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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

OLHAR SOBRE A DIOCESE DE ESTÂNCIA-SE Bispo Dom Marco Eugênio rompe o silêncio


 
Depois de vários meses em silêncio o bispo da Diocese de Estância, Dom Marco Eugênio Galrão Leite de Almeida, se pronunciou através de comunicado veiculado em 04 de janeiro de 2013 onde rebate as acusações e fala sobre a não ordenação do saudoso diácono Rafael e saída do Padre Ribeiro, um sacerdote muito querido pelos paroquianos. O bispo Dom Marco nos últimos meses foi duramente criticado por muitos fiéis da Paróquia de Nossa Senhora Guadalupe, principalmente pelos fatos acima mencionados.

Sobre Rafael dos Santos falecido no dia 29 de abril do ano passado após ingerir forte dose de remédio antidepressivo, a família acredita que ele foi vítima de difamação,  que foi caluniado sem prova estando a um mês antes de ser ordenado. Irmã Anne Kaygessa contou para nossa redação que tudo começou quando uma beata encontrou dormindo no mesmo cômodo com o afilhado de 18 anos, após os dois terem assistidos um filme. “Quando viram acusaram meu irmão de ter um caso com o rapaz”. Ela contou que a suspeita foi levada ao bispo que o torturou até ele confessar o que não tinha feito. Para a família com a proibição para ser ordenado, Rafael entrou em depressão, passou por tratamento e começou a ingerir remédios passados pelo médico e praticou suicídio exagerando na dose.

Esse triste desfecho deixou a família do saudoso diácono revoltada com o líder religioso. Os familiares acreditam na inocência de Rafael dos Santos e afirmam que ele foi torturado psicologicamente a confessar o que não fez.

Esse lamentável episódio e a saída repentina do Padre Ribeiro mexeu com a comunidade católica estanciana que aguardavam com expectativa um pronunciamento do líder católico. A Folha da Região atenta a esse fato polêmico vivido no seio da Igreja traz na íntegra nesta edição de forma jornalística, o conteúdo do comunicado do bispo da Diocese de Estância.

Na nota explicativa o bispo Diocesano diz: “Tendo em vista a confusão causada no povo de Deus no ano que findou, e para clarear os fatos com as motivações concretas das ações tomadas, venho dizer o que segue sobre alguns pontos de publicações feitas naquele período”.  No caso de Rafael dos Santos, o bispo afirmou na nota que há  denúncias graves sobre seu relacionamento com “afilhados”, menores de idade. Ele afirmou que essas denúncias chegaram a ele e não foram negadas pelo diácono quando questionado. “Tendo sido afastado, seguiram-se outras denúncias da mesma natureza aqui em Estância (vizinhos, colegas e conhecidos) e em Boquim”. Segundo o bispo diocesano diante dos fatos, não contestados por Rafael e diante da ordem do Papa, Beato João Paulo II, aos bispos dos Estados Unidos: “Na Igreja não existe espaço para este comportamento”. Dom Marco afirmou: “Comuniquei-lhe que, por prudência, seria suspensa “sine die” a sua ordenação até que fosse feita a apuração objetiva dos fatos e se comprovada isso inviabilizaria a sua ordenação sacerdotal”.

Outro assunto polêmico na cidade foi o afastamento do Padre Ribeiro. Na nota o bispo foi categórico: “Quanto ao Pe. José Ribeiro da Costa, tendo recebido denúncia grave sobre sua conduta moral e reconhecendo, como reza o Direito Canônico, que tal delito não poderia ser julgado pelo Bispo Diocesano (Cân. 983 § 1 e 2 e Cân. 984), mas que se tratava de matéria reservada à Congregação para a Doutrina da Fé, remeti a documentação a quem de direito sob a orientação da Nunciatura Apostólica”.

