O papa Francisco visitará Portugal no ano que vem para
comemorar o centenário da aparição da virgem a três pastorzinhos na localidade
de Fátima, segundo a Igreja Católica.
O anúncio motivou um manifesto
intitulado Contra a Credibilização do “Milagre” de Fátima, que está
recolhendo assinaturas via Internet para que o pontífice visite o que quiser,
mas que não perpetue essa história. Já são mais de 600 assinaturas em poucos
dias, entre elas a de um sacerdote, além de antropólogos e personalidades da
sociedade civil, como o músico Pedro Barroso, um de seus porta-vozes. A
informação é de Javier Martín, publicada por El País, 26-11-2016.
O abaixo-assinado não se opõe à visita
nem à Igreja Católica, e sim, segundo os signatários, à propagação de algo
infundado. “O milagre é um embuste, uma farsa, uma má encenação com cem anos,
tempo suficiente para ter desmascarado o que hoje em dia é um negócio”, declarou Barroso à agência
Lusa.
“O papa Francisco é uma personalidade
que merece algum respeito nosso por muitas atitudes em favor de uma Igreja mais
moderna, uma Igreja de verdade, uma Igreja Católica de grande responsabilidade,
e muitas vezes com intervenções sociais e públicas de grande valor. Como vai
referendar uma coisa destas?”, pergunta-se Barroso.
Os signatários pedem a Francisco que,
se visitar Fátima, se muna do açoite para expulsar os vendilhões do templo
que, no entender deles, é o que virou o santuário edificado no lugar das
supostas aparições aos pastores, visitado por milhares de pessoas anualmente.
O manifesto recomenda uma série de livros
sobre o que realmente ocorreu, como Fátima Nunca Mais (1999) e Fátima
S/A (2015), do padre Mário do Oliveira, signatário do manifesto, e
ressalta que a época do suposto milagre era marcada por um “grande
obscurantismo cultural e com evidente aproveitamento dessa rústica ignorância”
por parte da Igreja
“Não é preciso um grande esforço”, diz o
texto, “para chegar a esta conclusão, nem grande erudição teológica para
analisar o caso. A evidência do logro fica bem clara, bastando, no essencial,
ler alguns documentos oficiais e alguns livros de pessoas – algumas
assumidamente católicas – com autoridade na matéria [...] para concluir pela
sua total inconsistência”.
O abaixo-assinado diz que, seguindo a
postura de seriedade que vem adotando em seu pontificado, “o melhor serviço que
o papa Francisco prestaria à verdade histórica, seria NÃO vir a Fátima,
assim desmistificando o chamado ‘milagre dos pastorinhos’, recusando colaborar
com ele, ou dar-lhe o seu aval”.
Francisco será o quarto Papa a
visitar Fátima, depois de Paulo VI (1967), João Paulo II (1982, 1991 e 2000) e Bento XVI (2010). Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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