Todas as
vocações são dadas por Deus e são sublimes. A grande e primeira vocação do ser
humano é a filiação divina: tornar-se em Jesus Cristo filhos de Deus. Jesus
ensinou a chamar Deus de Pai nosso. Esta vida de amor filial a Deus, portanto,
tem como consequência o amor fraternal aos irmãos. Esta é nossa vocação
primeira: união com Deus no amor. “O Unigênito Filho de Deus, querendo
fazer-nos participantes da sua divindade, assumiu nossa natureza, para que
feito homem, dos homens fizesse deuses” (S. Tomás de Aquino, in Op. 57, In
festo Corporis Christi, lect. 1-4).
Porém Jesus
deixou-nos a Igreja, Povo de Deus que caminha neste mundo; “O Senhor Jesus
iniciou sua Igreja pregando a boa nova do Reino de Deus...” (LG n. 5). Na
Igreja temos vários carismas e vocações, para múltiplas tarefas que constroem
na caridade um novo mundo possível: o Reino de Deus que tem início aqui e se
consuma na eternidade. Um destes carismas é o serviço sacerdotal. Ser padre é
uma vocação para o serviço. Ser para a comunidade um sinal (sacramento) da
presença de Jesus bom pastor no meio de seu povo.
Este ser sinal
de Jesus Cristo, é uma vocação, é uma tarefa importante e necessária para o
crescimento da Igreja e consequentemente do Reino de Deus, a serviço doa qual
está a Igreja. Esta missão deve ser assumida com grande humildade,
discernimento e determinação. Ser padre é antes de tudo um serviço de amor
(amoris officium). Este serviço de amor é uma doação desinteressada que não tem
como objetivo a projeção de si mesmo, nem o lucro pessoal. “Há mais alegria em
dar que em receber” (At 20, 35).
Este serviço do
padre é sinalizado na “caridade pastoral” a qual se caracteriza pelo
conhecimento das ovelhas. Isto não significa conhecer todas as pessoas da
paróquia, mas saber e estar consciente de suas dores, angústias, preocupações e
alegrias. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas, não se preservando, dando
tudo, até mesmo o tempo que sobra. O bom pastor busca as ovelhas desgarradas.
Não se trata, creio eu de ir bater à porta das casas, mas ser uma presença
visível e acessível para todos.
A condição para isso nós sabemos, esta
na intimidade com Jesus Cristo. É Ele que dá força e sustento em meio às
dificuldades e contratempos que sobreveem no exercício do ministério. Pois não
se pode esquecer que a escolha dos apóstolos é para em primeiro lugar “estar
com ele” (cf. Mc 3, 14).
O padre deve ter
sempre presente o que escreveu um grande santo e bispo de Milão no terceiro
século da Igreja: “O clérigo que serve a Igreja de Cristo deve de início
considerar e traduzir o nome que leva e, depois de ter definido esse nome,
esforçar-se por ser o que o título exprime. A palavra grega kléros significa
parte , porção tirada em sorte: os que levam o nome de clérigos levam-no porque
são a parte do Senhor ou porque tem o Senhor por parte. Aquele que professa uma
e outra coisa deve mostrar por seu comportamento que possui o Senhor ou que é
possuído por Ele. mas aquele que possui o Senhor e diz com o Profeta: O Senhor
é minha herança, não pode ter nada além do Senhor”(Santo Ambrósio, Epist. 52,5
ad Nepontianum in- P L 22, 531).
Assim, o significado da palavra clero,
que não raro hoje é depreciado, adquire seu verdadeiro sentido: ser uma pessoa
livre para servir somente a Deus, e por causa dele servir os irmãos.
No início deste
mês de agosto no qual celebramos o padroeiro dos padres, o Santo Cura d´Ars,
rezemos pelos nossos padres. Procuremos ajudá-los a viver esta sublime vocação
a que foram chamados.
Fonte:
http://www.cnbb.org.br
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