As aparições de Medjugorje não teriam
nada de sobrenatural. Proibição aos seis videntes de participarem das reuniões.
Imposição aos bispos de não fazer que sejam convidados, nem de acolhê-los. São
estas as orientações mais importantes que emergiram da reunião de quarta-feira
passada na Congregação para a Doutrina da Fé, presidida pelo cardeal Gerhard
Ludwig Mueller, no Vaticano. Um encontro muito esperado, sobretudo após a
consignação, da parta da Comissão de inquérito presidida pelo cardeal Camillo
Ruini, da documentação coletada e posta à disposição do Papa. A reportagem é de
Marco Ansaldo, publicado pelo jornal La Repubblica, 26-06-2015. A tradução é de
Benno Dischinger.
Um aniversário amargo (o 34°) para as
aparições no santuário em Herzegovina, visitado a cada ano por milhões de
peregrinos. Na reunião o lugar sagrado não foi posto em discussão, nem muito
menos a relação entre os fiéis e o santuário. O caso controverso se refere
quando muito às visões e o giro periodicamente realizado pelos seis videntes.
Após as palavras críticas pronunciadas pelo Papa Francisco sobre a genuinidade
das aparições aos 6 de junho passado no voo de retorno de Sarajevo, anteontem
foi a vez da plenária do ex Santo Ofício. Diversos pontos foram tocados.
Segundo as orientações emersas as
aparições de Medjugorje não teriam nada de sobrenatural e sua mensagem seria
realmente considerada como inconsistente sob o perfil teológico. Os seis
videntes têm agora a proibição expressa de participar em reuniões e de divulgar
mensagens que eles sustentem provir de Nossa Senhora. Além disso, os bispos são
convidados a não acolhê-los para assembleias dos fiéis.
Mas, o que realmente impressionou os
membros da Congregação é um dos elementos fortes da investigação conduzida por
Ruini. Ou seja, a consistente circulação de dinheiro em torno do fenômeno
Medjugorje. A suspeita é que possa haver operações de lucro sobre os peregrinos
que se reúnem em grande número nas reuniões dos videntes no exterior, mas
também fortes interesses econômicos locais em jogo para hotel e agências de
viagem. Um dado que, chegado aos ouvidos de um Pontífice que prega a sobriedade
como Jorge Bergoglio, não escapou do novo curso no Vaticano.
Algumas fontes próximas a Medjugorje
falam agora de “cordão sanitário erguido em torno dos videntes”, mas convidam a
distinguir a sacralidade do lugar mariano das presumidas aparições. A reunião
de quarta-feira passada não será, em todo caso, a última reunião dedicada ao
caso. Haverá de fato mais uma, provavelmente após o verão. Depois disso chegará
o pronunciamento do Papa. Mas o seu pensamento sobre o caso já é muito preciso.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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