Depois
de vários meses em silêncio o bispo da Diocese de Estância, Dom Marco Eugênio
Galrão Leite de Almeida, se pronunciou através de comunicado veiculado em 04 de
janeiro de 2013 onde rebate as acusações e fala sobre a não ordenação do
saudoso diácono Rafael e saída do Padre Ribeiro, um sacerdote muito querido
pelos paroquianos. O bispo Dom Marco nos últimos meses foi duramente criticado
por muitos fiéis da Paróquia de Nossa Senhora Guadalupe, principalmente pelos
fatos acima mencionados.
Sobre
Rafael dos Santos falecido no dia 29 de abril do ano passado após ingerir forte
dose de remédio antidepressivo, a família acredita que ele foi vítima de
difamação, que foi caluniado sem prova
estando a um mês antes de ser ordenado. Irmã Anne Kaygessa contou para nossa
redação que tudo começou quando uma beata encontrou dormindo no mesmo cômodo
com o afilhado de 18 anos, após os dois terem assistidos um filme. “Quando
viram acusaram meu irmão de ter um caso com o rapaz”. Ela contou que a suspeita
foi levada ao bispo que o torturou até ele confessar o que não tinha feito.
Para a família com a proibição para ser ordenado, Rafael entrou em depressão,
passou por tratamento e começou a ingerir remédios passados pelo médico e
praticou suicídio exagerando na dose.
Esse
triste desfecho deixou a família do saudoso diácono revoltada com o líder
religioso. Os familiares acreditam na inocência de Rafael dos Santos e afirmam
que ele foi torturado psicologicamente a confessar o que não fez.
Esse
lamentável episódio e a saída repentina do Padre Ribeiro mexeu com a comunidade
católica estanciana que aguardavam com expectativa um pronunciamento do líder
católico. A Folha da Região atenta a esse fato polêmico vivido no seio da
Igreja traz na íntegra nesta edição de forma jornalística, o conteúdo do
comunicado do bispo da Diocese de Estância.
Na
nota explicativa o bispo Diocesano diz: “Tendo em vista a confusão causada no
povo de Deus no ano que findou, e para clarear os fatos com as motivações
concretas das ações tomadas, venho dizer o que segue sobre alguns pontos de
publicações feitas naquele período”. No
caso de Rafael dos Santos, o bispo afirmou na nota que há denúncias graves sobre seu relacionamento com
“afilhados”, menores de idade. Ele afirmou que essas denúncias chegaram a ele e
não foram negadas pelo diácono quando questionado. “Tendo sido afastado,
seguiram-se outras denúncias da mesma natureza aqui em Estância (vizinhos,
colegas e conhecidos) e em Boquim”. Segundo o bispo diocesano diante dos fatos,
não contestados por Rafael e diante da ordem do Papa, Beato João Paulo II, aos
bispos dos Estados Unidos: “Na Igreja não existe espaço para este
comportamento”. Dom Marco afirmou: “Comuniquei-lhe que, por prudência, seria
suspensa “sine die” a sua ordenação até que fosse feita a apuração objetiva dos
fatos e se comprovada isso inviabilizaria a sua ordenação sacerdotal”.
Outro
assunto polêmico na cidade foi o afastamento do Padre Ribeiro. Na nota o bispo
foi categórico: “Quanto ao Pe. José Ribeiro da Costa, tendo recebido denúncia
grave sobre sua conduta moral e reconhecendo, como reza o Direito Canônico, que
tal delito não poderia ser julgado pelo Bispo Diocesano (Cân. 983 § 1 e 2 e
Cân. 984), mas que se tratava de matéria reservada à Congregação para a
Doutrina da Fé, remeti a documentação a quem de direito sob a orientação da
Nunciatura Apostólica”.
No
comunicado o bispo diz que um padre, amigo dele, membro do Conselho
Presbiteral, sob consenso nosso, foi ao referido padre e o advertiu sobre a
gravidade da situação. Na nota ele conta que só então após advertido o Pe.
