Total de visualizações de página

Seguidores

sábado, 4 de julho de 2015

Os contemplativos de todos os tempos

"Toda contemplação nos leva ao encontro com o Cristo pobre, rasgado, cuspido, violentado, ensanguentado e abandonado na zona rural, nos viadutos, nas ruas e nas portas das nossas Igrejas". Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista. Convento do Carmo, Lapa, Rio de Janeiro.

RAFAEL CHECA CURI
           
Menção especial deve fazer-se da Virgem Maria, cuja união com a Trindade, em virtude de sua maternidade divina, reveste características de uma relevância singularíssima.
            São João Evangelista e São Paulo, os quais documentam amplamente sua grande experiência contemplativa. Seguramente os outros discípulos do Senhor.
            Os grandes Padres da Igreja, como um Cassiano, santo Agostinho, são João Crisóstomo, são Dionísio Areopagita.
            Os insignes fundadores como Antão, Basílio, Bento, Francisco, Domingos e Bernardo.
            Mulheres santas, como Escolástica, Clara, Catarina de Siena, Madalena de Pazzi.
Mestres que incluíram na espiritualidade como Tomás de Aquino, Ekhart, Tauler, Ruysbroeck, Inácio, Teresa e João da Cruz.
            E, em tempos mais recentes, Francisco de Sales, Lallement, Alfonso de Liguori, João Bosco, Teresa de Lisieux. Carlos de Foucauld, Isabel da Trindade, Thomas Merton.
            Agora mesmo temos consciência de que existem grandes ;místicos, aquelas e aqueles que ilustram o mundo com sua vida, suas realizações e seus escritos, e que, sem dúvida, passarão à posteridade.
        Não podemos esquecer tantos outros contemplativos, que atingiram grandes alturas no cumprimento singelo e humilde do seu dever, unidos, porém, em íntimo querer com o Senhor e que permanecem no anonimato: pais e mães de família, profissionais, políticos, operários, empregados, camponeses, estudantes de ambos os sexos; especialmente tantos pobres e marginalizados, que souberam unir-se à cruz de Cristo, em forma humilde e corajosa, e que, sem demagogia e com grande esperança cristã, lutam por sua libertação.
            A contemplação é dom gratuito, que Deus concede aos que se abrem com coração humilde e pobre, qualquer que seja sua raça, cor, estado de vida, condição social ou econômica, cultura e saúde. O dom da contemplação, porque procede de quem pode e quer dá-lo, só encontra obstáculo na livre vontade, ou na debilidade humana que o recusa.
        Cristo, que salvou o homem, deu-lhe seu Espírito, a fim de que a libertação alcance sua expressão máxima na ordem da graça: "Permanecei em mim, como eu em vós..." (Jo. 14,20)
            Os mestres espirituais tem se esforçado por manifestar-nos “a caridade de Cristo que supera toda ciência, para que sejamos cheios de toda plenitude de Deus” (EF. 3,19). Eis, autênticos mistagogos, porque transmitem uma experiência de vida, puderam marcar-nos o caminho que leva ao cimo. Verdade é que cada pessoa é conduzida por Deus, por diferentes caminhos. A experiência mística é, em cada um única e irrepetível, entretanto o que fez o trajeto pode apontar pistas e indícios, que nos haverão de conduzir com maior segurança.
        Ordinariamente falam-nos de estádios, de etapas do trajeto, ou de idades do crescimento espiritual, de degraus de ascensão para o cimo, em fim, de moradas de um castelo ou de metamorfoses de mudança.
           Todos estes símbolos, bem adequados para clarear-nos o mistério das relações e comunicações entre Deus e a pessoa humana, querem dizer-nos o que sucede na intimidade da mesma.
            O que ali acontece sob influxo da ação do Espírito e na medida da fidelidade humana, é o que trataremos a seguir.
          As diferentes escalas são distintos níveis de consciência espiritual e psicológica, diversos graus de oração, desigual intensidade na comunhão com Deus, dissimulitude nas etapas do crescimento cristão, variantes na identificação com Cristo, divergência de matizes no comportamento ético, graus no evoluir da vida teologal, idades de transformação do homem velho no homem novo.
          As Moradas de Santa Teresa, por exemplo, na mais são do que o processo de configurar-se em Cristo, a ;respeito do qual nos fala tão eloqüentemente são Paulo.
            São João da Cruz usa o símbolo da montanha que se há de galgar, pelo caminho dos "nadas", a fim de chegar ao "Todo" de Deus.
     O importante é que em todo o transcurso interacionam três elementos indispensáveis e necessários:
            1º) A ação de Deus, sua graça e seu favor, que nos movem a cada momento no roteiro.
            2º) A resposta do homem, que aceita o convite para seguir e o desafio de enobrecer-se.

            3º) A oração humilde e perseverante, que estabelece a forma de comunicação entre ambos, tratamento de confiante amizade Deus-homem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário