*Dom Frei Vital Wilderink, O Carm, In Memoriam.
(Camocim
de São Félix, PE. 11 de janeiro-20011)
A esperança é uma das três virtudes
teologais. São chamadas teologais porque indicam explicitamente e diretamente a
relação com Deus. O que não quer dizer que essas virtudes teologais não tenham
raízes antropológicas. Com a palavra esperança indicamos a atitude e a
atividade nossa do esperar. Frequentemente, porém, com a palavra esperança nos
referimos ao fundamento da nossa esperança nas promessas de Deus ou à pessoa de
Jesus, ao objeto ou ao conteúdo da nossa esperança como salvação.
A
esperança, como as duas outras virtudes teologais, é ao mesmo temo dom de Deus
e fruto da nossa ação. A perspectiva da nossa ação já aparece no próprio
enunciado do tema: firmes na esperança. Através das diversas épocas a
literatura teológica e espiritual da Igreja apresentam várias interpretações e
perspectivas da esperança.
A
esperança na Escritura
Podemos dizer que o tema da esperança é
o elemento dinâmico de toda a Sagrada Escritura. Povo de Deus é um título que é
penhor de esperança, o que vale também para o mundo e a humanidade como tais
porque foram criados por Deus. Neste plano atinge também o indivíduo de acordo
com a sua relação, geralmente vocacional, com Deus. É compreensível que o tema
da esperança aparece em situações negativas que atingem a vida do povo ou de
pessoas individuais mesmo por culpa própria. É o que aparece constantemente nas
narrações da história do povo de Israel. Nestes contextos a observância das
leis de Deus da parte do povo ou das pessoas entram na própria configuração da
esperança cujo horizonte promissor só Deus pode abrir.
No Novo Testamento na presença e
pregação de Jesus fazem respirar a esperança: o Reino de Deus está próximo,
“Deus não é um Deus de mortos mas de vivos. Ouvindo isso as multidões se
extasiavam com seu ensinamento” (Mt 22, 32-33).
As cartas de São Paulo falam muito claro
da esperança nas suas várias dimensões: a esperança é obra do Espirito (Gl 5,5)
a esperança permeia toda a criação, esperando se libertada da escravidão da
corrupção; ela está gemendo como que em dores de parto; também nós que temos as
primícias do Espirito gememos em nosso íntimo, esperando a condição filial, a
redenção do nosso corpo (Rm 8, 18-26).
A
esperança na literatura patrística
Na literatura patrística dos primeiros
séculos os textos não podiam deixar de refletir as perseguições quando falam da
esperança. As cartas de Inácio de Antioquia sublinham a esperança para suportar
a perseguição, mas falam principalmente da celebração da Eucaristia e a
harmonia da comunidade em que esta esperança deve se manifestar. Justino na sua
Primeira Apologia também se refere ao culto da comunidade mas igualmente à
observância da lei numa vida cívica responsável, conduzida com serenidade e sem
ressentimentos apesar das calúnias e das perseguições para manifestar e
reforçar a esperança dos cristãos. Origines já dá maior importância à
contemplação e à renúncia como expressões específicas da esperança enquanto
outros insistem na compreensão adequada do plano de Deus.
No entanto, esses primeiros séculos
oferecem também outras perspectivas para falar da esperança. Clemente de Roma,
e a Didaqué acentuam a espera da Parusia, da volta triunfal de Cristo, da
ressurreição dos mortos e do julgamento universal como incentivadores da
esperança. Para acentuar a responsabilidade do cristão na prática da esperança,
houve várias reações contra o gnosticismo, como da parte de Ireneu. O
gnosticismo considerava a salvação como fuga do corpo., do mundo, da história
humana, da responsabilidade familiar e social. Esta fuga das responsabilidades
facilmente atingiria a vida em comunidade, como espaço em que a esperança é
fortalecida e alimentada. Além disto havia também a prática dos visionários que
pretendiam indicar concretamente o futuro último ou a Parusia em termos de
tempo e espaço. Prática que pode satisfazer a uma curiosidade ociosa, mas
esvazia a esperança que se reduziria a uma atitude de especulação e de
passividade. Embora Origenes não seguisse essa tendência, ele defendia uma
restauração final da história, tão total que a condenação não podia ser eterna
e definitiva. Esta tese foi condenada pela Igreja, porque na perspectiva que
ela abre parece anular a seriedade da redenção e relativiza o papel atribuída à
liberdade na caminhada da esperança.