Ribeiro procurou o Bispo para apresentar a sua Carta de Renúncia à Paróquia,
onde diz, após fundamentar-se no Direito Canônico, textualmente: “depois de
ponderar todas as coisas diante do Senhor, Sumo e Eterno Sacerdote, pelo bem
dos fieis da Paróquia de Nossa Senhora de Guadalupe, em sinal de profunda
contrição, livre e espontaneamente; RENÚNCIA.
Ao
ofício eclesiástico de Pároco de Nossa Senhora da Guadalupe, na cidade de
Estância – Sergipe, apresentando, como causa justa e proporcionada, quanto
segue: necessidade de um tratamento adequado para melhor desempenhar o seu
múnus de pároco” (seguem data e assinatura).
Dom
Marco no comunicado disse que tal ato não o isentou da investigação dos fatos.
O Juiz Eclesiástico instalou o Tribunal, de forma discreta, para averiguar as
denúncias, ouvindo o padre investigado, as vítimas e testemunhas. O bispo
diocesano afirmou que os Autos deste processo estão sendo levados pelo Bispo à
Nunciatura Apostólica. O padre nada contestou das denúncias e houve depoentes
de Estância, Lagarto, Poço Verde, Tomar do Geru, Aracaju e Umbaúba.
No
referido comunicado o bispo disse: “o Padre Ribeiro procurando desviar a
atenção da verdade, alegou que fora demitido pelo Bispo por causa da compra de
um carro de luxo (quando na verdade renunciou pelas denúncias de sua conduta
moral) e que ele havia pedido ao Bispo para trocar o carro por uma caminhonete,
mas não um carro de luxo”. Ele não dissera que sairia de um “Gol” para uma
“Hillux”, e prossegue o bispo na nota: “contudo, mais desagradável ainda, foi
constatar que este carro de luxo, comprado com o dinheiro da Paróquia, estava
registrado em seu nome pessoal, e sem apresentar nota fiscal”, revelou na nota
Dom Marco Eugênio.
No
comunicado ele argumenta que diante de tais fatos houve reações de alguns
padres, o que exigiu uma atitude da Igreja em defesa da verdade. Assim nos
ensina a Palavra de Deus: “Ai daquele que chama de bem o mal ou de mal o bem”
(Is 5,20);
“Os
lábios do sacerdote devem guardar os mandamentos de Deus e de sua boca se
espera o ensinamento seguro” (Ml 2,7); “Deus não trata o culpado como se fosse
inocente” (Nm 14,18).
O
bispo ressaltou: “Portanto, qualquer atentado contra a vida, contra a
castidade, contra a dignidade humana, jamais pode ser defendida por um padre,
mesmo que se trate de um amigo ou parente. A cumplicidade no erro não é
caridade, e o Papa Bento XVI, na Exortação sobre a Palavra de Deus nos diz que
é erro grave se usar da Sagrada Escritura para justificar os erros humanos”.
Com o Bem aventurado João Paulo II, rezemos: “Senhor, que ao invocarmos o vosso
nome não justifiquemos os nossos devaneios”.
O
bispo ainda se referiu ao problema que tivemos quanto às contas bancárias que
havia em nome da Diocese e não assinadas pelo seu representante legal, sem
procuração do mesmo, e sem prestação dos gastos das contas. Resolver isto não é
“receber um brinquedo”, mas uma responsabilidade, para que não venhamos a nos
servir da Igreja, mas a servi-la.
Por
fim, ele disse que gostaria de lembrar que todos estes processos deveriam
correr em segredo canônico de justiça para não comprometer a vida de pessoas
(Cân. 1572). Não é caridade satisfazer curiosidades. Teria sido mais maduro
evangelicamente o silêncio sobre os fatos, o que creio que deve envergonhar os
que assim não agiram. Que Deus tenha misericórdia de todos e acolhamos o
ensinamento de São Martinho I, Papa: “Não acusar o pecado já é cometê-lo.
Defender o pecador é ser o seu cúmplice. Defender o erro é pior que praticá-lo”.
A
nossa redação está à disposição do Padre Ribeiro ou qualquer outra pessoa que
deseje ainda se pronunciar sobre o referido episódio.
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