e jornais católicos na Amazônia (II Parte).

Uma entrevista com padre Enrico Uggé, sacerdote do PIME- II.
Por padre Piero Gheddo
ROMA, terça-feira, 18 de setembro de 2012. Apresentamos a segunda parte da entrevista com padre Enrico Uggé. O sacerdote do PIME desde 1970 (proveniente do seminário diocesano de Lodi) está em Paritins. Desde março de 1972 trabalhou especialmente entre os índios Sateré-Mawé, estudando a língua e a cultura, evangelizando e fundando a escola técnica São Pedro no território dentro da área reservada para esta tribo. É um promotor acérrimo dos modernos meios de comunicação para difundir o Evangelho e formar os cristãos.
Padre Gheddo: Você é o diretor e animador?
Padre Enrico Uggé: Diretor é uma mulher, uma grande figura, Raimunda Ribeiro, 45 anos de vida na rádio e não se casou para dedicar-se totalmente à rádio. Quando nasceu a Rádio Alvorada, o bispo mons. Arcangelo Cerqua a tinha enviado para o Rio de Janeiro para fazer estudos. Apaixonou-se pelo seu trabalho. É bem orientada na fé. Eu faço o papel do sacerdote, animador e orientador dos programas. Ela enfrenta e resolve todos os problemas, jurídicos, de relações com as autoridades e com o público. Para as leis que existem a doutora Ribeiro é a ideal. É necessário sempre seguir as regras porque somos muito controlados, por exemplo para os direitos de autor das canções que transmitimos, sempre, no final do mês pagamos os direitos. E também o trabalho administrativo. Esta senhora é providencial mas tem um trabalho muito difícil. Agora tem a ajuda de duas colaboradoras que há dez anos trabalham na rádio e na televisão.
Padre Gheddo: todos os que trabalham na empresa são católicos?
Padre Enrico Uggé: No geral sim, mas já tivemos um batista e também alguns não-crentes. No último sábado do mês os funcionários fazem comigo um pequeno retiro espiritual das 8h às 11h, rezamos, lemos a Palavra de Deus e refletimos em algum tema; em seguida, temos as reuniões dos programadores, o espaço para o bispo que a cada semana dá a sua mensagem pastoral na Rádio e na TV, também o entrevistamos quando tem algo a dizer para as pessoas. Depois há programas alegres, música e cantos, esporte e diversão.
Padre Gheddo: como é que se organizam economicamente?
Padre Enrico Uggé: estamos nas mãos da Providência, conseguimos não fechar no vermelho, mas não sei como fazemos. Houve um tempo em que era mais fácil, hoje se torna sempre mais difícil por causa da burocracia e também pelas ajudas que recebemos da Itália. O 25% dos custos são suportados pela ajuda italiana, o resto é produzido pela mesma rádio. As ofertas diminuem porque quando se pede para os leprosos, os órfãos e as adoções chegam, mas quando se fala de rádio e de jornal, na Itália se arrecada pouco ou nada. No entanto o rádio tem uma importância grandíssima para a evangelização e para a formação cristã de todos. Como Igreja, não chegamos mais a todos, enquanto o rádio não apenas chega a todos, mas chega quando estão sentados e podem refletir.
Também para a formação das crianças, o rádio é importante. Fizemos por dois anos, mas custa muito, o Natal das crianças, os nossos Reis Magos distribuiram 15 000 presentes para as crianças pobres. Um mês antes do Natal enviei 800 estudantes da escola superior a visitarem as famílias da periferia mais pobre de Parintins, às crianças de 10 anos pra baixo foi dado um cartãozinho carimbado e assinado valendo o seu presente de Natal. Descobrimos que existem crianças pobres que nunca receberam um presente!
Padre Gheddo: Como é que aconteceu esta festa das crianças e quem eram os Reis Magos?
Padre Enrico Uggé: Também no Brasil é moda o Papai Noel que não se sabe quem seja ou o que represente. Nós falamos dos Reis Magos que levaram os seus dons para Jesus e que agora pelo Natal os darão às crianças mais pobres. Propus aos policiais da cidade que fossem à cavalo no dia de Natal vestidos de Reis Magos. Três aceitaram com entusiasmo. Na tarde anterior fizemos um grande espetáculo de cantos, músicas, danças, cenas de teatro e vieram muitas pessoas. Na tarde do dia seguinte, que era um domingo, reunimos cerca de 15 mil crianças pobres e paupérrimas com as suas mães no grande estádio de Parintins. Falei dos Reis Magos que levam os presentes a Jesus Criança e depois disse que estavam chegando e eis que chegam os três policiais a cavalo que realmente pareciam três Reis Magos e detrás deles a escolta de guardas e furgões e camionetes emprestadas para trazer os sacos dos presentinhos, enquanto a banda musical da polícia tocava uma marchinha. Nâo posso te dizer a felicidade, os aplausos, os gritos, os pulos de alegria daquelas crianças e criancinhas!
Padre Gheddo: Quais presentes vocês distribuiram?
Padre Enrico Uggé: Presentes pobres obtidos em parte no comércio e lojas de Manaus, em parte comprados com as ajudas que me chegam de benfeitores de paróquias na Itália, onde tenho um irmão sacerdote, Don Abel, pároco na diocese de Lodi. Para a distribuição dos presentes ainda vieram os 800 jovens e mulheres que tinham feito o questionário nas periferias, as crianças com as mães divididas em setores de mil. Por criança que não pôde vir veio a mãe ou outro familiar que com o cartãozinho do convite retirava o presentinho. Cada criança recebeu de um Rei Mago ou de um estudante do superior o seu saquinho colorido com uma boneca, um boneco, brinquedos e outras coisas que as crianças gostam. Todos muito felizes e as pessoas perguntando: como fazem para distribuir 15 000 presentinhos?".
Padre Gheddo: como fizeram para ter 15 000 crianças?
Padre Enrico Uggé: Com o poder da rádio, jornal e televisão. São meios que chegam a todos e deveriam explicar bem o que é o Natal, os Reis Magos, o dom que levam às crianças e depois convocá-los... foi necessário um pouco de tempo. Este natal para as crianças foi realizado durante dois anos, não consecutivos, e graças a Deus teve grande sucesso. Agora paramos um pouco, principalmente porque custa muito para as nossas pequenas finanças. Nós Igreja devemos entender ainda o valor destes modernos meios de comunicação que influem também na cultura popular.
(Fim) (Tradução do Italiano por Thácio Siqueira).

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