Com a paz de Constantino o cristianismo
encontrou um lugar protegido na cidade secular. Isto não podia deixar de
repercutir na teologia e na prática da esperança, Como harmonizar a virtude da
esperança, que supõe um que de “desafio” nas situações que lhe parecem
contrárias. A esperança parece encaixar-se agora na observância eclesial e na
obediência cívica, sem deixar de estimular uma atitude de espera de Cristo que
é considerado imperador na realidade histórica já identificada como império
cristão. Nas basílicas da época sempre aparece o Cristo que tudo governa
(Pantocrator) nos mosaicos da abside. Não que a situação concreta existente
esgotava o horizonte da esperança cristã. Uma ulterior redenção da sociedade
humana era por assim dizer transferida para um fim longínquo mas improviso.
Assim a esperança era ligada mais às expectativas do indivíduo em relação à
vida depois da morte. Isto fez com que a esperança perdesse a sua dinâmica na
existência humana, concentrando-se mais no cumprimento fiel dos deveres dentro
da ordem estabelecida. Uma esperança sem dinâmica e de certa maneira sem
entrega “aventureira” ao mistério insondável de Deus, não podia deixar de
repercutir na maneira de ler e de interpretar corretamente a linguagem bíblica.
Era mais um esforço de interpretar e decifrar o quanto já estava determinado.
A
esperança na teologia medieval
A teologia na Idade Média dedicou
bastante atenção ao tema da esperança. Apoiavam-se os teólogos principalmente
nos escritos de santo Agostinho. Este não via muita prospectiva na sociedade
humana e na civilização na história e vê a vida cristã como contracorrente.
Isto apesar do império romano que se identificava com o cristianismo. Agostinho
considera a Cidade de Deus que se realizará plenamente no fim dos tempos e que
de alguma maneira é antecipada na Igreja. A esperança, porém, se centraliza
essencialmente num futuro celeste transcendente. Na Idade Média essa visão,
talvez um tanto pessimista, bate num novo otimismo em relação às possibilidades
do mundo provocado pela coroação de Carlos Magno realizada pelo Papa em Roma no
ano 800. Acontecimento que dá consciência ao povo cristão de que Deus governa a
história. Mesmo assim as expectativas populares pelo menos em certos períodos
da Idade Média se concentram mais no medo do que na esperança. O fim do mundo é
descrito em termos apocalípticos, desastres cósmicos e um julgamento que inspira medo. O que explica
que na literatura e na arte plástica o purgatório e o inferno aparecem com
maior frequência que o paraíso.
Todas essas preocupações populares
indicam que na teologia medieval as relações entre Deus e os seres humanos eram
vistas mais em perspectivas jurídicas. Olhava-se para a situação provisória da
alma que depois da morte do corpo passava no purgatório ou era já condenada ao
fogo do inferno. O que se esperava era a visão beatífica completada pela
ressurreição do corpo no fim do mundo.
Tomás de Aquino fala mais da esperança
na Summa Theologiae. Ele mostra que o objetivo da vida humana consiste na
felicidade de ver a Deus. Fala da esperança com segunda virtude teologal. Dá
várias definições descritivas do termo virtude que ele vê como uma disposição
para agir bem. A esperança é uma disposição que abraça como seu objeto um bem
futuro que consiste na vida eterna ou o gozo de Deus. Assim chega a definir a
esperança como uma caminhada para a caridade.
Para Tomás a prática da esperança está
ligada também às bem-aventuranças e aos dons do Espírito. Entre esses dons o
temor de Deus ocupa um lugar importante porque admite a possibilidade da perda
ou da separação o que faz com que uma criança se agarre ao pai. Ao mesmo tempo
Tomás relaciona a virtude da esperança com a bem-aventurança dos pobres de
espírito que consiste numa confiança total em Deus e na renúncia às coisas da
terra. Tomás considera dois tipos de pecado contra a esperança: o desespero e a
presunção. Podem levar a pessoa a abandonar todo o projeto da vida cristã.
