Procurou desenvolver uma Teoria da Modernidade calcada em um novo conceito de razão – a razão comunicativa
Ele procura explicar os paradoxos ou patologias da modernidade e suas vias de superação
Assim, o texto procura: apresentar as linhas gerais da teoria da modernidade; resumir as críticas a outros teóricos; resgatar o projeto de modernidade
Mundo vivido (perspectiva subjetiva) e mundo sistêmico (perspectiva objetiva
Resgatando um conceito de racionalidade dialógica
Teoria da Modernidade como uma teoria evolutiva
Processos de transformação das formações sociais como processos coletivos de aprendizado
Assim como Piaget identifica a capacidade de aprendizado da criança, Habermas vê este processo em termos sociais – superar princípios de organização mais simples em favor de outros mais universais
Em
termos de Estado, a descentração permite migrar da estrutura de parentesco para
a perspectiva de Estado
Em
termos de economia, da produção local para um mercado internacionalEstes processos geram crescente intransparência, por isso ele propõe a introdução de processos argumentativos mediante os quais se possa encontrar novos princípios de estruturação universais ou universalizáveis
Neste
processo, vai existindo dentro das formações societárias, uma maior
deferenciação/autonomização de certas esferas ou subsistemas
Para
Habermas, o início da modernidade está marcado
por três eventos: Reforma protestante; Iluminismo; Revolução FrancesaPortanto a modernidade se situa no tempo: séculos 18, 19, 20 e no espaço – Europa
Ele vai fazer uma distinção entre os processos de modernização (racionalização dos processos econômicos) e a modernidade cultural (autonomização das chamadas esferas de valor: moral, ciência e arte
Para compreender este processo é preciso entender a distinção entre “mundo do sistema” e “mundo vivido”
Mundo vivido – compõem-se da experiência comum a todos os atores da língua, das tradições e da cultura compartilhada por eles
Tem duas facetas: a continuidade das “certezas”, e a possibilidade da ação comunicativa
O mundo vivido – espaço no qual a ação comunicativa, calcada no diálogo e na força do melhor argumento, em contextos livres de coação, permite a realização da razão comunicativa
O mundo do sistema é subdividido em: economia e Estado
Eles tem dois mecanismos auto-reguladores: o dinheiro e o poder
Neste âmbito a linguagem é secundária, predominando a ação instrumental – o sistema é regido pela razão instrumental
O
mundo vivido também se divide em três subsistemas: o cultural, o social e o da
personalidade – condicionados por mecanismos de integração social (controle
social, socialização e aprendizado)
Nele
seria possível criticar, renegociar e finalmente reinstaurar a validade das
novas normas e valoresNo mundo do sistema – racionalização da economia de mercado e racionalização do Estado legal
A racionalização da economia e do Estado resultou na hegemonia da racionalidade instrumental
Nestes termos, a racionalidade comunicativa foi expulsa do mundo do sistema e ficou confinada no mundo vivido
A
modernidade cultural, pertencente ao mundo vivido, observamos um processo de
diferenciação e autonomização. No subsistema cultural, diferenciação em três
esferas: científica, ética e estética
Cada
um passa a funcionar segundo princípios próprios – verdade, moralidade,
expressividadeEsfera da ciência: espaço privilegiado do cultivo da verdade
Esfera da moral – espaço privilegiado do cultivo das normas
Esfera da arte – espaço privilegiado da transformação da subjetividade em intersubjetivdade expressiva
A teoria da modernidade de Habermas apresenta uma série de transformações do passado mais recente, dando destaque a quatro tipos de processos: o da diferenciação; o da racionalização; o da autonomização; e o da dissociação
A diferenciação – um único princípio é superado em favor de um visão descentrada que permite incluir diferentes perspectivas e princípios
A autonomização – despreendimento relativo a um subsistema, permitindo seu funcionamento à base de princípios autônomos – ganho relativo de liberdade das esferas, subsistemas ou estruturas em questão
Dissociação – desconecta a produção material de bens e a dominação dos verdadeiros processos sociais que ocorrem na vida cotidiana
A dissociação implicou no desengate do mundo vivido e do sistema, já quase irreversível em nossos tempos
A racionalização expandiu-se para certas instituições do mundo vivido
Estaríamos vendo então a “colonização” do mundo vivido pelo sistema
Esta primeira patologia faz com que os homens modernos submetam suas vidas às leis de mercado e à burocracia estatal
A segunda patologia decorre da primeira: o sistema se fortalece em detrimento do mundo vivido – a razão instrumental coloniza as instituições que antes eram conduzidas a partir da razão comunicativa
A colonização é a penetração da racionalidade instrumental e dos mecanismos de integração do dinheiro e do poder no interior das instituições culturais
O
princípio do lucro e do poder ocupam, como tropas invasoras, espaços
privilegiados da razão comunicativa, substituindo-a pela razão instrumental
Restam
apenas alguns nichos A terapia para reverter os processos de desengate e de colonização é reacoplar o sistema ao mundo vivido, com maior transparência, flexibilidade e dirigibilidade das formações societárias
A descolonização visa permitir a livre atuação da razão comunicativa
Sociologia (Weber, Durkheim, Parsons), psicólogos (Freud, Piaget, Mead), filósofos (Husserl, Heidagger, Wittegenstein), lingüistas (Chomsky, Austin, Apel), críticos de arte (Luckacs, Benjamin, Adorno) e muitos outros.
