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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Olhar Carmelitano do Beato e Mártir, Frei Tito Brandsma, Carmelita.

ESTAR EM GESTAÇÃO COMO MARIA
Da colocação de Frei Tito Brandsma no congresso mariano de Tongerloo em 1936
Embora a nossa união com Deus não seja tão excelsa como aquela que se verificou na divina maternidade de Maria, mesmo assim nos podemos com pleno direito chamar-nos “Theotokos”, “portadores de Deus”, e também para nos o Senhor envia o seu anjo para nos pedir que se abra o nosso coração à luz do mundo para levá-lo por toda a parte como um luzeiro.
Também nos devemos receber Deus no nosso coração, levá-lo debaixo do coração, alimentá-lo e deixá-lo crescer em nas, para que ele nasça de nós, e viva conosco como Deus conosco, isto é Emanuel.
Para Deus, o coração de Maria permaneceu sempre aberto. Dela devemos apreender a expulsar do nosso coração tudo o que não pertença ao Senhor e que para Ele o nosso coração esteja sempre aberto para se encher da graça divina; e então Jesus descerá no nosso peito e crescerá em nós, renascerá de nós e manifestar-se-á com as nossas ações e viverá de nossa vida. Com Maria, cheios também nós de graça, devemos viver uma vida divina, não buscando outra glória e outra salvação, que não a união com Deus.
 O QUE É ORAÇÃO
Apontamentos de Frei Tito Brandsma para um retiro espiritual
 Nossa vida é como uma marcha pelo deserto até o monte Horeb, para dar uma dimensão total nova à nossa existência na contemplação de Deus. Preliba-se o céu buscando de ver Deus entre nós, o Deus vivo e atuante na nossa realidade. Nunca mais deve haver nos nossos corações divisão entre Deus e a realidade. A oração é vida, não um oásis no deserto da vida.
 SOLIDÃO PROFUNDA
Na cela da prisão
Embora não saiba como isto irá terminar (as conseqüências do encarceramento) sei muito bem que estou nas mãos de Deus. O que me separara da caridade de Deus? Ele é o meu único refugio e sinto-me protegido e feliz. Permanecerei aqui, se Ele assim o dispuser. Raramente estive assim tão feliz e contente.
Fiz para mim um pequeno altar: é um modo de dizer. Na cela havia uma estante de papelão com suporte e também um pedaço de papel de embrulho. Cobri com isto a estante. Com um preguinho - canivete e tesoura foram-me tirados, daí a necessidade de me arrumar - fiz pequenos entalhes fixando assim três imagens de meu breviário; no meio um Cristo pregado na Cruz de Fra Angélico, incompleto, mas, só até à altura da chaga de seu Sagrado Coração; de um lado uma estampa de Santa Teresa de Jesus - “Sofrer ou morrer” - e, de outro, São João da Cruz com seu lema “Sofrer e ser desprezado”. Encontrei dois alfinetes; servi-me de um para fixar abaixo das outras imagens uma tira comprida de papel sobre a qual escrevi as palavras de Santa Teresa: “Nada te perturbe” e também as palavras de um provérbio alemão: “Deus tão próximo e tão distante, mas, sempre aqui” e, finalmente, aquele que me é tão familiar: aceitar os dias como eles chegam; os alegres com o coração reconhecido; os adversos com esperança para com os futuros que ainda virão, porque o mal e a tristeza são passageiros.  
Ainda não me aborreci. Estou sozinho, é verdade. Mas, nunca Deus esteve tão perto de mim. Uma alegria intensa reina em meu coração porque Ele se deixou encontrar inteiramente sem que eu me possa desviar para os homens ou estes me atingirem.
Ele e a minha única consolação. Sinto-me seguro e feliz. Gostaria de continuar sempre aqui se Ele desejar assim.

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