No comunicado o bispo diz que um padre, amigo dele, membro do Conselho Presbiteral, sob consenso nosso, foi ao referido padre e o advertiu sobre a gravidade da situação. Na nota ele conta que só então após advertido o Pe. Ribeiro procurou o Bispo para apresentar a sua Carta de Renúncia à Paróquia, onde diz, após fundamentar-se no Direito Canônico, textualmente: “depois de ponderar todas as coisas diante do Senhor, Sumo e Eterno Sacerdote, pelo bem dos fieis da Paróquia de Nossa Senhora de Guadalupe, em sinal de profunda contrição, livre e espontaneamente; RENÚNCIA.

Ao ofício eclesiástico de Pároco de Nossa Senhora da Guadalupe, na cidade de Estância – Sergipe, apresentando, como causa justa e proporcionada, quanto segue: necessidade de um tratamento adequado para melhor desempenhar o seu múnus de pároco” (seguem data e assinatura).

Dom Marco no comunicado disse que tal ato não o isentou da investigação dos fatos. O Juiz Eclesiástico instalou o Tribunal, de forma discreta, para averiguar as denúncias, ouvindo o padre investigado, as vítimas e testemunhas. O bispo diocesano afirmou que os Autos deste processo estão sendo levados pelo Bispo à Nunciatura Apostólica. O padre nada contestou das denúncias e houve depoentes de Estância, Lagarto, Poço Verde, Tomar do Geru, Aracaju e Umbaúba.

No referido comunicado o bispo disse: “o Padre Ribeiro procurando desviar a atenção da verdade, alegou que fora demitido pelo Bispo por causa da compra de um carro de luxo (quando na verdade renunciou pelas denúncias de sua conduta moral) e que ele havia pedido ao Bispo para trocar o carro por uma caminhonete, mas não um carro de luxo”. Ele não dissera que sairia de um “Gol” para uma “Hillux”, e prossegue o bispo na nota: “contudo, mais desagradável ainda, foi constatar que este carro de luxo, comprado com o dinheiro da Paróquia, estava registrado em seu nome pessoal, e sem apresentar nota fiscal”, revelou na nota Dom Marco Eugênio.

No comunicado ele argumenta que diante de tais fatos houve reações de alguns padres, o que exigiu uma atitude da Igreja em defesa da verdade. Assim nos ensina a Palavra de Deus: “Ai daquele que chama de bem o mal ou de mal o bem” (Is 5,20);

“Os lábios do sacerdote devem guardar os mandamentos de Deus e de sua boca se espera o ensinamento seguro” (Ml 2,7); “Deus não trata o culpado como se fosse inocente” (Nm 14,18).

O bispo ressaltou: “Portanto, qualquer atentado contra a vida, contra a castidade, contra a dignidade humana, jamais pode ser defendida por um padre, mesmo que se trate de um amigo ou parente. A cumplicidade no erro não é caridade, e o Papa Bento XVI, na Exortação sobre a Palavra de Deus nos diz que é erro grave se usar da Sagrada Escritura para justificar os erros humanos”. Com o Bem aventurado João Paulo II, rezemos: “Senhor, que ao invocarmos o vosso nome não justifiquemos os nossos devaneios”.

O bispo ainda se referiu ao problema que tivemos quanto às contas bancárias que havia em nome da Diocese e não assinadas pelo seu representante legal, sem procuração do mesmo, e sem prestação dos gastos das contas. Resolver isto não é “receber um brinquedo”, mas uma responsabilidade, para que não venhamos a nos servir da Igreja, mas a servi-la.

Por fim, ele disse que gostaria de lembrar que todos estes processos deveriam correr em segredo canônico de justiça para não comprometer a vida de pessoas (Cân. 1572). Não é caridade satisfazer curiosidades. Teria sido mais maduro evangelicamente o silêncio sobre os fatos, o que creio que deve envergonhar os que assim não agiram. Que Deus tenha misericórdia de todos e acolhamos o ensinamento de São Martinho I, Papa: “Não acusar o pecado já é cometê-lo. Defender o pecador é ser o seu cúmplice. Defender o erro é pior que praticá-lo”.

A nossa redação está à disposição do Padre Ribeiro ou qualquer outra pessoa que deseje ainda se pronunciar sobre o referido episódio.

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