Com os franciscanos espirituais no
século XIII surge uma nova corrente de teologia e de espiritualidade, embora
iniciada no século anterior por Joaquim de Fiori. A sua esperança se movia em
direção a um novo milênio na direção divina da história. Trata-se da terceira
era do Espírito Santo que sucedia à era do Pai (no Antigo Testamento) e à era
do Filho (no Novo Testamento). Deveria ser uma era gloriosa da Igreja, de
santos, principalmente de religiosos vivendo numa perfeita consagração. A
prática da esperança como caminhada para essa era do Espírito Santo era a
observância rigorosa da pobreza de que Francisco de Assis tinha dado o exemplo.
Não podemos negar que nesta corrente encontram-se naquela época pessoas de
profunda espiritualidade e de oração. No entanto, a unilateralidade em definir
a vocação cristã na história, fez com que essa visão encontrou fortes oposições
inclusive dentro da própria Ordem Franciscana.
Outra corrente de pensamento em relação
à esperança, alimentava uma preponderância do temor no posicionamento frente ao
futuro. Desta corrente a arte e a literatura da época oferecem exemplos bem
claros. Basta pensar inclusive em certos textos presentes nas celebrações
litúrgicas como o Dies Irae na missa dos defuntos, na devoção mariana, e, de
modo especial, no afã de ganhar indulgências. Aparece bem claro que naquela
época o ponto de referência seja para o temor como para a esperança era sempre
aquilo que aconteceria ao indivíduo depois da morte, fora da história e do
mundo da experiência de cada dia.
A
esperança na teologia e na espiritualidade moderna
No âmbito católico a teologia de Tomás
de Aquino sobre a esperança permaneceu praticamente como fundamento do
pensamento da escolástica no âmbito do ensino e da prática da vida espiritual.
No século XVI apareceram discussões bem claras introduzidas por Lutero e
outros. Não sem influência da própria vida interior movida por dúvidas e
angústias, Martinho Luther e seus sequazes tendiam a reconhecer no cristão um
papel mais passivo em relação à graça. O conteúdo da esperança foi colocado em
discussão também por Calvino que acentuavam a universalidade da vontade
salvífica de Deus. Surgiram na mesma época outros agrupamentos religiosos (os
anabatistas) que colocavam a esperança em discussão um pouco como já no século
XIII tinham feito os franciscanos espirituais. Apregoavam a necessidade de um
estilo de vida completamente novo como expressão da esperança cristã, baseada
no batismo só de adultos porque só no adulto as virtudes da fé, esperança e
caridade podiam tornar-se operantes imediatamente. Mais tarde surgem outras
discussões em torno da esperança: os quietistas defendiam a passividade, a
renúncia à iniciativa pessoal na vida espiritual e até o abandono de todo
interesse pela própria salvação.
Surge assim a individualização da
esperança acentuada também pelo Iluminismo. Devemos dizer que a
individualização da vida espiritual caracterizava também, até tempos recentes,
os retiros e missões populares dirigidos tradicionalmente por Redentoristas e
Capuchinhos. E quem sabe através dos catecismos que desde crianças nos
indicavam a direção em que devíamos caminhar. Catecismos cujos conteúdos se
transmitia através de perguntas e respostas: Porque vivemos nesta terra? Para
servir a Deus e chegar assim no céu.
Nos textos teológicos antes do Vaticano
II a doutrina sobre a esperança segue o pensamento de Tomás de Aquino mas se
dedica pouco espaço a ela. O objeto da esperança é Deus, a visão de Deus e
todas as ajudas intermediárias para alcançar tal visão; mas aparecem outros
objetos da esperança embora taxados de secundários: a ressurreição do corpo e a
própria felicidade para si e para os outros, mas sempre vistos em vista de um
escopo além deste mundo. Estamos ainda longe de um interesse direto pela
transformação redentora da sociedade humana na história. Esta tendência é caraterística dos livros de
espiritualidade publicados na primeira metade do século passado: Garrigou
Lagrange, O.P., Joseph de Guibert, S.J. e Tanquerey. Mas o último já põe no seu
Compendio de vida espiritual acentos em
outras dimensões, insistindo assim não só no dom gratuito de Deus mas também na
total responsabilidade da liberdade humana.
