Frei
Alexander Vella, O.Carm.
A história está claramente dividida em duas partes:
• vv. 8-16: continua o tema do sustento miraculoso do Profeta, sendo introduzido
também um novo tema: a eficácia da Palavra profética de Elias. vv. 17-24 -
outro tema ligado à eficácia da palavra profética de Elias, que é o principal
nesta cena, é o tema da vida.
Pode-se verificar que nestas duas histórias o
baalismo se apresenta muito forte. É o próprio fio condutor que une as duas
partes. Elias se dirige a Sarepta de Sidônia, não tanto para fugir, mas para aí
demonstrar que o poder de Javé não é privilégio apenas de Israel. No território
fenício, domínio de Baal, o Senhor demonstra seu poder sobre as coisas que são
atribuídas a Baal ou seja, o sustento e a vida, enquanto Baal nem mesmo aí nada
pode fazer. Talvez seja o primeiro lampejo de monoteismo porque a luta parece
trazer novo desafio: "quem é Deus em Israel?" para trazer
questionamento ainda mais forte: "quem é o Deus vivo,
Baal ou Javé?"
4.1 - vv.
8-16. Elias mais uma vez age de acordo com a Palavra de Deus (vv. 8-10).
Entretanto, a viúva que o encontra à entrada da cidade não sabe ainda que Deus
lhe ordena que alimente o Profeta. Quanta emoção (pathos) na sua resposta ao
Profeta e que contraste há entre o seu desespero e a segurança do Profeta
("Nao temas" v.13). Elias pronuncia a palavra profética (v.13) e a
viúva "agiu conforme a palavra de Elias" (v.15), tal como Elias faz
com Deus. E a palavra do Profeta se realiza (v.16). Assim Elias começa a demonstrar-se
Profeta.
Vejamos também alguns detalhes da história. No v.15
a mulher é chamada a "dona da casa". Tal modo de chamá-la indica que
não era uma mulher pobre, o que é corroborado por dois pequenos detalhes. O
v.15 afirma que continuaram a comer do alimento miraculoso, ela, seu filho e
"a sua casa" (segundo o texto masorético - hebraico), o que significa
que a mulher possuía servos. No v.19 lemos que Elias levou o rapaz ao
"andar de cima"; portanto, a mulher possuía uma casa com dois
andares, desfrutando portanto de um certo bem-estar.
Estes pequenos detalhes devem ser interpretados de
acordo com critérios exegéticos contidos no próprio texto. É obvio que Elias se
interessava pelos pobres - se não, que homem de Deus ele era? - mas a
finalidade desta história, é evidente, não é para demonstrar isto. Consiste na
apresentação de Elias como verdadeiro profeta, isto é, como homem da palavra de
Deus.
4.2 - vv. 17-24
Nesta segunda cena temos dois momentos
entrelaçados: da morte à vida e da recriminação à confissão. A estrutura é
concêntrica.
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