*Dom Frei Vital Wilderink, O. Carm. In Memoriam.
Às vezes
gostaríamos de saber mais detalhadamente o que movia aquela turma de leigos que
se estabeleceram no Monte Carmelo e pediram ao Patriarca de Jerusalém, Alberto
de Avogrado, que lhes escrevesse uma fórmula de vida de acordo com o projeto
que caracterizava a vida deles. Jacques de Vitry que visitou os eremitas,
escreve na sua Historia Orientalis: “Eles viviam seguindo e imitando o exemplo
do grande solitário, o profeta Elias, como eremitas na serra situada acima da
cidade de Porfírio e Haifa, junto à fonte que é chamada fonte de Elias, não
longe do mosteiro da beata Margarida... Eles viviam na solidão, cada um por si
em pequenas celas, como em colmeias, nas quais como abelhas juntavam o mel de
Deus de doçura espiritual”. As expressões
do autor podem cheirar para nós certa devoção sentimental que choca com o nosso
pretendido ‘realismo”. O teológico nunca existe sem o antropológico, que, nos
dias de hoje, nutre pouca simpatia por
símbolos e parábolas.
Se os carmelitas
queriam viver seguindo os passos de Jesus Cristo, isto implicava que eles
acolhiam e assumiam a compreensão da realidade que teve Jesus Cristo. Pode ser
que isto nos dê às vezes a impressão de que somos estranhos no ninho. Mas o
religioso, se não for a dimensão em profundidade da própria realidade, ele não será
outra coisa que uma superestrutura acrescentada àquilo que é e nada mais. Quem
sabe, poderá ser uma instituição que eventualmente pode ajudar-me, ou então
será uma coisa que me perturba ou me chateia.
*Reflexões
apresentadas na Assembleia Extraordinária da Província Carmelitana de Santo
Elias. Ribeirão das Neves, 24 de fevereiro-2011.
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