Chegando aos anos da metade do século XX
percebemos no ensino e em textos de espiritualidade um esforço para dar à
virtude da esperança uma maior atenção e mostrar nela o horizonte comunitário
que desperta a nossa atividade no mundo em que vivemos. Há um recurso maior à
Sagrada Escritura do Novo Testamento para penetrar no núcleo central da
pregação de Jesus. Assim tornou-se mais clara a promessa de Jesus feita aos
seus discípulos que o reino de Deus estava próximo. Chega-se assim a descobrir
que o reino de Deus não é só uma realidade do além deste mundo, mas também uma
plena redenção da criação de Deus, principalmente da sociedade humana. O que
leva a novos horizonte na interpretação dos profetas do Antigo Testamento que
se torna uma fonte para a interpretação da pregação do próprio Jesus. Entra
assim mais claramente a justiça social com fazendo parte do objeto da
esperança. De acordo com o lugar que pessoas e grupos cristãos ocupam na
sociedade são descobertos os vários níveis da vida individual e social que na
ótica da esperança cristã pedem um trabalho de transformação das relações
humanas e das estruturas da sociedade.
Há autores que neste sentido marcaram os
estudos da teologia: Jurgen Moltmann, teólogo alemão luterano com seu livro
Teologia da esperança que se confronta com a perda de esperança na dimensão
política e prática devido às conseqüências da segunda Guerra mundial. Esta
quase impotência teológica contrastava com a projeção de um futuro
sociopolítico de pensadores marxistas daquela época. O próprio Moltmann e
outros teólogos foram influenciados pela filosofia marxista de Ernst Bloch que
no seu livro O princípio da esperança não hesita recorrer seja às fontes
bíblicas como marxistas para analisar a dinâmica humana social na história. Daí
houve um trabalho para reformular o pensamento da doutrina cristã pondo o
acento da história da salvação no futuro ainda não realizado, na redenção da
comunidade humana e do mundo. Os mais conhecidos teólogos dessa reformulação
são além de Moltmann Wolfhart Pannenberg, Johan Baptist Metz com sua “teologia
política”. Essa mudança de acento no que diz respeito à esperança, foi sem
dúvida facilitada pela influência bastante difusa de Karl Rahner cujos estudos
eram marcados por uma análise profunda dos princípios interpretativos que devem
reexaminar as afirmações escatológicas, isto é as afirmações que expressam o
conteúdo da esperança cristã. Para Rahner, estes princípios derivam da análise
existencial da experiência humana, dos seus limites e das suas possibilidades e
expressões simbólicas.
Um outro tipo de reflexão teológica que
também acentuava uma propriedade mais ativa, comunitária e terrestre da
esperança cristã foi desenvolvido pelo paleontólogo jesuíta Pierre Teilhard de
Chardin. Apesar da proibição eclesiástica de publicar os seus escritos durante
a sua vida, as suas obras, publicadas depois da sua morte, tiveram uma
influência bastante vasta. A espiritualidade de Teilhard valorizava o modo em
que todo o progresso científico e técnico era integrado no plano de Deus para a
história humana e no fim dos tempos na criação em Cristo. Isto unia as
esperanças e tentativas humanas em relação ao mundo com a esperança religiosa
fundada na fé em Cristo. Seria um caminho para fazer voltar os cientistas e o
homem moderno a uma visão de esperança religiosa considerada individualista e
totalmente cortada da realidade do mundo. As críticas dirigidas à visão
teológica de Teilhard insistem que ela não leva em consideração o pecado
presente no mundo cujos efeitos se revelam no campo social: as injustiças, as
opressões e diversas situações de sofrimento.
Podemos dizer que as teologias que
surgiram depois da II Guerra mundial preparam o terreno para a Teologia de
Libertação na América Latina. Não preciso insistir nas contribuições de Gustavo
Gutierrez, Juan Luis Segundo, Leonardo Boff e outros. Todos nós sabemos da
desconfiança de determinados setores da vida eclesial em relação a estes nomes
e aos livros por eles publicados. O que não nos dispensa de reconhecer a
validade dos horizontes por eles abertos embora possam surgir dúvidas em
relação à autenticidade dos objetos mediadores da esperança.