A sua teoria é feita através da crítica a esses pensadores e a apropriação, ao menos parcial, de suas formulações
A sociologia é uma disciplina conservadora, reacionária, no sentido original da palavra
Ela faz a apologia do existente
A sociologia é uma teoria afirmativa da modernidade
Talcott Parsons forneceu-lhe a visão sistêmica da sociedade; a divisão de subsistemas de poder e econômico; os mecanismos de integração sistêmica; os subsistemas de personalidade, social e cultural
No entanto, segundo Habermas, Parsons reduziu sua teoria da ação a teoria sistêmica e não visualizou a possibilidade da ação orientada para o entendimento
Weber forneceu a Habermas o paradigma geral da modernização
Racionalização = modernização
Forma de típico ideal
Para ele, o homem moderno vive em um sistema econômico que tole todas as liberdades e que se transformou para todos numa “armação de ferro” (ou armadura)
Para Habermas, Weber promove certa simplificação e acaba analisando somente a espera ética
A racionalização é vista por Weber como sendo a institucionalização da racionalidade instrumental. Não há lugar para a razão comunicativa
Para Habermas impõem-se uma mudança da razão instrumental para a razão comunicativa, da subjetividade para a intersubjetividade, da razão monológica para a razão dialógica
Os filósofos deveriam compartilhar com outros especialistas a tarefa de reflexão e do esclarecimento
Os filósofos devem concentrar sua atenção no mundo vivido e na modernidade cultural
Habermas vai classificar seus colegas filósofos conservadores em: novos conservadores, velhos conservadores e neo-conservadores
Todos eles procuram conceptualização da modernidade, através da crítica
O critério para a classificação é exatamente o utilizado para a classificação que Habermas realiza
O saber é confundido com o poder, querer saber é querer dominar
Não existe nesta vertente ação voltada para o entendimento. Toda ação é exercício de poder, controle, repressão, tendo como aliado o saber(= razão instrumental)
Foucault, por exemplo, elimina a diferença entre instituições econômicas, políticas, culturais, acadêmicas, psiquiátricas, etc – todas se organizam em torno de um mesmo princípio da vontade de dominar, de uma razão castradora
Para Habermas, ele fez uso de um conceito social totalmente a-sociológico
Para os pós-modernos a modernidade não existe mais, tendo sido desmascarada como perversão, para os pré-modernos a modernidade nunca existiu
Já os neo-conservadores (Arnold Ghele, Gottfried Benn, Carl Schimitt, o jovem Wittegenstein e outros) valorização as aquisições da modernização societária mas rejeitam o s potenciais explosivos da modernidade cultural
Querem a restauração de uma tradição sadia – religião, ética do trabalho, etc
Já os marxistas tem sua visão de modernidade marcada pelos acontecimentos do leste europeu
Os stalinistas defendem o status quo daquelas sociedades (de socialismo de estado) como a autêntica realização dos ideais marxistas
Olham os acontecimentos do leste como contra-revolucionários
Os comunistas reformistas defendem a teoria da terceira via e criticam a revolução bolchevista, criticam a estatização e sugerem a democratização dos processos políticos
Os socialistas de esquerda (Kautsky, Gramsci, Althusser) defendem que a práxis assume prioridade absoluta diante do conceito de reflexão ou comunicação
A esquerda não comunista (Bordieu, Torreine e provavelmente o próprio Habermas) – a teoria de Marx como um dos componentes, entre outros, dos currículos acadêmicos
Novos esquemas interpretativos que não se atem simplesmente à superfície dos processos de modernização
Para Baudelaire a obra de arte estaria situada no ponto de intersecção entre atualidade e eternidade
Para Adorno a obra de arte é tanto mais válida quanto menos acessível à vulgarização, pois ela se torna, assim, inaproveitável pela indústria cultural
A teoria estética de Adorno acaba enclausurando-se, perdendo o contato com a realidade que ela pretendia criticar e modificar
Segundo ele, a reprodutibilidade técnica da obra longe de anular a dimensão de protesto, a torna acessível a uma grande maioria
Para Habermas, Benjamin supera todos os tradicionalistas na medida que não lamenta a perda da aura, mas a exalta
A
revolução das forças produtivas não se dá unicamente no interior das fábricas,
ela penetra na esfera da produção artística, revolucionando a forma, o conteúdo
e o conceito de obra de arte
Benjamin é visto por Habermas como mais moderno, enquanto Adorno é visto como saudosista
Habermas: A esfera da arte funciona como um termômetro da modernidade. Aqui se exprimem com mais rapidez as patologias da modernidade
Mas é a esfera que se preserva com maior perseverança o ideal emancipatório, libertador, sonhado pela ilustração
Umas super-dimensionam um entre muitos aspectos (Weber), outras generalizam um aspecto isolado para o todo societário como foi o caso de Foucault
O conceito normativo busca superar as patologias da modernidade
Sugere reacoplar o mundo vivido ao mudo sistêmico, tendo prioridade o primeiro
Confirma a prioridade da razão comunicativa
Lutar pacificamente, argumentativamente em todos os níveis e todos os campos pela realização dos valores embutidos na ética comunicativa.
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