Frei
Alexander Vella, O.Carm.
O anúncio provoca uma "crise". Por causa
da palavra proclamada, Elias deve fugir de Acab, que apesar de seu sincretismo,
crê na eficácia da palavra do Profeta. Sua fuga ocorre em duas etapas
sucessivas. São duas histórias com um único tema: o Senhor mantém em vida o seu
Profeta, providenciando-lhe alimento de modo extraordinário. Eis novamente o
contraste entre Javé e Baal. Será o Senhor e não Baal, o deus da fertilidade,
que provê alimento para Elias.
A primeira cena nos mostra Elias escondido no Carit
e mantendo sua vida com a água da torrente e o alimento levado pelos corvos.
Elias permanece passivo na cena, deixando-se guiar completamente pela palavra
de Deus. É em obediência a esta palavra que vai ao "deserto" e ali
permanece escondido.
Na Bíblia o deserto vem indicado como lugar de
refúgio para os fugitivos (Gen 4,11-12; 16,6-14;21, 20; 1 Sam 22,2). Mas, o deserto
nos lembra também Moisés e o povo que conduziu no êxodo para o Egito. Também
neste tempo Deus proveu de água o seu povo (Ex 15,22-27; 17,1-7; Num 20,1-13) e
lhes dá a comer carne à tarde e pão pela manhã (Ex 16,8). Oferece também a
Elias a água da torrente, o pão e a carne pela manhã e à noite. O deserto é um
lugar estéril, sem vida.
Para nele sobreviver é necessária muita fé em Deus
porque somente Ele pode manter alguém vivo em um lugar assim morto e rude. O
deserto torna-se pois para Elias - e para cada um que o experimenta - o lugar
onde se aprende a ser totalmente dependente de Deus e só Dele, onde se começa a
confiar e abandonar-se a Ele.
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