A liturgia deste domingo convida-nos a refletir nas
nossas prioridades, nos valores sobre os quais fundamentamos a nossa
existência. Sugere, especialmente, que o cristão deve construir a sua vida
sobre os valores propostos por Jesus.
A primeira leitura apresenta-nos o exemplo de Salomão,
rei de Israel. Ele é o protótipo do homem “sábio”, que consegue perceber e
escolher o que é importante e que não se deixa seduzir e alienar por valores
efémeros.
No Evangelho, recorrendo à linguagem das parábolas, Jesus
recomenda aos seus seguidores que façam do Reino de Deus a sua prioridade
fundamental. Todos os outros valores e interesses devem passar para segundo
plano, face a esse “tesouro” supremo que é o Reino.
A
segunda leitura convida-nos a seguir o caminho e a proposta de Jesus. Esse é o
valor mais alto, que deve sobrepor-se a todos os outros valores e propostas.
ATUALIZAÇÃO (EVANGELHO – Mt 13,44-52)
Ter em conta, na reflexão, os seguintes
elementos.
A primeira e mais importante questão abordada neste texto
é a das nossas prioridades. Para Mateus, não há qualquer dúvida: ser cristão é
ter como prioridade, como objectivo mais importante, como valor fundamental, o
Reino. O cristão vive no meio do mundo e é todos os dias desafiado pelos
esquemas e valores do mundo; mas não pode deixar que a procura dos bens seja o objetivo
número um da sua vida, pois o Reino é partilha. O cristão está permanentemente
mergulhado num ambiente em que a força e o poder aparecem como o grande ideal;
mas ele não pode deixar que o poder seja o seu objetivo fundamental, porque o
Reino é serviço. O cristão é todos os dias convencido de que o êxito
profissional, a fama a qualquer preço são condições essenciais para triunfar e
para deixar a sua marca na história; mas ele não pode deixar-se seduzir por
esses esquemas, pois a realidade do Reino vive-se na humildade e na
simplicidade. O cristão faz a sua caminhada num mundo que exalta o orgulho, a
auto-suficiência, a independência; mas ele já aprendeu, com Jesus, que o Reino
é perdão, tolerância, encontro, fraternidade… O que é que comanda a minha vida?
Quais são os valores pelos quais eu sou capaz de deixar tudo? Que significado
têm as propostas de Jesus na minha escala de valores?
A decisão pelo Reino, uma vez tomada, não admite tibiezas,
hesitações, jogos duplos. Escolher o Reino não é agradar a Deus e ao diabo,
pactuar com realidades que mutuamente se excluem; mas é optar radicalmente por
Deus e pelos valores do Evangelho. A minha opção pelo Reino é uma opção
radical, sincera, que não pactua com desvios, com compromissos a “meio gás”,
com hipocrisias e incoerências?
Porque é que os cristãos apresentam, tantas vezes, um ar
amargurado, sofredor, desolado? Quando a tristeza nos tolda a vista e nos
impede de sorrir, quando apresentamos semblantes carrancudos e preocupados,
quando deixamos transparecer em gestos e em palavras a agitação e o
desassossego, quando olhamos para o mundo com os óculos do pessimismo e do
desespero, quando só nos deixamos impressionar pelo mal que acontece à nossa
volta, já teremos descoberto esse valor fundamental – o Reino – que é paz,
esperança, serenidade, alegria, harmonia?
Mais uma vez o Evangelho convida-nos a admirar (e a
absorver) os métodos de Deus, que não tem pressa nenhuma em condenar e
destruir, mas dá tempo ao homem – todo o tempo do mundo – para amadurecer as
suas opções e fazer as suas opções. Sabemos respeitar, com esta tolerância e
liberdade, o ritmo de crescimento e de amadurecimento dos irmãos que nos
rodeiam?
Fonte: http://www.dehonianos.org
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