As teologias que surgiram na segunda
metade do século XX não deixam de encontrar uma certa convergência com os
documentos (Lumen Gentium e Gaudium et Spes) do Concílio Vaticano II. Também o
Vaticano II chamou a atenção dos cristãos para a seriedade do seu empenho na
construção de uma sociedade feita de paz, de justiça social e de um adequado
bem-estar material para todos os povos e nações. Confesso que a Conferência dos
Bispos da América Latina realizada em Medellín (1968) foi para mim pessoalmente
uma porta que se abriu para a esperança cristã. A esperança nasce quando a
prática cristã pode contar com uma visão antropológica contemporânea que
permita a criação de estratégias pastorais adequadas. Todos nós nos lembramos
do método de Paulo Freire centrado no desenvolvimento da consciência plena e
crítica e de uma responsabilidade no crescimento humano para a maturidade.
Faz-se um trabalho de conscientização para que possam ser atores da história e
autores de sue próprio destino, ao invés de meros objetos de exploração. Todo
processo de transformação traz interrogações e questionamentos. Quando entram
na história freqüentemente sofrem uma grande decepção: chegaram tarde demais e
nunca poderão ser os donos da história. Também existe o problema da cultura de
cada povo. Alguém já observou: “A adoção de vantagens a curto prazo é um cavalo
de Tróia que traz consigo a destruição inevitável das estruturas tradicionais.
Por outra parte, o isolamento não é resposta nem a maior parte das tradições
são capazes de responder por si mesmas às necessidades do homem contemporâneo”
(Panikkar, A intuición cosmoteándrica, p. 146, n.43). Sabemos que o perigo de
todos os movimentos populares é que facilmente podem abrir espaço a clichês
superficiais, atitudes extremas e reações unilaterais (ibidem, p.166).
PROBLEMAS
CONTEMPORÂNEOS EM RELAÇÃO À ESPERANÇA
A espiritualidade cristã contemporânea
se confronta ainda com o desafio de duas tentações: o desespero e a presunção.
Ninguém pode negar a existência desses dois fatores na sociedade hodierna: um
vazio ou desespero a respeito do sentido, do objetivo e da satisfação
definitiva da existência humana. Basta analisar o uso de drogas, os suicídios,
as violências, os acidentes de estrada, a crescente necessidade de ajuda
psiquiátrica, um cansaço generalizado nos jovens... Precisamos de pastorais que
levam em consideração esse contexto sem futuro transcendente, sem descoberta do
dom e convite de Deus. Penso que já temos aqui no Brasil uma riqueza de
iniciativas que abrem horizontes: atuação dos leigos, o cultivo de comunidades
cristãs e outras. Mas não é só o desespero mas também a presunção que constitui
hoje uma forte tentação. Basta pensar nas filosofias e estratégias que promovem
o egocentrismo e o egoísmo baseados no bem estar, no individualismo, a idéia de
que a liberdade sexual conduz à felicidade humana. Essas concepções vão
transformar-se em novas fontes de desespero e presunção. Não podemos negar que
hoje o conteúdo da esperança é algo muito frágil nas relações humanas. Existe
também uma mentalidade bastante difusa que vê o sofrimento que em tantas
maneiras se torna presente, é um mal inevitável. No fundo é uma visão que tende
a justificar os que têm vantagens e privilégios.
A fé tem outra visão, visão centrada no
Reino de Deus que pode levar a uma renúncia de privilégios. É um caminho que
leva à paz. O desafio para a espiritualidade cristã e a estratégia pastoral
para o nosso tempo é descobrir em profundidade as dimensões pessoais e
comunitárias da virtude teologal da esperança. O que deve levar-nos como
carmelitas e como Província, firmes na esperança, a uma liberdade situada em
nível profundo para poder buscar e acolher o Reino de Deus que vem entre nós.
*Dom
Frei Vital Wilderink, O Carm, foi vítima de um acidente de automóvel quando
retornava para o Eremitério, “Fonte de Elias”, no alto do Rio das Pedras, nas
montanhas de Lídice, distrito do município de Rio Claro, no estado do Rio de
Janeiro. O acidente ocorreu no dia 11 de junho de 2014. O sepultamento foi na
cidade de Itaguaí/RJ, no dia 12, na Catedral de São Francisco Xavier, Diocese
esta onde ele foi o primeiro Bispo.
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